Acreditar em si mesmo

Acreditar em si mesmo

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

A deficiência não me define, mas sou definido por ela!





A Deficiência, não me Define, mas sou Definido por ela!!!
A Deficiência, não me Define, mas sou Definido por ela!!!

Sou mulher!!!!

Sou filha!!!!!

Sou irmã!!!!

Sou tia!!!!

Sou namorada!!!!!

Sou psicóloga!!!!

Sou palestrante!!!!

Quero ser mãe!!!!!!

Mas não sou deficiente!!!

Nem vitima da vida!!!

Eu tenho sim, uma deficiência, a tal da bendita paralisia cerebral.

Ela faz parte sim da minha vida, ela me faz adaptar várias tarefas do cotidiano, enche o meu saco, me deixa em diversos momentos, louca, alucinada, triste, confusa, pois não é fácil ter um corpo maluco, que não te obedece!!!

No entanto a deficiência, não me define, eu tenho que conviver com ela, ela faz parte de mim, porém ela não sou eu, sou muito mais que uma paralisia cerebral!!!

Contudo não é assim que a sociedade vê as pessoas com deficiência, ai que começa o preconceito, a exclusão, a desigualdade, aqui é que encontramos o maior desafio das pessoas com deficiência.

Os outros te olham e só enxergam uma coisa estranha, totalmente fora do padrão e aí não querem nem saber se ali também tem um sujeito, igual a você, com necessidades bem parecidas com as suas.

Ela, eu no caso, também preciso comer, aliás, amo comer!

Também precisamos fazer xixi, cocô, ah, sexo!!!

Somos capazes de estudar, conversar!!!

Precisamos igual a você, trabalhar, afinal dinheiro não cai do céu!!!

Também, precisamos nos distrair, sair, ir a um shopping, um barzinho, uma balada, balançar o esqueleto!!!
Viu?

Como as minhas necessidades, às necessidades de uma pessoa com deficiência são semelhantes às suas?

Seu cabelo te define?

Seu corpo te define?

A sua cor te define?

Então, por que você acha que a deficiência me define?

Por que você olha apenas para a deficiência e acha que ela sou eu?

A gente, seres humanos, temos diversas características, peculiaridades, por isso é impossível alguém definir um sujeito apenas pela cor, pelo cabelo, pela deficiência...

Vamos se livrar dos rótulos que a sociedade, a gente criou, né?

Não sei o porquê inventamos esta praga, é uma praga mesmo, pois querendo ou não, um dia todo mundo acaba sendo vitima dos rótulos!!!

E eles são tão superficiais, sem base, mas geral um mal profundo na sociedade, resultado disso, é a ignorância com pessoas que fogem do padrão, aí vem o preconceito, a exclusão, os olhares das pessoas para o diferente...



Todas as dificuldades que eu, e as pessoas com deficiência passam, de não conseguir trabalho, de certas pessoas mal falarem comigo, outras acham um absurdo eu namorar, não entendem como meus pais apostaram tanto em mim...

Para essas pessoas, a deficiência, me define completamente, então o fato, de ser mulher, filha, psicóloga, palestrante e etc, não significa nada.

O que importa, é a minha deficiência e o sentimento de piedade que elas têm por mim, algumas nem pena sentem, têm desprezo total!!!

E é isso que atrapalha demais a vida das pessoas com deficiência, muito mais que a deficiência em si!

Eu sempre digo, a paralisia cerebral é chata, mas eu faço tudo que eu quero, o que me limita são esses pensamentos pequenos que, de fato, me limita muito!!!


Vamos entender e passar adiante, eu não sou a deficiência e ela não me define!!! Ok??

Um texto de Damião Marcos e Carolina Câmara.






Pra que a Pessoa com Deficiência precisa de Currículo???



Pra que a pessoa com deficiência precisa de currículo???

Eu sempre me fiz esta pergunta, pois realmente nenhuma empresa olha o currículo da pessoa com deficiência, eles só estão interessados em cumprir a bendita cota.

Elzinha aqui, já cansei de passar por isso, não sei se já contei aqui no blog, então vou comentar.

Eu desde o terceiro ano de faculdade, tento um estágio e depois um trabalho e toda vez que chegava na entrevista, eles faziam uma cara de assustados ao ouvirem as minhas perspectivas de trabalho.

Alguns nem chegavam a me falar a proposta, a vaga, já outros falavam sem o menor receio e ainda diziam que iam me ligar até o final da semana que vem!!!!

Claro que nunca chegaram a ligar né??

Teve várias empresas que gostaram de mim, mas elas não são capazes de abrir a mente e perceber que, talvez aquela pessoa, no caso eu, possa ser interessante para a empresa.

Que apesar da deficiência, de todas as limitações físicas, eu poderia levar lucro, beneficiários para ela!!!!!

A sociedade ainda não tem a capacidade de aceitar que a pessoa com deficiência é muito mais do que apenas uma deficiência.

Que pode ter sim uma profissão, ser altamente qualificado, como qualquer outra pessoa.

Quando a sociedade conhecer de fato o que é uma deficiência, qual é o seu significado, perceber que a pessoa com deficiência antes da deficiência, vem o sujeito.

Ai sim, o currículo da pessoa com deficiência vai ter um verdadeiro sentido, significado.

As empresas vão avaliar o candidato como se deve!!

Hoje, a gente só questiona:

Pra que a pessoa com deficiência precisa de currículo??

As empresas olham para a pessoa com deficiência como se fosse moeda, todas iguais, moedas de troca.

As empresas colocam essas”moedas" lá dentro e em troca, não pagam a tal multa.

É assim que funciona simples, ótimo custo beneficio, para os brilhantes empresários, executivos, que trabalham com mercado, dinheiro e acham que o ser humano também é um simples objeto.

E o ser humano com deficiência, piorou, é um objeto quebrado, inútil, todos iguais!!!!! 

Peguei pesado?

Peguei mesmo, sabe por que????

Porque não é nada fácil, você se preparar para uma entrevista, criar expectativas, fazer planos, enfim todos aqueles sentimentos que qualquer um tem quando é chamado para uma entrevista.

E ai, tudo desmorona em questão de segundos e isso se repete diversas vezes.

Ai, você percebe que o erro não está em você, que o buraco é muito mais embaixo e não tem muito que a gente possa fazer!!!

Infelizmente, não tem como ficar livre da deficiência, mas também não podemos nos fazer de vítima das circunstâncias!!!!

É preciso mesmo mostrar as caras, deixar a sociedade bater, é porque a cada entrevista que eu ia, era um tapa, daqueles que doía que deixavam marcas.

Essas marcas doíam e ainda doem, porem também me ensinaram muito, me ensinaram o que eu faço hoje, o meu atual trabalho.

O meu currículo é formado por marcas, cicatrizes e ainda não tive nenhuma empresa, até hoje, que leu o meu currículo!!!!!

Um texto de Damião Marcos e Carolina





Felicidade...



Meu nome é Felicidade.

Faço parte da vida daqueles que tem amigos, pois ter amigos é ser feliz.

Faço parte da vida daqueles que vivem cercados por pessoas como você, pois viver assim é ser feliz!

Faço parte da vida daqueles que acreditam que ontem é passado, amanhã é futuro e hoje uma dádiva, por isso que é chamado de Presente.

Faço parte da daqueles que acreditam na Força do AMOR, que acreditam que para um história bonita não há ponto final.

Eu sou casada sabiam??

Sou casada com o Tempo.

Ah!!!

O meu marido é lindo!

Ele é responsável pela resolução de todos os problemas.

Ele reconstrói corações partidos, ele cura machucados, ele vence a tristeza...

Junto tivemos três filho:

A Amizade, a Sabedoria e o Amor.

A Amizade é a filha mais velha.

Uma menina linda!

Ela une pessoas, pretende nunca ferir, sempre consolar.

A do meio é a Sabedoria, culta, íntegra, sempre foi mais apegada ao pai, o Tempo.

A sabedoria e o Tempo estão sempre juntos!

O caçula é o Amor.

Ah!!

Como esse me dá trabalho!

È teimoso, às vezes só quer morar em um lugar...

Eu vivo dizendo:

Amor, você foi feito para morar em muitos corações, não apenas em um.

O Amor é complexo, mas é lindo, muito lindo!

Quando ele começa a fazer estragos, eu chamo logo o pai dele.

E aí o Tempo sai fechando todas as feridas que o Amor abriu!

Uma pessoa muito importante me ensinou uma coisa:

TUDO NO FINAL DÀ CERTO, SE AINDA NÃO DEU, È PORQUE NÃO CHEGOU O FINAL.

Por isso acredite sempre na minha família.

Acredite no Tempo, na Amizade, na Sabedoria, e principalmente no Amor.

Aí com certeza um dia eu, a Felicidade, baterei em sua porta!!

Tenha Tempo para os seus sonhos, eles conduzem sua carruagem para as estrelas.

Tenha FÈ em DEUS!

Tenha um excelente dia!!

E não esqueça, SORRIA!!

O sei sorriso pode alegrar a vida dos que te cercam!!


Autor desconhecido








Só por hoje vou canalizar as minhas energias em coisas boas que me tragam conforto mental e espiritual.

Vou viver este dia da melhor forma que puder. Só por hoje, serei mais leve, mais amorosa e menos chorona.

Só por hoje vou tentar viver sem cobrar nada dos outros, me aceitando, respeitando, valorizando e amando de uma forma como nunca me amei antes... pois, descobri que sou a pessoa mais importante da minha vida!

Darléa zacharias













domingo, 27 de novembro de 2016

O tempo, questão de escolha, de cada um




O TEMPO


Um autor desconhecido escreveu certa vez que a alegria, a tristeza, a vaidade, a sabedoria, o amor e outros sentimentos habitavam uma pequena ilha.

Certo dia, foram avisados que essa ilha seria inundada.

Preocupado, o amor cuidou para que todos os outros se salvassem, falando:

Fujam todos, a ilha vai ser inundada.

Todos se apressaram a pegar seu barquinho para se abrigar em um morro bem alto, no continente.

Só o amor não teve pressa.

Quando percebeu que ia se afogar, correu a pedir ajuda.

Para a riqueza apavorada, ele pediu:

Riqueza, leve-me com você.

Ao que ela respondeu:

Não posso, meu barco está cheio de ouro e prata e não tem lugar para você.

Passou então a vaidade e ele disse:

Dona Vaidade, leve-me com você...

Sinto muito, mas você vai sujar meu barco.

Em seguida, veio a tristeza e o amor suplicou:

Senhora Tristeza, posso ir com você?

Amor, estou tão triste que prefiro ir sozinha.

Passou a alegria, mas se encontrava tão alegre que nem ouviu o amor chamar por ela.

Então passou um barquinho, onde remava um senhor idoso, e ele disse:

Sobe, amor, que eu te levo.

O amor ficou tão feliz, que até se esqueceu de perguntar o nome do velhinho.

Chegando ao morro alto, onde já estavam os outros sentimentos, ele perguntou à sabedoria:

Dona Sabedoria, quem era o senhor que me amparou?

Ela respondeu:

O tempo.

O tempo?

Mas por que ele me trouxe aqui?

Porque só o tempo é capaz de ajudar e entender um grande amor.


Dentre todos os dons que a Divindade concede ao homem, o tempo tem lugar especial.

É ele que acalma as paixões indevidas, ensinando que tudo tem sua hora e local certos.

É ele que cicatriza as feridas das profundas dores, colocando o algodão anestesiante nas chagas abertas.

É o tempo que nos permite amadurecer, através do exercício sadio da reflexão, adquirindo ponderação e bom senso.

É o tempo que desenha marcas nas faces, espalha neve nos cabelos, leciona calma e paciência, quando o passo já se faz mais lento.

É o tempo que confirma as grandes verdades e destrói as falsidades, os valores ilusórios.

O tempo é, enfim, um grande mestre, que ensina sem pressa, aguarda um tanto mais e espera que cada um a sua vez, se disponha a crescer, servir e ser feliz.

E é o tempo, em verdade, que nos demonstra, no correr dos anos, que o verdadeiro amor supera a idade, a doença, a dificuldade, e permanece conosco para sempre.


Neste mundo, tudo tem a sua hora.

Cada coisa tem o seu tempo.

Há o tempo de nascer e o tempo de morrer.

Tempo de plantar e de colher.

Tempo de derrubar e de construir.

Há o tempo de se tornar triste e de se alegrar.

Tempo de chorar e de sorrir.

Tempo de espalhar pedras e de juntá-las.

Tempo de abraçar e de se afastar.

Há tempo de calar e de falar.

Há o tempo de guerra e o tempo de paz.

Mas sempre é tempo de amar.



Fonte - Momento Espírita, com base no texto História de amor, de autoria desconhecida e no cap. 3, versículos 1 a 8 do livro Eclesiastes, da Bíblia, ed. Paulinas. Disponível no CD Momento Espírita, v. 5, ed. Fep. Em 09.03.2009.
 

 

TEMPO QUESTÃO DE ESCOLHA

 
Quanto tempo você dispensa ao seu filho, em um dia?

Quanto tempo você dedica para uma leitura edificante, que lhe traga elevados objetivos e lhe retempere o ânimo?

Quanto tempo você dedica à oração?

Será você um daqueles que afirma não ter tempo para nada e leva a vida de roldão?

Uma verdadeira roda viva.

Um turbilhão.

Tempo é uma questão de escolha.

Equacionar as horas de forma a tudo resolver, sem desequilíbrio, esquecimentos e correrias é questão de administração.

Existem criaturas que surpreendem, pelo tanto que realizam, nas mesmas vinte e quatro horas em que nada fazemos além de reclamar da falta de tempo.

Um consagrado escritor, James Michener, que morreu em outubro de 1997, era uma dessas pessoas que sabia exatamente como lidar com o tempo.

Foi professor, revisor de livros, alistou-se na Marinha durante a Segunda Guerra Mundial, teve histórias suas adaptadas para musicais na Broadway.

Certa vez, uma garotinha de oito anos, acompanhada de seu pai, o visitou em sua residência.

Levou-lhe um livro que continha uma história que ela mesma escrevera.

O homem ocupado com tantas coisas dispôs de tempo para se sentar no sofá junto à pequena, abrir a primeira página e ler em voz alta:

Focas, por Hana Grobel.

Enquanto prosseguia a leitura, o telefone tocou.

Ele atendeu e ao interlocutor explicou:

Estou lendo os originais de uma jovem escritora.

Pediu licença e atendeu a ligação em outra sala.

Depois tornou a sentar-se ao lado de Hana e prosseguiu a leitura.

Esse homem inacreditável fora uma criança rejeitada.

Jamais soube quem foram seus pais.

Foi recolhido por uma viúva, por ela criado e amado.

Jamais descobriu o local e a data do seu nascimento.

Passou toda sua vida ajudando discretamente a quem desejasse estudar, reconhecendo que sua instrução foi o que de mais precioso sua mãe adotiva lhe dera.

Dispunha de tempo para tudo e para todos.

Até mesmo para uma criança que escrevera uma história minúscula em um pequeno livro.

A história é muito boa, foi seu comentário, porque no final todos ficam felizes.

Incentivar as gerações futuras era uma missão que considerava importante e a que se dedicava.

Atender uma criança de oito anos que buscava estímulo, um estudante de engenharia que lhe vinha agradecer a bolsa de estudos, atender ligações de instituições de ensino que lhe solicitavam recursos.

Dez dias antes de sua morte, com os rins falhando, teve tempo para oferecer a uma jovem a oportunidade de estudar na Universidade do Texas, disponibilizando-se para lhe custear a primeira anuidade escolar.

Mesmo lhe restando poucos dias o seu tempo era para fazer o bem.


Valorizemos o tempo, usando-o com propriedade.

Não menosprezemos o tesouro dos minutos porque a eternidade é feita de segundos.

Utilizemos os valores do tempo e conquistemos méritos, não nos permitindo a sua desvalorização em atitude morna e inútil.

O tempo nos é dado pela Divindade para a realização da grande tarefa de transformação de nós mesmos, na jornada da perfeição.



Fonte; - Momento Espírita, com base no artigo Meu tipo inesquecível: James Michener, de Seleções Reader’s Digest, de outubro de 1998 e no verbete Tempo, do livro Repositório de sabedoria, v. 2, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. Disponível no livro Momento Espírita, v. 1, ed. Fep. Em 19.7.2013.



 

O TEMPO DE CADA UM

 
A tolerância é uma virtude ainda rara na atualidade.

Ela permite viver em harmonia junto a quem pensa e age de forma diferente.

Não se trata apenas de suportar um modo distinto de ver e entender a vida.

O exercício da tolerância engloba também o esforço em perceber o que possa haver de admirável na conduta alheia, especialmente quando difere da nossa.

Mesmo perante equívocos, não criticar gratuitamente, pelo simples gosto de denegrir.

Por certo, a título de ser tolerante não vale adotar conduta omissa e conivente.

Na defesa de um bem maior, de um inocente, do patrimônio público, não é lícito deixar de agir.

Mas ainda aí é preciso ter não apenas energia, mas também doçura, para não se converter em um carrasco.

Muitas pessoas se angustiam porque seus amores não lhes compartilham os ideais.

Incontáveis pais estimariam que seus filhos tivessem padrão de conduta mais digno.

Entre esposos, costuma haver descompasso no entendimento de questões capitais da existência.


Essa dificuldade em compreender o ritmo alheio se manifesta em incontáveis setores.

Às vezes, notícias sobre determinados crimes despertam o desejo generalizado de exterminar os seus responsáveis.

Notícias de desmandos na política produzem grande desencanto.

Tem-se a sensação de que a Humanidade está perdida e de que nada mais há para fazer.

Entretanto, embora de forma lenta, tudo se aprimora.

A reencarnação é a chave que permite vislumbrar a lenta sofisticação de todos os Espíritos.

Quem hoje parece lamentável amanhã será um anjo radioso.

Os seres de grande virtude, cujos atos tanto encantam, igualmente cometeram erros em sua jornada milenar.

Assim, o desencanto e o esmorecimento traduzem incompreensão dos mecanismos superiores da vida.

Certamente não é possível e nem desejável alegrar-se perante indignidades de qualquer ordem.

Mas é necessário compreender que cada criatura tem o seu ritmo e o seu momento de transformação.

Perante os equivocados, é necessário exemplificar o bem, mas sem violências e arrogância.

Não vale ser conivente e omisso, mas também não cabe a imposição das próprias idéias.

Se criaturas difíceis estão presentes em sua vida, há uma razão para isso.

Na grande oficina da vida, você foi considerado digno do bom combate.

Os levianos e rudes são os mais necessitados de amor.

Afinal, como afirmou o Divino Amigo, os sãos não necessitam de remédio.

Se os valores cristãos iluminam o seu íntimo, rejubile-se.

Exemplifique-os mediante uma vida laboriosa e digna.

Mas não os imponha a ninguém.

Afinal, Deus a todos assegura o livre arbítrio e pacientemente espera o lento desabrochar das virtudes dos anjos.


Pense nisso.



Fonte: - do Momento Espírita. Em 04.05.2009.













quinta-feira, 24 de novembro de 2016

As pessoas com deficiência na história do Brasil


As pessoas com deficiência na história do Brasil.
Trajetória das pessoas com deficiência na História do Brasil:

Caminhando em silêncio”por:Vinícius Gaspar Garcia.


Os arquivos da História brasileira registram referências variadas a “aleijados”, “enjeitados”, “mancos”, “cegos” ou “surdo mudos”.

No entanto, assim como ocorria no continente europeu, a quase totalidade dessas informações ou comentários está diluída nas menções relativas à população pobre e miserável. 

Ou seja, também no Brasil, a pessoa deficiente foi incluída, por vários séculos, dentro da categoria mais ampla dos “miseráveis”, talvez o mais pobre entre os pobres (Silva, 1987).

Figueira (2008) realiza trajetória semelhante àquela de Silva (1987), mas concentra-se na história do Brasil.

Figueira (2008) propõe que seu livro marque uma introdução à história das pessoas com deficiência no Brasil, definindo também sua tese principal, com a qual concordamos integralmente: “(...) as questões que envolvem as pessoas com deficiência no Brasil – por exemplo, mecanismos de exclusão, políticas de assistencialismo, caridade, inferioridade, oportunismo, dentre outras – foram construídas culturalmente” (grifos nossos. Figueira, 2008, p.17).

Assim sendo, é importante termos em mente que questões culturais demoram a ser revertidas, mas este é o movimento que tem sido priorizado pelas pessoas com deficiência nas últimas décadas.

Tendo em vista essa perspectiva geral, Figueira (2008) inicia seu percurso com os primeiros “ecos históricos” da formação do Brasil.

Através deles, é possível identificar aspectos importantes, como a política de exclusão ou rejeição das pessoas com algum tipo de deficiência praticada pela maioria dos povos indígenas, os maus-tratos e a violência como fatores determinantes da deficiência nos escravos africanos, e como, desde os primeiros momentos da nossa história, consolidou-se a associação entre deficiência e doença.

População Indígena.

Sobre o primeiro aspecto, são reproduzidos relatos históricos que atestam condutas, práticas e costumes indígenas que significavam a eliminação sumária de crianças com deficiência ou a exclusão daquelas que viessem a adquirir algum tipo de limitação física ou sensorial.

Cabe destacar que não podemos julgar tais práticas com os olhos de hoje, o que levaria a uma análise pejorativa e até mesmo preconceituosa em relação à população indígena.

Mas, dito isso, deve-se reconhecer que, entre as populações indígenas que habitavam o território que viria a ser o Brasil, predominou a prática de exclusão das crianças e abandono dos que adquiriam uma deficiência.

Tais costumes não diferem muito daqueles também observados em outros povos da História Antiga e Medieval, onde a deficiência, principalmente quando ocorria no nascimento de uma criança, “não era vista com bons olhos”, mas sim entendida como um mau sinal, castigo dos deuses ou de forças superiores.

As crendices e superstições associadas às pessoas com deficiência continuaram a se reproduzir ao longo da história brasileira.

Assim como os curandeiros indígenas, os “negro feiticeiros” também relacionavam o nascimento de crianças com deficiência a castigo ou punição.

Na verdade, mesmo para doutrinas religiosas contemporâneas, até as deficiências adquiridas são vistas como previamente determinadas por forças divinas ou espirituais.

Não vamos explorar essa questão neste artigo, mas vale o registro desse aspecto que, de certa forma, é uma contradição com o paradigma social e dos direitos humanos com que se tem tratado esse assunto.

Os Negros Escravos.

Longe de ser um mal sobrenatural, a deficiência física ou sensorial nos negros escravos decorreu, inúmeras vezes, dos castigos físicos a que eram submetidos.

De início, a forma como se dava o tráfico negreiro, em embarcações superlotadas e em condições desumanas, já representava um meio de disseminação de doenças incapacitantes, que deixavam seqüelas e não raro provocavam a morte de um número considerável de escravos.

Os documentos oficiais da época não deixam dúvidas quanto à violência e crueldade dos castigos físicos aplicados tanto nos engenhos de açúcar como nas primeiras fazendas de café.

O rei D. João V, por exemplo, em alvará de 03 de março de 1741, define expressamente a amputação de membros como castigo aos negros fugitivos que fossem capturados.

Uma variedade de punições, do açoite à mutilação, eram previstas em leis e contavam com a permissão (e muitas vezes anuência) da Igreja Católica.

Talvez o número de escravos com deficiência só não tenha sido maior porque tal condição representava prejuízo para o seu proprietário, que não podia mais contar com aquela mão de obra.

Os Colonos Portugueses.

Os colonos portugueses, desde o momento em que chegaram ao território descoberto por Cabral, sofreram com as condições climáticas, como o forte calor, além da enorme quantidade de insetos.

Estas características tropicais repercutiram na saúde e bem-estar dos europeus, sendo que “algumas dessas enfermidades de natureza muito grave chegaram a levá-los a aquisição de severas limitações físicas ou sensoriais” (Figueira, 2008, p. 55).

Observando a formação da população no Brasil Colonial, o historiador da medicina Licurgo Santos Filho acentua que: “tal e qual como entre os demais povos, e no mesmo grau de incidência, o brasileiro exibiu casos de deformidades congênitas ou adquiridas.

Foram comuns os coxos, cegos, zambros e corcundas” (Santos Filho apud Figueira, 2008, p. 56).

As condições de tratamento da maioria das enfermidades não eram adequadas e continuariam assim por várias décadas.

Século XIX.

Já no século XIX, a questão da deficiência aparece de maneira mais recorrente em função do aumento dos conflitos militares (Canudos, outras revoltas regionais e a guerra contra o Paraguai).

O general Duque de Caxias externou ao Governo Imperial suas preocupações com os soldados que adquiriam deficiência.

Foi então inaugurado no Rio de Janeiro, em 29 de julho de 1868, o “Asilo dos Inválidos da Pátria”, onde “seriam recolhidos e tratados os soldados na velhice ou os mutilados de guerra, além de ministrar a educação aos órfãos e filhos de militares” (Figueira, 2008, p. 63).

Apesar da intenção humanitária, as referências históricas expressam um quadro de extrema precariedade no funcionamento da instituição durante o período imperial.

Mesmo assim, e certamente com alguma melhora nas condições de atendimento, o Asilo Inválidos da Pátria permaneceu funcionando por 107 anos, somente sendo desativado em 1976.

O Século XX e o Modelo Médico.

O avanço da medicina ao longo do século XX trouxe consigo uma maior atenção em relação aos deficientes.

A criação dos hospitais escolas, como o Hospital das Clínicas de São Paulo, na década de 40, significou a produção de novos estudos e pesquisas no campo da reabilitação.

Nesse contexto, como não poderia ser diferente, havia uma clara associação entre a deficiência e a área médica.

Na verdade, ainda em meados do século XIX, com a criação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos (1854), ficava explícita uma relação entre doença e deficiência que, sem exagero algum, permanece até os dias atuais (em que pese a luta do movimento organizado das pessoas com deficiência a partir de 1981 pelo chamado “modelo social” para tratar dessa questão, em oposição ao modelo “médico clínico”).

O fato é que, ao longo de nossa história, assim como ocorreu em outros países, a deficiência foi tratada em ambientes hospitalares e assistenciais.

Ao estudar o assunto, os médicos tornavam-se os grandes especialistas nessa seara e passavam a influenciar, por exemplo, a questão educacional das pessoas com deficiência, tendo atuação direta como diretores ou mesmo professores das primeiras instituições brasileiras voltadas para a população em questão.

O grau de desconhecimento sobre as deficiências e suas potencialidades, porém, permaneceu elevado na primeira metade do século XX, o que se percebe pelo número considerável de pessoas com deficiência mental tratadas como doentes mentais.

A falta de exames ou diagnósticos mais precisos resultou numa história de vida trágica para milhares de pessoas nesta condição, internadas em instituições e completamente apartadas do convívio social.

Antes da existência das instituições especializadas, as pessoas com deficiência tiveram, em grande medida, sua trajetória de vida definida quase que exclusivamente pelas respectivas famílias.

O Imperial Instituto dos Meninos Cegos (1854), que citamos acima, marca o momento a partir do qual a questão da deficiência deixou de ser responsabilidade única da família, passando a ser um “problema” do Estado.

Mas não enquanto uma questão geral de política pública, pois o que ocorreu foi a transferência dessa responsabilidade para instituições privadas e beneficentes, eventualmente apoiados pelo Estado.

Estas instituições ampliaram sua linha de atuação para além da reabilitação médica, assumindo a educação das pessoas com deficiência.

Até 1950, segundo dados oficiais, havia 40 estabelecimentos de educação especial somente para deficientes intelectuais (14 para outras deficiências, principalmente a surdez e a cegueira).

Na década de 40, cunhou-se a expressão “crianças excepcionais”, cujo significado se referia a “aquelas que se desviavam acentuadamente para cima ou para baixo da norma do seu grupo em relação a uma ou várias características mentais, físicas ou sociais” (Figueira, 2008, p. 94).

O senso comum indicava que estas crianças não poderiam estar nas escolas regulares, do que decorre a criação de entidades até hoje conhecidas, como a Sociedade Pestallozzi de São Paulo (1952) e a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE do Rio de Janeiro (1954).

Essas entidades, até hoje influentes, passaram a pressionar o poder público para que este incluísse na legislação e na dotação de recursos a chamada “educação especial”, o que ocorre, pela primeira vez, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei 4.024, de 20 de dezembro de 1961.

Felizmente, percebeu-se com o tempo que, assim como acontecia em outros países, as pessoas com deficiência poderiam estar nos ambientes escolares e de trabalho comuns a toda população, frequentando também o comércio, bares, restaurantes ou prédios públicos, enfim, não precisariam estar sempre circunscritas ao espaço familiar ou das instituições especializadas.

Esta percepção está refletida na expansão de leis e decretos sobre os mais variados temas a partir, principalmente, da década de 80, como discutiremos mais à frente.

Novo Modelo.

A nossa trajetória histórica, quando as pessoas com deficiência eram “ignoradas” ou “caminhavam em silêncio”, se encerra no ano de 1981, declarado pela ONU como Ano Internacional da Pessoa Deficiente (AIPD).

De acordo com Figueira (2008): “Se até aqui a pessoa com deficiência caminhou em silêncio, excluída ou segregada em entidades, a partir de 1981 – Ano Internacional da Pessoa Deficiente -, tomando consciência de si, passou a se organizar politicamente.

E, como consequência, a ser notada na sociedade, atingindo significativas conquistas em pouco mais de 25 anos de militância”. Figueira, 2008, p. 115).

A palavra-chave do AIPD foi “conscientização”, tendo sido organizadas várias manifestações para alertar sobre a própria existência e os direitos das pessoas com deficiência contra a invisibilidade.

Em que pesem as críticas e relatos eventuais de descontentamento, o fato é que, para a maioria daqueles que estiveram envolvidos, o Ano Internacional cumpriu o seu papel de chamar a atenção da sociedade para a questão da deficiência.

Como afirma Figueira: “boa ou má, a situação das pessoas com deficiência começou a ser divulgada a partir de 1981.

Inclusive, elas mesmas começaram a tomar consciência de si como cidadãs, passando a se organizar em grupos ou associações” (Figueira, 2008, p. 119).

Em outras palavras, é claro que anteriormente tivemos inúmeros casos de êxito individual de pessoas com deficiência, mas 1981 marca um reconhecimento mútuo e coletivo da situação em que se encontravam muitos portadores de deficiência.

Um mundo “obscuro” ou “ignorado”, nas palavras de publicações da época, não poderia mais ser escondido da sociedade e do poder público, continuando somente como “um peso ou fardo individual e/ou familiar”.

Portanto, o percurso histórico das pessoas com deficiência no Brasil, assim como ocorreu em outras culturas e países, foi marcado por uma fase inicial de eliminação e exclusão, passando-se por um período de integração parcial através do atendimento especializado.

Estas fases deixaram marcas e rótulos associados às pessoas com deficiência, muitas vezes tidas como incapazes e/ou doentes crônicas.

Romper com esta visão, que implica numa política meramente assistencialista para as pessoas com deficiência, não é uma tarefa fácil.

Mas, com menor ou maior êxito, isso foi feito com o avanço da legislação nacional sobre este tema, contando agora com a contribuição direta das próprias pessoas com deficiência.

Este movimento culmina com a ratificação da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (CDPD) pelo Brasil, conferindo-lhe status de emenda constitucional.

A participação direta e efetiva dos indivíduos com limitações físicas, sociais e cognitivas na elaboração da Convenção (e posteriormente na sua internalização) não foi fruto do acaso, mas decorre do paulatino fortalecimento deste grupo populacional, que sobreviveu e passou a exigir direitos civis, políticos, sociais e econômicos.



*Vinícius Gaspar Garcia: Economista e pesquisador, fanático por esportes e militante do movimento social das pessoas com deficiência.


Blog: Três Temas
Referência bibliográfica:
Caminhando em Silêncio – Uma introdução à trajetória das pessoas com deficiência na História do Brasil”, Emílio Figueira, 2008.
Leia também: As pessoas com deficiência na História Mundial

Fonte: - Bengala Legal - nandoacesso.blogspot.com.br