Tudo
que você quis saber sobre cadeirantes, mas tinha medo de perguntar!
Existem
certas perguntinhas que todo cadeirante ou seu parceiro costumam
ouvir frequentemente.
Achei
que seria interessante e talvez até divertido, além de
esclarecedor, listar algumas delas aqui, com suas devidas respostas.
Vamos
lá!
A
cadeira do seu namorado é motorizada?
Essa
é uma das primeiras perguntas que escuto quando digo que meu
namorado é cadeirante.
Acho
que eu mesma pensava que cadeiras motorizadas deveriam ser as
melhores e mais práticas.
O
uso dessas cadeiras é indicado para alguns casos e para outros não;
mas não impede que paraplégicos e tetraplégicos façam uso dela.
Ele
é independente?
Importante
aqui é definirmos o conceito de independência.
Muitos
cadeirantes precisam de ajuda para algumas tarefas do dia a dia, mas
isso não significa que eles não sejam independentes.
Ser
independente é ter personalidade e vontade própria.
A
pessoa pode até precisar de ajuda para resolver uma ou outra tarefa,
mas se é ela que toma as decisões sobre sua vida, sim, elaé
independente.
Da
mesma forma, conhecemos uma porção de pessoas que andam e não
conseguem comprar pão na esquina sozinhas.
Essas
são muito mais dependentes do que a maioria dos cadeirantes.
Ele
dirige?
Sim,
e muitos cadeirantes podem dirigir.
Depende
do tipo de deficiência que a pessoa possui.
Quando
ela tem mobilidade suficiente para isso, basta que o carro seja
adaptado.
Ao
invés de usar os pedais para freio, aceleração e embreagem, é
tudo feito com as mãos.
Aliás,
ironicamente, é mais fácil um cadeirante dirigir no Rio do que
pegar um ônibus…
Cadeirantes
costumam sair?
Entendam,
cadeirante não é sinônimo de eremita.
Pessoas
com deficiência saem, se divertem, vivem.
Poderiam
até sair mais, se os espaços urbanos e estabelecimentos, sem falar
dos transportes públicos, fossem adaptados.
Aliás,
um dos objetivos do nosso blog é incentivar pessoas com deficiência
a saírem de suas casas.
Botarem
suas caras na rua e, quando encontrarem algum espaço que privilegia
a acessibilidade, divulgarem-no.
Os
cadeirantes dançam?
Bom,
eu acho que isso depende do gosto de cada um.
Tem
muita gente, cadeirante ou não, que não gosta de dançar, não é
mesmo?
Mas
se a pessoa gosta, sim, ela dança.
Qual
é o problema?
Existem
até grupos de dança de cadeirantes.
Veja
algumas fotos:
Seu
namorado cadeirante trabalha?
Sim,
ele trabalha.
Ele
e mais um monte de outros cadeirantes.
Aliás,
não vejo porque o fato de ele não conseguir andar possa fazer dele
uma pessoa incapaz de trabalhar.
Acredito
que teríamos muito mais pessoas com deficiência trabalhando se os
preconceitos em relação a elas diminuíssem e se a acessibilidade
dos transportes e empresas melhorasse.
Mas
aguardem que em breve escreveremos sobre esse tema com mais detalhes.
Como
os cadeirantes fazem para viajar de avião?
Cada
vez mais reclamamos dos espaços apertados nos aviões comerciais.
Aquele
corredorzinho mínimo, que te obriga a ficar na poltrona caso a
aeromoça esteja passando com o carrinho de bebidas e comidas.
Imagina então uma cadeira de rodas transitando por ali.
Pois
é, não dá.
O
que o cadeirante faz, então?
Bem,
ele chega até o avião, normalmente na sua cadeirinha de estimação,
e torce para que o embarque seja feito por finger (aquele túnel que
liga o terminal ao avião) ou exista um elevador para levá-lo do
solo até a entrada do avião.
Às
vezes não há nenhum dos dois e ele tem que ser carregado.
Uma
vez lá dentro, passa para a cadeira de bordo, que é mais estreita e
cabe no corredor.
Caso,
precise ir ao banheiro, precisa pedir a cadeira de bordo ao
comissariado.
Sim,
em viagens longas é bem chatinho…
E
como eles sobem escadas?
Sozinhos
eles não sobem, precisam ser carregados.
Já
existem algumas cadeiras especiais que sobem e descem escadas, mas
ainda são muito caras às vezes pouco práticas.
Além
disso, convenhamos que cadeira de rodas e escada não combinam, né?
Há
grande risco de acidentes e por isso fazemos campanhas por mais e
mais elevadores e rampas!
Por
último, não poderíamos deixar de fora a pergunta que todos
gostariam de fazer, mas poucos têm coragem de perguntar (confesso
que nem tão poucos assim.
Já
ouvi essa pergunta de tanta gente com a qual não tinha a menor
intimidade.
Vocês
nem imaginam!):
Cadeirantes
fazem sexo?
SIM!
Cadeirantes
são pessoas com hormônios e necessidades iguais a quaisquer outras.
Fazem
sexo, sim senhor!
Só
não vamos entrar em maiores detalhes porque somos pessoas discretas.
E
você?
Tem
alguma outra pergunta que escuta com frequência?
Fonte
– blog mão na roda por Bianca Marotta
Desabafos.
Vemos
constantemente falarem em superação, heróis, heroínas e outros
adjetivos para classificarem deficientes vencedores.
Não
poucas vezes muitos afirmam que têm uma vida ativa e que fazem tudo
como antes.
Que
única diferença é a cadeira de rodas.
Sejamos
claros. Isso nunca poderá ser assim…
Como
é que uma pessoa sentada numa cadeira de rodas pode fazer tudo e não
ter limites?
Eu
convivo com paraplégicos e sei que por mais que tenham força de
vontade e sejam independentes, barreiras e limites existirão sempre.
Tetraplégicos,
pior situação estão ainda.
Eu
quando criei o TETRAPLÉGICOS, foi com a intenção de mesmo sem
saber bem como, devido minhas limitações, dar a conhecer um pouco
melhor a realidade de uma pessoa dependente.
DEPENDENTES
em quase tudo, é isso que somos.
Como
é que uma pessoa que até para se deslocar de lugar, muitas vezes
necessita que lhe empurrem a cadeira de rodas, pode afirmar que faz
tudo como uma pessoa não dependente?
Também
é muito importante separar tetraplégicos que estão dependentes de
seus familiares, apoio domiciliário, vizinhos e favores de outros,
daqueles que têm condições de contrataram auxiliares (cuidadores)
para os acompanharem 24 horas por dia e apoiarem-nos em tudo, e que
têm todo o equipamento necessário para terem uma vida mais
facilitada.
Assim
mesmo, com dificuldades, vencer é bem mais fácil.
Deixemos as demagogias.
Eu
por exemplo jamais serei um vencedor aos olhos da maioria.
Pois
como minhas/meus queridas/os amigas/os desabafam abaixo, meus tempos
em geral podem não ser os dos outros, e como muito bem escreve a
Andrea, até para ir ao supermercado é preciso mobilizar a família
toda.
Agradeço
a estas/es amigas/os escreverem sem receio estes desabafos.
Isto
sim é nossa realidade.
Para
que esconder?
Estes
relatos ajudam-nos a fortalecerem-nos e a verificar que afinal todos
somos limitados e também sofremos as mesmas angústias.
Uma
amiga ontem dizia-me, por telefone, que achava que era fraca, que era
a maior inútil, que estava assim por não lutar o suficiente, etc.
Mas
que agora ficavam mais tranquila, pois afinal outros também têm
mesmas dificuldades que ela, e não são como os que afirmam que
fazem tudo como antes.
Superação?
Superar´nos?
Superamos
todos, pois cada um à sua maneira é um vencedor.
E
desabafar não é ser fraca/o ou se querer vitimar.
Longe
disso.
É
sim, relatar fatos e partilha-los.
Fonte
– Nós tetraplégicos – Desabafo por Manuela Ralha(paraplégica)
Comentário
A
postagem acima esclarece a curiosidade das pessoas em relação ao
cadeirante ou outros deficientes.
Podemos
ver que os cadeirantes são pessoas normais e inteligentes, sim
existe algumas exceções; são apenas pessoas com dificuldades de se
locomoverem.
O
cadeirante gosta de estudar, trabalhar, se divertir, viajar e outras
atividades.
As
pessoas devem nos olhar como pessoas normais e não como doentes ou
dementes dando-nos a chance de nos expressar e expor nossas ideias.
No
trabalho ou qualquer outra atividades mostrar nossa inteligência e
capacidade funcional.
Enfim,
deixar as dúvidas de lado, o preconceito e nos dar a oportunidade de
mostrar do que somos capazes e funcionais em qualquer atividades;
antes criticar é preciso conhecer primeiro.
Porque se as pessoas nos conhecerem melhor verão que somos muito legais e amigos.
Um
abraço a todos!
Muitas pessoas tem medo, vergonha e receio de indagar certas questões com um cadeirante, as pessoas primeiramente tem que nos vê como uma pessoa apenas com dificuldades de se locomover e perguntar normalmente sobre qualquer assunto sobre a nossa vida como cadeirante; eu particularmente respondo com prazer qualquer assunto sem vergonha nenhuma e além do mais acho tudo normal.
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