Acreditar em si mesmo

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segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Como chamar um deficiente?



Como chamar um deficiente?

Aprendendo para incluir.

Deficiente ou os deficientes, como chamar uma pessoa que tem deficiência?

Pelo nome.

Parece pegadinha, mas não é.

Isso é tão importante que esperamos que você leia e divulgue essa post para o maior número de pessoas pois é assim que acabaremos com um preconceito que só precisa de informação para ser resolvido.

Arthur tem uma ou possui uma deficiência.

Ana têm problemas auditivos.

Pedro tem danos e problemas cognitivos.

Regina tem Nanismo.

José tem Síndrome de Down.

Laura tem deficiência intelectual.

Paulo possui uma deficiência visual de 50%.

Beltrano é deficiente pois tem uma limitação física e por ai vai.

Todos tem uma coisa em comum: são seres humanos.

O deficiente é uma pessoas assim como você ou eu, logo, nós deveríamos tratá-lo como tal, mas não é o que acontece.

É importante saber que eles sabem aquilo que têm e qual a deficiência existente bem como suas limitações, e, em muitos casos, o maior problema é você.

Meio duro não?

Vamos explicar.

O deficiente é uma pessoa como você ou eu.

Todos temos necessidades específicas, alguns mais visíveis, outras mais complexas e outras ainda mais simples.

O ser humano não é um ser perfeito e é muito difícil, para não dizer impossível, encontrar alguém que seja um modelo de perfeição idealizada.

E muitos casos essas pessoas só querem seu respeito e sua educação.

Desejam ser tratadas pelo nome e ser reconhecidas por suas conquistas e seus próprios méritos.

Na faculdade de psicologia, temos uma matéria: psicologia para pessoas com necessidades especiais (tem outros nomes que variam de grade para grade para estudar o deficiente) e é bem claro quando nos aprofundamos no tema.

Essas pessoas, que estudamos um pouquinho das suas limitações, têm necessidades especiais devido a algum motivador físico, intelectual, sensorial, mental ou múltiplos mas também têm um limitador social onde todos nós somos parte desse problema.

O deficiente precisa também de respeito.

Alguns estão muito bem obrigado com seu corpo, suas “limitações”, mas estão cansados de lidar com pessoas que não tem a educação inclusiva necessária pois não aprenderam e relutam em entender aquilo que desconhecem, ou mal sabem como é a vida do deficiente.

Olha esta imagem:


Quando você ou eu separamos essa pessoa estamos segregando e logo aumentando o destaque sobre um determinado assunto.

Quando simplesmente colocamos a pessoa no nosso meio, mas ainda assim as tratamos de um jeito diferente, integramos, mas não incluímos e quando, ignoramos, estamos excluindo-os.

Incluir é entender que embora as pessoas tenham necessidades especiais devido a sua limitação elas, na maioria das vezes, tem capacidade como qualquer pessoa, em maior ou menor gradação.

As palavras machucam.

O jeito de tratar diferente, dói.

Vamos fazer um exercício?

Por um instante feche os olhos e pense em algo que outra pessoa apontou de você por uma limitação e que você se incomodou e se sentiu mal.

Nesse exercício você experimenta um sentimento pequeno, mas incomodo.

Agora extrapole: como você se sentiria, se outra pessoa te tratasse diferente por isso?

Pense, neste momento se você fosse um deficiente.

Entendeu agora?

Quando você mira em outra coisa que não é a qualidade que alguém tem e aponta ou destaca isso você está sendo inconveniente e tratando o indivíduo deficiente com grosseria.

Parte do processo de inclusão é acabar com o preconceito e com os termos pejorativos.

Vamos entender os motivadores e a história do termo deficiente pelo tempo?

ÉPOCA
TERMOS E SIGNIFICADOS
VALOR DA PESSOA
No começo da história, durante séculos. 
Romances, nomes de instituições, leis, mídia e outros meios mencionavam “os inválidos”.
Exemplos:
“A reabilitação profissional visa a proporcionar aos beneficiários inválidos…” (Decreto federal nº 60.501, de 14/3/67, dando nova redação ao Decreto nº 48.959-A, de 19/9/60).
Os inválidos”. O termo significava “indivíduos sem valor”. Em pleno século 20, ainda se utilizava este termo, embora já sem nenhum sentido pejorativo.
Outro exemplo:
Inválidos insatisfeitos com lei relativa aos ambulantes” (Diário Popular, 21/4/76).
Aquele que tinha deficiência era tido como socialmente inútil, um peso morto para a sociedade, um fardo para a família, alguém sem valor profissional.
Outros exemplos:
Servidor inválido pode voltar” (Folha de S. Paulo, 20/7/82).
“Os cegos e o inválido” (
IstoÉ, 7/7/99).
Século 20 até ± 1960.
“Derivativo para incapacitados” (
Shopping News, Coluna Radioamadorismo, 1973).
Escolas para crianças incapazes” (Shopping News, 13/12/64).
Após a I e a II Guerras Mundiais, a mídia usava o termo assim: “A guerra produziu incapacitados”, “Os incapacitados agora exigem reabilitação física”.
Os incapacitados”. 
 O termo significava, de início, “indivíduos sem capacidade” e, mais tarde, evoluiu e passou a significar “indivíduos com capacidade residual”. Durante várias décadas, era comum o uso deste termo para designar pessoas com deficiência de qualquer idade. Uma variação foi o termo “os incapazes”, que significava “indivíduos que não são capazes” de fazer algumas coisas por causa da deficiência que tinham.
Foi um avanço a sociedade reconhecer que a pessoa com deficiência poderia ter capacidade residual, mesmo que reduzida.
Mas, ao mesmo tempo, considerava-se que a deficiência, qualquer que fosse o tipo, eliminava ou reduzia a capacidade da pessoa em todos os aspectos: físico, psicológico, social, profissional etc.
 De ± 1960 até ± 1980.
Crianças defeituosas na Grã-Bretanha tem educação especial” (Shopping News, 31/8/65).
No final da década de 50, foi fundada a Associação de Assistência à Criança Defeituosa – AACD (hoje denominada Associação de Assistência à Criança Deficiente).
Na década de 50 surgiram as primeiras unidades da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE.
 Os defeituosos”. 
O termo significava “indivíduos com deformidade” (principalmente física).“os deficientes”. Este termo significava “indivíduos com deficiência” física, intelectual, auditiva, visual ou múltipla, que os levava a executar as funções básicas de vida (andar, sentar-se, correr, escrever, tomar banho etc.) de uma forma diferente daquela como as pessoas sem deficiência faziam. E isto começou a ser aceito pela sociedade.“os excepcionais”. O termo significava “indivíduos com deficiência intelectual”.
A sociedade passou a utilizar estes três termos, que focalizam as deficiências em si sem reforçarem o que as pessoas não conseguiam fazer como a maioria.
Simultaneamente, difundia-se o movimento em defesa dos direitos das pessoas superdotadas (expressão substituída por “pessoas com altas habilidades” ou “pessoas com indícios de altas habilidades”). O movimento mostrou que o termo “os excepcionais” não poderia referir-se exclusivamente aos que tinham deficiência intelectual, pois as pessoas com superdotação também são excepcionais por estarem na outra ponta da curva da inteligência humana.
De 1981 até ± 1987. Por pressão das organizações de pessoas com deficiência, a ONU deu o nome de “Ano Internacional das Pessoas Deficientes” ao ano de 1981.
E o mundo achou difícil começar a dizer ou escrever “pessoas deficientes”. O impacto desta terminologia foi profundo e ajudou a melhorar a imagem destas pessoas.
Pessoas deficientes”. Pela primeira vez em todo o mundo, o substantivo “deficientes” (como em “os deficientes”) passou a ser utilizado como adjetivo, sendo-lhe acrescentado o substantivo “pessoas”.
A partir de 1981, nunca mais se utilizou a palavra “indivíduos” para se referir às pessoas com deficiência.
Foi atribuído o valor “pessoas” àqueles que tinham deficiência, igualando-os em direitos e dignidade à maioria dos membros de qualquer sociedade ou país.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou em 1980 a Classificação Internacional de Impedimentos, Deficiências e Incapacidades, mostrando que estas três dimensões existem simultaneamente em cada pessoa com deficiência.
De ± 1988 até ± 1993.
Alguns líderes de organizações de pessoas com deficiência contestaram o termo “pessoa deficiente” alegando que ele sinaliza que a pessoa inteira é deficiente, o que era inaceitável para eles.
Pessoas portadoras de deficiência”
 Termo que, utilizado somente em países de língua portuguesa, foi proposto para substituir o termo “pessoas deficientes”.
Pela lei do menor esforço, logo reduziram este termo para “portadores de deficiência”.
O “portar uma deficiência” passou a ser um valor agregado à pessoa. A deficiência passou a ser um detalhe da pessoa. O termo foi adotado nas Constituições federal e estaduais e em todas as leis e políticas pertinentes ao campo das deficiências. Conselhos, coordenadorias e associações passaram a incluir o termo em seus nomes oficiais.
 De ± 1990 até hoje.
 O art. 5° da Resolução CNE/CEB n° 2, de 11/9/01, explica que as necessidades especiais decorrem de três situações, uma das quais envolvendo dificuldades vinculadas a deficiências e dificuldades não-vinculadas a uma causa orgânica.
Pessoas com necessidades especiais”.
O termo surgiu primeiramente para substituir “deficiência” por “necessidades especiais”, daí a expressão “portadores de necessidades especiais”. Depois, esse termo passou a ter significado próprio sem substituir o nome “pessoas com deficiência”.
De início, “necessidades especiais” representava apenas um novo termo. Depois, com a vigência da Resolução n° 2, “necessidades especiais” passou a ser um valor agregado tanto à pessoa com deficiência quanto a outras pessoas.
Mesma época acima. Surgiram expressões como “crianças especiais”, “alunos especiais”, “pacientes especiais” e assim por diante numa tentativa de amenizar a contundência da palavra “deficientes”.
Pessoas especiais”. O termo apareceu como uma forma reduzida da expressão “pessoas com necessidades especiais”, constituindo um eufemismo dificilmente aceitável para designar um segmento populacional.
O adjetivo “especiais” permanece como uma simples palavra, sem agregar valor diferenciado às pessoas com deficiência. O “especial” não é qualificativo exclusivo das pessoas que têm deficiência, pois ele se aplica a qualquer pessoa.
Em junho de 1994. 
A Declaração de Salamanca preconiza a educação inclusiva para todos, tenham ou não uma deficiência.
Pessoas com deficiência” e pessoas sem deficiência, quando tiverem necessidades educacionais especiais e se encontrarem segregadas, têm o direito de fazer parte das escolas inclusivas e da sociedade inclusiva.
O valor agregado às pessoas é o de elas fazerem parte do grande segmento dos excluídos que, com o seu poder pessoal, exigem sua inclusão em todos os aspectos da vida da sociedade. Trata-se do empoderamento.
Em maio de 2002. 
Frei Betto escreveu no jornal O Estado de S.Paulo um artigo em que propõe o termo “portadores de direitos especiais” e a sigla PODE.
Alega o proponente que o substantivo “deficientes” e o adjetivo “deficientes” encerram o significado de falha ou imperfeição enquanto que a sigla PODE exprime capacidade.
O artigo, ou parte dele, foi reproduzido em revistas especializadas em assuntos de deficiência.

Portadores de direitos especiais”.  
 O termo e a sigla apresentam problemas que inviabilizam a sua adoção em substituição a qualquer outro termo para designar pessoas que têm deficiência. O termo “portadores” já vem sendo questionado por sua alusão a “carregadores”, pessoas que “portam” (levam) uma deficiência. O termo “direitos especiais” é contraditório porque as pessoas com deficiência exigem equiparação de direitos e não direitos especiais. E mesmo que defendessem direitos especiais, o nome “portadores de direitos especiais” não poderia ser exclusivo das pessoas com deficiência, pois qualquer outro grupo vulnerável pode reivindicar direitos especiais.
Não há valor a ser agregado com a adoção deste termo, por motivos expostos na coluna ao lado e nesta.
A sigla PODE, apesar de lembrar “capacidade”, apresenta problemas de uso:
1) Imaginem a mídia e outros autores escrevendo ou falando assim: “Os Podes de Osasco terão audiência com o Prefeito…”, “A Pode Maria de Souza manifestou-se a favor…”, “A sugestão de José Maurício, que é um Pode, pode ser aprovada hoje…
2) Pelas normas brasileiras de ortografia, a sigla PODE precisa ser grafada “Pode”.
Norma: Toda sigla com mais de 3 letras pronunciada como uma palavra deve ser grafada em caixa baixa com exceção da letra inicial.
De ± 1990 até hoje e além.
A década de 90 e a primeira década do século 21 e do Terceiro Milênio estão sendo marcadas por eventos mundiais, liderados por organizações de pessoas com deficiência.
A relação de documentos produzidos nesses eventos pode ser vista no final deste artigo.
Pessoas com deficiência” passa a ser o termo preferido por um número cada vez maior de adeptos, boa parte dos quais é constituída por pessoas com deficiência que, no maior evento (“Encontrão”) das organizações de pessoas com deficiência, realizado no Recife em 2000, conclamaram o público a adotar este termo. Elas esclareceram que não são “portadoras de deficiência” e que não querem ser chamadas com tal nome.
Os valores agregados às pessoas com deficiência são:
1) o do empoderamento [uso do poder pessoal para fazer escolhas, tomar decisões e assumir o controle da situação de cada um] e
2) o da responsabilidade de contribuir com seus talentos para mudar a sociedade rumo à inclusão de todas as pessoas, com ou sem deficiência.

Os movimentos mundiais de pessoas com deficiência, incluindo os do Brasil, estão debatendo o nome pelo qual elas desejam ser chamadas.

Mundialmente, já fecharam a questão: querem ser chamadas de “pessoas com deficiência” em todos os idiomas. E esse termo faz parte do texto da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, adotado pela ONU em 13/12/06 e a ser ratificado posteriormente através de lei nacional de todos os Países-Membros.

No Brasil, este tratado foi ratificado, com equivalência de emenda constitucional, através do Decreto Legislativo n. 186, de 9/7/08, do Congresso Nacional.

Eis os princípios básicos para os movimentos terem chegado ao nome “pessoas com deficiência”

Não esconder ou camuflar a deficiência;

Não aceitar o consolo da falsa ideia de que todo mundo tem deficiência;

Mostrar com dignidade a realidade da deficiência;

Valorizar as diferenças e necessidades decorrentes da deficiência;

Combater eufemismos (que tentam diluir as diferenças), tais como “pessoas com capacidades especiais”, “pessoas com eficiências diferentes”, “pessoas com habilidades diferenciadas”, “pessoas deficientes”, “pessoas especiais”, “é desnecessário discutir a questão das deficiências porque todos nós somos imperfeitos”, “não se preocupem, agiremos como avestruzes com a cabeça dentro da areia” (i.é, “aceitaremos vocês sem olhar para as suas deficiências”);

Defender a igualdade entre as pessoas com deficiência e as demais pessoas em termos de direitos e dignidade, o que exige a equiparação de oportunidades para pessoas com deficiência atendendo às diferenças individuais e necessidades especiais, que não devem ser ignoradas;

Identificar nas diferenças todos os direitos que lhes são pertinentes e a partir daí encontrar medidas específicas para o Estado e a sociedade diminuírem ou eliminarem as “restrições de participação” (dificuldades ou incapacidades causadas pelos ambientes humano e físico contra as pessoas com deficiência).

Vamos fazer então a nossa parte e passar a chamar corretamente as pessoas?

Referências:
 Azevedo, Mário Luiz Neves de. (2013). Igualdade e equidade: qual é a medida da justiça social?. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior (Campinas), 18(1), 129-150. https://dx.doi.org/10.1590/S1414-40772013000100008

Crochík, José, 2017, Preconceito e inclusão. Seer.ufrgs.br [online].2017 [Accessed 24 April  2017]. Available from: http://www.seer.ufrgs.br/index.php/webmosaica/article/view/22359

Educação, P. (2017). Como chamar as pessoas que têm deficiência? – Romeu Kazumi Sassaki | Planeta Educação. Planetaeducacao.com.br. Retrieved 25 April 2017, from: http://www.planetaeducacao.com.br/portal/artigo.asp?artigo=1855

Fonte – psico.online









2 comentários:

  1. Existe ainda uma certa relutância de como denominar uma pessoa com deficiência, ou criar um nome para se dar uma denominação correta ao deficiente; porque existe várias denominações como: portador de necessidades especiais, deficiente e outros; tudo isso porque se confunde as inúmeras patologias que se denomina que uma pessoa é um deficiente

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  2. Ainda bem que chegaram a um contexto de como deve ser denominado ao deficiente, porque havia inúmeras denominações umas boas e outras pejorativas que ofendiam estes como: aleijado e outras que faltavam com respeito ao deficiente tendo-os como escória da sociedade; tudo isto acontece por certos conceitos pré estabelecidos que tudo fora do "normal" e o "perfeito" é descartável infelizmente, é o mesmo que tampar o sol com a peneira; nossa sociedade mesmo sabendo que há "milhões de pessoas com deficiência" no mundo ainda não aprenderam a conviver com elas.

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