Acreditar em si mesmo

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sábado, 6 de maio de 2017

Os desafios de uma mãe cadeirante.

Divulgação



Os desafios de uma mãe cadeirante.


Um acidente automobilístico mudou para sempre a vida de Elaine.

Mas ela escolheu o caminho da superação: se tornou uma grande atleta e também encarou com garra a maternidade.

Confira a sua história!

Por Luísa Massa



Elaine Cunha, 33 anos, é velejadora paraolímpica e mãe da Aline, de 1 ano e 7 meses.

Aqui, ela conta os desafios que enfrentou ao ser tornar uma mãe cadeirante.

Veja!

Eu era uma mulher jovem de 25 anos, funcionária pública, uma pessoa com personalidade forte e independente.

Eu ia para onde queria, resolvia o que precisava, gostava de sair e de dançar, enfim, era alguém que amava ser livre.

Mas em abril de 2007, a vida me surpreendeu.

Eu sofri um acidente automobilístico, que me deixou paraplégica e usuária de cadeiras de rodas.

Receber o diagnóstico foi desesperador.

Pensei que seria o fim de muitos sonhos, inclusive o de ter um relacionamento e filhos futuramente.

Também fiquei preocupada com o preconceito que enfrentaria e me sentia presa.

Eu estava em um mundo desconhecido, cheio de questionamentos e inseguranças.

Eu não havia perdido “apenas” os movimentos das pernas, tinha perdido minha liberdade, independência, o ritmo de vida que estava acostumada.

Felizmente, eu não me entreguei à depressão e resolvi lutar, enfrentar a vida e todos os meus medos.

Fui para a reabilitação, conheci outras pessoas que estavam em situações semelhantes a minha e aprendi muito com elas.

Me fortaleci fisicamente e emocionalmente, conquistei mais independência e confiança.

Também venci vários medos, superei limites que eu julgava impossíveis.

Foi lá que eu aprendi a nadar sem poder bater as pernas – isso me estimulou a buscar novos desafios e superações.

Logo mais, ingressei no mundo dos esportes.

Primeiramente, na equipe de Remo Adaptado na USP – no qual fiquei por um ano e meio.

Posteriormente, fui para a Vela Adaptada, onde velejei por quatro anos e trago em meu currículo competições internacionais e uma Paraolimpíada (Londres 2012) – sonho de todo atleta.

Velejar me fortalecia fisicamente e emocionalmente, eu me sentia bem e feliz!

Fui a primeira velejadora brasileira paraolímpica a representar o Brasil – até então, só homens haviam feito isso.

Foi uma grande honra!

Nessa fase, eu já mantinha um relacionamento, que quase acabou, e a convivência com a minha família também diminuiu.

Minha vida era muito agitada, eu treinava de domingo a domingo, intercalando com sessões de fisioterapia, academia e treino prático na vela.

As dores musculares eram minhas companheiras, mas eu sabia que precisava ser forte.

Meu corpo pedia os exercícios e o que o esporte exigia de mim era dedicação, rotina e foco.

Passaram-se as férias e quando eu me preparava para voltar aos treinos – em fevereiro de 2013 – inesperadamente, após acordar enjoada, descobri que estava grávida!

Eu tinha um contrato e um calendário a cumprir como velejadora, mas a gestação me pegou de surpresa e chegou a hora de fazer a minha escolha: ser atleta – logo que pudesse voltar aos treinos – ou ser mãe.

Conclui que estava no momento de viver a segunda opção, pois essa era a realização de mais um sonho que eu tinha.

Abandonei tudo e me foquei no mais importante: a minha filha.

Sempre cuidei muito da minha saúde e a gravidez foi tranquila e saudável.

Porém, a partir do oitavo mês, tive problemas pelo inchaço, já que a cadeira de rodas prendia a circulação das minhas pernas.

As transferências – passar da cama para a cadeira, da cadeira para a cadeira de banho – se tornaram mais perigosas devido o peso da barriga.

Então, nos últimos dias antes do parto fiquei na cama, em repouso, o que também contribuiu para que eu engordasse.

Tive que usar fraldas porque o peso do bebê pressionava a minha bexiga e as perdas urinárias eram frequentes.

Cansava-me com facilidade, ficava ofegante e também tive muita azia.

Fiquei chorona, sensível e me aborrecia facilmente.

Confesso que o final da gestação não foi fácil para mim.

Precisei muito da ajuda da minha mãe e do pai da Aline, mas saber que eu estava prestes a ter o melhor encontro da minha vida me motivava.

Meu obstetra também foi maravilhoso em todo o pré-natal.

Ele me explicava todos os detalhes, falava sobre os exames, me acalmava e me passava segurança.

Meu parto de cesariana foi marcado para o dia 25/09/2013, com exatamente 38 semanas – esperar mais tempo poderia ser perigoso.

Eu tenho pinos de fixação na coluna devido à fratura causada pelo acidente e isso impossibilitou – apesar de várias tentativas e picadas doloridas – que eu tomasse a anestesia raquidiana.

Então, fomos forçados a optar pela anestesia geral, o que apresentava um risco para a minha filha caso o parto não fosse feito rapidamente, além de que eu não veria a pequena nascer, pois estaria desacordada.

Meu parto foi o último daquele dia, os médicos estavam tensos, mas tentavam me deixar tranquila.

Eu também fazia orações e me esforçava para manter o autocontrole, as boas energias e ter pensamentos positivos até apagar.

A Aline nasceu um pouco sedada porque a anestesia que eu tomei passou para ela pela corrente sanguínea.

O risco era exatamente esse: se o parto demorasse, ela poderia não aguentar.

De fato, a minha filha chegou a ter duas paradas cardíacas logo após o parto, mas a minha guerreirinha é forte e lutou pela sua vida!

Meu primeiro contato físico com ela foi assim que me recuperei da anestesia geral, apesar de ainda estar tremendo e com a visão turva.

Dentro do centro cirúrgico, a enfermeira a colocou sobre mim e disse “olha como a sua bebê é linda como você!”.

Eu me esforcei para focar a visão, gravar o seu rostinho em minha memória e falei “oi vida!” – o mesmo que eu dizia todos os dias de manhã quando ela estava na minha barriga.

Na mesma hora, ela abriu os olhinhos e ficou me procurando, tentando me enxergar, pois ela reconheceu a minha voz e sabia que eu era a sua mãe!

As lágrimas correram pelo meu rosto, meu coração acelerou e a gratidão por estar vivendo aquele momento me fez a mulher mais feliz do mundo.

Eu só conseguia pensar que nós havíamos vencido.

Fiquei dois dias sem poder ver a minha filha novamente, pois ela ficou em observação na UTI e eu não conseguia sentar na cadeira para ir até lá.

Esses foram os dias mais longos da minha vida, eu chorava muito.

O pai dela ia encontrá-la e trazia fotos para eu ver que estava tudo bem.

Depois disso, ela veio para o quarto e finalmente podemos ficar juntas – assim como eu desejo que seja até o fim dos meus dias.

Tivemos alta no terceiro dia após o parto e me passou várias vezes o pensamento:

Será que vou dar conta de cuidar dela?

Será que estou preparada para ser mãe?”.

Cuidar de um recém-nascido não é fácil para ninguém, ainda mais sendo mãe de primeira viagem e cadeirante.

Mas, felizmente, eu tive muita ajuda da minha família – em especial da minha mãe, que é o meu anjo nessa vida.

No pós-parto demorei mais de um mês para conseguir voltar a ficar na cadeira devido ao inchaço e as dores que tive.

Também fiquei um pouco depressiva e sensível, por tudo o que passamos e por querer cuidar dela e mal conseguir sair da cama.

Mas eu sabia que tinha que me tranquilizar e manter o controle da situação.

O período de cólicas da pequena também foi conturbado, pois eu não podia sair da cama e tinha que acalmá-la da forma que conseguisse.

Passei muitas noites em claro com ela e, durante o dia, pedia que a minha mãe me ajudasse para que eu conseguisse dormir um pouco.

E assim fomos passando, superando as dificuldades até eu me fortalecer e assumir integralmente as tarefas e cuidados.

Vivemos juntas todas as fases dela: sentar, engatinhar, a primeira palavra que foi mãmã, o nascimento dos dentinhos, os primeiros passos, as brincadeiras, as gargalhas, os carinhos e beijinhos, os entendimentos por olhares, enfim, momentos maravilhosos.

Não me arrependo de ter largado a minha rotina de treinos para cuidar da minha filha até que ela fique mais independente e possa ir para a escolinha.

Sei que esse momento se aproxima e meu coração já aperta, mas é necessário que ela tenha convivência social e eu também preciso voltar a pensar em mim.

Hoje, a Aline está com 1 ano e 7 meses, e como me falaram um dia, a criança se adapta à mãe.

Cuido dela sozinha praticamente o dia todo, faço as tarefas domésticas e a noite, quando o pai chega do trabalho, ele me ajuda.

Minha filha entende minhas limitações físicas e coopera comigo.

Ela me ajuda quando vou pegá-la no colo, pois sabe a posição certa que é melhor para mim e também colabora na troca de fraldas.

Além disso, ela preocupa-se comigo, brinca de me ajudar a empurrar a cadeira e já mostra que cuida de mim.

Eu tenho uma linda companheira como filha!

De tudo o que vivi até aqui, concluo que as coisas nem sempre sairão da forma como planejamos.

Mas a vida é perfeita naquilo que tem que ser e cabe a nós colaborar para que as coisas aconteçam da melhor forma, para que tudo flua e que nossos sonhos se realizem no momento certo.

Ser mãe foi a melhor coisa que já me aconteceu.

A Aline me ensina todos os dias o que é o amor incondicional: ela me fortalece, completa, me faz feliz e eu sei que sentirei isso para sempre!

Existe um elo muito forte entre mãe e filho – um vínculo eterno, imutável, indissolúvel, um amor sem fim.

Por esse amor, nos desdobramos em mil e brilhantemente conseguimos dar conta de tudo.

Eu te amo minha vida!”


Fonte: - bebe.com.br





Mães e filhos.



Sempre soube que ela era importante para mim.

Só não sabia o quanto ela era realmente valiosa e especial.

Sempre imaginei que, se um dia ela me faltasse, eu sentiria sua falta.

Mas nunca calculei o que sua falta verdadeiramente representaria para mim.

Sempre me disseram que amor de mãe é algo diferente, sublime, quase divino.

Sempre me disseram tantas coisas a respeito desse relacionamento: mães e filhos.

Tanto disseram, mas foi pouco o que eu ouvi e entendi sobre isso.

Banalizei.

Não acreditei.

Até o dia em que ela se foi.

Era uma tarde de final de primavera.

O vento brando soprava e, em minha casa, não havia a mais leve suspeita da dor que se avizinhava.

De repente, a notícia.

Mas não poderia ser verdade.

Não, Deus não permitiria que as mães morressem.

Não assim.

Não a minha.

Engano meu.

Era verdade.

A verdade mais cruel e mais dura que meu coração precisou encarar, enfrentar, suportar.

Ela partiu sem me dizer adeus, sem me dar mais um abraço, mais um beijo, sem me pegar no colo pela última vez, sem me dizer como fazer para prosseguir só...

Simplesmente partiu.

E uma ferida no meu peito se abriu.

Ferida que não cicatriza, que não sara, que não passa.

É a falta que ela me faz.

É minha tristeza por querer seu aconchego mais uma vez, seu consolo, sua orientação segura.

Querer seu cafuné antes do meu adormecer, sua voz antes do meu despertar.

Sua presença silenciosa em meus momentos de angústia, sua mão amiga a me amparar e confortar.

Querer outra vez ouvir seu sussurro baixinho me dizendo que tudo vai dar certo e que tudo vai acabar bem.

É uma saudade que aperta meu coração e me faz derramar lágrimas às escondidas.

É uma dor de arrependimento por todas as malcriações que fiz, pelas palavras atravessadas e rudes que lhe disse.

Arrependimento porque agora sei que mãe é mesmo alguém muito especial e porque me dou conta de que os filhos só percebem isso muito tarde.

Tarde demais, como eu.


A morte é um afastamento temporário entre os seres que habitam planos diversos da vida.

Embora saibamos disso, é compreensível a dor que atinge aqueles que se veem afastados de seus amores pela ocorrência da morte.

Muitas vezes essa angústia decorre do arrependimento pelas condutas equivocadas que os feriram, ou por não demonstrar o verdadeiro afeto que sentíamos por aqueles que partiram.

Às vezes são as mães que partem, outras são os filhos, ou os pais, os amigos ...

E tantas coisas deixam de ser ditas, de serem feitas, de serem vividas...

Pensemos nisso: a vida é marcada por acontecimentos inesperados que a transformam, muitas vezes, de modo irreversível.

Cuidemos de nossos amores porque, embora eles sejam para sempre, poderão não estar sempre ao nosso lado.


Fonte: - Momento Espírita, com base em texto de autoria ignorada. Em 22.12.2015.












2 comentários:

  1. Olha o desafio da maternidade e a criação de uma criança para uma mãe cadeirante não deve ser uma tarefa nada fácil de se concretizar, porque a gestação já é difícil mas não impossível, depois vem os cuidados com a criança uma tarefa nada fácil para essas mães que não deixam de ser verdadeiras guerreiras.

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