As
mãos
Naquela
manhã o jovem professor chegou à escola um tanto cabisbaixo.
Problemas
se somavam e pesavam sobre sua sensibilidade de jovem idealista.
Estava
difícil suportar.
Foi
então que, durante uma reunião de trabalho, ele não pode controlar
as lágrimas que lhe escorreram pelo rosto, em abundância.
Uma
amiga, que o observava, em silêncio, estendeu as mãos e segurou as
dele, num gesto de ternura.
Foi
uma atitude simples, mas significou muito para aquele jovem, pois ele
sabia que a amiga tinha uma vida super atarefada, muitas atividades e
preocupações, filhos, marido, empresa, mas, mesmo assim, tinha
tempo para dedicar ao amigo, para estender-lhe as mãos.
Aquele
gesto simples levou o jovem a escrever sobre a importância das mãos.
O
texto diz mais ou menos assim:
As
mãos podem muitas coisas: oferecer apoio no momento certo,
estender-se para consolar, segurar firme para amparar.
Mas
o que mais podem as mãos?
As
mãos saúdam, as mãos sinalizam.
As
mãos envolvem, dão carinho.
As
mãos estabelecem limites.
Escrevem.
Abençoam.
As
mãos desenham no ar o adeus,
o até
logo.
As
mãos agasalham.
Curam
feridas.
Para
o mudo a mão é o verbo.
Para
o idoso é a segurança.
Para
o irascível a mão erguida é ameaça.
Para
o pedinte a mão estendida é súplica.
Para
quem ama, a mão silenciosa, que acolhe a do ser amado, é
felicidade.
Para
quem chora, a mão alheia é conforto.
Há
mãos que agarram, perturbadas.
Há
mãos que tocam, suaves.
Há
mãos que ferem.
Há
mãos que acariciam.
Há
mãos que amaldiçoam.
Há
mãos que abençoam.
Há
mãos que destroem.
Há
mãos que edificam, trabalham, realizam.
Jacó
estendeu as mãos para abençoar Efraim e Manassés.
Moisés
estendeu as mãos para transmitir a Josué a autoridade para conduzir
o povo de Israel, em seu lugar.
Jesus
impôs as mãos sobre as crianças para abençoá-las.
Também
impôs as mãos para curar a filha de Jairo, o surdo-mudo, o cego de
Betsaida, e tantos outros.
Há
pessoas que transmitem energias, através da imposição de mãos,
entregando-se a essa tarefa tão bela de amor.
As
mãos de Chico Xavier amparavam o pobre, o sofredor, o
desesperançado.
Mãos
luminosas das psicografias que traziam dos altiplanos mensagens
edificantes da mais sublime beleza, que confortam, enlevam,
esclarecem.
Mãos
benditas desse arauto da Boa Nova, que não se cansavam de consolar a
todos aqueles que as procurassem.
Nossas
mãos podem exteriorizar o amor, construindo templos, hospitais e
escolas; fabricando vacinas e equipamentos médicos; alimentando
famintos, medicando enfermos...
Podem
concretizar a paz social assinando tratados de armistício,
escrevendo livros, guiando carros, pilotando aviões, varrendo ruas,
tocando instrumentos musicais, pintando telas, esculpindo,
construindo móveis, prestando serviços...
Podem
manifestar fraternidade, ao lembrarmos da essencialidade do humano,
da sensibilidade, da empatia, estendendo-as a um irmão que,
num dia difícil, põe-se a chorar.
Suas
mãos são abençoadas ferramentas para a construção de um mundo
melhor.
Use-as
sempre para edificar, elevar, dignificar, apoiar, acenar com a
esperança de melhores dias...
Fonte
- Momento Espírita, com base no cap. 9 do livro Cartas à mocidade
espírita, de Cristian Macedo. Em 29.08.2011
As
mãos do trabalho
Eram
quatro jovens que aproveitavam o sol da primavera à beira de um
maravilhoso lago.
Em
certo momento, passaram a discutir a respeito de qual delas teria as
mãos mais lindas.
A
primeira mergulhou as suas nas águas claras e erguendo-as depois, em
direção ao sol, falou:
Vejam
como são lindas as minhas mãos.
Brancas
e macias, as gotículas d'agua parecem brilhantes raros entre os
dedos finos e longos.
Eram
verdadeiramente lindas pois ela nada mais fazia do que as lavar,
constantemente, em água cristalina.
A
segunda tomou alguns morangos e os esmagou entre as palmas das mãos,
tornando-as rosadas.
Não
mais bonitas do que as minhas,
exclamou essa, que
reproduzem a cor do céu no nascer da manhã.
Suas
mãos eram bonitas pois a única coisa com que se ocupava era
lavá-las em suco de frutas todas as manhãs, a fim de que
conservassem a frescura e o tom rosado.
A
terceira jovem colheu algumas violetas, esmagou-as entre as suas
mãos, até ficarem muito perfumadas.
Vejam
as minhas mãos como são belas,
falou então.
Além
disso são perfumadas como as violetas dos bosques em plena estação
primaveril.
Eram
sim muito macias, brancas e perfumadas.
Tudo
o que fazia essa jovem era lavá-las com violetas todos os dias.
A
quarta jovem não mostrou as mãos.
Parecia
envergonhada, escondendo-as no próprio colo.
Então
as moças perguntaram a uma mulher que se encontrava um pouco além,
deliciando-se com o dia, qual a sua opinião.
Seu
julgamento deveria decidir qual delas detinha as mãos mais belas.
A
senhora se aproximou e examinou as mãos da primeira, da segunda e da
terceira, balançando a cabeça como que em sinal de desaprovação.
Finalmente,
chegou perto da quarta jovem e lhe pediu que levantasse as mãos.
A
mulher tomou as mãos dela entre as suas e as apalpou com vagar.
Depois
falou:
Estas
mãos estão bem limpas, mas se apresentam muito endurecidas.
Existem
traços de muito trabalho em suas linhas rijas.
Estas
mãos mostram que ajudam seus pais no trabalho doméstico, que lavam
louça, varrem o chão, limpam janelas e semeiam horta e jardim.
Guardam
o perfume das flores e o cheiro de limpeza e dedicação.
Nota-se
que são mãos que tomam conta do bebê, ensinam o irmão menor a
fazer a lição e erguer castelos de areia, em plena praia.
Estas
mãos são mãos muito ocupadas, que tudo fazem para transformar uma
casa em um lar de aconchego e felicidade
São
mãos de carinho e de amor.
Sim,
finalizou a desconhecida julgadora, estas
mãos merecem o prêmio pelas mais belas mãos, pois são as mais
úteis.
O
serviço ao semelhante e a dedicação ao trabalho foram ensinados
por Jesus.
Ele
mesmo exemplificou servindo a todos durante a Sua passagem pela Terra
e, na Última Ceia, tomou uma jarra com água, uma toalha e lavou os
pés de todos os Seus Apóstolos.
Não
foi por outra razão que afirmou:
Meu
Pai trabalha sem cessar e eu trabalho também.
Fonte
- Momento Espírita, com base no texto Lindas
mãos,
de Lawton B. Evans, de O
livro das virtudes,
de William J. Bennett, v. 2, ed. Nova Fronteira. Em 27.7.2015
As
mãos estendidas
Quando
caminhamos pelas estreitas passarelas da vida, observamos, com pesar,
milhares de mãos estendidas em nossa direção.
São
mãos que rogam pão para alimentar o corpo faminto...
Mãos
que pedem carinho...
Mãos
distendidas em busca de luz espiritual, capaz de espancar as trevas
da consciência culpada...
Mãos
que rogam o amparo de outras mãos, que lhes sequem as lágrimas
amargas vertidas pela dor da separação das mãos queridas que a
morte arrebatou...
São
tantas mãos distendidas pelas vielas da vida, que nos fazem sentir
impotentes, incapazes de nos candidatarmos ao serviço do bem, diante
de tanta necessidade...
Todavia,
vale a pena buscarmos, na natureza, fatos que nos renovem o ânimo e
mudem nossa maneira de pensar.
O
fio de cobre, por exemplo, quando largado na via pública, não passa
de objeto insignificante.
Mas,
ligado ao poder da usina, é transmissor de luz e força.
O
pequeno cano, abandonado à poeira, é tropeço na estrada.
Contudo,
se ajustado ao reservatório, é condutor de água pura.
A
argila, dormindo no charco, é simples porção de lama.
Todavia,
entregue aos cuidados do oleiro, converte-se em vaso nobre.
A
pedra, solta no campo, é calhau pobre e esquecido.
Mas,
se unida à construção, é alicerce do lar.
A
lagarta, na amoreira, é triste animal de aspecto repelente.
No
entanto, levada à indústria do fio, produz a seda brilhante.
A
tripa de carneiro, estendida ao sol, é realmente algo desprezível.
Quando
transformada na corda do violino, é meio eficaz para que a música
possa surgir.
Entretanto,
para servir é preciso esforço e disciplina.
O
fio de cobre, para iluminar, padece a tensão da energia elétrica.
O
cano necessita ajustar-se para ser útil.
A
argila experimenta a alta temperatura do fogo.
A
pedra aceita o anonimato para se tornar sustentáculo.
A
lagarta deve morrer para auxiliar, e a tripa de carneiro passa por
longo processo renovador a fim de responder, com segurança, aos
sonhos do musicista.
Em
verdade, ainda somos corações frágeis, almas culpadas, e Espíritos
endividados, diante das Leis Divinas.
Mas,
ligados ao Espírito de nosso Divino Mestre Jesus, podemos ser
instrumentos do eterno bem.
Não
basta, porém, salientar as nossas fraquezas, a nossa falta de
capacidade, a preguiça ou a falsa modéstia para estender socorro
eficiente na direção das mãos estendidas em nossa direção.
É
preciso abraçar a verdadeira humildade, com obediência e
disciplina, ante os desígnios do Senhor, porque, aprendendo e
servindo; amando e ajudando; lutando e sofrendo em Sua causa sublime,
será possível modificar a triste realidade do nosso planeta.
É
sempre fácil servir perante o céu azul e ensinar nos dias dourados,
cheios de tranqüilidade e de sol.
Cabe-nos
aprender a servir sob a noite tormentosa, e ao longo das sendas
repletas de dores e dificuldades de toda sorte.
FONTE
- Momento Espírita, com base no cap. 42,
do livro Vozes
do grande além, por
Espíritos diversos, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed.
Feb, e no verbete Servir,
do livro Dicionário
da alma,
por Espíritos diversos, psicografia de Francisco Cândido Xavier,
ed. Feb. Em 22.07.2008.
Mãos
aveludadas de Deus
Ele
estava no ônibus urbano.
Jovem, vestia a camisa dez da seleção de
futebol.
O
amarelo se destacava na condução lotada.
Chamou
atenção a criança que ele trazia ao colo, pelos gritos estranhos
que emitia, a espaços regulares.
Denotava
ser portadora de deficiência, algum problema que, na qualidade de
leigos, não identificamos.
O
menino demonstrava, ademais, ter problemas neurológicos graves, pois
se mantinha um tanto relaxado, no colo paterno, os braços ao longo
do corpo, a cabeça pendendo para um lado.
Vez
ou outra, o corpo projetava-se para a frente, num movimento de queda,
como se a gravidade lhe lançasse um apelo, ao qual ele acedia, sem
resistência.
O
pai, sem alterar-se ou demonstrar inquietação, tornava a acomodar o
filho, secando-lhe a baba, com delicadeza, preocupando-se, com seu
conforto.
Nenhum
sinal de enfado.
Ao
contrário, infinita ternura, em cada gesto.
Chegado
ao destino, ergueu-se do banco onde se assentava, tomou seu fardo
precioso nos braços, acomodou-lhe a cabeça em seu ombro direito,
sob as reclamações insistentes do garoto.
E
lá se foram os dois, parecendo um só, ambos de camisa amarela.
Um
ereto, caminhando firme, debaixo do sol de inverno, gargalhando luzes
douradas.
O
outro, utilizando-o como apoio para seu frágil e desengonçado
corpo.
Quanto
amor em poucos gestos.
Quanta
ternura em cada ação.
O
menino, exteriormente, não denotava perceber os cuidados de que era
alvo.
No
entanto, ao olhar mais atento não escapava o fato de que as
expressões dos sentimentos amorosos o acalmavam.
É
como se a ternura tecesse uma rede, para nele embalar o ser
deficiente e indefeso.
Lembramos
de quantos pais e mães existem, na Terra, bordando carinho na vida
de filhos dependentes.
Filhos
portadores de deficiências físicas e mentais.
Pais
e mães que abraçam filhos, de tal sorte alienados que jamais, nesta
vida, lhes manifestarão gratidão por qualquer forma.
Filhos
com problemas.
Seres
amados.
Almas
que se reencontram sob o pulsar do amor e a grandeza das renúncias.
À
noite, quando deixam os corpos, em desprendimento parcial pelo sono,
pais e filhos se encontram em jardins espirituais, entre abundância
de flores, perfumes e cores.
É
ali que o Espírito do filho abraça e chora de emoção:
Obrigado,
pais queridos, por me ampararem, botão de flor defeituoso, na
primavera da vida.
E
os pais, entre carinhos, respondem:
Filho
amado, conta conosco.
Seremos
na Terra, nesta vida, tuas pernas, teus braços, tua mente.
O
amor que nos une supera toda dificuldade.
Depois,
retornam aos corpos físicos e, quando a manhã se espreguiça, e o
sol estende sua colcha dourada sobre o dia nascente, eles abrem os
olhos na carne e reiniciam suas lutas.
Benditos
sejam os que amam, os que agasalham outras vidas renunciando às suas
próprias.
Benditos
sejam, pais e mães da Terra, mãos aveludadas de Deus, no planeta,
sustentando vidas débeis.
Fonte
- Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 28, ed.
FEP. Em 9.9.2015
Por mais que façamos em nosso dia a dia em busca dos nossos projetos e planos de vida, sozinhos não somos ninguém e nem chegamos a lugar algum, para concretizarmos e realizarmos nossos projetos e planos é preciso sempre estar presente as mãos de Deus, porque sem ele não somos ninguém e nem chegamos a lugar algum sem a sua bênçãos e proteção.
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