Como
chamar um deficiente?
Aprendendo
para incluir.
Deficiente
ou os deficientes, como
chamar uma pessoa que tem deficiência?
Pelo
nome.
Parece
pegadinha, mas não é.
Isso
é tão importante que esperamos que você leia e divulgue essa post
para o maior número de pessoas pois é assim que acabaremos com um
preconceito que só precisa de informação para ser resolvido.
Arthur
tem uma ou possui uma deficiência.
Ana
têm problemas auditivos.
Pedro
tem danos e problemas cognitivos.
Regina
tem Nanismo.
José
tem Síndrome de Down.
Laura
tem deficiência intelectual.
Paulo
possui uma deficiência visual de 50%.
Beltrano
é deficiente pois tem uma limitação física e por ai vai.
Todos
tem uma coisa em comum: são seres humanos.
O
deficiente é uma pessoas assim como
você ou eu, logo, nós deveríamos tratá-lo como
tal, mas não é o que acontece.
É
importante saber que eles sabem aquilo que têm e qual a deficiência
existente bem como suas limitações, e, em muitos casos, o maior
problema é você.
Meio
duro não?
Vamos
explicar.
O
deficiente é uma pessoa como
você ou eu.
Todos
temos necessidades específicas, alguns mais visíveis, outras mais
complexas e outras ainda mais simples.
O
ser humano não é um ser perfeito e é muito difícil, para não
dizer impossível, encontrar alguém que seja um modelo de perfeição
idealizada.
E
muitos casos essas pessoas só querem seu respeito e sua educação.
Desejam
ser tratadas pelo nome e ser reconhecidas por suas conquistas e seus
próprios méritos.
Na
faculdade de psicologia, temos uma matéria: psicologia para pessoas
com necessidades especiais (tem outros nomes que variam de grade para
grade para estudar o deficiente) e é bem claro quando nos
aprofundamos no tema.
Essas
pessoas, que estudamos um pouquinho das suas limitações, têm
necessidades especiais devido a algum motivador físico, intelectual,
sensorial, mental ou múltiplos mas também têm um limitador social
onde todos nós somos parte desse problema.
O
deficiente precisa também de respeito.
Alguns
estão muito bem obrigado com seu corpo, suas “limitações”, mas
estão cansados de lidar com pessoas que não tem a educação
inclusiva necessária pois não aprenderam e relutam em entender
aquilo que desconhecem, ou mal sabem como é a vida do deficiente.
Olha
esta imagem:

Quando
você ou eu separamos essa pessoa estamos segregando e logo
aumentando o destaque sobre um determinado assunto.
Quando
simplesmente colocamos a pessoa no nosso meio, mas ainda assim as
tratamos de um jeito diferente, integramos, mas não incluímos e
quando, ignoramos, estamos excluindo-os.
Incluir
é entender que embora as pessoas tenham necessidades especiais
devido a sua limitação elas, na maioria das vezes, tem capacidade
como qualquer pessoa, em maior ou menor gradação.
As
palavras machucam.
O
jeito de tratar diferente, dói.
Vamos
fazer um exercício?
Por
um instante feche os olhos e pense em algo que outra pessoa apontou
de você por uma limitação e que você se incomodou e se sentiu
mal.
Nesse
exercício você experimenta um sentimento pequeno, mas incomodo.
Agora
extrapole: como você se sentiria, se outra pessoa te tratasse
diferente por isso?
Pense,
neste momento se você fosse um deficiente.
Entendeu
agora?
Quando
você mira em outra coisa que não é a qualidade que alguém tem e
aponta ou destaca isso você está sendo inconveniente e tratando o
indivíduo deficiente com grosseria.
Parte
do processo de inclusão é acabar com o preconceito e com os termos
pejorativos.
Vamos
entender os motivadores e a história do termo deficiente pelo tempo?
ÉPOCA
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TERMOS
E SIGNIFICADOS
|
VALOR
DA PESSOA
|
No
começo da história, durante séculos.
Romances, nomes de instituições, leis, mídia e outros meios
mencionavam “os inválidos”.
Exemplos:
“A reabilitação profissional visa a proporcionar aos
beneficiários inválidos…” (Decreto federal nº 60.501, de
14/3/67, dando nova redação ao Decreto nº 48.959-A, de
19/9/60).
|
“Os
inválidos”.
O termo significava “indivíduos
sem valor”.
Em pleno século 20, ainda se utilizava este termo, embora já sem
nenhum sentido pejorativo.
Outro
exemplo:
“Inválidos
insatisfeitos com lei relativa aos ambulantes” (Diário
Popular,
21/4/76).
|
Aquele
que tinha deficiência era tido como socialmente inútil, um peso
morto para a sociedade, um fardo para a família, alguém sem
valor profissional.
Outros
exemplos:
“Servidor
inválido pode voltar” (Folha
de S. Paulo,
20/7/82).
“Os cegos e o inválido” (IstoÉ, 7/7/99). |
Século
20 até ± 1960.
“Derivativo para incapacitados” (Shopping News, Coluna Radioamadorismo, 1973).
“Escolas
para crianças incapazes” (Shopping
News,
13/12/64).
Após
a I e a II Guerras Mundiais, a mídia usava o termo assim: “A
guerra produziu incapacitados”, “Os incapacitados agora exigem
reabilitação física”.
|
“Os
incapacitados”.
O termo significava, de início, “indivíduos
sem capacidade”
e, mais tarde, evoluiu e passou a significar “indivíduos
com capacidade residual”.
Durante várias décadas, era comum o uso deste termo para
designar pessoas com deficiência de qualquer idade. Uma variação
foi o termo
“os incapazes”,
que significava “indivíduos
que não são capazes”
de fazer algumas coisas por causa da deficiência que tinham.
|
Foi
um avanço a sociedade reconhecer que a pessoa com deficiência
poderia ter capacidade residual, mesmo que reduzida.
Mas,
ao mesmo tempo, considerava-se que a deficiência, qualquer que
fosse o tipo, eliminava ou reduzia a capacidade da pessoa em todos
os aspectos: físico, psicológico, social, profissional etc.
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De
± 1960 até ± 1980.
“Crianças
defeituosas na Grã-Bretanha tem educação especial” (Shopping
News,
31/8/65).
No
final da década de 50, foi fundada a Associação de Assistência
à Criança Defeituosa – AACD (hoje denominada Associação
de Assistência à Criança Deficiente).
Na
década de 50 surgiram as primeiras unidades da Associação de
Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE.
|
“Os
defeituosos”.
O termo significava “indivíduos
com deformidade”
(principalmente física).“os
deficientes”.
Este termo significava “indivíduos
com deficiência”
física, intelectual, auditiva, visual ou múltipla, que os levava
a executar as funções básicas de vida (andar, sentar-se,
correr, escrever, tomar banho etc.) de uma forma diferente daquela
como as pessoas sem deficiência faziam. E isto começou a ser
aceito pela sociedade.“os
excepcionais”.
O termo significava “indivíduos
com deficiência intelectual”.
|
A
sociedade passou a utilizar estes três termos, que focalizam as
deficiências em si sem reforçarem o que as pessoas não
conseguiam fazer como a maioria.
Simultaneamente, difundia-se o movimento em defesa dos direitos das pessoas superdotadas (expressão substituída por “pessoas com altas habilidades” ou “pessoas com indícios de altas habilidades”). O movimento mostrou que o termo “os excepcionais” não poderia referir-se exclusivamente aos que tinham deficiência intelectual, pois as pessoas com superdotação também são excepcionais por estarem na outra ponta da curva da inteligência humana. |
De
1981 até ± 1987.
Por pressão das organizações de pessoas com deficiência, a ONU
deu o nome de “Ano Internacional das Pessoas
Deficientes” ao ano de 1981.
E
o mundo achou difícil começar a dizer ou escrever “pessoas
deficientes”. O impacto desta terminologia foi profundo e ajudou
a melhorar a imagem destas pessoas.
|
“Pessoas deficientes”.
Pela primeira vez em todo o mundo, o substantivo “deficientes”
(como em “os deficientes”) passou a ser utilizado como
adjetivo, sendo-lhe acrescentado o substantivo “pessoas”.
A
partir de 1981, nunca mais se utilizou a palavra
“indivíduos” para se referir às pessoas com deficiência.
|
Foi
atribuído o valor “pessoas” àqueles que tinham deficiência,
igualando-os em direitos e dignidade à maioria dos membros de
qualquer sociedade ou país.
A
Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou em 1980 a
Classificação
Internacional de Impedimentos,
Deficiências
e Incapacidades,
mostrando que estas três dimensões existem simultaneamente em
cada pessoa com deficiência.
|
De
± 1988 até ± 1993.
Alguns
líderes de organizações de pessoas com deficiência contestaram
o termo “pessoa deficiente” alegando que ele sinaliza que a
pessoa inteira é deficiente, o que era inaceitável para eles.
|
“Pessoas
portadoras de deficiência”.
Termo que, utilizado somente em países de língua portuguesa, foi
proposto para substituir o termo “pessoas deficientes”.
Pela
lei do menor esforço, logo reduziram este termo para “portadores
de deficiência”.
|
O
“portar uma deficiência” passou a ser um valor agregado à
pessoa. A deficiência passou a ser um detalhe da pessoa. O termo
foi adotado nas Constituições federal e estaduais e em todas as
leis e políticas pertinentes ao campo das deficiências.
Conselhos, coordenadorias e associações passaram a incluir o
termo em seus nomes oficiais.
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De
± 1990 até hoje.
O art. 5° da Resolução CNE/CEB n° 2, de 11/9/01, explica que
as necessidades especiais decorrem de três situações, uma das
quais envolvendo dificuldades vinculadas a deficiências e
dificuldades não-vinculadas a uma causa orgânica.
|
“Pessoas
com necessidades especiais”.
O termo surgiu primeiramente para substituir “deficiência”
por “necessidades especiais”, daí a expressão “portadores
de necessidades especiais”.
Depois, esse termo passou a ter significado próprio sem
substituir o nome “pessoas com deficiência”.
|
De
início, “necessidades especiais” representava apenas um novo
termo. Depois, com a vigência da Resolução n° 2, “necessidades
especiais” passou a ser um valor agregado tanto à pessoa com
deficiência quanto a outras pessoas.
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Mesma
época acima.
Surgiram expressões como “crianças especiais”, “alunos
especiais”, “pacientes especiais” e assim por diante numa
tentativa de amenizar a contundência da palavra “deficientes”.
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“Pessoas
especiais”. O
termo apareceu como uma forma reduzida da expressão “pessoas
com necessidades especiais”, constituindo um eufemismo
dificilmente aceitável para designar um segmento populacional.
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O
adjetivo “especiais” permanece como uma simples palavra, sem
agregar valor diferenciado às pessoas com deficiência. O
“especial” não é qualificativo exclusivo das pessoas que têm
deficiência, pois ele se aplica a qualquer pessoa.
|
Em
junho de 1994.
A Declaração de Salamanca preconiza a educação inclusiva para
todos, tenham ou não uma deficiência.
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“Pessoas
com deficiência”
e pessoas sem deficiência, quando tiverem necessidades
educacionais especiais e se encontrarem segregadas, têm o direito
de fazer parte das escolas inclusivas e da sociedade inclusiva.
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O
valor agregado às pessoas é o de elas fazerem parte do grande
segmento dos excluídos que, com o seu poder pessoal, exigem sua
inclusão em todos os aspectos da vida da sociedade. Trata-se do
empoderamento.
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Em
maio de 2002.
Frei Betto escreveu no jornal O
Estado de S.Paulo
um artigo em que propõe o termo “portadores de direitos
especiais” e a sigla PODE.
Alega o proponente que o substantivo “deficientes” e o adjetivo “deficientes” encerram o significado de falha ou imperfeição enquanto que a sigla PODE exprime capacidade.
O
artigo, ou parte dele, foi reproduzido em revistas especializadas
em assuntos de deficiência.
|
“Portadores
de direitos especiais”.
O
termo e a sigla apresentam problemas que inviabilizam a sua adoção
em substituição a qualquer outro termo para designar pessoas que
têm deficiência. O termo “portadores” já vem sendo
questionado por sua alusão a “carregadores”, pessoas que
“portam” (levam) uma deficiência. O termo “direitos
especiais” é contraditório porque as pessoas com deficiência
exigem equiparação de direitos e não direitos especiais. E
mesmo que defendessem direitos especiais, o nome “portadores de
direitos especiais” não poderia ser exclusivo das pessoas com
deficiência, pois qualquer outro grupo vulnerável pode
reivindicar direitos especiais.
|
Não
há valor a ser agregado com a adoção deste termo, por motivos
expostos na coluna ao lado e nesta.
A
sigla PODE, apesar de lembrar “capacidade”, apresenta
problemas de uso:
1)
Imaginem a mídia e outros autores escrevendo ou falando assim:
“Os
Podes de Osasco terão audiência com o Prefeito…”,
“A
Pode Maria de Souza manifestou-se a favor…”,
“A
sugestão de José Maurício, que é um Pode, pode ser aprovada
hoje…”
2)
Pelas normas brasileiras de ortografia, a sigla PODE precisa ser
grafada “Pode”.
Norma: Toda sigla com mais de 3 letras pronunciada como uma palavra deve ser grafada em caixa baixa com exceção da letra inicial. |
De
± 1990 até hoje e além.
A
década de 90 e a primeira década do século 21 e do Terceiro
Milênio estão sendo marcadas por eventos mundiais, liderados por
organizações de pessoas com deficiência.
A
relação de documentos produzidos nesses eventos pode ser vista
no final deste artigo.
|
“Pessoas
com deficiência”
passa a ser o termo preferido por um número cada vez maior de
adeptos, boa parte dos quais é constituída por pessoas com
deficiência que, no maior evento (“Encontrão”) das
organizações de pessoas com deficiência, realizado no Recife em
2000, conclamaram o público a adotar este termo. Elas
esclareceram que não são “portadoras de deficiência” e que
não querem ser chamadas com tal nome.
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Os
valores agregados às pessoas com deficiência são:
1)
o do empoderamento [uso do poder pessoal para fazer escolhas,
tomar decisões e assumir o controle da situação de cada um] e
2)
o da responsabilidade de contribuir com seus talentos para mudar a
sociedade rumo à inclusão de todas as pessoas, com ou sem
deficiência.
|
Os
movimentos mundiais de pessoas com deficiência, incluindo os do
Brasil, estão debatendo o nome pelo qual elas desejam ser chamadas.
Mundialmente,
já fecharam a questão: querem ser chamadas de “pessoas com
deficiência” em todos os idiomas. E esse termo faz parte do texto
da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência,
adotado pela ONU em 13/12/06 e a ser ratificado posteriormente
através de lei nacional de todos os Países-Membros.
No
Brasil, este tratado foi ratificado, com equivalência de emenda
constitucional, através do Decreto Legislativo n. 186, de 9/7/08, do
Congresso Nacional.
Eis
os princípios básicos para os movimentos terem chegado ao nome
“pessoas com deficiência”
Não
esconder ou camuflar a deficiência;
Não
aceitar o consolo da falsa ideia de que todo mundo tem deficiência;
Mostrar
com dignidade a realidade da deficiência;
Valorizar
as diferenças e necessidades decorrentes da deficiência;
Combater
eufemismos (que tentam diluir as diferenças), tais como “pessoas
com capacidades especiais”, “pessoas com eficiências
diferentes”, “pessoas com habilidades diferenciadas”, “pessoas
deficientes”, “pessoas especiais”, “é desnecessário
discutir a questão das deficiências porque todos nós somos
imperfeitos”, “não se preocupem, agiremos como avestruzes com a
cabeça dentro da areia” (i.é, “aceitaremos vocês sem olhar
para as suas deficiências”);
Defender
a igualdade entre as pessoas com deficiência e as demais pessoas em
termos de direitos e dignidade, o que exige a equiparação de
oportunidades para pessoas com deficiência atendendo às diferenças
individuais e necessidades especiais, que não devem ser ignoradas;
Identificar
nas diferenças todos os direitos que lhes são pertinentes e a
partir daí encontrar medidas específicas para o Estado e a
sociedade diminuírem ou eliminarem as “restrições de
participação” (dificuldades ou incapacidades causadas pelos
ambientes humano e físico contra as pessoas com deficiência).
Vamos
fazer então a nossa parte e passar a chamar corretamente as pessoas?
Referências:
Azevedo,
Mário Luiz Neves de. (2013). Igualdade e equidade: qual é a medida
da justiça social?. Avaliação:
Revista da Avaliação da Educação Superior (Campinas),
18(1),
129-150. https://dx.doi.org/10.1590/S1414-40772013000100008
Crochík,
José, 2017, Preconceito e inclusão. Seer.ufrgs.br
[online].2017 [Accessed 24 April 2017]. Available from:
http://www.seer.ufrgs.br/index.php/webmosaica/article/view/22359
Educação,
P. (2017). Como chamar as pessoas que têm deficiência? – Romeu
Kazumi Sassaki | Planeta Educação. Planetaeducacao.com.br.
Retrieved 25 April 2017, from:
http://www.planetaeducacao.com.br/portal/artigo.asp?artigo=1855
Fonte
– psico.online
Existe ainda uma certa relutância de como denominar uma pessoa com deficiência, ou criar um nome para se dar uma denominação correta ao deficiente; porque existe várias denominações como: portador de necessidades especiais, deficiente e outros; tudo isso porque se confunde as inúmeras patologias que se denomina que uma pessoa é um deficiente
ResponderExcluirAinda bem que chegaram a um contexto de como deve ser denominado ao deficiente, porque havia inúmeras denominações umas boas e outras pejorativas que ofendiam estes como: aleijado e outras que faltavam com respeito ao deficiente tendo-os como escória da sociedade; tudo isto acontece por certos conceitos pré estabelecidos que tudo fora do "normal" e o "perfeito" é descartável infelizmente, é o mesmo que tampar o sol com a peneira; nossa sociedade mesmo sabendo que há "milhões de pessoas com deficiência" no mundo ainda não aprenderam a conviver com elas.
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