Acreditar em si mesmo

Acreditar em si mesmo

domingo, 30 de abril de 2017

Renascer com as manhãs.




RENOVAÇÃO.



A natureza nos fornece, de forma constante, excelentes lições.

As estações que se sucedem nos falam da obediência a leis previamente estabelecidas pela Divindade.

A fauna e a flora que se submetem ao rigor do inverno, que hibernam, parecendo morrer e ressurgem aos toques da primavera, nos lecionam a perseverança na luta pela vida.

Entre as aves, a águia nos traz especial lição.

Ela é a ave que possui maior longevidade da espécie.

Chega a viver setenta anos.

Mas, para chegar a essa idade, aos quarenta anos ela tem que tomar uma séria e difícil decisão.

Aos quarenta anos ela está com as unhas compridas e flexíveis e não consegue mais agarrar as suas presas das quais se alimenta.

O bico alongado e pontiagudo se curva.

Apontando contra o peito estão as asas, envelhecidas e pesadas em função da grossura das penas.

Voar é, então, muito difícil.

A águia, nessas circunstâncias, só tem duas alternativas: morrer, ou enfrentar um dolorido processo de renovação que irá durar cento e cinquenta dias.

Esse processo consiste em voar para o alto de uma montanha e se recolher em um ninho próximo a um paredão, onde ela não necessite voar.

Após encontrar esse lugar, a águia começa a bater com o bico em uma parede até conseguir arrancá-lo.

Após arrancá-lo, espera nascer um novo bico, com o qual vai depois arrancar suas unhas.

Quando as novas unhas começam a nascer, ela passa a arrancar as velhas penas.

E só depois de cinco meses sai para o famoso voo de renovação e para viver mais trinta anos.


Em nossa vida, também necessitamos de processos de renovação que, de um modo geral, são dolorosos.

Para se conseguiu alçar o voo da vitória, devemos nos desprender de costumes, crenças, tradições, vícios que nos mantêm presos ao chão da ignorância.

É, sim, um processo doloroso, porque demanda esforço e vontade.

Também um processos de incubação.

É preciso se sentir insatisfeito consigo mesmo e desejar crescer um pouco mais.

Sentir-se incompleto com um livro só, com um pensamento apenas ou com uma visão somente.

É necessário pensar além das ideias comuns e acreditar que se pode mudar, não importando se nos encontramos nos áureos dias da juventude, nos vibrantes dias da madureza ou na esteira da velhice.

Sempre é tempo de atender aos apelos do progresso, aprender e melhorar-se.

É necessário refletir, trabalhar, estar sempre pronto para aprender e reaprender, não se permitindo jamais o comodismo.


Enquanto você dispõe do corpo físico e das horas terrenas, não se acomode.

Não negligencie a si mesmo.

Cultive a sua inteligência, não perdendo de vista jamais a boa leitura.

Não se sinta sábio porque sabe mais do que os que o rodeiam.

Busque a sabedoria.

Não se permita sentir bem, sem esforçar-se por se desenvolver nas áreas do bem e do serviço ao próximo.

Não se permita ser surpreendido a dormir, enquanto é tempo de crescer, progredir e desejar alcançar os astros brilhantes que nos extasiam nas noites claras.


Fonte: - Momento Espírita, com base no cap. 38 do livro Nossas riquezas maiores, por Espíritos diversos, psicografia de José Raul Teixeira e texto Renovação, de autoria ignorada. Em 26.11.2012.





RENOVAÇÃO
DE ÂNIMO.



O desânimo é inimigo sutil do ser humano.

Instala-se a pouco e pouco, terminando por vencer as resistências morais, que se sentem desestimuladas por falta de suporte emocional para a luta.

São várias as causas do desânimo.

Pode ser resultante de uma enfermidade orgânica, que gera perda de energia, por consequência, de entusiasmo pela vida.

Pode resultar de estresse decorrente de agitação ou de tensões continuadas.

Também por frustrações profundas, que deixam n’alma um grande vazio.

Contudo, seja qual for a causa, o importante é não se deixar envolver pelo desânimo, desalentador e destruidor de vidas.

Se a causa é a enfermidade, o estresse ou a frustração, há que se buscar a terapia conveniente.

Por vezes, um pequeno estímulo, um alento é suficiente para se sair de um estado de desânimo para o de entusiasmo.

Um ilustre juiz contou, certa vez, um episódio que transformou toda a sua vida.

Aos dezesseis anos de idade, viu-se obrigado a deixar a escola e a se empregar como varredor numa fábrica.

Quando veio a crise econômica da década de 1930, numa tarde cinzenta, na véspera de Natal, ele foi despedido, junto com centenas de outros empregados.

Quando saiu para a rua, ao final do turno de trabalho, foi seguindo no meio de uma fila silenciosa e sombria de operários.

Embora adolescente, ele se sentia envelhecido num mundo sem esperanças.

À sua frente, caminhava um homem magro e mal vestido.

Aquele homem também fora despedido.

Mas ia assobiando pelo caminho.

O rapaz se aproximou dele e perguntou:

O que você vai fazer agora?

E o desconhecido respondeu com naturalidade:

Acho que vou para a Àfrica.

Lá, rapaz, as estrelas sobre o deserto são do tamanho de ameixas.

Ou talvez eu vá para o Rio de Janeiro.

As luzes ali sobem sem parar da praia até o céu.

O mundo é bem grande, rapaz, e o que há nele dá de sobra para fazer qualquer homem feliz, desde que não tenha medo de ir aonde a cabeça e o coração o levarem.

Para o adolescente, aquelas palavras tiveram um grande efeito.

Foi como se tivesse sido aberta uma janela na parede de uma prisão e ele pudesse ver através de milhões de quilômetros.

Foi para casa com a cabeça cheia de planos.

Se aquele homem, bem mais maduro do que ele, tinha forças para tecer planos para o futuro, ele, adolescente, deveria ter muito mais.

E, pensando assim, na semana seguinte não somente conseguiu encontrar um meio de se manter, como se matriculou numa escola noturna, perseguindo o seu sonho que viria se tornar realidade: formar-se em Direito e seguir a carreira da magistratura. Ser juiz.


Nunca será demais insistir que a oração é arma poderosa para o combate ao desânimo.

Ela favorece a canalização de energias superiores, que vertem da Divindade em direção ao indivíduo que se encontra em atitude receptiva.

Com a prece, a criatura vai sentindo momentos de bem-estar e euforia.

São momentos rápidos, mas que pela constância, vão se fixando na criatura, até se tornarem habituais, preenchendo o vazio interior.

O hábito da oração sincera restitui a alegria de viver, oferecendo ao ser metas saudáveis e renovadoras, que o enriquecem de paz interior.


Fonte: - Momento Espírita, com base no cap. Relógio marcando dez horas, do livro Remotos cânticos de Belém, de Wallace Leal Rodrigues, ed. O clarim e do item Cansaço e desânimo, do cap. A busca, do livro O despertar do Espírito, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de  Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. Disponível no CD Momento Espírita, v. 7, ed. FEP. Em 9.9.2013.





RENOVANDO OS
ARES ESPIRITUAIS.



O grande anfiteatro oval romano, que conhecemos como Coliseu, foi mandado construir pelo Imperador Vespasiano, por volta do ano 70.

O Imperador Domiciano o concluiu no ano 82.

Suas arquibancadas tinham capacidade para oitenta mil pessoas.

Os assentos eram de mármore e, para evitar problemas nas saídas dos espetáculos, os arquitetos projetaram oitenta escadarias.

Assim, em menos de três minutos, o Coliseu podia ser totalmente evacuado.

Ao ensejo da sua inauguração, as festas e jogos duraram cem dias.

Nesse período, morreram nove mil animais e dois mil gladiadores.

Ao longo dos anos, serviu também à representação de tragédias e comédias.

Chegaram mesmo a se realizar simulações de batalhas navais.

Também foi local onde muitos cristãos perderam a vida, lançados às feras.

Esses espetáculos sangrentos, de triste memória, eram assistidos em quase delírio.

Hoje, as ruínas ainda permanecem carregadas de um clima misterioso, símbolo do Império Romano e da cidade eterna.

Curiosamente, nesse mesmo local onde os cristãos entravam na arena cantando hinos de louvor, a caminho do martírio, outros hinos de louvores se erguem, vez ou outra.

Assim foi quando da apresentação do quarteto Il Divo que, entre unção e emoção, interpretou Amazing Grace.

O hino tem muito significado, vez que foi composto por John Newton, após o que é considerada a sua conversão.

Newton era um traficante de escravos africanos.

Durante uma de suas viagens, seu navio foi fortemente afetado por uma tempestade.

Lutando contra a borrasca, ele sentiu como estavam todos, no navio, frágeis e desamparados, concluindo que somente a graça de Deus os poderia salvar.

Estimulado por esse acontecimento e posteriores reflexões que fez do livro Imitação de Cristo, de Tomás de Kempis, ele resolveu abandonar o tráfico de escravos e se tornou cristão.

E, então, compôs a canção Amazing Grace, cujos versos podemos traduzir mais ou menos assim:

Sublime graça

Quão doce é o som, que salvou um náufrago como eu.

Eu estava perdido mas agora fui encontrado.

Eu estava cego, mas agora eu vejo.

Foi a graça que ensinou meu coração a temer.

E a graça aliviou meus medos.

Quão preciosa aquela graça que apareceu na hora em que acreditei.

Por muitos perigos, dificuldades e armadilhas eu passei até aqui.

Esta graça me trouxe em segurança de tão longe...

E esta graça me conduzirá para casa.

Quando estivemos lá há dez mil anos, claros e brilhantes como o sol, não tivemos menos dias para cantar e louvar a Deus do que nos dias quando começamos.


Enquanto as vozes se elevam aos céus, lembramos que alguém disse, certa vez, que Arar é orar.

E, de nossa parte, afirmamos: cantar tal hino é uma verdadeira prece de louvor e gratidão ao Senhor da vida.

Imaginamos quantas bênçãos tenham alcançado aquela imensa plateia, envolvida na harmonia dos sons e na beleza dos versos.

Graça maravilhosa...

Música renovando a psicosfera de sangrentos dias.

Prece ao Senhor da vida pela própria vida.

Gratidão.


Fonte: - Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 25, ed. FEP. Em 16.9.2013.





RENASCER COM
AS MANHÃS.



Quando Jesus falou com o doutor da lei, Nicodemos, sobre nascer de novo, não estava falando apenas sobre as novas existências materiais.

É necessário renascer da água e do Espírito – disse o Mestre, com poesia.

A água representa o elemento material.

Os antigos tinham a crença de que toda a vida havia surgido das águas.

Assim, a água representa nosso elemento material, os renascimentos em novos corpos físicos.

Porém, Ele falou também em renascer do Espírito e, com isso abriu novos horizontes aos já vastos conhecimentos daquele chefe dos judeus.

Jesus falou em renovar-se.

Não basta voltar ao palco terrestre inúmeras vezes.

Faz-se necessário modificar-se, esculpir a alma, melhorar-se.

E para isso o Criador nos dá oportunidades grandiosas e mensagens muito claras.

Vejamos alguns exemplos: cada vez que reencarnamos, voltamos como se fosse nossa primeira vida, com este frescor de renovação, com novas chances, esquecendo o passado, ganhando uma nova vestimenta carnal.

Chegamos aqui como bebês, desprotegidos, inspirando amor, cuidados, tendo que reaprender tantas coisas que já sabíamos antes. Tudo em nome desse projeto de renovação.

Recebemos como familiares antigos amores, mas também desafetos, em perfeito sigilo, para que possamos nos adequar a essa nova formação familiar e tentar viver em harmonia.

Há também a proposta dos ciclos.

A existência e a natureza são repletas de ciclos justamente para que possamos, de tempos em tempos, avaliar, recomeçar e renovar.

Quando cada ano termina, fazemos o balanço do que passou, do que fomos e planejamos, e o que desejamos ser.

Traçamos metas e as perseguimos.

Cada ano somos novos eus, gradualmente, em busca da perfeição.

Há também os ciclos de nossos anos de vida no planeta.

Nossos chamados aniversários.

Cada novo ano completo aqui é também momento de introspecção, de refletir profundo, de autoconhecimento:

Quem sou eu?

O que faço aqui?

O que já construí?

O que falta?

O que virá pela frente?

Quanto tempo ainda me resta?

Fechamos um capítulo do livro, abrimos outro.

Temos vidas dentro de uma mesma vida. Infância, adolescência, juventude, vida de casado, filhos, madureza, terceira e porque não, até quarta-idade.

Há pessoas que estão renascendo com seus sessenta, setenta anos!

Dando a si mesmas uma nova chance de viver, de aprender, de amar.

Afinal, nunca é tarde!

Por fim, dentro dos ciclos, há ainda o de cada dia.

Podemos, dessa forma, renascer com as manhãs, considerando cada nascer do sol uma nova chance que o Criador nos dá de nos reinventarmos, de fazer de novo, de fazer o certo.


Agradeçamos pelo presente da nova manhã, da nova vida dentro da vida e sigamos adiante.

A existência é feita de renascimentos.

O renascer é lei do Universo.

É preciso renascer com as manhãs.

É preciso renascer com os anos.

É preciso renascer da água e do Espírito para alcançar a plenitude que tanto desejamos.


Fonte: - do Momento Espírita. Em 16.5.2016










quinta-feira, 27 de abril de 2017

Ninguém assovia para a mulher na cadeira de rodas.




Ninguém assovia para a mulher
na cadeira de rodas




Texto de Kayla Whaley
Publicado originalmente com o título:"Nobody Catcalls The Woman In The Whelchair", no site The Establishment em 26/01/2016.Tradução de Bia Cardoso para as blogueiras feministas.
 

Dentro dos espaços feministas, é assumido que #TodasAsMulheres experimentam assédio em locais públicos.

As maneiras pelas quais esse assédio se manifesta — a idade em que começa, sua intensidade ou forma, as consequências de denunciar — podem variar dependendo das diferentes características da pessoa.

Mas todas as mulheres, segundo nos dizem, conhecem o medo, a vergonha e/ou a raiva que vem junto com a atenção sexual indesejada.

É compreensível a existência dessa presunção.

Quando trabalhamos a partir de um fato da realidade sendo uma verdade coletiva é mais fácil discutir as nuances, as diferenças e as complexidades envolvidas nesse miolo.

É mais fácil construir discussões dinâmicas internas a partir da sólida base de uma experiência em comum.

Esta é uma suposição útil — mas também é prejudicial.

Eu sou uma mulher de 26 anos de idade que nunca foi assediada na rua.

Eu nunca recebi assovios em meu caminho para a escola, ninguém buzinou para mim num estacionamento, ninguém me olhou de forma maliciosa num trem, não me apalparam na fila da Starbucks, ou qualquer outro tipo de assédio sexual que ocorrem em locais públicos.

Eu não tenho medo de sair de casa porque terei que evitar homens agressivos ou insistentes.

Eu não preciso mapear mentalmente várias rotas para casa, procurando locais onde eu possa ser menos abordada.

Eu não sei o que são o medo, a vergonha e/ou a raiva que vêm junto com a atenção sexual não desejada.
 Entretanto, uma parte de mim, que não insignificante, deseja sentir isso.



Eu não sou excepcionalmente sortuda, nem estou exagerando, ou sublimando isso tudo.

Eu sou uma usuária de cadeira de rodas: uma mulher que visivelmente tem uma deficiência física.

E, minha cadeira de rodas age como um estranho tipo de campo de força.

As pessoas veem primeiro a “deficiente” antes de perceberem a “mulher”, e a primeira impressão é a que fica, porque em nossa sociedade capacitista um corpo com deficiência é automaticamente um corpo dessexualizado.

Somos pessoas grotescas ou trágicas, excêntricas ou anjos, existimos para sermos temidos ou lamentados dependendo de como o olhar capacitista nos vê naquele dia.

Porém, não importa como nos olham, não somos desejáveis.

Mesmo aos vinte e poucos anos, o fato de eu nunca ter sido assediada nas ruas parecia ser mais uma evidência para sustentar a crença de que eu não poderia ser sexualmente desejável.

Alguma parte traiçoeira e insistente de mim obviamente acreditava que eu nunca poderia atrair nenhum homem decente, sendo assim, atrair os piores tipos de homens era o melhor que eu poderia esperar.

Se eu não conseguisse fazer nem mesmo isso, então talvez realmente meu corpo fosse totalmente inútil.

Eu invejava minhas amigas quando elas falavam sobre o quanto dói ser reduzida a nada além de um objeto sexual.

Eu odiava que isso as machucasse e na maioria das vezes entendia porque isso acontecia.

Eu também sabia que o assédio em locais públicos era frequente e estava aumentando; que as mulheres que rejeitavam essas abordagens podiam ser feridas ou até mesmo mortas.

Porém, da mesma maneira que odiava meu ciúme, eu ansiava por um assovio desconhecido direcionado para mim.

Apenas uma vez, eu queria que um homem olhasse para mim de soslaio em algum lugar, obviamente imaginando todas as coisas que ele poderia fazer com meu corpo.

Eu criei fantasias com homens me seguindo pelo campus da universidade, dizendo:

Oi, gostosa!

Por que não vem aqui um minuto, gatinha?”.



Por que minha experiência é tão invisível para a comunidade feminista?


Quando procurei abrigo em espaços feministas na internet — supostamente espaços seguros — à procura de apoio, o que encontrei foram discussões intermináveis sobre a onipresença do assédio em locais públicos.

Ali estava uma verdade universal de que o assédio é uma consequência do sexismo, da misoginia e da cultura do estupro.

E que isso era algo que todas as mulheres podiam entender e reagir contra.

Ali estava nossa experiência unificadora.

Encontrei o feminismo e pensei: talvez eu também seja ignorada aqui.

Eu não espero que todos os debates sobre assédio em locais públicos tenham que começar com uma nota explicativa, e eu certamente não espero me ver refletida em cada texto, artigo ou tweet sobre o assunto.

Mas essa notória suposição útil de que “Todas as Mulheres Vivenciam o Assédio Nas Ruas” é inevitavelmente excludente.

Essa não é a intenção, mas como as feministas devem saber, a intenção não elimina os danos.

Ninguém tem a intenção de dizer que se uma mulher não estiver dentro da maioria que enfrenta o assédio em locais públicos, então elas não contam, mas no entanto, essa conclusão está lá.

Apesar das melhores intenções, a forma como as feministas tendem a discutir o assédio em locais públicos, como um fato concreto para todas, reforça conceitos capacitistas dentro do feminismo, porque é apenas um elemento da questão se o seu corpo é visto pelo patriarcado como um objeto sexual.

O meu não é.

Além disso, esta suposição ignora uma forma diferente de assédio enfrentada pelas pessoas com deficiências.

O assédio, afinal, não é realmente sobre sexo, mas sobre poder — e meus assediadores me machucam pelo poder da dessexualização.

Eles usam comigo a mesma voz que usariam com uma criança de 3 anos.

Eles passam a mão na minha cabeça como fariam com um cachorro.

Eles olham para minha cadeira enquanto mandam suas crianças ficarem quietas e não fazerem perguntas.

É mais preconceito que assédio sexista (vindo de todos os gêneros) que experimento em abordagens frequentes nas ruas.

Essa dessexualização também me torna vulnerável ao abuso.

Embora as mulheres com deficiência não sejam frequentemente vistas como objetos sexuais, há maior probabilidade de que sejamos estupradas e abusadas sexualmente do que as nossas semelhantes sem deficiências.

Quando você internaliza em conjunto a ideia sexista de que as mulheres são valiosas por causa de seu potencial sexual (para os homens) e a ideia de que você não tem qualquer potencial sexual, você pode se tornar uma presa fácil.




Eu não fantasio mais sobre ser assediada, mas eu senti uma emoção inegável uma vez no ano passado quando um cara me enviou mensagens no OKCupid dizendo: “chupa meu pau, gostosa”.

Eu não respondi, mas mantive isso guardado por um tempo.

Sua presença era quase reconfortante.

Naturalmente, esse conforto estava atrelado com a insuportável culpa e ódio por mim mesma, mas eu me apeguei com força.

Eu não sei se vou parar de querer esse selo patriarcal de aprovação — ou a aprovação feminista para esse assunto.

Talvez um dia, a maneira com que eu me relaciono e interaja com o meu corpo vai significar mais para mim do que o modo como o resto do mundo me trata.

Por enquanto, talvez, seja suficiente falar e ser ouvida.

Reconhecimento.

Isso é tudo que eu peço.


Autora.

Kayla Wheley tem formação na Clarion Writers workshop e é editora na Disability in Kidlit. Também tem textos publicados nos sites: The Toast,The Establishment e Uncanny Magazine.

Ela vive fora de Atlanta com muitos livros e um número ainda não suficiente de gatos, mas pode ser encontrada com mais frequência sendo sincera na Internet.

Twitter @PunkinOnWhels


Fontes: - blogueirasfeministas.com - cantinhodoscadeirantes.com.br











DESABAFO DE UMA JOVEM CADEIRANTE



Ser deficiente é mais difícil para você, do que pra mim...



Quando eu era menor, sempre me faziam a mesma pergunta:



você acha que um dia vai andar normalmente?...



E eu sempre respondia: “sim!...”.



Porém, isso foi até eu me dar conta que esse desejo de eu andar normalmente lá no fundo não era meu, pois percebi que cadeirante é considerado fora do normal para as outras pessoas.

Antigamente eu não me via diferente, sempre aceitava ser quem eu sou e aceitava o meu corpo exatamente como ele é e achava que todas as pessoas a minha volta faziam o mesmo...

Até perceber que não era bem assim

Entretanto, todos nós, temos que passar por essa fase cheia de turbulência chamada adolescência, não é mesmo?



Você já parou para pensar o que é ser um(a) adolescente cadeirante?


Eu posso garantir para vocês que não é nenhum milagre transcendental ou divino de qualquer tipo.

É, basicamente, a mesma coisa para todo mundo.

Contudo, a maior dificuldade não é a física, mas sim, a social.

É perceber que apesar de eu me sentir como uma pessoa comum, na maioria das vezes, eu sinto como se as pessoas que não me conhecem e me tratam como algo menor do que eu realmente sou por causa da deficiência, ou ainda me enxergam como "super heroína" e da mesma forma me distancia do ser normal que eu sou.

As pessoas que me veem e sempre me dizem frases tipo: “Como você é inteligente!” ou “nossa você é bonita!” e eu não consigo deixar de completar mentalmente: “...para uma cadeirante.” Como se, qualquer uma dessas qualidades fosse algum tipo de milagre!

Existe um estigma muito forte em relação aos PC’s (pessoas com Paralisia Cerebral) por causa das sequelas na fala, na coordenação motora e na habilidade cognitiva.

Existem graus diferentes para cada um e o meu é só nos membros inferiores e um pouco nos braços, então é natural que depois que eu diga que tenho Paralisia Cerebral, a pessoa fique surpresa por me ver falando.

Isso acontece muito mais do que eu gostaria, e aposto que várias pessoas, com outras patologias, também passam por isso.

Essas situações só servem para reforçar o fato de que a pior parte da deficiência, não é a dificuldade do corpo, e sim crescer e perceber que a sociedade não te trata como a pessoa que você sabe que é.

E que poucos irão me conhecer realmente como sou.





Os Mandamentos da Auto Estima.

Quem se ama de verdade evita pensar ou vivenciar o passado triste e, quando se lembra, mentaliza apenas como experiência para sua evolução, vê de forma fria e natural tudo o que aconteceu no passado, procura tirar proveito dos acontecimentos do passado.

Quem se ama de verdade, mantêm o controle emocional para não deixar as calúnias, palavras ofensivas e desarmonias caírem sobre a sua Aura.

Quem se ama de verdade não espera ser compreendido, prefere compreender as pessoas de um modo geral, mantêm-se de bem com a vida e não se preocupa com a opinião alheia.

Não dá ouvidos às críticas, para que elas não evoluam.

Quem se ama de verdade não guarda raiva, rancor ou ressentimento, vê tudo a sua volta como se fosse um processo de auto conhecimento, está sempre disposto a perdoar e compreender em qualquer situação.

Quem se ama de verdade não aceita sugestões negativas, policia seus pensamentos e procura analisar cada um.

Quem se ama de verdade não se magoa, não fica chorando quando é magoada. não se entristece por qualquer razão, não perde o controle em qualquer situação e não se deixa levar por qualquer situação negativa.

Quem se ama de verdade não tem medo da morte, das doenças, da pobreza ou falta de dinheiro, não sente medo, não se apega a nada.

Quem se ama sente coragem e segurança de sempre recomeçar, se for necessário, sem medo do desconhecido.


Danielle Oliveira