O
que é a Intolerância:
Intolerância
é o mesmo que ausência
de tolerância,
característica que corresponde a falta
de compreensão ou aceitação
em relação a algo.
Uma
pessoa que age com intolerância é chamada de intolerante
e,
por norma, apresenta um comportamento de repulsa, repugnância e
ódio por determinada coisa que lhe seja diferente.
Do
ponto de vista social, as pessoas intolerantes não conseguem
aceitar divergentes pontos de vista, ideias ou culturas,
principalmente pelo fato de não compreenderem a diversidade do
qual é formado o mundo.
No
âmbito médico, a intolerância representa a dificuldade que o
organismo humano tem em digerir determinadas substâncias
não tôxicas, provocando como consequência algumas reações
alérgicas no corpo.
A
pessoa que tem intolerância
à lactose,
por exemplo, não consegue digerir esta substância por quê o seu
organismo tem ausência de lactase, uma enzima responsável por
fazer esta digestão.
A
intolerância
alimentar,
de modo geral, consiste na reação adversa que a pessoa apresenta
em seu organismo ao consumir determinado tipo de alimento, como
lacticínios, amendoins, mariscos e etc.
Intolerância
religiosa
É
a discriminação e preconceito praticado contra pessoas e grupos
que manifestam diferentes crenças ou religiões.
A
intolerância religiosa consiste na falta de compreensão sobre o
direito que cada ser humano tem de expressar a sua crença
religiosa.
Vale
lembrar que a intolerância religiosa não tem como alvo apenas
outras religiões, mas também as pessoas que não seguem nenhum
tipo de doutrina religiosa (ateus e agnósticos, por exemplo).
Fonte
– www.significados.com.br
Pessoas
com deficiência são alvo de intolerância velada
Entrevistas
Participação,
Direitos e Cidadania
28
de julho de 2015
A
intolerância em relação à pessoa com deficiência é mais
mascarada, menos agressiva do que em relação aos negros ou aos
homossexuais, por exemplo.
Ela
muitas vezes se manifesta pela falta de paciência com o tempo e o
ritmo dessas pessoas.
Nessa
entrevista, Alexandre Magnavita Gaschi, advogado e cadeirante, e
Alzira Brando, pedagoga e que tem paralisia cerebral, falam sobre sua
percepção e suas experiências em relação à intolerância.
Falam
também sobre o que acham necessário para alcançarmos uma sociedade
capaz de conviver com a diferença.
Ambos
são integrantes do projeto Coppe Inclusão, que prepara pessoas com
deficiência para inclusão no mundo do trabalho.
A
Coppe é Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e
Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ).
Rede
Mobilizadores – Quais são os tipos mais comuns de intolerância
com relação à pessoa com deficiência?
Alexandre:
- Nós
não chegamos a perceber exatamente uma intolerância em relação a
nossa condição, como acontece com os negros ou com os homossexuais,
por exemplo.
O
que percebemos é uma discriminação mais velada, menos expressiva.
Eu,
por exemplo, nunca vivenciei nenhuma situação de intolerância.
No
entanto, acho que vivenciamos uma situação de intolerância
cultural, pois não temos igualdade de oportunidades em relação à
pessoa sem deficiência.
Não
contamos com uma cidade adaptada, não temos um transporte que nos
atenda, não temos escolas nos três níveis preparadas para nos
receber.
Há
uma negação dos direitos das pessoas com deficiência.
Alzira:
- No
meu caso, eu percebo mais discriminação, ainda que mascarada.
Eu
tenho movimentos mais acentuados e posso esbarrar nas pessoas dentro
do ônibus com minha mochila, por exemplo, e isso causa incômodo.
Eu
também falo muito devagar e as pessoas me atropelam, completando
minhas frases.
Isso
é uma atitude de intolerância: não esperar o outro falar no tempo
dele.
A
sociedade tem pressa e acha isso normal, quando não é.
Eu
percebo a intolerância comigo, por não me esperarem concluir as
minhas ações no meu tempo.
Costumo
ouvir: “deixa eu te ajudar para ir mais rápido”.
Rede
Mobilizadores – A discriminação varia conforme o tipo de
deficiência?
Quais
os tipos de deficiência que mais geram mais discriminação e
preconceito?
Alexandre:
- Creio
que sim.
Acho
que ela (Alzira) sente muito mais do que eu.
Há
muita ansiedade, às vezes até de ajudar, mas que acaba atropelando
o caminho natural das coisas.
Mas,
hoje, as pessoas estão em geral intolerantes com tudo.
Veja
o trânsito por exemplo.
Alzira:
- Eu
sinto mais intolerância com pessoas com paralisia cerebral, com
surdos, com pessoas com deficiência intelectual.
Rede
Mobilizadores – Quais são hoje os principais meios de reprodução
do preconceito e da intolerância em relação à pessoa com
deficiência?
Alexandre:
- Acho
que a internet, da forma com ela é utilizada, é o principal meio.
Mas
isso não é um problema da internet, e sim fruto da ausência de uma
educação para a cidadania, para a convivência com a diferença.
O
resultado disso é uma internet mal usada, preconceituosa,
intolerante.
As
pessoas se escondem atrás de um teclado e fazem o que querem,
ignorando o resultado disso na vida dos demais.
Alzira:
- Eu
acho que os livros didáticos e os livros infantis também são
fontes de discriminação, pois quase nunca vemos crianças com
deficiência sendo retratadas.
Em
geral, temos a reprodução do modelo de família “comercial de
margarina”, na qual não há negros ou pessoas com deficiência.
Rede
Mobilizadores – Que medidas julga serem necessárias para combater
a intolerância e o preconceito contra as pessoas com deficiência?
Alexandre:
- A
promoção de uma educação absolutamente inclusiva, com
acessibilidade, professores preparados, apoio técnico.
Alzira:
Acho
que falta humanização da sociedade, aprender a olhar para o outro,
ter calma, paciência.
Precisamos
reconstruir a cultura, promover uma nova educação, uma nova
mentalidade.
Por
exemplo, eu estava subindo num ônibus e um homem colocou as mãos
nas minhas nádegas para me colocar dentro do coletivo.
É
uma falta de respeito com uma mulher.
Acho
que nessa situação está implícito uma intolerância, uma falta de
paciência de me esperar subir no ônibus, e também a percepção de
que as pessoas com deficiência não tem sexualidade.
A
intolerância muitas vezes se traduz pela falta de paciência.
Rede
Mobilizadores – O que uma educação para tolerância em relação
às pessoas com deficiência deve contemplar prioritariamente?
Alzira:
Creio
que respeito pela diversidade, acesso à cidadania e a direitos
Rede
Mobilizadores – Quais os principais efeitos da intolerância e do
preconceito na vida das pessoas com deficiência?
Alexandre:
Negação
de direitos, baixa autoestima e impotência.
Entrevista
concedida a: Eliane Araujo – Editada por Silvia Sousa.
Fonte
– www.mobilizadores.org.br
Segundo
dados do último censo do IBGE cerca de 23,9% da população
brasileira convive com algum tipo de deficiência.
Dados
da ONU indicam que 1 em cada 7 pessoas no mundo também se enquadra
na mesma situação.
Entretanto,
tais dados não são perceptíveis em nosso cotidiano em decorrência
da quase inexistência da pessoa com deficiência nos ambientes
comuns à sociedade, impulsionada pela existência de barreiras
arquitetônicas, atitudinais, comunicacionais e pela dificuldade em
lidar com as diferenças.
A
deficiência é tomada enquanto fator estigmatizante, constituindo
cenário perfeito para a instauração do
ostracismo social.
Cabe
a nós (enquanto pessoas com deficiência) destacarmos que nosso
direito
de estar no mundo
é colocado em xeque
na interação com as diferentes espécies de barreiras que
enfrentamos, não somente no cerceamento do direito de locomoção,
mas também na luta
constante e diária
para manter e preservar a nossa identidade e dignidade diante das
baixas
expectativas sociais
imputadas a nós.
A
associação entre deficiência e incapacidade é causa da reclusão
de muitas pessoas com deficiência em suas residências, seja pelo
fato destas internalizarem dada concepção, seja pelo fato de seus
familiares temerem por todos os empecilhos a serem enfrentados.
No
entanto, a insegurança (ponto em comum entre as duas motivações
citadas) decorrem da falta do espaço de pertencimento
e de existência
das primeiras ante a marginalização da inclusão enquanto pauta de
discussão no campo jurídico, na elaboração de políticas públicas
ou nos movimentos sociais.
Como
se conceber parte de um mundo que material e intelectualmente ignora
a sua existência?
No
decorrer da história a deficiência foi tomada enquanto fator
desencadeante da discriminação, tornando legítima a segregação e
extermínio da pessoa que convivia com ela.
Cabe
aqui destacar que dadas concepções perpetuaram-se pela reprodução
de tais discursos, bastando lembrar que as pessoas com deficiência
também foram vítimas das políticas de esterilização
compulsória
e de extermínio
no regime
nazista,
ou o perplexo da comunidade jurídica quando às alterações
operadas no instituto da capacidade civil pela Lei Brasileira de
Inclusão.
O
reconhecimento da pessoa com deficiência enquanto humana e,
portanto, titular do direito à vida (em seu sentido estrito) deu-se
somente na idade média, advinda de concepções de caridade e
salvação que permeiam o ambiente cristão até hoje.
Posteriormente,
a pauta da deficiência foi incorporada ao campo das ciências
naturais, com a criação do modelo biomédico da deficiência,
momento em que seria permitida à pessoa com deficiência a vivência
nos espaços em comum com as outras pessoas, desde que a primeira se
demonstrasse capaz de alcançar o padrão de normalidade estético e
existencial pré estabelecido.
Diante
de tais incongruências, as pessoas com deficiência conquistaram uma
abordagem social acerca da temática.
Foi
posto em evidência o fato de que as lesões no corpo humano nada
mais são do que fruto da diversidade
humana
e que o estigma atribuído a este caractere – a deficiência – é
fruto de uma sociedade incapaz de lidar com as diferenças:
só
me torno deficiente no instante em que o ambiente e as relações que
estabeleço neles transformam a lesão em empecilho ao exercício de
direitos em semelhança com as demais pessoas.
A
Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência da ONU diz:
Pessoas
com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de
natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em
interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação
plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as
demais pessoas.
O
dia nacional de LUTA da pessoa com deficiência (21 de setembro)
retrata exatamente o rompimento
com os ideais assistencialistas e integracionistas:
a desconstrução da figura da desta pessoa enquanto objeto de pena e
portador de anormalidade a ser corrigida.
A
LUTA da pessoa com deficiência reside no fato de todos os dias ser
necessário enunciar que as únicas aberrações são àqueles que
voltam suas energias à negação das diferenças.
O
que dizer de figuras políticas que sentam em cadeiras de rodas para
“vivenciar
os empecilhos enfrentados por um cadeirante”
quando, na realidade, todos sabemos que a acessibilidade ainda não é
posta como ponto importante na elaboração de grande maioria das
políticas urbanas?
A
dignidade está intrinsecamente ligada à pessoa com deficiência e
os direitos inerentes a ela são frutos de LUTA e não de meras
caridades ou teatrinhos ridículos.
E
os juízes que, mesmo em vista da falta de acessibilidade nos
interiores dos fóruns, recusam-se a transferir as audiências para o
térreo e acham-se na posição de optar como mais plausível a
substituição de advogados com deficiência?
Na
conjuntura política e social atuais, é de se esperar que esta data
seja tomada pelos grandes meios midiáticos para enaltecer ainda mais
a objetificação da pessoa com deficiência.
No
entanto, o mundo e a pessoa com deficiência precisam entender que, o
fato de nosso corpo e existência não se encaixarem nos padrões de
normalidade não nos torna menos dignos ou capazes.
O
maior obstáculo que aflige a dignidade de nossos múltiplos modos de
existência não possui natureza física, mas comportamental e moral:
a incapacidade alheia em lidar com as diferenças.
Lucas
Silva Lopes,
pessoa com deficiência, estudante de Direito da PUC-Campinas e
pesquisador de iniciação científica na linha de cooperação
jurídica internacional
Fonte
– justificando.cartacapital.com.br
Infelizmente ainda há uma grande intolerância, preconceito e discriminação em relação aos deficientes por nossa sociedade, tudo isto devido a certos conceitos pré estabelecidos que define o que é perfeito e normal dentre nós, mas as pessoas se esquecem que nenhum de nós somos perfeitos ou normais completamente, somos todos uma individualidade única e imperfeita visivelmente ou não visíveis, por isso esses padrões de perfeição e normal pregoado por muitos é inexistentes. Devemos sim conviver plenamente com todos respeitando as diferenças de um mundo repleto de diversidades de seres vivente racionais e pensantes, há espaço para todos.
ResponderExcluir