Acreditar em si mesmo

Acreditar em si mesmo

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

A história da cadeirante que se tornou médica.

Imagem ilustrativa.

A história de Natália a cadeirante que fez medicina.

Um homem de 60 anos entra no consultório e se depara com aquela jovem médica na cadeira de rodas.

Ele havia tirado um tumor benigno da coluna vertebral e caminhava com as próprias pernas.

A médica, com cara de menina e olhar atento, ouve as queixas, as dores e as incertezas daquele paciente.

Ouve a desesperança do homem diante do que passara.

Minutos depois, ele sai dali e comenta com uma pessoa que aguardava do lado de fora:

Pensei que minha vida estivesse acabada.

Quando vi essa médica, mudei o pensamento”.

O homem foi embora.

A médica, empurrando a própria cadeira, pede para mais um paciente entrar.

Há muita gente na fila daquele hospital.

Uma outra paciente chega ao consultório.

Espanta-se ao ver aquele moça tão jovem.

Arregala o olho.

Espia, espia de novo.

Cochicha com ela mesma:

Será que ela é médica, meu Deus?

Entrei na sala errada?”.

Depois, embaraçada, cheia de dedos e cerimoniosa, pergunta à moça de jaleco branco:

A senhora é médica de verdade?”

Foram dois sustos.

Primeiro, a mulher esperava encontrar uma pessoa mais velha.

Depois, a médica usava cadeira de rodas.

E, para aquela mulher, médicos estão acima do bem e do mal.

De jalecos brancos, tornam-se deuses.

Não adoecem.

Não sentem dor.

Muito menos andam em cadeira de rodas.

Desconfiada, ela se deixa atender.

Sai do consultório maravilhada.

E acredita que nem tudo é exatamente como parece.

Tão pouco aquelas pessoas que usam estetoscópio são deuses de jaleco branco.

Às vezes, há coisas que só se aprende no supetão.

É fim do expediente.

Empurrando suas pernas emprestadas, a médica de sorriso bonito e cabelos negros deixa o hospital mais movimentado do DF.

O dia foi intenso.

Doze longas horas de plantão no pronto-socorro.

Ela dirige o carro, adaptado, até a casa onde mora, no Condomínio Solar Brasília, na região do Lago Sul.

A casa, espaçosa, foi feita para que ande sem esbarrar em nada.

A moça chega exausta, mas intimamente está radiante.

É prazeroso poder fazer algo por alguém.

Foi por isso que escolhi a medicina, gosto do contato com o paciente”, ela diz.

O que tem de excepcional em médicos usarem cadeira de rodas?

Na verdade, nada.

Rigorosamente nada.

Mas quando a história se faz de uma vontade enorme de viver, de desafio diário e de uma superação comovida, tudo passa a ser muito.

É o caso da jovem médica — quase menina — Natália Sousa Gonçalves, de 23 anos.

E ela olha tudo que passou e diz, com um sorriso que contagia quem está por perto:

Felicidade é você estar bem com o que você tem.

É se ver e se aceitar como você é.

E, claro, se realizar, pessoal e profissionalmente”.

O inesperado.

Voltemos no tempo, não muito tempo assim.

Ainda menininha, em meados dos anos 1980, Natália queria ser médica.

Suas bonecas viravam pacientes.

Dava-lhes conselho e dizia que logo elas sarariam.

Natália gostava de cuidar.

De proteger.

E assim ela corria pela casa e inventava brincadeiras.

O pai, militar do Exército, mudou-se de Fortaleza para Marabá (PA).

E lá a menina continuou cuidando de suas bonecas.

Dizia que, quando crescesse, ia ser médica.

Era como respirar.

Natália tinha 5 anos.

Era 22 de abril de1990, festa de aniversário de um amiguinho dela, na nova cidade para onde a família se mudara havia meses.

As crianças corriam pela casa do aniversariante.

Algumas ajudavam a colocar os docinhos na mesa.

Natália fazia as duas coisas.

De repente, ela sentiu uma cãibra.

Foi tão forte, que parou de andar.

Imediatamente, os pais a levaram para o hospital da cidade.

Lá, os médicos desconfiaram que o caso era grave.

A menina foi levada para Belém.

Primeira suspeita: poliomielite.

Como?

As vacinas estavam rigorosamente em dia.

Os exames não confirmaram.

Exames foram levados para São Paulo.

Vinte dias depois, ainda internada e sem sentir as pernas, veio o terrível diagnóstico.

Natália tinha mielite transversa(MT) — síndrome neurológica causada por uma inflamação na medula espinhal.

As causas são várias: vírus, depois de uma vacina ou até mesmo doença auto imune.

A doença é incomum, mas não rara.

Segundo estimativas, a incidência anual varia entre uma e cinco pessoas por 1milhão na população.

Os pais não acreditaram no que ouviram.

Mas ainda todos contaram com a sorte.

Nos primeiros quatros dias depois do primeiro sinal, a doença poderia ter evoluído e a lesão atingido a coluna cervical.

Natália poderia ter ficado tetraplégica, movimentando apenas o pescoço.

Aos 5 anos de idade, apenas uma certeza: a menina nunca mais andaria.

A causa da mielite, segundo milhares de exames realizados na época, foi viral.

Até hoje, entretanto, os médicos não chegaram à conclusão do tipo de vírus.

Isso, na verdade, agora não faz mais muita diferença para a doutora Natália.

O que importa são as lições que ela aprendeu com o inesperado.

E a vida que se seguiu depois da mudança radical.

Aos cinco anos, não compreendia muito o que acontecia, mas nunca deixei de fazer as coisas que queria”, ela lembra.

Ela voltou à escola.

Adorava contar para os outros que já sabia ler e escrever.

E nunca deixou de aprontar no recreio.

Aulas na maca.

Começaram as sessões de fisioterapia.

A dedicação dos pais, da irmã mais velha e das irmãs gêmeas mais novas.

Quando Natália tinha 12 anos,mais uma transferência do pai militar.

A família chega a Brasília.

Aqui, consulta na Rede Sarah.

Diagnóstico confirmado.

E aquilo que se sabia: a paralisia era de fato irreversível.

Na cadeira de rodas, a menina ganhou liberdade.

Estudou, passeou, namorou, se divertiu.

Jogou basquete.

Foi ao carnaval de Salvador.

Nada de camarote.

Sempre atrás dos trios”, ela conta.

E afirma, sem hesitar:

Sou superfeliz,desencanada”.

A adolescente de cadeira de rodas terminou o ensino fundamental.

Chegou ao médio.

Fez o Programa de Avaliação Seriada(PAS), da Universidade de Brasília (UnB).

Foi aprovada com louvor para medicina.

A menina que fazia suas bonecas de pacientes iria estudar as dores de gente.

Iria lutar pela vida.

Nos dois primeiros anos da faculdade, assistiu a todas as aulas em maca ou na mesa do professor,onde era colocado um pequeno colchão.

Como estudara muito para o vestibular e passou muito tempo sentada, desenvolveu uma enorme e complicada escara (feridas na região das nádegas).

Ainda assim, ela não desistiu.

Eu era a aluna mais folgada da faculdade, afinal, só eu assistia às aulas deitada”, ela diz, com um sorriso encantador.

Foram dois anos assim.

Natália venceu as escaras.

Venceu as dificuldades de acesso da universidade, do hospital onde estagiou, os elevadores sempre quebrados (subia e descia carregada), a falta de rampas da cidade.

E realizou o maior sonho de sua vida: virou médica.

Em janeiro deste ano, formou-se.

Na foto da formatura, ela bem na frente na sua cadeira de rodas.

Logo prestou exames rigorosos para residência.

Passou no Rio de Janeiro, Goiânia e em Brasília.

Aqui, foi chamada para o Hospital de Base (HBDF) e o Hospital das Forças Armadas (HFA).

Preferiu o HBDF, na clínica médica.

A residente já passou pela gastroenterologia e pela nefrologia.

Está em férias, mas na segunda-feira retornará ao hospital.

Vai para a hematologia.

Na tarde de ontem, foi se encontrar com quatro amigas médicas, no Pontão do Lago Sul.

A gente vai rir e colocar a conversa em dia”, ela informa.

Em casa, o pai, José Araújo Gonçalves, 55, embarga a voz ao falar da filha:

Eu sempre fico assim quando falo dela.

A Natália é fantástica.

Supera dia a dia os obstáculos”.

A mãe,Cleide, 50, emenda:

É a nossa guerreira”.

A amiga residente Thaís de Almeida, 26, se extasia:

Ela não tem limitação, é independente, surpreendente, uma excelente médica”.

Na tarde de ontem, enquanto empurrava sua cadeira de roda, ela fez uma confidencia:

Quero ter dois filhos”.

E o namorado?

A gente tá bem”.

O nome?

É segredo.

Só posso adiantar que ele é jornalista e estamos juntos há dois meses.”

No final da conversa, ela diz, às gargalhadas:

Vê lá o que você vai escrever de mim.

Vou ler tudinho, viu?”

E parte, feliz da vida, empurrando a cadeira, ao encontro das amigas.

A história de Natália é tão boa que,depois de ouvir, se tem vontade de sair contando por aí.

Fonte – www.mundovestibular.com.br


Seguir adiante.


É natural: quando uma grande dor se abate sobre nós, a tendência é ficar paralisado, encolhido.

Parece que tudo para.

O ar fica pesado e a melancolia, em toda parte, faz os ponteiros dos relógios se arrastarem.

No coração, solidão, medo, angústia, sofrimento.  

Nessa hora, a maioria de nós tem vontade de deixar todas as coisas de lado, de dormir, esquecer, desaparecer.

Mas a vida prossegue.

E reclama de nós uma atitude: é preciso continuar.

O estômago pede comida, o corpo se revela com sede, a família precisa ser sustentada.

Tudo segue normalmente.

Mas, como prosseguir quando nada parece ter sentido?

Se um enorme vazio toma conta de todas as coisas?

Antes de tudo é preciso ter consciência de que há outras pessoas que dependem de nós, seja fisicamente ou emocionalmente.

Filhos, mulher, marido, pais, irmãos, amigos.

Toda essa multidão sofre junto conosco.

E, por amor a eles, é preciso lutar para superar o que nos magoa.

Se um filho morre, há outros que ficam.

E esses aguardam gestos de amor, cuidados, sorrisos.

E, se não há outros filhos, há outros parentes, há amigos que nos querem bem.

Se perdemos algo, mesmo que seja muito importante, mesmo que seja o trabalho de toda uma vida, é a hora de buscar novos horizontes, novas oportunidades, novos olhares.

O mundo está cheio de descobertas à nossa espera.

Para isso é preciso estar aberto ao mundo, com os braços prontos para abraçar as belezas que a vida oferece.

É preciso saber que não somos solitários no sofrimento.

A dor que nos fere também vitima milhões de outras pessoas.

Cada um carrega a sua dor.

Muitas vezes em segredo.

Muitas vezes sem ninguém com quem compartilhar.

Apesar da dor, o mundo continua a girar, tudo segue seu ritmo normal.

E de nada adianta desejar que tudo pare para nos assistir chorar.

Ou para nos consolar.

Temos dentro de nós uma força imensa para resistir a tudo, para suportar todas as provas.

É algo que vem de Deus.

Jesus nos ensinou que Deus não dá provas superiores às nossas forças.

Sim, pois Deus pôs em nosso coração a fortaleza que nos reergue.

É o espírito de luta que surge quando estamos abatidos.

É a força que, de repente, toma conta da alma e nos faz sorrir de novo.

É um presente de Deus.

Aproveite.

Essa energia está viva na sua alma.

Agita-se como um pássaro e espera que você a liberte.

Como alcançá-la em nossa intimidade e despertá-la?

Não há segredo e todos, sem exceção, podem conseguir.

Chama-se oração.

Deixe seu coração falar com Deus.

Abra-lhe sua intimidade.

Confesse-lhe suas amarguras, ansiedades, tristezas.

E tenha certeza.

Ele, o amor infinito e a misericórdia plena, não vai deixá-lo sem respostas.

A afirmativa é de Jesus, ao dizer que o pai não dá pedras ao filho que pede pão.

Confie.

Dê-se essa oportunidade de fé, com ela buscando fortalecer suas esperanças, renovar seu ânimo para o bem, consolidar sua coragem para retomar a caminhada, conquistar forças para prosseguir com destemor.

Faça isso por você, mas, principalmente pelos seus afetos.

Eles precisam muito de você.

Lembre-se que Jesus cantou o hino da esperança e do consolo para a Humanidade, com Seus ditos e feitos, e avisou-nos, afirmando:

Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida.

Venham a mim todos os que estão cansados pelas lutas do mundo e eu os aliviarei.

Pense nisso.

Fonte - Momento Espírita. Disponível no livro Momento Espírita, v. 10, ed. FEP. Em 2.10.2017.







2 comentários:

  1. Uma linda e sensacional história de uma pessoa que sabe o que deseja na vida e corre atrás de seu sonho até conseguir realizá-lo; essa moça é uma verdadeira guerreira porque a deficiência não conseguiu fazer com que ela desistisse de seus sonhos, passou por muitas dificuldades mas esteve sempre ali no seu intento com muita força de vontade, perseverança, coragem, fé, esforço e muito trabalho vencer todas as dificuldades e seguir em frente com seu objetivo e meta a atingir. Meus parabéns moça por ser essa guerreira e por sua linda história de superação e perseverança, você é um exemplo para aqueles que acham que tudo acabou e não veem perspectivas para seguir adiante.

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  2. Que história emocionante, muito inspiradora.

    Arthur Claro
    http://www.arthur-claro.blogspot.com

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