Fachada da 1ª Delegacia de Polícia da Pessoa com Deficiência do Estado de São Paulo
Delegacia
de Polícia da Pessoa com Deficiência conta com equipe especializada
e já lavrou mais de 10 mil B.O.s
Por
Nathaly Cristine Rigo.
Em
2014, o Estado de São Paulo deu um salto positivo no atendimento às
pessoas com deficiência, quando lançou a primeira Delegacia de
Polícia especializada no tema.
Foram
registrados no estado de São Paulo, em 2016, 10.724 Boletins de
Ocorrência envolvendo 10.920 vítimas com algum tipo de deficiência,
número 28,8% menor de boletins comparados ao ano de 2015.
A
redução das estatísticas nem sempre revelam proporcional redução
da violência, mas sim refere-se tão somente ao registro formal das
ocorrências.
Resultado
da parceria da Secretaria de Estado dos Direitos das Pessoas com
Deficiência de São Paulo e da Secretaria de Segurança Pública de
São Paulo, a Delegacia de Polícia da Pessoa com Deficiência opera
em um sistema diferenciado, com equipe mista de policiais e um Centro
de Apoio integrado com equipe multidisciplinar, formada por
assistentes sociais, psicólogos, intérpretes de Libras e
sociólogos.
Além
de prestar o atendimento ao público que procura a Delegacia, o
Centro de Apoio faz o acompanhamento do caso e realiza, quando
necessário, encaminhamentos para outros serviços.
Só
no ano de 2016, foram realizados 924 atendimentos da equipe
multidisciplinar, além de encaminhamento de 149 usuários a diversos
serviços de utilidade pública.
De
acordo com a coordenadora da equipe do Centro de Apoio, Rosália
Peres Gonçalves, há uma grande procura do público com deficiência
auditiva ao serviço.
“Aqui
eles encontram amparo, há profissionais que conversam com eles de
igual para igual, que são os intérpretes de Libras.
Eles
procuram a Delegacia para algumas soluções, não só para fazer
Boletim de Ocorrência mas também para traduzir um texto, ler uma
carta que eles receberam, então nós conseguimos conversar com eles
e encaminhá-los,” disse.
A
Delegacia de Polícia tem como titular a Delegada Samanta Rihbani
Conti.
Ela
ressalta a importância do atendimento realizado.
“A equipe do
Centro de Apoio tem acesso a toda a rede de assistência social da
cidade.
Às
vezes, eles precisam de atendimento médico ou atendimento
psiquiátrico, por exemplo, e o Centro de Apoio faz esse meio campo”.
A
Delegada Samanta Rihbani Conti é a titular da Delegacia de Polícia
da Pessoa com Deficiência
No
ano de 2016, a Delegacia realizou 66 visitas domiciliares para melhor
compreensão da dinâmica familiar e sociais do atendido, foram
realizadas também 40 visitas compartilhadas com a equipe policial
para acompanhamento de casos com Inquéritos Policiais e denúncias
recebidas pelo Disque Denúncia.
A
maior parte das vítimas que procura atendimento na Delegacia é
formada por pessoas com deficiência física (45,7%), seguida pela
deficiência intelectual (23%) e auditiva (13,2%).
As
principais denúncias criminais feitas na Delegacia são furto
(11,6%), ameaça (11,5%), roubo (11,3%) e lesão corporal (8,5%).
“Atendemos
um grande número de surdos até pela dificuldade de comunicação,
mas no Estado de São Paulo a maior parte das pessoas com deficiência
que procura a delegacia têm deficiência física, mas na Delegacia
de Polícia da Pessoa com Deficiência se concentra principalmente a
população surda.
Os
atendimentos são formados pelos mais variados casos desde os crimes
patrimoniais, lesões corporais, ameaças, injúrias, ofensa em razão
da deficiência e até crimes sexuais”, disse a delegada Samanta.
Atendida
pela Delegacia de Polícia da Pessoa com Deficiência, Ana* tem
deficiência auditiva e sofria agressões do seu marido; ela buscou
atendimento em uma delegacia comum, mas não conseguiu pela
dificuldade de comunicação.
“Foi
muito difícil, não tinha comunicação, acabei não sendo atendida,
eu desisti do atendimento e fui para casa.
Quando
minha amiga disse que tinha uma Delegacia para pessoas com
deficiência, eu acabei indo lá e gostando muito, aproveitei o
momento de ter o intérprete para fazer todas as perguntas”.
Ela
acabou se separando do seu marido.
Para
melhor atendimento e orientação de toda a rede, a equipe policial
da Delegacia, junto com a equipe multidisciplinar, realiza inúmeros
treinamentos por meio do Acadepol, para novos policiais.
Cerca
de 1.300 agentes já passaram pelo curso.
Os
treinamentos buscam sensibilizar sobre a causa das pessoas com
deficiência.
A
Delegacia de Polícia da Pessoa com Deficiência recebe denúncias
pelo serviço de Disque 100, serviço da Secretaria Nacional de
Direitos Humanos, destinado a receber demandas relativas a violações
de direitos humanos e pelos Boletins de Ocorrência.
Atualmente
o estado de São Paulo conta com 9,3 milhões de pessoas com algum
tipo de deficiência, segundo o Censo IBGE/2010.
SERVIÇO
Delegacia
de Polícia da Pessoa com Deficiência – DPPD
Horário
de atendimento: segunda a sexta-feira – 9h às 18h
Endereço:
Rua Brigadeiro Tobias, 527 – térreo (próximo à estação Luz do
metrô - linhas Amarela e Azul)
Telefone: (11) 3311.3380 / 3311.3383 / 3311.3381
Fonte:
- pessoacomdeficiencia.sp.gov.br
Comissão para acessibilidade e inclusão de deficientes em 43 tribunais
Todo
Tribunal deve criar sua Comissão de acessibilidade e inclusão.
Isto
é fundamental para criar um ambiente de igualdade tanto aos
servidores, como aos jurisdicionados.
Isto
é respeito aos Direitos Humanos.
Não
consegui visualizar se o Tribunal de Justiça de Minas Gerais possui
esta Comissão, efetivamente, criada, nos moldes do que estabelece a
Resolução.
Espero
que o Tribunal de Justiça de Minas Gerais tenha consciência da
importância desta criação e de uma discussão mais profícua para
eliminarmos as várias barreiras que são impostas pelo Tribunal de
Justiça de Minas Gerais nos Fóruns de nosso Estado. Isto é lei.
ANA
LÚCIA DE OLIVEIRA - Advogada
Pelo
menos 43 tribunais do país já instituíram a Comissão Permanente
de Acessibilidade e Inclusão, conforme determina a Resolução CNJ
n. 230.
A
adoção das comissões, informada pelos tribunais ao CNJ, inclui a
Justiça Estadual, Federal, Eleitoral, Trabalhista e Militar.
As
comissões, compostas por magistrados e servidores, são
responsáveis por fiscalizar e planejar os projetos arquitetônicos
de acessibilidade, os projetos pedagógicos de treinamento e
capacitação dos profissionais que trabalhem com pessoas com
deficiência.
As
ações em andamento no Judiciário envolvem, entre outras, a
contratação de intérprete de Libras (linguagem de sinais) para as
audiências e os julgamentos, a adoção de sistemas para
possibilitar o trabalho de deficientes visuais e a capacitação de
juízes e servidores sobre o tema da acessibilidade.
Em
2009, o CNJ já havia editado uma norma a respeito: a Recomendação
n. 27, com o objetivo de orientar os tribunais a adotar medidas para
a remoção de barreiras físicas, arquitetônicas e de comunicação
de modo a promover o amplo e irrestrito acesso de pessoas com
deficiência às suas dependências, bem como a instituição das
Comissões de Acessibilidade.
No
entanto, em junho de 2016, a Resolução 230 tornou seu cumprimento
obrigatório em todo o Judiciário sob pena de punição
administrativa.
Cão-guia
– Ernandes Feitosa, analista judiciário do Tribunal de Justiça
do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), é cego e trabalha
com auxílio do sistema de JAWS, que transforma em áudio o conteúdo
da tela.
Além
disso, o tribunal possui uma van adaptada para o transporte de
servidores com deficiência que apresentam barreiras para acessar o
local de trabalho.
Os
avanços são resultado da atuação do Núcleo de Inclusão (NIC)
do TJDFT, do qual o próprio Ernandes faz parte, como representante
dos servidores com deficiência na Comissão Multidisciplinar.
“O
tribunal está muito avançado, lá fora não é assim, muitas vezes
não me deixaram entrar com o cão-guia no táxi dizendo que iria
sujar”, diz Feitosa, que trabalha na repartição pública com seu
cão ao lado.
Para
ele, os preconceitos são vencidos com educação.
“É
comum ouvir que passar no concurso pelas cotas é fácil.
Mas
ninguém analisa o tanto de barreiras que aquela pessoa já teve na
vida”, diz.
Outras
conquistas do NIC do TJDFT foram o cadastramento de intérpretes e
tradutores de Libras para atuarem em audiências de Justiça e a
realização de palestras sobre inclusão e diversidade para
servidores e magistrados – a última delas, por exemplo, contou
com a presença do desembargador do Tribunal Regional do Trabalho da
9ª Região, no Paraná, Ricardo Tadeu, o primeiro magistrado cego
do país.
“Queremos
romper estereótipos e mitos por meio da conscientização”,
afirma Liane Carvalho, supervisora substituta do NIC. O TJDFT conta
atualmente com 263 servidores com deficiência, os quais são
chamados a participar com frequência de encontros e fóruns.
“Nosso
lema é: nada sobre nós sem nós”, diz Liane.
Universalizar
o acesso – A recém constituída Comissão Permanente de
Acessibilidade e Inclusão do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE)
tem como meta universalizar o acesso à Justiça, com medidas como a
contratação de tradutores de libras e adaptação do site do
tribunal.
“A
ideia é focar no jurisdicionado”, disse Cinara Moreira, a
coordenadora da comissão.
No
último concurso realizado pelo tribunal, em 2014, tomaram posse 15
servidores com deficiência.
A
comissão realizará um levantamento do número de pessoas
deficientes que trabalham no Tribunal, onde estão lotadas e o tipo
de deficiência delas.
O
Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, o de Roraima e o do Acre
também anunciaram a instituição de comissões de acessibilidade.
De
acordo com a servidora Ana Cunha, da Justiça do Acre, será feita
uma avaliação da acessibilidade do prédio do tribunal, que tem,
somente em Rio Branco, 10 servidores com deficiência.
“Uma
conquista foi a inclusão, na grade curricular da Escola do Servidor
e Magistrados do Acre, de braile e de Libras”, diz Ana, que se
tornou deficiente por uma sequela de paralisia infantil.
Ela
é formada em história e trabalha na seção de memória do
tribunal.
“Queremos
sensibilizar os colegas de que uma pessoa pode ter deficiência e
render no trabalho”, disse.
Luiza
Fariello Agência CNJ de Notícias
Fontes:
- www.cnj.jus.br - analuciadireito.blogspot.com.br
Já era tempo para que a secretária de segurança criasse a primeira delegacia de polícia da pessoa com deficiência; que essa seja a primeira de muitas que virão em todo o Brasil; o deficiente tem o direito de que se preserve a sua segurança pessoal e o seu bem estar como qualquer outro cidadão.
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