Acreditar em si mesmo

Acreditar em si mesmo

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

O que você quer saber mas tem medo de perguntar!




Tudo que você quis saber sobre cadeirantes, mas tinha medo de perguntar!

 

Existem certas perguntinhas que todo cadeirante ou seu parceiro costumam ouvir frequentemente.

Achei que seria interessante e talvez até divertido, além de esclarecedor, listar algumas delas aqui, com suas devidas respostas.

Vamos lá!

A cadeira do seu namorado é motorizada?

Essa é uma das primeiras perguntas que escuto quando digo que meu namorado é cadeirante.

Acho que eu mesma pensava que cadeiras motorizadas deveriam ser as melhores e mais práticas.

O uso dessas cadeiras é indicado para alguns casos e para outros não; mas não impede que paraplégicos e tetraplégicos façam uso dela.

Ele é independente?

Importante aqui é definirmos o conceito de independência.

Muitos cadeirantes precisam de ajuda para algumas tarefas do dia a dia, mas isso não significa que eles não sejam independentes.

Ser independente é ter personalidade e vontade própria.

A pessoa pode até precisar de ajuda para resolver uma ou outra tarefa, mas se é ela que toma as decisões sobre sua vida, sim, elaé independente.

Da mesma forma, conhecemos uma porção de pessoas que andam e não conseguem comprar pão na esquina sozinhas.

Essas são muito mais dependentes do que a maioria dos cadeirantes.

Ele dirige?

Sim, e muitos cadeirantes podem dirigir.

Depende do tipo de deficiência que a pessoa possui.

Quando ela tem mobilidade suficiente para isso, basta que o carro seja adaptado.

Ao invés de usar os pedais para freio, aceleração e embreagem, é tudo feito com as mãos.

Aliás, ironicamente, é mais fácil um cadeirante dirigir no Rio do que pegar um ônibus…

Cadeirantes costumam sair?

Entendam, cadeirante não é sinônimo de eremita.

Pessoas com deficiência saem, se divertem, vivem.

Poderiam até sair mais, se os espaços urbanos e estabelecimentos, sem falar dos transportes públicos, fossem adaptados.

Aliás, um dos objetivos do nosso blog é incentivar pessoas com deficiência a saírem de suas casas.

Botarem suas caras na rua e, quando encontrarem algum espaço que privilegia a acessibilidade, divulgarem-no.

Os cadeirantes dançam?

Bom, eu acho que isso depende do gosto de cada um.

Tem muita gente, cadeirante ou não, que não gosta de dançar, não é mesmo?

Mas se a pessoa gosta, sim, ela dança.

Qual é o problema?

Existem até grupos de dança de cadeirantes.


Veja algumas fotos:


Seu namorado cadeirante trabalha?

Sim, ele trabalha.

Ele e mais um monte de outros cadeirantes.

Aliás, não vejo porque o fato de ele não conseguir andar possa fazer dele uma pessoa incapaz de trabalhar.

Acredito que teríamos muito mais pessoas com deficiência trabalhando se os preconceitos em relação a elas diminuíssem e se a acessibilidade dos transportes e empresas melhorasse.

Mas aguardem que em breve escreveremos sobre esse tema com mais detalhes.

Como os cadeirantes fazem para viajar de avião?

Cada vez mais reclamamos dos espaços apertados nos aviões comerciais.

Aquele corredorzinho mínimo, que te obriga a ficar na poltrona caso a aeromoça esteja passando com o carrinho de bebidas e comidas.

Imagina então uma cadeira de rodas transitando por ali.

Pois é, não dá.

O que o cadeirante faz, então?

Bem, ele chega até o avião, normalmente na sua cadeirinha de estimação, e torce para que o embarque seja feito por finger (aquele túnel que liga o terminal ao avião) ou exista um elevador para levá-lo do solo até a entrada do avião.

Às vezes não há nenhum dos dois e ele tem que ser carregado.

Uma vez lá dentro, passa para a cadeira de bordo, que é mais estreita e cabe no corredor.

Caso, precise ir ao banheiro, precisa pedir a cadeira de bordo ao comissariado.

Sim, em viagens longas é bem chatinho…

E como eles sobem escadas?

Sozinhos eles não sobem, precisam ser carregados.

Já existem algumas cadeiras especiais que sobem e descem escadas, mas ainda são muito caras às vezes pouco práticas.

Além disso, convenhamos que cadeira de rodas e escada não combinam, né?

Há grande risco de acidentes e por isso fazemos campanhas por mais e mais elevadores e rampas!

Por último, não poderíamos deixar de fora a pergunta que todos gostariam de fazer, mas poucos têm coragem de perguntar (confesso que nem tão poucos assim.

Já ouvi essa pergunta de tanta gente com a qual não tinha a menor intimidade.

Vocês nem imaginam!):

Cadeirantes fazem sexo?

SIM!

Cadeirantes são pessoas com hormônios e necessidades iguais a quaisquer outras.

Fazem sexo, sim senhor!

Só não vamos entrar em maiores detalhes porque somos pessoas discretas.

E você?

Tem alguma outra pergunta que escuta com frequência?



Fonte – blog mão na roda por Bianca Marotta





Desabafos.



Vemos constantemente falarem em superação, heróis, heroínas e outros adjetivos para classificarem deficientes vencedores.

Não poucas vezes muitos afirmam que têm uma vida ativa e que fazem tudo como antes.

Que única diferença é a cadeira de rodas.

Sejamos claros. Isso nunca poderá ser assim…

Como é que uma pessoa sentada numa cadeira de rodas pode fazer tudo e não ter limites?

Eu convivo com paraplégicos e sei que por mais que tenham força de vontade e sejam independentes, barreiras e limites existirão sempre.

Tetraplégicos, pior situação estão ainda.

Eu quando criei o TETRAPLÉGICOS, foi com a intenção de mesmo sem saber bem como, devido minhas limitações, dar a conhecer um pouco melhor a realidade de uma pessoa dependente.

DEPENDENTES em quase tudo, é isso que somos.

Como é que uma pessoa que até para se deslocar de lugar, muitas vezes necessita que lhe empurrem a cadeira de rodas, pode afirmar que faz tudo como uma pessoa não dependente?

Também é muito importante separar tetraplégicos que estão dependentes de seus familiares, apoio domiciliário, vizinhos e favores de outros, daqueles que têm condições de contrataram auxiliares (cuidadores) para os acompanharem 24 horas por dia e apoiarem-nos em tudo, e que têm todo o equipamento necessário para terem uma vida mais facilitada.

Assim mesmo, com dificuldades, vencer é bem mais fácil.

Deixemos as demagogias.

Eu por exemplo jamais serei um vencedor aos olhos da maioria.

Pois como minhas/meus queridas/os amigas/os desabafam abaixo, meus tempos em geral podem não ser os dos outros, e como muito bem escreve a Andrea, até para ir ao supermercado é preciso mobilizar a família toda.

Agradeço a estas/es amigas/os escreverem sem receio estes desabafos.

Isto sim é nossa realidade.

Para que esconder?

Estes relatos ajudam-nos a fortalecerem-nos e a verificar que afinal todos somos limitados e também sofremos as mesmas angústias.

Uma amiga ontem dizia-me, por telefone, que achava que era fraca, que era a maior inútil, que estava assim por não lutar o suficiente, etc.

Mas que agora ficavam mais tranquila, pois afinal outros também têm mesmas dificuldades que ela, e não são como os que afirmam que fazem tudo como antes.

Superação?

Superar´nos?

Superamos todos, pois cada um à sua maneira é um vencedor.

E desabafar não é ser fraca/o ou se querer vitimar.

Longe disso.

É sim, relatar fatos e partilha-los.



Fonte – Nós tetraplégicos – Desabafo por Manuela Ralha(paraplégica)



Comentário

A postagem acima esclarece a curiosidade das pessoas em relação ao cadeirante ou outros deficientes.

Podemos ver que os cadeirantes são pessoas normais e inteligentes, sim existe algumas exceções; são apenas pessoas com dificuldades de se locomoverem.

O cadeirante gosta de estudar, trabalhar, se divertir, viajar e outras atividades.

As pessoas devem nos olhar como pessoas normais e não como doentes ou dementes dando-nos a chance de nos expressar e expor nossas ideias.

No trabalho ou qualquer outra atividades mostrar nossa inteligência e capacidade funcional.

Enfim, deixar as dúvidas de lado, o preconceito e nos dar a oportunidade de mostrar do que somos capazes e funcionais em qualquer atividades; antes criticar é preciso conhecer primeiro.

Porque se as pessoas nos conhecerem melhor verão que somos muito legais e amigos.


Um abraço a todos!











Um comentário:

  1. Muitas pessoas tem medo, vergonha e receio de indagar certas questões com um cadeirante, as pessoas primeiramente tem que nos vê como uma pessoa apenas com dificuldades de se locomover e perguntar normalmente sobre qualquer assunto sobre a nossa vida como cadeirante; eu particularmente respondo com prazer qualquer assunto sem vergonha nenhuma e além do mais acho tudo normal.

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