Como posso descrever-me...
Difícil
é se descrever, fazer com que palavras definam quem você é, ou
deixa de ser.
Não
acredito que eu seja ninguém de tão grande importância.
Presumo
que eu seja como qualquer um, com certos defeitos, porém acompanhada
de qualidades.
Posso
ser constante, inconstante, ou até mesmo os dois ao mesmo tempo.
Em
grande parte do tempo, sou previsível, admito.
Mas
o imprevisível me acompanha de perto, quando necessário.
Consigo
ser o bem e mau, o certo e o errado, a tristeza e a felicidade.
Eu
posso ser tudo, ou simplesmente nada.
Preservo
a amizade, honestidade, sinceridade, a solidariedade, companheirismo,
a cumplicidade e o amor
Detesto
a falsidade, a mentira, desonestidade e a falta de humanidade
Talvez
eu seja isso; uma porção de coisas.
Mas,
infelizmente, isso não é importante, por que quem nos define são
as pessoas, cada pessoa tem um conceito diferente sobre nós.
Pergunte
ao meu inimigo quem sou e ele me julgaras mal, pergunte ao meu amigo
e ele dirá minhas qualidade.
Pergunte-me
quem sou... e te direi:
Sou o
que você vê... agora depende dos seus olhos!
Porque
resolvi criar este blog?
Resolvi
criar este contando a minha história, porque acho que através dela
posso mostrar a outras pessoas que passam pelas mesmas experiências,
trocarmos idéias e nos ajudarmos mutuamente.
Recomeçar
depois de uma vida planejada e estruturada que sofreu um revés do
destino da estaca zero tendo que reaprender tudo novamente desde as
mais simples coisas como: comer, vestir, escovar os dentes, tomar um
banho e outras.
Gente
é uma tarefa nada fácil de se executar; porque nos primeiros
momentos nos sentimos desnorteados e incrédulos do que esta acontece
conosco ou melhor aconteceu.
Depois
de algum tempo vamos tomando consciência do que esta ocorrendo neste
momento passa pela nossa cabeça inúmeros pensamentos como:
Porque
comigo, que foi que eu fiz?
Será
que Deus se esqueceu de mim!
Se
for para ficar assim prefiro morrer.
Nunca
mais vou voltar ao que era antes da enfermidade, acidente.
E,
outros questionamentos nada saudáveis; falo isso porque e fiz esses
questionamentos ao tomar consciência da minha situação.
O
primeiro passo para ter forças para superar é aceitar a sua nova
vida, deixando para trás o homem e se tornar um novo homem; o que
não é nada fácil, só depende de si mesmo.
Depois
de se aceitar e aceitar a nova vida, o segundo passo é enfrentar a
luta que vem pela frente com muita força de vontade, coragem,
disciplina, fé e perseverança acreditando em si mesmo.
Uma
luta que exige muito trabalho, esforço e paciência assim os
resultados de seu esforço irá se apresentar gradativamente, o
processo de reabilitação é gradativo, mas, a cada conquista que se
consiga é gratificante e prazeroso.
Assim
se aprende a conviver com suas limitações com alegria e prazer;
porque você conseguiu chegar lá e mesmo com limitações pode
exercer qualquer função e fazer muitas coisas, basta querer.
Nos
dias atuais a tecnologia em relação ao deficiente se encontra bem
avançada com uma variedade enorme de próteses, equipamentos e
utensílios que facilitam a vida do deficiente.
Deficiente
não, eficiente sim!
Minha
História
Meu
nome é José De Souza Ribeiro, sou brasileiro, natural da capital de
São Paulo; onde morei durante 39 anos; trabalhei muitos anos como
eletrotécnico na Plamon Instalações Eletricas e Hidraulicas Ltda.
Tinha
uma vida normal como qualquer outro paulistano, de casa para o
trabalho e vice-versa, morava com a minha esposa na Vila Sonia na
zona sul de São Paulo.
Em
meados de 1989, mudei para a cidade de Jacareí, por insistência da
minha esposa, a qual se sentia muito sozinha; porque eu viajava muito
a trabalho, e ela queria ficar mais próxima da família, sua mãe e
irmãos moravam aqui na cidade.
Larguei
a minha vida lá toda estruturada para vir tentar a sorte aqui em
Jacarei sem nenhuma colocação prévia; depois de algum tempo
consegui uma colocação numa chacara no bairro de São Sebastião;
onde morei até antes do meu acidente.
Numa
sexta-feira do dia 27 de Agosto 1992, depois executar as tarefas do
dia no sitio, lá pelas 14:00hs sai para efetuar o depósito de
alguns cheques e retirar algum dinheiro para passar o fim de semana.
A
princípio eu resolvi ir com o jeep do sitio, mas, não sei o que se
passou pela minha cabeça deixei o carro de lado e resolvi ir com a
minha bicicleta caloi 18 marchas e aproveitar para me exercitar um
pouco que estava precisando, me despedi da minha esposa e tomei o meu
caminho para o banco.
Eu
esta próximo ao ponto final do bairro dos Remédios, ali pela
variante de Guararema próximo a divisa de Guararema e Jacareí
descendo a pista ladeira abaixo quando de repente sem que eu
esperasse a roda dianteira da bicicleta travou, não tive tempo para
pensar e pular; quando vi estava sendo arremessado, só notei que cai
de costa sobre as pedras do acostamento e desmaei.
Segundo
me disseram fui socorrido e levado para a Santa Casa de Guararema por
pessoas que passavam por ali e viram o acidente.
Depois
de alguns dias quando estava sendo levado para o UTI da Santa Casa de
Guararema, segundo o Dr. Gilmar eu acordei e tentei sair da maca, foi
quando me retornaram para a enfermaria.
No
dia segunte o médico me explicou que fazia 5 dias que eu estava
internado sem reação alguma, por isso esta sendo transferido para o
UTI, e também falou que a minha lesão era um traumatismo raqueo
medular.
Lá
fiquei internado por 3 meses até que resolveram por intermédio do
ortopedista me transferir para a Santa Casa de Mogi das Cruzes; onde
passaria pelo neurologista e faria tratamento com a fisioterapeuta; a
Santa Casa de Guararema não tinha fisioterapia.
Alguns
dias depois fui encaminhado para a Santa Casa de Mogi das Cruzes, lá
chegando me levaram para a enfermaria onde eu aguardaria a avaliação
do neurologista e enquanto ele não me avaliasse, a fisioterapeuta me
assistiria com exercícios diarios.
Passaram
alguns dias não apareceu o neurologista, perguntei a enfermeira
chefe e ela me disse que o neurologista tinha viajado para um
congresso no Chile; e eu teria que esperar mais ou menos uns 25 dias
para ser avaliado.
Na
sequências dos dias notei que a fisioterapeuta não aparecia mais a
enfermagem e quando apareceu ela disse que suspenderam a fisioterapia
e só voltaria ao tratamento após a avaliação do neurologista.
E
para complicar ainda mais a minha esposa estava tendo dificuldades
para visitar-me, porque a cidade de Mogi é longe de Jacareí e
ficava muito caro a sua para lá todos os dias.
No
decorrer do passar dos dias comecei a perder os movimentos da pernas
e depois dos braços; aí passei a fazer minha alimentação com ajuda
da enfermagem; alguns dias depois meu maxilar travou que mal podia
abrir a boca, foi onde a fisioterapeuta voltou e me orientou fazer
uns exercícios para solta-lo que voltaria ao normal.
A
minha situação ali está cada dia mais difícil, foi onde pedi para
que me transferisse para a Santa Casa de Jacareí; tinha um
enfermeiro que era amigo da enfermeira chefe de Jacareí e através
dela conseguiu a minha transferência depois de três dias.
Para
mim seria bem melhor estaria mais perto da minha esposa e dos meus
familiares, que poderiam cobrar melhores cuidados.
Quando
cheguei na Santa Casa de Jacareí, fui atendido pela médica
plantonista que me internou na enfermaria; no dia seguinte o médico
que me atendeu foi o dr Rafaelli, o qual me assistiu por alguns dias
e depois me passou para a clinica geral dra Rosana, a qual assumiu o
meu caso e me colocando em um quarto separado.
Assim
fui sendo tratado por ela; que me recomendou fazer fisioterapia, fiz
fisioterapia por uns quinze dias, quando a fisioterapeuta me disse
que por falta de verba a direção iria cortar o setor de
reabilitação.
Pensei
comigo estava acontecendo o mesmo que na Santa Casa de Mogi; mas que
falta de sorte.
Foi
quando numa quarta-feira estava ouvindo o jogo do palmeiras e santos
e de repente entrou um médico e me perguntou quem estava ganhando,
falei o palmeiras esta ganhando de 2 x 0; e ele ficou ali conversando
um pouco e me perguntou o que tinha acontecido; contei a minha
história e antes de sair disse que ia me arrumar uma fisioterapeuta.
No
dia seguinte depois do café a enfermeira chefe veio acompanhada de
moça e chegando perto de mim falou essa é a dra Adriana
fisioterapeuta e a partir de hoje virá 3 vezes por semana fazer
fisioterapia em você a começar de hoje.
O
que eu não sabia é que ela era esposa do dr Eduardo o médico que
tinha conversado comigo no dia anterior.
A
dra Adriana começou o tratamento primeiramente com teste de
sensibilidade, porque eu não suportava a dor quando me tocavam e
através de bolas de algodão ela ativava a minha sensibilidade e
depois de algum tempo passou a usar a espuma até conseguir me tocar
para fazer os exercícios.
A
dra Rosana um dia conversando com ela falou que precisava de uma
ressônancia magnetica para conhecer melhor a extensão do meu caso;
e por intermedio dela e do dr Eduardo conseguiu o exame com o dr
Jorge.
Foi
onde eu vi que se interessaram por mim, passei quase um ano internado
lá graças a dra Rosana, mas teve uma hora que não dava mais para
ela me manter lá e teria que me dar alta.
Eu
e minha esposa ficamos sem saber o que fazer; eu não tinha condições
de ir para casa; foi quando a dra Adriana hegou para fazer a
fisioterapia eu lhe expus minha situação; foi quando ela me disse
que conhecia uma pessoa que poderia me ajudar,mas, não prometeu
nada.
Passado
alguns dias a dra Adriana vem com a noticia de que o seu Egidio
presidente da Associação Humanitaria Amor e Caridade tinha me
aberto ma vaga de internação.
Fui
transferido para a Associação no dia 31 de Agosto de 1993; onde
continuei sendo assistido clinicamente e também continuava sendo
assistido pela dra Adriana, a qual era voluntária da Associação.
Na
Associação foi onde consegui depois de 1 ano tomando banho de leito,
tomar um banho de chuveiro e aos poucos acostumando a ficar sentado
numa cadeira de rodas e ter um acompanhamento melhor das minhas
escaras; além de fazer fisioterapia todos os dias com a supervisão
da da Adriana.
Em
meados de 1994 consegui pela primeira vez rodar a cadeira e rodas e a
ficar em pé por 2 minutos, eu estava feliz com as minhas conquistas;
mas esse mesmo em novembro minha esposa faleceu; o fato me abateu por
um bom tempo, até me conscientizar que onde ela estivesse estaria
torcendo por mim.
Assim
continuei a minha luta, me empenhando cada vez mais e estava tendo
muito progresso; até acontecer outra fatalidade, recebi a noticia da
morte de minha mãe, exatamente 1 ano depois da morte de minha
esposa; outro fato que me deixou desanimado e sem coragem de
continuar lutando.
Mas
novamente com as graças de Deus consegui continuar lutando com a
minha reabilitação.
Em
1997 através de um novo interno conhecemos a AACD em São Paulo e
conseguimos vagas para ser assistido por eles e por intermedio deles
consegui a minha cadeira de rodas exclusiva.
E
assim continuei na Associação fazendo meu tratamento em conjunto
com a AACD e cada vez mais conseguindo mais vitorias.
Em
2004 conheci a Leonice minha atual esposa que foi trabalhar na
Associação e em 2006 resolvemos montar o nosso lar.
Sai
da Associação no dia 13 de Maio de 2006, sou muito grato por tudo
que eles fizeram por mim; hoje tenho minha casa e vivo muito bem com
a minha esposa; continuo sendo assistido pela AACD normalmente; faço
aplicação butolinica em São José dos Campos; sou assistido no AME
de S. J dos Campos; pelo Luci Montoro e faço fisioterapia 2 vezes
por semana e terapia ocupacional 1 vez por semana.
Essa
é a minha luta diária há 23 anos; sem esmorecer, vencendo desafios
diarios com muita disposição e fé em Deus.
Sua história de vida é linda e emocionante, admiro a sua coragem para passar por todas essas adversidades e não pensar em desistir jamais, seguindo sempre em frente com coragem e acreditando num amanhã melhor; parabéns pela sua luta.
ResponderExcluirOlha na minha situação após o meu acidente tenho que agradecer a Deus pela generosidade de me deixar vivo e assim me conceder uma chance de me tornar uma pessoa melhor; mesmo com as dificuldades que estou enfrentando procurando vencê-las uma a uma com muito trabalho e esforço, porque acredito em mim mesmo e na minha capacidade de superação minha amiga.
ExcluirParabéns vc é um Guerreiro.. 👏👏👏
ResponderExcluirParabéns vc é um Guerreiro.. 👏👏👏
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