Acreditar em si mesmo

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quinta-feira, 19 de outubro de 2017

O que é a intolerância.


 
O que é a Intolerância:



Intolerância é o mesmo que ausência de tolerância, característica que corresponde a falta de compreensão ou aceitação em relação a algo.

Uma pessoa que age com intolerância é chamada de intolerante e, por norma, apresenta um comportamento de repulsa, repugnância e ódio por determinada coisa que lhe seja diferente.

Do ponto de vista social, as pessoas intolerantes não conseguem aceitar divergentes pontos de vista, ideias ou culturas, principalmente pelo fato de não compreenderem a diversidade do qual é formado o mundo.

No âmbito médico, a intolerância representa a dificuldade que o organismo humano tem em digerir determinadas substâncias não tôxicas, provocando como consequência algumas reações alérgicas no corpo.

A pessoa que tem intolerância à lactose, por exemplo, não consegue digerir esta substância por quê o seu organismo tem ausência de lactase, uma enzima responsável por fazer esta digestão.

A intolerância alimentar, de modo geral, consiste na reação adversa que a pessoa apresenta em seu organismo ao consumir determinado tipo de alimento, como lacticínios, amendoins, mariscos e etc.


Intolerância religiosa

É a discriminação e preconceito praticado contra pessoas e grupos que manifestam diferentes crenças ou religiões.

A intolerância religiosa consiste na falta de compreensão sobre o direito que cada ser humano tem de expressar a sua crença religiosa.

Vale lembrar que a intolerância religiosa não tem como alvo apenas outras religiões, mas também as pessoas que não seguem nenhum tipo de doutrina religiosa (ateus e agnósticos, por exemplo).





Alexandre e Alzira


Pessoas com deficiência são alvo de intolerância velada


Entrevistas
Participação, Direitos e Cidadania
28 de julho de 2015


A intolerância em relação à pessoa com deficiência é mais mascarada, menos agressiva do que em relação aos negros ou aos homossexuais, por exemplo.

Ela muitas vezes se manifesta pela falta de paciência com o tempo e o ritmo dessas pessoas.

Nessa entrevista, Alexandre Magnavita Gaschi, advogado e cadeirante, e Alzira Brando, pedagoga e que tem paralisia cerebral, falam sobre sua percepção e suas experiências em relação à intolerância.

Falam também sobre o que acham necessário para alcançarmos uma sociedade capaz de conviver com a diferença.

Ambos são integrantes do projeto Coppe Inclusão, que prepara pessoas com deficiência para inclusão no mundo do trabalho.

A Coppe é Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).


Rede Mobilizadores – Quais são os tipos mais comuns de intolerância com relação à pessoa com deficiência?

Alexandre: - Nós não chegamos a perceber exatamente uma intolerância em relação a nossa condição, como acontece com os negros ou com os homossexuais, por exemplo.

O que percebemos é uma discriminação mais velada, menos expressiva.

Eu, por exemplo, nunca vivenciei nenhuma situação de intolerância.

No entanto, acho que vivenciamos uma situação de intolerância cultural, pois não temos igualdade de oportunidades em relação à pessoa sem deficiência.

Não contamos com uma cidade adaptada, não temos um transporte que nos atenda, não temos escolas nos três níveis preparadas para nos receber.

Há uma negação dos direitos das pessoas com deficiência.

Alzira: - No meu caso, eu percebo mais discriminação, ainda que mascarada.

Eu tenho movimentos mais acentuados e posso esbarrar nas pessoas dentro do ônibus com minha mochila, por exemplo, e isso causa incômodo.

Eu também falo muito devagar e as pessoas me atropelam, completando minhas frases.

Isso é uma atitude de intolerância: não esperar o outro falar no tempo dele.

A sociedade tem pressa e acha isso normal, quando não é.

Eu percebo a intolerância comigo, por não me esperarem concluir as minhas ações no meu tempo.

Costumo ouvir: “deixa eu te ajudar para ir mais rápido”.


Rede Mobilizadores – A discriminação varia conforme o tipo de deficiência?

Quais os tipos de deficiência que mais geram mais discriminação e preconceito?

Alexandre: - Creio que sim.

Acho que ela (Alzira) sente muito mais do que eu.

Há muita ansiedade, às vezes até de ajudar, mas que acaba atropelando o caminho natural das coisas.

Mas, hoje, as pessoas estão em geral intolerantes com tudo.

Veja o trânsito por exemplo.

Alzira: - Eu sinto mais intolerância com pessoas com paralisia cerebral, com surdos, com pessoas com deficiência intelectual. 


Rede Mobilizadores – Quais são hoje os principais meios de reprodução do preconceito e da intolerância em relação à pessoa com deficiência?

Alexandre: - Acho que a internet, da forma com ela é utilizada, é o principal meio.

Mas isso não é um problema da internet, e sim fruto da ausência de uma educação para a cidadania, para a convivência com a diferença.

O resultado disso é uma internet mal usada, preconceituosa, intolerante.

As pessoas se escondem atrás de um teclado e fazem o que querem, ignorando o resultado disso na vida dos demais.

Alzira: - Eu acho que os livros didáticos e os livros infantis também são fontes de discriminação, pois quase nunca vemos crianças com deficiência sendo retratadas.

Em geral, temos a reprodução do modelo de família “comercial de margarina”, na qual não há negros ou pessoas com deficiência.


Rede Mobilizadores – Que medidas julga serem necessárias para combater a intolerância e o preconceito contra as pessoas com deficiência?

Alexandre: - A promoção de uma educação absolutamente inclusiva, com acessibilidade, professores preparados, apoio técnico.

Alzira: Acho que falta humanização da sociedade, aprender a olhar para o outro, ter calma, paciência.

Precisamos reconstruir a cultura, promover uma nova educação, uma nova mentalidade.

Por exemplo, eu estava subindo num ônibus e um homem colocou as mãos nas minhas nádegas para me colocar dentro do coletivo.

É uma falta de respeito com uma mulher.

Acho que nessa situação está implícito uma intolerância, uma falta de paciência de me esperar subir no ônibus, e também a percepção de que as pessoas com deficiência não tem sexualidade.

A intolerância muitas vezes se traduz pela falta de paciência.


Rede Mobilizadores – O que uma educação para tolerância em relação às pessoas com deficiência deve contemplar prioritariamente?

Alzira: Creio que respeito pela diversidade, acesso à cidadania e a direitos


Rede Mobilizadores – Quais os principais efeitos da intolerância e do preconceito na vida das pessoas com deficiência?

Alexandre: Negação de direitos, baixa autoestima e impotência.


Entrevista concedida a: Eliane Araujo – Editada por Silvia Sousa.









21 de setembro é Dia Nacional da Pessoa com Deficiência
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Segundo dados do último censo do IBGE cerca de 23,9% da população brasileira convive com algum tipo de deficiência.

Dados da ONU indicam que 1 em cada 7 pessoas no mundo também se enquadra na mesma situação.

Entretanto, tais dados não são perceptíveis em nosso cotidiano em decorrência da quase inexistência da pessoa com deficiência nos ambientes comuns à sociedade, impulsionada pela existência de barreiras arquitetônicas, atitudinais, comunicacionais e pela dificuldade em lidar com as diferenças.

A deficiência é tomada enquanto fator estigmatizante, constituindo cenário perfeito para a instauração do ostracismo social.

Cabe a nós (enquanto pessoas com deficiência) destacarmos que nosso direito de estar no mundo é colocado em xeque na interação com as diferentes espécies de barreiras que enfrentamos, não somente no cerceamento do direito de locomoção, mas também na luta constante e diária para manter e preservar a nossa identidade e dignidade diante das baixas expectativas sociais imputadas a nós.

A associação entre deficiência e incapacidade é causa da reclusão de muitas pessoas com deficiência em suas residências, seja pelo fato destas internalizarem dada concepção, seja pelo fato de seus familiares temerem por todos os empecilhos a serem enfrentados.

No entanto, a insegurança (ponto em comum entre as duas motivações citadas) decorrem da falta do espaço de pertencimento e de existência das primeiras ante a marginalização da inclusão enquanto pauta de discussão no campo jurídico, na elaboração de políticas públicas ou nos movimentos sociais.


Como se conceber parte de um mundo que material e intelectualmente ignora a sua existência?

No decorrer da história a deficiência foi tomada enquanto fator desencadeante da discriminação, tornando legítima a segregação e extermínio da pessoa que convivia com ela.

Cabe aqui destacar que dadas concepções perpetuaram-se pela reprodução de tais discursos, bastando lembrar que as pessoas com deficiência também foram vítimas das políticas de esterilização compulsória e de extermínio no regime nazista, ou o perplexo da comunidade jurídica quando às alterações operadas no instituto da capacidade civil pela Lei Brasileira de Inclusão.

O reconhecimento da pessoa com deficiência enquanto humana e, portanto, titular do direito à vida (em seu sentido estrito) deu-se somente na idade média, advinda de concepções de caridade e salvação que permeiam o ambiente cristão até hoje.

Posteriormente, a pauta da deficiência foi incorporada ao campo das ciências naturais, com a criação do modelo biomédico da deficiência, momento em que seria permitida à pessoa com deficiência a vivência nos espaços em comum com as outras pessoas, desde que a primeira se demonstrasse capaz de alcançar o padrão de normalidade estético e existencial pré estabelecido.

Diante de tais incongruências, as pessoas com deficiência conquistaram uma abordagem social acerca da temática.

Foi posto em evidência o fato de que as lesões no corpo humano nada mais são do que fruto da diversidade humana e que o estigma atribuído a este caractere – a deficiência – é fruto de uma sociedade incapaz de lidar com as diferenças:

só me torno deficiente no instante em que o ambiente e as relações que estabeleço neles transformam a lesão em empecilho ao exercício de direitos em semelhança com as demais pessoas.


A Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da ONU diz:

Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas.

O dia nacional de LUTA da pessoa com deficiência (21 de setembro) retrata exatamente o rompimento com os ideais assistencialistas e integracionistas: a desconstrução da figura da desta pessoa enquanto objeto de pena e portador de anormalidade a ser corrigida.

A LUTA da pessoa com deficiência reside no fato de todos os dias ser necessário enunciar que as únicas aberrações são àqueles que voltam suas energias à negação das diferenças.


O que dizer de figuras políticas que sentam em cadeiras de rodas para “vivenciar os empecilhos enfrentados por um cadeirante” quando, na realidade, todos sabemos que a acessibilidade ainda não é posta como ponto importante na elaboração de grande maioria das políticas urbanas?

A dignidade está intrinsecamente ligada à pessoa com deficiência e os direitos inerentes a ela são frutos de LUTA e não de meras caridades ou teatrinhos ridículos.


E os juízes que, mesmo em vista da falta de acessibilidade nos interiores dos fóruns, recusam-se a transferir as audiências para o térreo e acham-se na posição de optar como mais plausível a substituição de advogados com deficiência?

Na conjuntura política e social atuais, é de se esperar que esta data seja tomada pelos grandes meios midiáticos para enaltecer ainda mais a objetificação da pessoa com deficiência.

No entanto, o mundo e a pessoa com deficiência precisam entender que, o fato de nosso corpo e existência não se encaixarem nos padrões de normalidade não nos torna menos dignos ou capazes.

O maior obstáculo que aflige a dignidade de nossos múltiplos modos de existência não possui natureza física, mas comportamental e moral: a incapacidade alheia em lidar com as diferenças.



Lucas Silva Lopes, pessoa com deficiência, estudante de Direito da PUC-Campinas e pesquisador de iniciação científica na linha de cooperação jurídica internacional


Fonte – justificando.cartacapital.com.br












Um comentário:

  1. Infelizmente ainda há uma grande intolerância, preconceito e discriminação em relação aos deficientes por nossa sociedade, tudo isto devido a certos conceitos pré estabelecidos que define o que é perfeito e normal dentre nós, mas as pessoas se esquecem que nenhum de nós somos perfeitos ou normais completamente, somos todos uma individualidade única e imperfeita visivelmente ou não visíveis, por isso esses padrões de perfeição e normal pregoado por muitos é inexistentes. Devemos sim conviver plenamente com todos respeitando as diferenças de um mundo repleto de diversidades de seres vivente racionais e pensantes, há espaço para todos.

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