Os
desafios de uma mãe cadeirante.
Um
acidente automobilístico mudou para sempre a vida de Elaine.
Mas
ela escolheu o caminho da superação: se tornou uma grande atleta e
também encarou com garra a maternidade.
Confira
a sua história!
Por
Luísa Massa
Elaine
Cunha, 33 anos, é velejadora paraolímpica e mãe da Aline, de 1 ano
e 7 meses.
Aqui,
ela conta os desafios que enfrentou ao ser tornar uma mãe
cadeirante.
Veja!
“Eu
era uma mulher jovem de 25 anos, funcionária pública, uma pessoa
com personalidade forte e independente.
Eu
ia para onde queria, resolvia o que precisava, gostava de sair e de
dançar, enfim, era alguém que amava ser livre.
Mas
em abril de 2007, a vida me surpreendeu.
Eu
sofri um acidente automobilístico, que me deixou paraplégica e
usuária de cadeiras de rodas.
Receber
o diagnóstico foi desesperador.
Pensei
que seria o fim de muitos sonhos, inclusive o de ter um
relacionamento e filhos futuramente.
Também
fiquei preocupada com o preconceito que enfrentaria e me sentia
presa.
Eu
estava em um mundo desconhecido, cheio de questionamentos e
inseguranças.
Eu
não havia perdido “apenas” os movimentos das pernas, tinha
perdido minha liberdade, independência, o ritmo de vida que estava
acostumada.
Felizmente,
eu não me entreguei à depressão e resolvi lutar, enfrentar a vida
e todos os meus medos.
Fui
para a reabilitação, conheci outras pessoas que estavam em
situações semelhantes a minha e aprendi muito com elas.
Me
fortaleci fisicamente e emocionalmente, conquistei mais independência
e confiança.
Também
venci vários medos, superei limites que eu julgava impossíveis.
Foi
lá que eu aprendi a nadar sem poder bater as pernas – isso me
estimulou a buscar novos desafios e superações.
Logo
mais, ingressei no mundo dos esportes.
Primeiramente,
na equipe de Remo Adaptado na USP – no qual fiquei por um ano e
meio.
Posteriormente,
fui para a Vela Adaptada, onde velejei por quatro anos e trago em meu
currículo competições internacionais e uma Paraolimpíada (Londres
2012) – sonho de todo atleta.
Velejar
me fortalecia fisicamente e emocionalmente, eu me sentia bem e feliz!
Fui
a primeira velejadora brasileira paraolímpica a representar o Brasil
– até então, só homens haviam feito isso.
Foi
uma grande honra!
Nessa
fase, eu já mantinha um relacionamento, que quase acabou, e a
convivência com a minha família também diminuiu.
Minha
vida era muito agitada, eu treinava de domingo a domingo,
intercalando com sessões de fisioterapia, academia e treino prático
na vela.
As
dores musculares eram minhas companheiras, mas eu sabia que precisava
ser forte.
Meu
corpo pedia os exercícios e o que o esporte exigia de mim era
dedicação, rotina e foco.
Passaram-se
as férias e quando eu me preparava para voltar aos treinos – em
fevereiro de 2013 – inesperadamente, após acordar enjoada,
descobri que estava grávida!
Eu
tinha um contrato e um calendário a cumprir como velejadora, mas a
gestação me pegou de surpresa e chegou a hora de fazer a minha
escolha: ser atleta – logo que pudesse voltar aos treinos – ou
ser mãe.
Conclui
que estava no momento de viver a segunda opção, pois essa era a
realização de mais um sonho que eu tinha.
Abandonei
tudo e me foquei no mais importante: a minha filha.
Sempre
cuidei muito da minha saúde e a gravidez foi tranquila e saudável.
Porém,
a partir do oitavo mês, tive problemas pelo inchaço, já que a
cadeira de rodas prendia a circulação das minhas pernas.
As
transferências – passar da cama para a cadeira, da cadeira para a
cadeira de banho – se tornaram mais perigosas devido o peso da
barriga.
Então,
nos últimos dias antes do parto fiquei na cama, em repouso, o que
também contribuiu para que eu engordasse.
Tive
que usar fraldas porque o peso do bebê pressionava a minha bexiga e
as perdas urinárias eram frequentes.
Cansava-me
com facilidade, ficava ofegante e também tive muita azia.
Fiquei
chorona, sensível e me aborrecia facilmente.
Confesso
que o final da gestação não foi fácil para mim.
Precisei
muito da ajuda da minha mãe e do pai da Aline, mas saber que eu
estava prestes a ter o melhor encontro da minha vida me motivava.
Meu
obstetra também foi maravilhoso em todo o pré-natal.
Ele
me explicava todos os detalhes, falava sobre os exames, me acalmava e
me passava segurança.
Meu
parto de cesariana foi marcado para o dia 25/09/2013, com exatamente
38 semanas – esperar mais tempo poderia ser perigoso.
Eu
tenho pinos de fixação na coluna devido à fratura causada pelo
acidente e isso impossibilitou – apesar de várias tentativas e
picadas doloridas – que eu tomasse a anestesia raquidiana.
Então,
fomos forçados a optar pela anestesia geral, o que apresentava um
risco para a minha filha caso o parto não fosse feito rapidamente,
além de que eu não veria a pequena nascer, pois estaria
desacordada.
Meu
parto foi o último daquele dia, os médicos estavam tensos, mas
tentavam me deixar tranquila.
Eu
também fazia orações e me esforçava para manter o autocontrole,
as boas energias e ter pensamentos positivos até apagar.
A
Aline nasceu um pouco sedada porque a anestesia que eu tomei passou
para ela pela corrente sanguínea.
O
risco era exatamente esse: se o parto demorasse, ela poderia não
aguentar.
De
fato, a minha filha chegou a ter duas paradas cardíacas logo após o
parto, mas a minha guerreirinha é forte e lutou pela sua vida!
Meu
primeiro contato físico com ela foi assim que me recuperei da
anestesia geral, apesar de ainda estar tremendo e com a visão turva.
Dentro
do centro cirúrgico, a enfermeira a colocou sobre mim e disse “olha
como a sua bebê é linda como você!”.
Eu
me esforcei para focar a visão, gravar o seu rostinho em minha
memória e falei “oi
vida!”
– o mesmo que eu dizia todos os dias de manhã quando ela estava na
minha barriga.
Na
mesma hora, ela abriu os olhinhos e ficou me procurando, tentando me
enxergar, pois ela reconheceu a minha voz e sabia que eu era a sua
mãe!
As
lágrimas correram pelo meu rosto, meu coração acelerou e a
gratidão por estar vivendo aquele momento me fez a mulher mais feliz
do mundo.
Eu
só conseguia pensar que nós havíamos vencido.
Fiquei
dois dias sem poder ver a minha filha novamente, pois ela ficou em
observação na UTI e eu não conseguia sentar na cadeira para ir até
lá.
Esses
foram os dias mais longos da minha vida, eu chorava muito.
O
pai dela ia encontrá-la e trazia fotos para eu ver que estava tudo
bem.
Depois
disso, ela veio para o quarto e finalmente podemos ficar juntas –
assim como eu desejo que seja até o fim dos meus dias.
Tivemos
alta no terceiro dia após o parto e me passou várias vezes o
pensamento:
“Será
que vou dar conta de cuidar dela?
Será
que estou preparada para ser mãe?”.
Cuidar
de um recém-nascido não é fácil para ninguém, ainda mais sendo
mãe de primeira viagem e cadeirante.
Mas,
felizmente, eu tive muita ajuda da minha família – em especial da
minha mãe, que é o meu anjo nessa vida.
No
pós-parto demorei mais de um mês para conseguir voltar a ficar na
cadeira devido ao inchaço e as dores que tive.
Também
fiquei um pouco depressiva e sensível, por tudo o que passamos e por
querer cuidar dela e mal conseguir sair da cama.
Mas
eu sabia que tinha que me tranquilizar e manter o controle da
situação.
O
período de cólicas da pequena também foi conturbado, pois eu não
podia sair da cama e tinha que acalmá-la da forma que conseguisse.
Passei
muitas noites em claro com ela e, durante o dia, pedia que a minha
mãe me ajudasse para que eu conseguisse dormir um pouco.
E
assim fomos passando, superando as dificuldades até eu me fortalecer
e assumir integralmente as tarefas e cuidados.
Vivemos
juntas todas as fases dela: sentar, engatinhar, a primeira palavra
que foi mãmã, o nascimento dos dentinhos, os primeiros passos, as
brincadeiras, as gargalhas, os carinhos e beijinhos, os entendimentos
por olhares, enfim, momentos maravilhosos.
Não
me arrependo de ter largado a minha rotina de treinos para cuidar da
minha filha até que ela fique mais independente e possa ir para a
escolinha.
Sei
que esse momento se aproxima e meu coração já aperta, mas é
necessário que ela tenha convivência social e eu também preciso
voltar a pensar em mim.
Hoje,
a Aline está com 1 ano e 7 meses, e como me falaram um dia, a
criança se adapta à mãe.
Cuido
dela sozinha praticamente o dia todo, faço as tarefas domésticas e
a noite, quando o pai chega do trabalho, ele me ajuda.
Minha
filha entende minhas limitações físicas e coopera comigo.
Ela
me ajuda quando vou pegá-la no colo, pois sabe a posição certa que
é melhor para mim e também colabora na troca de fraldas.
Além
disso, ela preocupa-se comigo, brinca de me ajudar a empurrar a
cadeira e já mostra que cuida de mim.
Eu
tenho uma linda companheira como filha!
De
tudo o que vivi até aqui, concluo que as coisas nem sempre sairão
da forma como planejamos.
Mas
a vida é perfeita naquilo que tem que ser e cabe a nós colaborar
para que as coisas aconteçam da melhor forma, para que tudo flua e
que nossos sonhos se realizem no momento certo.
Ser
mãe foi a melhor coisa que já me aconteceu.
A
Aline me ensina todos os dias o que é o amor incondicional: ela me
fortalece, completa, me faz feliz e eu sei que sentirei isso para
sempre!
Existe
um elo muito forte entre mãe e filho – um vínculo eterno,
imutável, indissolúvel, um amor sem fim.
Por
esse amor, nos desdobramos em mil e brilhantemente conseguimos dar
conta de tudo.
Eu
te amo minha vida!”
Fonte:
- bebe.com.br
Mães
e filhos.
Só
não sabia o quanto ela era realmente valiosa e especial.
Sempre
imaginei que, se um dia ela me faltasse, eu sentiria sua falta.
Mas
nunca calculei o que sua falta verdadeiramente representaria para
mim.
Sempre
me disseram que amor de mãe é algo diferente, sublime, quase
divino.
Sempre
me disseram tantas coisas a respeito desse relacionamento: mães e
filhos.
Tanto
disseram, mas foi pouco o que eu ouvi e entendi sobre isso.
Banalizei.
Não
acreditei.
Até
o dia em que ela se foi.
Era
uma tarde de final de primavera.
O
vento brando soprava e, em minha casa, não havia a mais leve
suspeita da dor que se avizinhava.
De
repente, a notícia.
Mas
não poderia ser verdade.
Não,
Deus não permitiria que as mães morressem.
Não
assim.
Não
a minha.
Engano
meu.
Era
verdade.
A
verdade mais cruel e mais dura que meu coração precisou encarar,
enfrentar, suportar.
Ela
partiu sem me dizer adeus, sem me dar mais um abraço, mais um beijo,
sem me pegar no colo pela última vez, sem me dizer como fazer para
prosseguir só...
Simplesmente
partiu.
E
uma ferida no meu peito se abriu.
Ferida
que não cicatriza, que não sara, que não passa.
É
a falta que ela me faz.
É
minha tristeza por querer seu aconchego mais uma vez, seu consolo,
sua orientação segura.
Querer
seu cafuné antes do meu adormecer, sua voz antes do meu despertar.
Sua
presença silenciosa em meus momentos de angústia, sua mão amiga a
me amparar e confortar.
Querer
outra vez ouvir seu sussurro baixinho me dizendo que tudo vai dar
certo e que tudo vai acabar bem.
É
uma saudade que aperta meu coração e me faz derramar lágrimas às
escondidas.
É
uma dor de arrependimento por todas as malcriações que fiz, pelas
palavras atravessadas e rudes que lhe disse.
Arrependimento
porque agora sei que mãe é mesmo alguém muito especial e porque me
dou conta de que os filhos só percebem isso muito tarde.
Tarde
demais, como eu.
A
morte é um afastamento temporário entre os seres que habitam planos
diversos da vida.
Embora
saibamos disso, é compreensível a dor que atinge aqueles que se
veem afastados de seus amores pela ocorrência da morte.
Muitas
vezes essa angústia decorre do arrependimento pelas condutas
equivocadas que os feriram, ou por não demonstrar o verdadeiro afeto
que sentíamos por aqueles que partiram.
Às
vezes são as mães que partem, outras são os filhos, ou os pais, os
amigos ...
E
tantas coisas deixam de ser ditas, de serem feitas, de serem
vividas...
Pensemos
nisso: a vida é marcada por acontecimentos inesperados que a
transformam, muitas vezes, de modo irreversível.
Cuidemos
de nossos amores porque, embora eles sejam para sempre, poderão não
estar sempre ao nosso lado.
Fonte:
- Momento Espírita, com base em texto de autoria ignorada. Em
22.12.2015.
Olha o desafio da maternidade e a criação de uma criança para uma mãe cadeirante não deve ser uma tarefa nada fácil de se concretizar, porque a gestação já é difícil mas não impossível, depois vem os cuidados com a criança uma tarefa nada fácil para essas mães que não deixam de ser verdadeiras guerreiras.
ResponderExcluirNossa, sem palavras....incrível...
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