Acreditar em si mesmo

Acreditar em si mesmo

quinta-feira, 27 de abril de 2017

Ninguém assovia para a mulher na cadeira de rodas.




Ninguém assovia para a mulher
na cadeira de rodas




Texto de Kayla Whaley
Publicado originalmente com o título:"Nobody Catcalls The Woman In The Whelchair", no site The Establishment em 26/01/2016.Tradução de Bia Cardoso para as blogueiras feministas.
 

Dentro dos espaços feministas, é assumido que #TodasAsMulheres experimentam assédio em locais públicos.

As maneiras pelas quais esse assédio se manifesta — a idade em que começa, sua intensidade ou forma, as consequências de denunciar — podem variar dependendo das diferentes características da pessoa.

Mas todas as mulheres, segundo nos dizem, conhecem o medo, a vergonha e/ou a raiva que vem junto com a atenção sexual indesejada.

É compreensível a existência dessa presunção.

Quando trabalhamos a partir de um fato da realidade sendo uma verdade coletiva é mais fácil discutir as nuances, as diferenças e as complexidades envolvidas nesse miolo.

É mais fácil construir discussões dinâmicas internas a partir da sólida base de uma experiência em comum.

Esta é uma suposição útil — mas também é prejudicial.

Eu sou uma mulher de 26 anos de idade que nunca foi assediada na rua.

Eu nunca recebi assovios em meu caminho para a escola, ninguém buzinou para mim num estacionamento, ninguém me olhou de forma maliciosa num trem, não me apalparam na fila da Starbucks, ou qualquer outro tipo de assédio sexual que ocorrem em locais públicos.

Eu não tenho medo de sair de casa porque terei que evitar homens agressivos ou insistentes.

Eu não preciso mapear mentalmente várias rotas para casa, procurando locais onde eu possa ser menos abordada.

Eu não sei o que são o medo, a vergonha e/ou a raiva que vêm junto com a atenção sexual não desejada.
 Entretanto, uma parte de mim, que não insignificante, deseja sentir isso.



Eu não sou excepcionalmente sortuda, nem estou exagerando, ou sublimando isso tudo.

Eu sou uma usuária de cadeira de rodas: uma mulher que visivelmente tem uma deficiência física.

E, minha cadeira de rodas age como um estranho tipo de campo de força.

As pessoas veem primeiro a “deficiente” antes de perceberem a “mulher”, e a primeira impressão é a que fica, porque em nossa sociedade capacitista um corpo com deficiência é automaticamente um corpo dessexualizado.

Somos pessoas grotescas ou trágicas, excêntricas ou anjos, existimos para sermos temidos ou lamentados dependendo de como o olhar capacitista nos vê naquele dia.

Porém, não importa como nos olham, não somos desejáveis.

Mesmo aos vinte e poucos anos, o fato de eu nunca ter sido assediada nas ruas parecia ser mais uma evidência para sustentar a crença de que eu não poderia ser sexualmente desejável.

Alguma parte traiçoeira e insistente de mim obviamente acreditava que eu nunca poderia atrair nenhum homem decente, sendo assim, atrair os piores tipos de homens era o melhor que eu poderia esperar.

Se eu não conseguisse fazer nem mesmo isso, então talvez realmente meu corpo fosse totalmente inútil.

Eu invejava minhas amigas quando elas falavam sobre o quanto dói ser reduzida a nada além de um objeto sexual.

Eu odiava que isso as machucasse e na maioria das vezes entendia porque isso acontecia.

Eu também sabia que o assédio em locais públicos era frequente e estava aumentando; que as mulheres que rejeitavam essas abordagens podiam ser feridas ou até mesmo mortas.

Porém, da mesma maneira que odiava meu ciúme, eu ansiava por um assovio desconhecido direcionado para mim.

Apenas uma vez, eu queria que um homem olhasse para mim de soslaio em algum lugar, obviamente imaginando todas as coisas que ele poderia fazer com meu corpo.

Eu criei fantasias com homens me seguindo pelo campus da universidade, dizendo:

Oi, gostosa!

Por que não vem aqui um minuto, gatinha?”.



Por que minha experiência é tão invisível para a comunidade feminista?


Quando procurei abrigo em espaços feministas na internet — supostamente espaços seguros — à procura de apoio, o que encontrei foram discussões intermináveis sobre a onipresença do assédio em locais públicos.

Ali estava uma verdade universal de que o assédio é uma consequência do sexismo, da misoginia e da cultura do estupro.

E que isso era algo que todas as mulheres podiam entender e reagir contra.

Ali estava nossa experiência unificadora.

Encontrei o feminismo e pensei: talvez eu também seja ignorada aqui.

Eu não espero que todos os debates sobre assédio em locais públicos tenham que começar com uma nota explicativa, e eu certamente não espero me ver refletida em cada texto, artigo ou tweet sobre o assunto.

Mas essa notória suposição útil de que “Todas as Mulheres Vivenciam o Assédio Nas Ruas” é inevitavelmente excludente.

Essa não é a intenção, mas como as feministas devem saber, a intenção não elimina os danos.

Ninguém tem a intenção de dizer que se uma mulher não estiver dentro da maioria que enfrenta o assédio em locais públicos, então elas não contam, mas no entanto, essa conclusão está lá.

Apesar das melhores intenções, a forma como as feministas tendem a discutir o assédio em locais públicos, como um fato concreto para todas, reforça conceitos capacitistas dentro do feminismo, porque é apenas um elemento da questão se o seu corpo é visto pelo patriarcado como um objeto sexual.

O meu não é.

Além disso, esta suposição ignora uma forma diferente de assédio enfrentada pelas pessoas com deficiências.

O assédio, afinal, não é realmente sobre sexo, mas sobre poder — e meus assediadores me machucam pelo poder da dessexualização.

Eles usam comigo a mesma voz que usariam com uma criança de 3 anos.

Eles passam a mão na minha cabeça como fariam com um cachorro.

Eles olham para minha cadeira enquanto mandam suas crianças ficarem quietas e não fazerem perguntas.

É mais preconceito que assédio sexista (vindo de todos os gêneros) que experimento em abordagens frequentes nas ruas.

Essa dessexualização também me torna vulnerável ao abuso.

Embora as mulheres com deficiência não sejam frequentemente vistas como objetos sexuais, há maior probabilidade de que sejamos estupradas e abusadas sexualmente do que as nossas semelhantes sem deficiências.

Quando você internaliza em conjunto a ideia sexista de que as mulheres são valiosas por causa de seu potencial sexual (para os homens) e a ideia de que você não tem qualquer potencial sexual, você pode se tornar uma presa fácil.




Eu não fantasio mais sobre ser assediada, mas eu senti uma emoção inegável uma vez no ano passado quando um cara me enviou mensagens no OKCupid dizendo: “chupa meu pau, gostosa”.

Eu não respondi, mas mantive isso guardado por um tempo.

Sua presença era quase reconfortante.

Naturalmente, esse conforto estava atrelado com a insuportável culpa e ódio por mim mesma, mas eu me apeguei com força.

Eu não sei se vou parar de querer esse selo patriarcal de aprovação — ou a aprovação feminista para esse assunto.

Talvez um dia, a maneira com que eu me relaciono e interaja com o meu corpo vai significar mais para mim do que o modo como o resto do mundo me trata.

Por enquanto, talvez, seja suficiente falar e ser ouvida.

Reconhecimento.

Isso é tudo que eu peço.


Autora.

Kayla Wheley tem formação na Clarion Writers workshop e é editora na Disability in Kidlit. Também tem textos publicados nos sites: The Toast,The Establishment e Uncanny Magazine.

Ela vive fora de Atlanta com muitos livros e um número ainda não suficiente de gatos, mas pode ser encontrada com mais frequência sendo sincera na Internet.

Twitter @PunkinOnWhels


Fontes: - blogueirasfeministas.com - cantinhodoscadeirantes.com.br











DESABAFO DE UMA JOVEM CADEIRANTE



Ser deficiente é mais difícil para você, do que pra mim...



Quando eu era menor, sempre me faziam a mesma pergunta:



você acha que um dia vai andar normalmente?...



E eu sempre respondia: “sim!...”.



Porém, isso foi até eu me dar conta que esse desejo de eu andar normalmente lá no fundo não era meu, pois percebi que cadeirante é considerado fora do normal para as outras pessoas.

Antigamente eu não me via diferente, sempre aceitava ser quem eu sou e aceitava o meu corpo exatamente como ele é e achava que todas as pessoas a minha volta faziam o mesmo...

Até perceber que não era bem assim

Entretanto, todos nós, temos que passar por essa fase cheia de turbulência chamada adolescência, não é mesmo?



Você já parou para pensar o que é ser um(a) adolescente cadeirante?


Eu posso garantir para vocês que não é nenhum milagre transcendental ou divino de qualquer tipo.

É, basicamente, a mesma coisa para todo mundo.

Contudo, a maior dificuldade não é a física, mas sim, a social.

É perceber que apesar de eu me sentir como uma pessoa comum, na maioria das vezes, eu sinto como se as pessoas que não me conhecem e me tratam como algo menor do que eu realmente sou por causa da deficiência, ou ainda me enxergam como "super heroína" e da mesma forma me distancia do ser normal que eu sou.

As pessoas que me veem e sempre me dizem frases tipo: “Como você é inteligente!” ou “nossa você é bonita!” e eu não consigo deixar de completar mentalmente: “...para uma cadeirante.” Como se, qualquer uma dessas qualidades fosse algum tipo de milagre!

Existe um estigma muito forte em relação aos PC’s (pessoas com Paralisia Cerebral) por causa das sequelas na fala, na coordenação motora e na habilidade cognitiva.

Existem graus diferentes para cada um e o meu é só nos membros inferiores e um pouco nos braços, então é natural que depois que eu diga que tenho Paralisia Cerebral, a pessoa fique surpresa por me ver falando.

Isso acontece muito mais do que eu gostaria, e aposto que várias pessoas, com outras patologias, também passam por isso.

Essas situações só servem para reforçar o fato de que a pior parte da deficiência, não é a dificuldade do corpo, e sim crescer e perceber que a sociedade não te trata como a pessoa que você sabe que é.

E que poucos irão me conhecer realmente como sou.





Os Mandamentos da Auto Estima.

Quem se ama de verdade evita pensar ou vivenciar o passado triste e, quando se lembra, mentaliza apenas como experiência para sua evolução, vê de forma fria e natural tudo o que aconteceu no passado, procura tirar proveito dos acontecimentos do passado.

Quem se ama de verdade, mantêm o controle emocional para não deixar as calúnias, palavras ofensivas e desarmonias caírem sobre a sua Aura.

Quem se ama de verdade não espera ser compreendido, prefere compreender as pessoas de um modo geral, mantêm-se de bem com a vida e não se preocupa com a opinião alheia.

Não dá ouvidos às críticas, para que elas não evoluam.

Quem se ama de verdade não guarda raiva, rancor ou ressentimento, vê tudo a sua volta como se fosse um processo de auto conhecimento, está sempre disposto a perdoar e compreender em qualquer situação.

Quem se ama de verdade não aceita sugestões negativas, policia seus pensamentos e procura analisar cada um.

Quem se ama de verdade não se magoa, não fica chorando quando é magoada. não se entristece por qualquer razão, não perde o controle em qualquer situação e não se deixa levar por qualquer situação negativa.

Quem se ama de verdade não tem medo da morte, das doenças, da pobreza ou falta de dinheiro, não sente medo, não se apega a nada.

Quem se ama sente coragem e segurança de sempre recomeçar, se for necessário, sem medo do desconhecido.


Danielle Oliveira











2 comentários:

  1. Infelizmente o respeito com as mulheres nos dias atuais é inexistente, tudo isso devido a sua emancipação e conquistas que vêm angariando durante os anos, deixando assim de serem meros objetos como acontecia antigamente.

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  2. Sim, ninguém assovia para uma mulher cadeirante, mas, isso não quer dizer que elas não são desejadas ou jamais irão encontrar um companheiro para dividir sua vida; infelizmente as pessoas ainda são muito resistentes a aceitação das diferenças gerando aí um preconceito e receio por falta de conhecimento sobre estas; mas, a sociedade é culpada por isso, porque impõe padrões pré estabelecido de perfeição ou normal(entre aspas)agora se atentarmos bem somos todos imperfeitos.

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