UMA HISTÓRIA LINDA DE SUPERAÇÃO E DE VIDA.
Era uma adolescente como outra qualquer, com seus sonhos, medos, amigos, festas e com muita vontade de viver.
Sempre
fui independente e acho que por isso comecei a trabalhar aos 15 anos
na loja da minha tia para ter meu próprio dinheirinho.
Mas
no dia 21/02/2000 minha vida mudou drasticamente.
Cai
da escada da loja onde trabalhava e a partir de então não levantei
mais sozinha.
Logo
me levaram para o hospital e lá me falaram que eu havia sofrido uma
grave lesão na coluna.
Lembro-me
das enfermeiras cortando meu uniforme de trabalho que estava
inaugurando naquele dia e tirando todos os acessórios que estava
usando naquele momento.
Lembro
do meu pai e minha mãe chegando ao meu lado ainda na sala de
radiografia, com aquele olhar triste e quase desabando, sem saber
direito o que iria acontecer dali em diante.
Devido
à gravidade me colocaram dentro de uma ambulância com minha mãe, o
médico e uma enfermeira para irmos para Brasília.
Meu
pai e meu namorado (na época) foram de carro nos acompanhando.
Foi
uma das viagens mais triste da minha vida.
Acho
que graças a minha mãe e a Deus estarem ao meu lado naquela hora eu
não me revoltei e nem entrei em pânico.
Chegando
a Brasília, fiquei em uma maca no corredor do hospital esperando os
médicos avaliar meu caso e fazendo mais exames.
Cada
máquina que nunca havia entrado antes.
Nesse
dia me lembro de ter vomitado muito, da movimentação dos meus
familiares e do meu desespero para não rasparem meu cabelo, porque
se os médicos resolvessem fazer tração na coluna seria necessário.
Para
a minha felicidade não foi preciso.
Fiz
a cirurgia no dia seguinte, na qual me lembro dos médicos
conversando sobre meu corte na cabeça, que segundo eles havia um
pedaço bem fundo que não teria como dar pontos.
Acordei
só no dia seguinte em uma sala de UTI, com muita sede e fome, com
uma placa de titânio no pescoço, um colar cervical, tubos no meu
nariz e graças a Deus com minha mãe ao meu lado.
Foram
cinco dias nessa sala, da qual só me lembro do teto, do relógio
pregado na parede, de vários pacientes em estado grave e de uma
enfermeira muito boazinha que me tratava com muito carinho, e claro
que da minha mãe que dormiu comigo todos os dias.
Por
ironia do destino havia lido o livro Feliz ano velho de Marcelo
Rubens Paiva cinco meses antes e tudo que ele havia passado estava se
repetindo comigo.
O
que mais vi naqueles meses foi o teto de hospitais, decorei cada
rachadura que havia.
Depois
me transferiram para um quarto só para mim e minha família.
Foram
mais cinco dias aprendendo o que havia acontecido comigo, que a
cirurgia foi um sucesso e segundo o médico estaria andando em seis
meses.
Na
hora ainda pensei, “nossa isso tudo!”.
Recebi
várias visitas, telefonemas de várias pessoas e lugares, pessoas
que eu nem conhecia, mas que eram amigas da família.
Tive
as primeiras sessões de fisioterapia, vários testes de
sensibilidade, no qual odiava, pois ficavam espetando uma agulha em
mim para dizer se eu sentia.
Acho
que odiava porque não sentia em quase nenhum lugar.
Era
virada na cama de duas em duas horas para que não desse escara
(ferida que desenvolvem quando a pele é comprimida entre a
proeminência óssea e a superfície externa, (cama, colchão) por um
longo período de tempo e que depois de aberta, demora vários meses
para se fechar).
Tive
muitos pesadelos, quase não dormi porque tive uma coceira infernal
durante esses dias, e para piorar eu não conseguia levantar o braço,
aí tinha que recorrer a quem estivesse ao meu lado.
Nesses
dias tentamos conseguir uma vaga no Hospital Sarah Kubitschek, e
depois de muitos pedidos eles marcaram para o dia 15 de março.
Passados
esses cinco dias o médico me enviou para o Hospital de Apoio para
continuar minha reabilitação.
Foi
muito triste porque saímos no finalzinho do dia em uma ambulância,
eu e minha mãe, com alguns parentes de carro nos acompanhando.
Chegamos
à noite nesse lugar que a princípio não tinha vaga.
Eu
e minha mãe choramos muito.
Como
viram que não tínhamos para onde ir àquela hora, arrumaram um
quartinho que tinha apenas uma mulher chamada Joana, muito religiosa,
mas que infelizmente não me lembro do rosto, pois fiquei a maioria
dos dias deitada com um colar cervical que limitavam os poucos
movimentos que me restaram.
Nesse
hospital recebi também várias visitas e telefonemas.
Meu
namorado (na época), foi para BSB me acompanhar e me dava muita
força.
Foram
alguns dias levantando a cabeceira da cama aos poucos para me
acostumar de novo, porque dava falta de ar e tonteira, até eles me
colocarem pela primeira vez em uma cadeira de rodas.
Nesse
hora todos seguraram o choro para não me deixar triste.
Minha
mãe aprendeu a fazer cateterismo (retirar a urina com um sonda de
seis em 6 horas) e a me dar banho deitada em uma maca fria, que
graças a Deus nessa hora, sentia só do ombro para cima.
Minha
avó Maria saiu do sul de Minas para nos ajudar em Brasília.
Ela
conseguia cada coisa.
Entrava
com comida, dormia no nosso quarto e nos confortava com aquele jeito
carinhoso só dela.
Foram
quinze longos dias até ser transferida para o tão esperado Sarah.
Mais
uma viagenzinha de ambulância deitada olhando para o teto.
Cheguei
e logo fui atendida.
A
primeira coisa que a médica falou foi que eu tinha muito a
comemorar, pensei “será o que tenho a comemorar nesta situação?”
Falou
que por muito pouco a lesão não atingiu o meu sistema respiratório
e que se isso tivesse ocorrido teria que andar acompanhada com um
aparelhinho ligado por um tubo até o pescoço vinte e quatro horas
por dia.
Nessa
hora todos ficaram emocionados, até os médicos.
Fiz
mais e mais exames até que me mandaram para a ala das crianças,
para menores de 18 anos.
Foi
um mês nessa ala, fazendo fisioterapia, hidroterapia (na qual morria
de medo de afogar porque agora dependia de alguém para me segurar),
aprendendo um novo modo de entrar no carro (carregada por alguém),
ganhando diversos adaptadores (para segurar o garfo, pentear o
cabelo, escrever, escovar os dentes, digitar no computador,
conhecendo pessoas com diversos problemas, recebendo visitas todos os
dias e minha mãe dormindo comigo.
Depois
me passaram para ala de adultos, na qual apavorei porque minha mãe
não poderia mais dormir comigo.
Isso
foi um pesadelo, quem iria me ajudar?
Só
servia ela.
Mas
eu tive que conformar.
Não
sei quem sofria mais, se eu ou ela por me deixar lá.
Mas
passados dois longos dias, eu fiquei doente e pedi para ela ficar
comigo e para nossa alegria eles deixaram.
Mais
um mês se passou e agora já podia ir para casa no final de semana.
Alugamos
um apartamento em Brasília para não precisar viajar a Unaí nos
finais de semana e voltar segunda.
A
primeira coisa que senti falta quando saí do hospital e fui para o
apartamento foi acordar e levantar da cama na mesma hora, agora
demorava pelo menos uns vinte minutos até minha mãe fazer
cateterismo e colocar a minha roupa.
Normalmente
eles falam que quando a gente tem um problema os amigos se afastam.
E
comigo foi diferente até pessoas que achava que não eram minhas
amigas passaram a ser a partir daquele momento e as que já eram
mostraram seu amor por mim.
Fiquei
sabendo que a cidade inteira rezou para a minha recuperação. Acho
que por isso, meus familiares e Deus eu tirei de letra essa fase.
Pedia
todo dia a Deus que quando eu tivesse alta do Sarah que ele segurasse
na minha mão para de pé e caminhando saíssemos de lá.
Infelizmente
não foi o que ocorreu, saí em uma cadeira de rodas nova que meu pai
foi comparar e que seria minha companheira de todas as horas a partir
daquele momento.
Voltei
para Unaí depois de três meses longe de casa e com uma nova
realidade de vida.
Desde
então fui aprendendo cada dia mais com meu problema, tirando os
adaptadores, fazendo fisioterapia e hidroterapia, voltando a estudar.
Terminei
o 2º grau e logo entrei na faculdade.
O
curso escolhido sem nenhuma dificuldade foi Sistema de Informação.
Nunca
achei que seria difícil fazer algo, se tivesse vontade e alguém
para me levar e cuidar de mim, ia mesmo.
Tive
alguns namorados que me ajudaram muito e me tratavam como uma pessoa
sem deficiência.
Fui
por dois anos secretária da APDU - Associação de Pessoas com
Deficiência de Unaí e conselheira do COMPED - Conselho Municipal da
Pessoa com Deficiência.
Foi
uma lição de vida.
Fiz
novos amigos, pessoas que assim como eu possuem uma deficiência, mas
que não desistiram de viver e lutar por seus direitos.
Aprendi
mais uma vez a ver a vida de outros ângulos.
Espero
ter contribuído um pouco, pois sou foi maravilhoso fazer parte desta
família.
Em
2010 criei este blog para contar minha história e ajudar as pessoas
com deficiência trazendo informações importantes para ajudá-las a
superar os desafios do dia a dia e a com esperança de tornar a
sociedade mais inclusiva e menos preconceituosa.
Quero
e espero contribuir muito por esta causa que abracei de coração.
Agora
consegui realizar um dos meus sonhos maiores sonhos: ser servidora do
STJ - Superior Tribunal de Justiça.
Estou
amando voltar a trabalhar, e deixar de ser aposentada por invalidez,
pois mesmo fazendo várias coisas em casa agora me sinto realmente
útil e respeitada.
Que
sejam muitos anos bons aqui.
Tenho
só a agradecer primeiramente a Deus por tudo que ele me proporcionou
depois que fiquei tetraplégica.
Claro
que perdi várias coisas que amo, como: dançar, andar, praticar
esportes, tomar banho sozinha, sair sem precisar de ninguém, trocar
de roupa em pé em frente ao espelho, olhar meu corpo por inteiro, me
maquiar, dirigir, etc.
Mas
ele me deixou o mais importante: minha vontade de viver e minha
família, que sem ela não teria superado tudo isso.
Obrigada
a todas as pessoas que rezaram, torceram ou me apoiaram em algum
momento da minha vida. Vocês são responsáveis por toda
minha aceitação, força e esperança.
"Deus
nos concede, a cada dia, uma página de vida nova no livro do tempo.
Aquilo que colocarmos nela, corre por nossa conta."
Chico
Xavier
Fonte
– www.fernandazago.com.br
Gente
veja que história linda e comovente de superação; quando se aceita
a nova realidade de vida; afinal a vida continua.........
Quer
compartilhar com vocês esta história
Um
abraço a todos.
Pois os dias, só nos ensinam a desenvolver nossas habilidades, tanto a dos ladrões do Senado, Plenario, Legislativo e afins.
A
vida é um eterno desafio
É
superação.
E
cada dia que chega... é um que passa.
Neste
dia que passou, foi mais um dia de luta, sobretudo, VITORIA.
O
dia que chega, é tenebroso, capscioso, e doce tal como o sabor de
uvas colhidas do pé.
E
para não cometer um pleunasmo, digo que somos de todo, do bem.
Não,
Bons!
Pois
na medida de nossa dificuldade, vem a tona nossa superação.
Nossa
vontade de crescer, de ver o novo, e aguardar o proximo dia.
Alguêm
um dia me disse:
Deus
não nos dá um fardo, maior do que aquilo que podemos carregar.
Portanto,
nos dias que virão, quero ver de todos.
Cada
um se conhecendo, olhando dentro de sí e sentindo, e pensando e
querendo ser o maior, o melhor. Indo além da Imaginação, e ser o
onisciente, onipontente.
Pois os dias, só nos ensinam a desenvolver nossas habilidades, tanto a dos ladrões do Senado, Plenario, Legislativo e afins.
Quanto
a habilidade de servir dos garçons, de pedir dos mendigos, de criar
dos que têem imaginação, não me esquecendo dos escritores de
expor suas idéias, ancias, fantasias e etc...
No
demais, somos todos unicos.
E
cada dia as mesmas coisas, os mesmos desafios enjoativos.
Na
atualidade de nossas vidas, o maior deles é superar a mesmice, nos
apegar ao que fazemos, dar o nosso melhor a quem devemos, e podemos.
Isso
sim, é algo irrefutável.
Que
não devemos dar o passo, maior que a perna, é fato.
Devemos
dar o passo, quando nosso 'faro', diz:
Corra
agora!
Bruno
Lopes Maciel de Lima
Quando em nossa vida temos uma adversidade que vem abalar a nossa zona de conforto a gente se desespera, e assim perdemos o controle e o rumo do caminho; por termos que recomeçar tudo novamente do início e reaprendendo gradativamente passo a passo, e todo recomeço é difícil, além de exigir muita força de vontade e coragem para acreditar que se pode dar a volta por cima.
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