Acreditar em si mesmo

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segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Mãos aveludadas de Deus.


 As mãos


Naquela manhã o jovem professor chegou à escola um tanto cabisbaixo.

Problemas se somavam e pesavam sobre sua sensibilidade de jovem idealista.

Estava difícil suportar.

Foi então que, durante uma reunião de trabalho, ele não pode controlar as lágrimas que lhe escorreram pelo rosto, em abundância.

Uma amiga, que o observava, em silêncio, estendeu as mãos e segurou as dele, num gesto de ternura.

Foi uma atitude simples, mas significou muito para aquele jovem, pois ele sabia que a amiga tinha uma vida super atarefada, muitas atividades e preocupações, filhos, marido, empresa, mas, mesmo assim, tinha tempo para dedicar ao amigo, para estender-lhe as mãos.

Aquele gesto simples levou o jovem a escrever sobre a importância das mãos.

O texto diz mais ou menos assim:

As mãos podem muitas coisas: oferecer apoio no momento certo, estender-se para consolar, segurar firme para amparar.

Mas o que mais podem as mãos?

As mãos saúdam, as mãos sinalizam.

As mãos envolvem, dão carinho.

As mãos estabelecem limites.

Escrevem.

Abençoam.

As mãos desenham no ar o adeus, o até logo.

As mãos agasalham.

Curam feridas.

Para o mudo a mão é o verbo.

Para o idoso é a segurança.

Para o irascível a mão erguida é ameaça.

Para o pedinte a mão estendida é súplica.

Para quem ama, a mão silenciosa, que acolhe a do ser amado, é felicidade.

Para quem chora, a mão alheia é conforto.

Há mãos que agarram, perturbadas.

Há mãos que tocam, suaves.

Há mãos que ferem.

Há mãos que acariciam.

Há mãos que amaldiçoam.

Há mãos que abençoam.

Há mãos que destroem.

Há mãos que edificam, trabalham, realizam.

Jacó estendeu as mãos para abençoar Efraim e Manassés.

Moisés estendeu as mãos para transmitir a Josué a autoridade para conduzir o povo de Israel, em seu lugar.

Jesus impôs as mãos sobre as crianças para abençoá-las.

Também impôs as mãos para curar a filha de Jairo, o surdo-mudo, o cego de Betsaida, e tantos outros.

Há pessoas que transmitem energias, através da imposição de mãos, entregando-se a essa tarefa tão bela de amor.

As mãos de Chico Xavier amparavam o pobre, o sofredor, o desesperançado.

Mãos luminosas das psicografias que traziam dos altiplanos mensagens edificantes da mais sublime beleza, que confortam, enlevam, esclarecem.

Mãos benditas desse arauto da Boa Nova, que não se cansavam de consolar a todos aqueles que as procurassem.

Nossas mãos podem exteriorizar o amor, construindo templos, hospitais e escolas; fabricando vacinas e equipamentos médicos; alimentando famintos, medicando enfermos...

Podem concretizar a paz social assinando tratados de armistício, escrevendo livros, guiando carros, pilotando aviões, varrendo ruas, tocando instrumentos musicais, pintando telas, esculpindo, construindo móveis, prestando serviços...

Podem manifestar fraternidade, ao lembrarmos da essencialidade do humano, da sensibilidade, da empatia,  estendendo-as a um irmão que, num dia difícil, põe-se a chorar.


Suas mãos são abençoadas ferramentas para a construção de um mundo melhor.

Use-as sempre para edificar, elevar, dignificar, apoiar, acenar com a esperança de melhores dias...


Fonte - Momento Espírita, com base no cap. 9 do livro Cartas à mocidade espírita, de Cristian Macedo. Em 29.08.2011




As mãos do trabalho


Eram quatro jovens que aproveitavam o sol da primavera à beira de um maravilhoso lago.

Em certo momento, passaram a discutir a respeito de qual delas teria as mãos mais lindas.

A primeira mergulhou as suas nas águas claras e erguendo-as depois, em direção ao sol, falou:

Vejam como são lindas as minhas mãos.

Brancas e macias, as gotículas d'agua parecem brilhantes raros entre os dedos finos e longos.

Eram verdadeiramente lindas pois ela nada mais fazia do que as lavar, constantemente, em água cristalina.

A segunda tomou alguns morangos e os esmagou entre as palmas das mãos, tornando-as rosadas.

Não mais bonitas do que as minhas, exclamou essa, que reproduzem a cor do céu no nascer da manhã.

Suas mãos eram bonitas pois a única coisa com que se ocupava era lavá-las em suco de frutas todas as manhãs, a fim de que conservassem a frescura e o tom rosado.

A terceira jovem colheu algumas violetas, esmagou-as entre as suas mãos, até ficarem muito perfumadas.

Vejam as minhas mãos como são belas, falou então.

Além disso são perfumadas como as violetas dos bosques em plena estação primaveril.

Eram sim muito macias, brancas e perfumadas.

Tudo o que fazia essa jovem era lavá-las com violetas todos os dias.

A quarta jovem não mostrou as mãos.

Parecia envergonhada, escondendo-as no próprio colo.

Então as moças perguntaram a uma mulher que se encontrava um pouco além, deliciando-se com o dia, qual a sua opinião.

Seu julgamento deveria decidir qual delas detinha as mãos mais belas.

A senhora se aproximou e examinou as mãos da primeira, da segunda e da terceira, balançando a cabeça como que em sinal de desaprovação.

Finalmente, chegou perto da quarta jovem e lhe pediu que levantasse as mãos.

A mulher tomou as mãos dela entre as suas e as apalpou com vagar.

Depois falou:

Estas mãos estão bem limpas, mas se apresentam muito endurecidas.

Existem traços de muito trabalho em suas linhas rijas.

Estas mãos mostram que ajudam seus pais no trabalho doméstico, que lavam louça, varrem o chão, limpam janelas e semeiam horta e jardim.

Guardam o perfume das flores e o cheiro de limpeza e dedicação.

Nota-se que são mãos que tomam conta do bebê, ensinam o irmão menor a fazer a lição e erguer castelos de areia, em plena praia.

Estas mãos são mãos muito ocupadas, que tudo fazem para transformar uma casa em um lar de aconchego e felicidade

São mãos de carinho e de amor.

Sim, finalizou a desconhecida julgadora, estas mãos merecem o prêmio pelas mais belas mãos, pois são as mais úteis.


O serviço ao semelhante e a dedicação ao trabalho foram ensinados por Jesus.

Ele mesmo exemplificou servindo a todos durante a Sua passagem pela Terra e, na Última Ceia, tomou uma jarra com água, uma toalha e lavou os pés de todos os Seus Apóstolos.

Não foi por outra razão que afirmou:

Meu Pai trabalha sem cessar e eu trabalho também.


Fonte - Momento Espírita, com base no texto Lindas mãos, de Lawton B. Evans, de O livro das virtudes, de William J. Bennett, v. 2, ed. Nova Fronteira. Em 27.7.2015




As mãos estendidas


Quando caminhamos pelas estreitas passarelas da vida, observamos, com pesar, milhares de mãos estendidas em nossa direção.

São mãos que rogam pão para alimentar o corpo faminto...

Mãos que pedem carinho...

Mãos distendidas em busca de luz espiritual, capaz de espancar as trevas da consciência culpada...

Mãos que rogam o amparo de outras mãos, que lhes sequem as lágrimas amargas vertidas pela dor da separação das mãos queridas que a morte arrebatou...

São tantas mãos distendidas pelas vielas da vida, que nos fazem sentir impotentes, incapazes de nos candidatarmos ao serviço do bem, diante de tanta necessidade...

Todavia, vale a pena buscarmos, na natureza, fatos que nos renovem o ânimo e mudem nossa maneira de pensar.

O fio de cobre, por exemplo, quando largado na via pública, não passa de objeto insignificante.

Mas, ligado ao poder da usina, é transmissor de luz e força.

O pequeno cano, abandonado à poeira, é tropeço na estrada.

Contudo, se ajustado ao reservatório, é condutor de água pura.

A argila, dormindo no charco, é simples porção de lama.

Todavia, entregue aos cuidados do oleiro, converte-se em vaso nobre.

A pedra, solta no campo, é calhau pobre e esquecido.

Mas, se unida à construção, é alicerce do lar.

A lagarta, na amoreira, é triste animal de aspecto repelente.

No entanto, levada à indústria do fio, produz a seda brilhante.

A tripa de carneiro, estendida ao sol, é realmente algo desprezível.

Quando transformada na corda do violino, é meio eficaz para que a música possa surgir.

Entretanto, para servir é preciso esforço e disciplina.

O fio de cobre, para iluminar, padece a tensão da energia elétrica.

O cano necessita ajustar-se para ser útil.

A argila experimenta a alta temperatura do fogo.

A pedra aceita o anonimato para se tornar sustentáculo.

A lagarta deve morrer para auxiliar, e a tripa de carneiro passa por longo processo renovador a fim de responder, com segurança, aos sonhos do musicista.


Em verdade, ainda somos corações frágeis, almas culpadas, e Espíritos endividados, diante das Leis Divinas.

Mas, ligados ao Espírito de nosso Divino Mestre Jesus, podemos ser instrumentos do eterno bem.

Não basta, porém, salientar as nossas fraquezas, a nossa falta de capacidade, a preguiça ou a falsa modéstia para estender socorro eficiente na direção das mãos estendidas em nossa direção.

É preciso abraçar a verdadeira humildade, com obediência e disciplina, ante os desígnios do Senhor, porque, aprendendo e servindo; amando e ajudando; lutando e sofrendo em Sua causa sublime, será possível modificar a triste realidade do nosso planeta.


É sempre fácil servir perante o céu azul e ensinar nos dias dourados, cheios de tranqüilidade e de sol.

Cabe-nos aprender a servir sob a noite tormentosa, e ao longo das sendas repletas de dores e dificuldades de toda sorte.


FONTE - Momento Espírita, com base no cap. 42, do livro  Vozes do grande além, por Espíritos diversos, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb, e no verbete Servir, do livro Dicionário da alma, por Espíritos diversos, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb. Em 22.07.2008.




Mãos aveludadas de Deus


Ele estava no ônibus urbano.

Jovem, vestia a camisa dez da seleção de futebol.

O amarelo se destacava na condução lotada.

Chamou atenção a criança que ele trazia ao colo, pelos gritos estranhos que emitia, a espaços regulares.

Denotava ser portadora de deficiência, algum problema que, na qualidade de leigos, não identificamos.

O menino demonstrava, ademais, ter problemas neurológicos graves, pois se mantinha um tanto relaxado, no colo paterno, os braços ao longo do corpo, a cabeça pendendo para um lado.

Vez ou outra, o corpo projetava-se para a frente, num movimento de queda, como se a gravidade lhe lançasse um apelo, ao qual ele acedia, sem resistência.

O pai, sem alterar-se ou demonstrar inquietação, tornava a acomodar o filho, secando-lhe a baba, com delicadeza, preocupando-se, com seu conforto.

Nenhum sinal de enfado.

Ao contrário, infinita ternura, em cada gesto.

Chegado ao destino, ergueu-se do banco onde se assentava, tomou seu fardo precioso nos braços, acomodou-lhe a cabeça em seu ombro direito, sob as reclamações insistentes do garoto.

E lá se foram os dois, parecendo um só, ambos de camisa amarela.

Um ereto, caminhando firme, debaixo do sol de inverno, gargalhando luzes douradas.

O outro, utilizando-o como apoio para seu frágil e desengonçado corpo.

Quanto amor em poucos gestos.

Quanta ternura em cada ação.

O menino, exteriormente, não denotava perceber os cuidados de que era alvo.

No entanto, ao olhar mais atento não escapava o fato de que as expressões dos sentimentos amorosos o acalmavam.

É como se a ternura tecesse uma rede, para nele embalar o ser deficiente e indefeso.

Lembramos de quantos pais e mães existem, na Terra, bordando carinho na vida de filhos dependentes.

Filhos portadores de deficiências físicas e mentais.

Pais e mães que abraçam filhos, de tal sorte alienados que jamais, nesta vida, lhes manifestarão gratidão por qualquer forma.

Filhos com problemas.

Seres amados.

Almas que se reencontram sob o pulsar do amor e a grandeza das renúncias.

À noite, quando deixam os corpos, em desprendimento parcial pelo sono, pais e filhos se encontram em jardins espirituais, entre abundância de flores, perfumes e cores.

É ali que o Espírito do filho abraça e chora de emoção:

Obrigado, pais queridos, por me ampararem, botão de flor defeituoso, na primavera da vida.

E os pais, entre carinhos, respondem:

Filho amado, conta conosco.

Seremos na Terra, nesta vida, tuas pernas, teus braços, tua mente.

O amor que nos une supera toda dificuldade.

Depois, retornam aos corpos físicos e, quando a manhã se espreguiça, e o sol estende sua colcha dourada sobre o dia nascente, eles abrem os olhos na carne e reiniciam suas lutas.


Benditos sejam os que amam, os que agasalham outras vidas renunciando às suas próprias.

Benditos sejam, pais e mães da Terra, mãos aveludadas de Deus, no planeta, sustentando vidas débeis.


Fonte - Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 28, ed. FEP. Em 9.9.2015











Um comentário:

  1. Por mais que façamos em nosso dia a dia em busca dos nossos projetos e planos de vida, sozinhos não somos ninguém e nem chegamos a lugar algum, para concretizarmos e realizarmos nossos projetos e planos é preciso sempre estar presente as mãos de Deus, porque sem ele não somos ninguém e nem chegamos a lugar algum sem a sua bênçãos e proteção.

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