Pessoas
com deficiência são duplamente excluídas do mercado de trabalho.
Segundo
dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de
setembro, 3.107 empresas deveriam cumprir a cota em Minas, sendo 839
em Belo Horizonte.
Entretanto,
apenas 930 delas (30%) cumprem integralmente a regra.
Outras
638 (20,5%) ignoram totalmente a norma e o restante atende apenas
parcialmente à legislação.
A
Lei 8.213/1991, que este ano completou 25 anos, estabelece que
empresas que têm a partir de 100 empregados devem preencher de 2% a
5% dos cargos com reabilitados ou pessoas com deficiência.
Se
considerada apenas a iniciativa privada, em Minas, a previsão era
de que houvesse 60.753 vagas, mas o déficit chega a quase metade
delas.
Os
dados do MTE mostram que há somente 31.784 pessoas com deficiência
empregadas no estado, 52,3% do que deveria haver.
Na
capital, esse abismo é maior.
Em
tese, deveriam ser 27.324 vagas.
Na
prática, há 12.890 empregados nessa condição, 47% dos postos de
trabalho.
“As
vagas são poucas.
Acho
que as empresas pensam que, por serem deficientes, as pessoas não
são capazes de executar uma tarefa”, reclama Fernando, que,
apesar da idade, já sentiu o peso da exclusão.
Aos
16 anos, o jovem, que tem o pé torto e a perna direita mais curta,
levou uma porta na cara de uma empresa.
“Eu
e outro candidato tínhamos o mesmo nível, preferiram ele. Fiquei
triste, decepcionado e procurei me profissionalizar”, conta.
Perto
de concluir o ensino médio e com os cursos de mecânica,
administração e empreendedorismo no currículo, ele espera ter
sucesso na empreitada.
“Fiz
um estágio na Fiat, mas, com essa crise, eles não contrataram
ninguém”, diz.
Sem
estrutura
Os
gargalos para a exclusão são muitos, de acordo com Oswaldo
Ferreira Barbosa Junior, superintendente do Instituto Ester
Assumpção, que atua para aumentar a inclusão no mercado de
trabalho.
“A
sociedade ainda vê as pessoas com deficiência como improdutivas e
incapazes”, afirma.
A
esse fator acrescenta-se a falta de estrutura para receber esses
funcionários, desde rampas, elevadores, banheiros adaptados,
intérprete de libras, softwares, impressoras, entre outros.
Segundo
o superintendente, a escolaridade e a qualificação de pessoas com
deficiência é baixa, pois a exclusão começa já no ambiente
escolar, e também falta fiscalização do MTE.
Empresas
que descumprem a Lei de Cotas estão sujeitas a multas de R$
2.143,04 a R$ 3.214,55 por funcionário.
O
ministério não informou o número de multas aplicadas neste ano.
“O
desafio é mostrar bons exemplos de inclusão para que consigamos
demonstrar que as pessoas com deficiência têm potencial para o
trabalho.
Poderíamos
pensar também na criação de benefícios fiscais para incentivar
mais o empresariado que já tem uma alta carga tributária”,
afirma Barbosa Junior, que ressalta que a taxa média de
empregabilidade das pessoas com deficiência é de 44%, enquanto a
das demais é de 75%.
Exercícios
de superação no ambiente empresarial
Junto
do trauma da perda de uma das pernas, em 2005, e do desafio da
reabilitação e adaptação à prótese, veio logo o receio de como
seria a vida a partir de então.
“A
sociedade te olha diferente, fica com dó, acha que é difícil
trabalhar”, conta o auxiliar administrativo e estudante de sistema
de informação Adriano Santos, de 30, que deu a volta por cima e
conseguiu garantir seu espaço no mercado.
Há
cinco meses ele foi contratado pela empresa de telecomunicações
Telbrax e mostra que o caminho da inclusão é difícil, mas
possível.
Apesar
de feliz com o novo emprego, Adriano não tem apenas boas histórias
para contar.
“As
experiências anteriores não foram tão interessantes por causa da
falta de acessibilidade e de um plano de saúde.
Fui
contratado, mas não adequaram o local para ser acessível para mim.
Tinha
que subir e descer muita escada”, lembra.
Do
passado ele também traz algumas negativas.
“Você
faz a entrevista, falam que vão ligar e nunca retornavam”, conta
o auxiliar administrativo.
“Acredito
que as empresas ainda têm que perder o preconceito.
As
pessoas com deficiência tem capacidade de exercer funções.
E
também tem a questão salarial.
A
pessoa com deficiência ganha menos.
Tinha
que ser o mesmo salário-base para todos”, defende.
A
contratação de pessoas com deficiência começou este ano na
Telbrax, que atingiu em 2015 o número de 100 funcionários e passou
a se enquadrar na Lei de Cotas.
A
empresa teve consultoria do Instituto Ester Assumpção para se
adaptar à realidade dos novos empregados.
Ao
todo são três funcionários com deficiência e mais um estagiário.
De
acordo com a consultora de desenvolvimento humano da companhia,
Sheila de Oliveira, o critério para a contratação é o mesmo dos
demais funcionários.
“Somos
muito abertos à escuta, para ouvir as necessidades de cada um.
Prezamos
muito pelo desenvolvimento das pessoas”, diz
Segundo
Sheila, as limitações das empresas em geral refletem as
dificuldades que as pessoas com deficiência também enfrentam no
cotidiano.
“É
um desafio grande para elas estarem adaptadas, ter estrutura física
e sistema para que, independentemente da deficiência, consigam
exercer a atividade”, reconhece.
Ela
afirma que, nas condições atuais, a Telbrax tem dificuldade para
receber cadeirantes e para contratar deficientes visuais, embora
tenha um menor aprendiz nessa condição.
O
que diz a Lei
Lei
nº 8.213/1991
A
empresa com 100 (cem) ou mais empregados está obrigada a preencher
de 2% a 5% (cinco por cento) dos seus cargos com beneficiários
reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência, habilitadas, na
seguinte proporção:
I
– até 200 empregados 2%
II
– de 201 a 500 3%
III
– de 501 a 1.000 4%
IV
– de 1.001 em diante 5%
Três
perguntas para…
Oswaldo
F. Barbosa Júnior – Superintendente do Instituto Ester Assumpção,
especialista em inclusão de pessoas com deficiência nas empresas.
O
preconceito ainda é o maior problema para a contratação?
O
preconceito é uma das principais causas, pois, se a sociedade não
vê e não trata as pessoas com deficiência de maneira que estas
tenham oportunidade para estudar, trabalhar e realizar os seus
sonhos, dificilmente elas alcançarão os seus objetivos.
As
diversas experiências inclusivas no mundo demonstram que as pessoas
com deficiência precisam de oportunidades para se desenvolver e
conquistar os seus objetivos.
A
dificuldade é maior para qual tipo de deficiência?
As
pessoas com deficiência intelectual são as que têm maior
dificuldade para ingresso no mercado de trabalho.
Devido
ao comprometimento cognitivo, essas pessoas precisam de apoios para
serem treinadas diretamente no posto de trabalho.
É
interessante observar que, em geral, as empresas ligam para o
Instituto procurando pessoas com “deficiências leves”.
Como
se tornar uma empresa mais inclusiva?
O
primeiro passo é a alta gestão: definir uma meta clara de
inclusão.
Com
a meta definida, os demais gerentes e equipe vão se empenhar para
implantar os processos inclusivos.
O
que ainda percebemos nas empresas é a ação isolada do setor de
recursos humanos buscando o desenvolvimento de práticas inclusivas.
Contudo,
sem o apoio da alta direção estes projetos acabam não gerando
impacto.
Fontes:
- Repost iSocia - cantinhodoscadeirantes.com.br
O
SAL DA VIDA
Conta-se
que, há muitos anos, viveu um sábio que era seguido por inúmeros
discípulos.
Certa
vez, porque enfrentava dificuldades incontáveis, um desses
discípulos o procurou, a fim de com ele se aconselhar.
Mestre,
muito
estou sofrendo,
disse o jovem.
Já
não vejo solução para os problemas que me atormentam.
Preciso
de sua ajuda.
Pois
bem,
respondeu o mestre, gentil como sempre.
Caminhe
comigo até a cozinha.
Foram
os dois, conversando, e o discípulo colocou o sábio a par de suas
dificuldades.
Em
seguida, o mestre pediu:
Meu
jovem, traga-me o recipiente no qual guardamos o sal.
O
rapaz prontamente obedeceu e entregou ao sábio o que fora
solicitado.
Tendo
em suas mãos um copo cheio d’água, o mestre disse ao discípulo:
Agora,
pegue
um generoso punhado de sal e o misture neste copo com água.
Depois,
quero que tome um grande gole.
O
aprendiz, ainda que contrariado, obedeceu às instruções.
Qual
o gosto?
Questionou
o sábio.
Ruim,
muito ruim!
Respondeu
o discípulo, franzindo o rosto.
Pois
bem, continue a caminhar comigo.
Vamos
ao lago.
E
mais uma vez foram ambos andando, lado a lado, até chegarem ao lago.
O
mestre trouxera consigo o recipiente com sal e, próximo à margem,
disse ao discípulo:
Quero
que você pegue um generoso punhado de sal e o jogue no lago.
O
jovem obedeceu e, assim que o fez, recebeu nova ordem:
Agora
se abaixe e tome um gole d’água do lago.
O
rapaz, abaixando-se, tomou não somente um, mas muitos goles, pois
aquela era uma água muito refrescante.
E
agora?
Qual
o gosto?
Sentiu
o gosto do sal?
Arguiu
o mestre.
Não,
de forma alguma!
Pelo
contrário, essa água foi capaz de matar minha sede!
Contrapôs
o discípulo.
As
dificuldades que enfrentamos na vida são como um punhado de sal
diluído.
Se
você tem suas dificuldades em mãos e as dilui em seu egoísmo, faz
o mesmo que diluir o sal no copo d’água e, assim, elas se tornam
difíceis de serem superadas.
Por
outro lado,
prosseguiu,
se você as dilui em sua capacidade de aprendizado, é como diluir o
sal no lago e os problemas deixam de existir.
Restarão
apenas,
concluiu o mestre, as
lições que cada dificuldade carrega consigo e que são as
responsáveis por nos fazer avançar na senda do progresso.
Muitos
são os que extraem dos problemas e das dificuldades somente o
sofrimento.
Se
vislumbrarmos o panorama de nossas amarguras com os olhos do
pessimismo, egoísmo ou orgulho, teremos sempre motivos para nos
queixarmos de nossa sorte.
Por
outro lado, se contemplarmos tal cenário com consciência de que
nenhuma dor é eterna e de que cada dificuldade é oportunidade
redentora, tal qual o tombo que por vezes machuca, mas que ensina a
melhor caminhar, jamais nos queixaremos novamente.
Antes,
agradeceremos ao Senhor da Vida por mais uma lição...
Pensemos
nisso...
E
pensemos agora!
Fonte:
- Momento Espírita, com base em conto de autoria desconhecida. Em
6.3.2014.
Sim nas empresas as pessoas deficientes são duplamente descriminadas, porque muitas empresas adotam o sistema de cota apenas para mascarar que andam cumprindo a lei de cotas; deixam o deficiente trabalharem em funções secundárias mesmo que estes sejam qualificados.
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