Acreditar em si mesmo

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sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Comédias da vida "aleijada"





COMÉDIAS DA VIDA "ALEIJADA" 


Pois é, quem é cadeirante e leva a vida com leveza tenho certeza que tem muita história pra contar!

Têm dias que é difícil ver o lado cômico da vida, como pra todo mundo, mas o bom mesmo é agente tentar levar a coisa na brincadeira, fica bem fácil!

Nas rodas de amizade entre cadeirantes e outras deficiências, as histórias correm soltas... quanto mais você vive, mais enfrenta problemas e dificuldades, e automaticamente tem histórias pra contar!

São tragicômicas, mas são histórias nossas e que, muitas, mereceriam um livro para contar as pérolas desta vida!

Como diz a minha amiga e escritora bem humorada, tetraplégica, Carlena Weber, as histórias da vida aleijada!

Resolvi aqui contar algumas das minhas, aos olhos de quem não tem nenhuma deficiência, pode parecer mais trágico do que cômico, mas pra mim foi realmente divertido:

Um dia em uma reunião para formarmos a associação de pessoas com deficiência física da nossa cidade, um cidadão, a quem eu conhecia de antes do meu acidente, chegou com aquela perguntinha básica:

E então como é que tu estás?

Eu claro já sabia que este “estás” queria dizer:

E daí não vai

HEIN?????

Ou então na hora do embarque do avião:

Tá mas tu não caminha nada mesmo???s mesmo voltar a andar???

Respondi:

Estou ótima e tal... e a figura me disse:

Tá mas tu nunca tentou levantar???

HEIN????

Acontecem episódios terríveis, como sou tetraplégica preciso de ajuda para fazer a sondagem da bexiga, nosso CAT (vem da palavra cateterismo vesical), forma carinhosa de chamar o tal procedimento para retirar o xixi de dentro da bexiga.

Meu marido é craque no assunto depois de mais de 16 mil CATs que já fez nesta minha vida aleijada, afinal como a mesma Carlena diz:

Em terra de tetraplégico quem anda é escravo!

E ele é o meu... hehehehehe.

Bom seguindo a história, fazemos CATs onde dá, já que nosso país é uma belezura em acessibilidade e os banheiros adaptados são raridade, então fazemos no carro, no mato, em cozinhas ou qualquer parte de uma casa, na beira da praia em uma barraquinha feita por um bando de mulheres de cangas e onde minha bexiga mandar!

Neste fatídico dia tínhamos um banheiro, bem adaptadinho, no aeroporto de Porto Alegre.

Lá tem um sistema, em alguns dos banheiros, de uma porta com abertura automática, apertas um botão a porta abre, ela demora um tempinho e se fecha automaticamente.

Advinha???

Estou eu em uma posição linda e maravilhosa na minha cadeira de rodas para que o maridão enxergasse a uretra... dá pra imaginar a cena?

Então inesperadamente a porta se abre, uma mocinha da limpeza resolveu abri-la, e lá estou EU, estatelada de pernocas abertas, e pior tive que esperar o tempo passar pra linda porta se fechar automaticamente!

UFA!

Todo mundo que fica tetra sabe como é ter uma “pochete” automaticamente embutida.

Isso porque a lesão medular sendo bastante alta não se tem controle algum sobre os músculos do abdômen.

Se já é difícil ter uma barriguinha sequinha antes da lesão, depois dela chega a pochete tetra, se instala e “adeus Mariana”, nunca mais sai dali!

Ás mulheres que resolvem ser mães o presente vem em dobro!!

Eu então, já tinha um pneu de bicicleta, dos fininhos, antes da lesão e não fui isenta deste presente de tetra.

Fui mãe, então ganhei em dobro! Fora que, como pra todo mundo, agente acorda de manha magrinho e vai dormir gordinho, agente incha um pouco a mais que o normal e o abdômen se distende durante o dia.

Minha barriga, apesar de ter a tal “pochete” é bem lisinha, não tem celulites e estrias então olhando realmente parece uma barriga de grávida, um melão e as vezes uma pequena melancia.

Assim estou super acostumada, quando vou pra praia que não uso cintas abdominais, no dia-a-dia preciso das cintas para ajudar na respiração e na fala, e daí acordo de manhã, coloco meu biquíni e fico grávida de 3 meses, quando chega o fim da tarde a barriga já está de 6 meses e a noite, depois do banho, coloco minha cinta e apareço sem barriga (já pari a criança...)!

Adoro ir para hotéis de beira de praia e ficar só lá, sem dar grandes passeios, agente acaba fazendo amizades e daí vem a pergunta fatídica:

Estás grávida né?

Quantos meses?

Eu sempre planejo dizer sim!

De 4 meses!

Mas nunca tive coragem...

Teve uma ocasião que uma garçonete super simpática veio com a maldita perguntinha:

Ai que legal, estás grávida né?

Eu rio e digo, não sou assim mesmo...

Ela não sabia onde enfiar a cara!

Depois voltou e disse:

Mas tu tens certeza??

Acho que tu estás enganada... tentando amenizar a situação...

Cômico não?

Pois é, então lanço aqui um desafio, conte-nos a sua história!


Fonte – cadeirantes life


SER CADEIRANTE...

Ser cadeirante é ter o poder de emudecer as pessoas quando você passa…

Ser cadeirante é não conseguir passar despercebido, mesmo quando você quer sumir!

E ser completamente ignorado quando existe um andante ao seu lado.

E isso não faz sentido, as pernas e os braços podem não estar funcionando bem, mas o resto está!

Ser cadeirante é amar elevadores e rampas e detestar escadas…

Tapetes?

Só se forem voadores, por favor!

Ser cadeirante é andar de ônibus e se sentir como um “Power Ranger” a diferença é que você chega ao ponto e diz:

é hora de MOFAR”.

Ser cadeirante é ter alguém falando com você como se você fosse criança, mesmo que você já tenha mais de duas décadas.

Ser cadeirante é despertar uma cordialidade súbita e estabanada em algumas pessoas.

É engraçado, mas a gente não ri, porque é bom saber que ao menos existem pessoas tentando nos tratar como iguais e uma hora eles aprendem!

Ser cadeirante é conquistar o grande amor da sua vida e deixar as pessoas impressionadas…

E depois ficar impressionado por não entender o porquê do espanto.

Ser cadeirante é ter uma veia cômica exacerbada.

É fato, só com muito bom humor pra tocar a vida, as rodas e o povo sem noção que aparece no caminho.

Ser cadeirante e ficar grávida é ter a certeza de ouvir:

Como isso aconteceu?”

Foi a cegonha, eu não tenho dúvidas!

Os pés de repolho não são acessíveis!

Ser cadeirante é ter repelente a falsidade.

Amigos falsos e cadeiras são como objetos de mesma polaridade se repelem automaticamente.

Ser cadeirante é ser empurrado por ai mesmo quando você queria ficar parado.

É saber como se sentem os carrinhos de supermercado!

Ser cadeirante é encarar o absurdo de gente sem noção que acha que porque já estamos sentados podemos esperar, mesmo!

Ser cadeirante é uma vez na vida desejar furar os quatro pneus e o step de quem desrespeita as vagas preferenciais.

Ser cadeirante é se sentir uma ilha na sessão de cinema…

Porque os espaços reservados geralmente são um tablado ou na turma do gargarejo e com uma distancia mais que segura pra que você não entre em contato com os outros andantes, mesmo que um deles seja seu cônjuge!

Ser cadeirante é a certeza de conhecer todos os cantinhos.

Porque Deus do céu, todo mundo quer arrumar um cantinho para nós?

Ser cadeirante é ter que comprar roupas no “olhômetro” porque na maioria das lojas as cadeiras não entram nos provadores.

Ser cadeirante é viver e conviver com o fantasma das infecções urinárias.

E desconfio seriamente que a falta de banheiros adaptados contribua para isso.

Ser cadeirante é se sentir o próprio guarda volumes ambulante em passeios pelo shopping.

Ser cadeirante é curtir handbike, surf, basquete e outras coisas que deixam os andantes sedentários morrendo de inveja.

Ser cadeirante é dançar maravilhosamente, com entusiasmo e colocar alguns “pés-de- valsa” no bolso…

Ser cadeirante é ter um colinho sempre a postos para a pessoa amada…

E isso é uma grannndeeee vantagem!

Ser cadeirante (e mulher) é encarar o desafio de adaptar a moda pra conseguir ficar confortável além de mais bonita.

Ser cadeirante é se virar nos trinta pra não sobrar mês no fim do dinheiro, porque a conta básica de tudo que um cadeirante precisa…

Ai… Ai… Ai…

Essa merece ser chamada de Dolorosa.

Ser cadeirante é deixar um montão de médicos com cara de: “e agora o que eu faço” quando você entra pela porta do consultório…

Algumas vezes é impossível entrar, a cadeira trava na porta…

Ser cadeirante é olhar um corrimão ou um canteiro no meio de uma rampa, ou se deparar com rampas que acabam em um degrau de escada e se perguntar:

Onde estudou a criatura que projetou isso?

Será mesmo que estudou?

Ser cadeirante é ter vontade de grudar alguns políticos em uma cadeira por um dia e fazer com que eles possam testar os lugares que enchem a boca pra chamar de acessíveis…

Ser cadeirante é ir à praia mesmo sabendo que cadeiras + areia + maresia não são uma boa combinação!

Ser cadeirante é sentir ao menos uma vez na vida vontade de sentar no chão e jogar a cadeira na cabeça de outro ser humano.


O texto acima escrito por Leticia Oliveira.
leticia-oli@hotmail.com


Fonte – deficienteciente.com.br



SUPERAÇÃO

superar limites, sejam eles fisicos ou psicologicos,

só depende de nós

as pessoas quando nos conhecem,

se esquecem de uma coisa,

nós a conhecemos,

sabemos de seus pontos fracos e fortes,

mas,

na maioria das vezes,

elas nos atingem primeiro

e nos atordoam

e achamos q não temos saida,

feche os olhos,

encare a realidade,

e surpreenda

se levante

Me levanto todos os dias,

falar o que é lindo e belo no face,

é mole,

só poucos conhecem a realidade,

encaram e mostram como se levantaram,

porque ao se levantar,

sabe que outros ataques virão,

e nem todos estão prontos para batalhar,

todos os dias.














Um comentário:

  1. Vai se fazer o que em certas ocasiões em que o cadeirante é abortado com perguntas, exclamações e indagações que não passam de piadas de muito mal gosto; não sei acho que as pessoas não raciocinam ou não tem noção e conhecimento para dialogar por causas das asneiras que falam; será que é difícil se dirigir diretamente ao interessado.

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