Acreditar em si mesmo

Acreditar em si mesmo

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Ao ficar tetraplégico, ele achou a paz na fisioterapeuta que agora virou esposa

Maria Alice e Frederico no altar. Ela fisioterapeuta, ele paciente, amigo e depois marido. (Foto: Eurides Aoki)Maria Alice e Frederico no altar. Ela fisioterapeuta, ele paciente, amigo e depois marido. (Foto: Eurides Aoki)

Ao ficar tetraplégico, ele achou a paz na fisioterapeuta que agora virou esposa

Depois do sim, ela saiu empurrando cadeira e ele, segurando o buquê.

O corredor da igreja se iluminou com o sorriso dos dois.

Frederico encontrou na fisioterapeuta primeiro uma amiga e depois uma esposa.

Tetraplégico desde 2008, após fraturar a quinta vértebra num acidente de moto quando foi atingido por um veículo que invadiu a preferencial, o veterinário passou por temporadas de reabilitação.

Em 2010, em meio a uma depressão e a vontade de não fazer mais nada, uma amiga trouxe uma profissional para atende-lo em casa.

Hoje a fisioterapeuta é madrinha do casamento dele.

À época, para substitui-lá quando fosse necessário, ela apresentou a amiga, Maria Alice.

"De vez em quando ela ia em casa, passear, bater papo quando tinha uma janela ou outra.

Todo mundo acha que começou ali, mas não, primeiro foi uma amizade mesmo", explica Frederico Machado Rios, de 34 anos.

Na saída da igreja, ela empurrava cadeira enquanto noivo segurava buquê. (Foto: Eurides Aoki)
Na saída da igreja, ela empurrava cadeira enquanto noivo segurava buquê. (Foto: Eurides 
Aoki)

No mesmo ano, por incentivo de outra amiga, ele resolveu criar o blog "Acessibilidade na Prática", como colaboradores, passou a chamar os amigos, entre eles a fisioterapeuta Maria Alice.

"Aí que a gente se aproximou mais ainda, saímos para tirar fotos dos lugares, até que a Naila, a fisioterapeuta teve que assumir mais um período na coordenação do curso da universidade e perguntou se a Maria podia me assumir como paciente", conta Frederico.

Como fisioterapeuta, Maria Alice ajudou na reabilitação e a pesquisar o que saía de novo no mercado.

Quando os dois começaram a "flertar", foi que ele passou a ter vergonha.

"Eu falava: o que as pessoas vão pensar?

Uma mulher bonita dessa com um cara todo estrupiado?"

A relação foi avançando e ele resolveu então entrar num acordo, para que ela deixasse de ser fisioterapeuta e virasse namorada.

Depois de terminarem algumas vezes, como todo casal, eles voltaram em fevereiro deste ano e a ideia de casamento, prevista para daqui dois anos, foi amadurecida e concretizada agora, no fim de 2015.

Mas foi tempo até Frederico tirar da cabeça a pergunta: "o que uma pessoa vai querer com um cara como eu, nessa situação?", se questionava.

E foi Maria Alice quem provou que o amor não só era possível como existia entre eles.

"Ela me ajudou muito nesse pensamento que eu tinha.

É um processo, a gente tem uma vida, esta tocando num ritmo e de repente você se vê numa situação totalmente fora de controle", descreve.

O conhecimento técnico dela, aliado ao carinho e afeto ajudaram ele a desmistificar muitos conceitos formados em cima da deficiência.

O próprio blog contribuiu ao contar a história de outras pessoas.

"Ela foi fundamental no início como profissional e depois juntou tudo", diz Frederico.

Ela, Maria Alice, fala com a equipe com a mesma calma e atenção com que fala com os pacientes.

A transição de paciente para algo mais passou pelo caminho da amizade.

"Não sei falar o momento que isso aconteceu, mas começamos pela amizade, companheirismo e foi lindo", descreve Maria Alice Furrer Rios, de 30 anos.

Frederico completa dizendo que juntos eles compartilhavam problemas, questões de família e da convivência "acabou que deu faísca".

Se o casamento foi uma superação?

Frederico fala que não deixa de ser, se comparado com o início, pela depressão e todo negativismo que ele vivia.

"Na cabeça eu achava que não podia fazer nada, ainda mais me casar, então se pensar por aí, sim".

Felizes da vida. Casamento foi além da superação, seguiu o caminho natural do amor. (Foto: Eurides Aoki)Felizes da vida. Casamento foi além da superação, seguiu o caminho natural do amor. (Foto: Eurides Aoki)

Nos últimos dois anos, o casal conta que passou a ver a história deles, como de todos os outros.

"Eu não consigo abrir a porta do carro pra ela, ela que abre pra mim, mas tudo bem, não tem diferença", brinca ele.

"Foi um casamento cheio de amor, a gente não encarou dessa forma como superação, porque já estava tudo encaminhado para ser assim, um amor que transborda", diz ela.

"Todas as pessoas tem que se superar todos os dias.

Seja no trabalho, na vida", completa ele.

A tetraplegia de Frederico não tirou todos os movimentos dos braços, ele mantém poucos, assim como sente uma pequena sensibilidade nas pernas.

A lesão do acidente deixou 20% da medula íntegra.

A entrada dele na igreja foi conduzida pela mãe e a saída, pela noiva.

O paletó "pegaria" na hora em que ele mesmo fosse se movimentar. Um dia antes é que os noivos se lembraram do buquê.

E ele, sem pensar duas vezes, disse que levaria.

O casamento teve valsa. Maria Alice admite que não sabe dançar e se deixou conduzir por ele, Frederico.


Primeira valsa dos noivos, conduzida por Frederico. (Foto: Eurides Aoki)Primeira valsa dos noivos, conduzida por Frederico. (Foto: Eurides Aoki)
A comemoração do "sim" entre os amigos. (Foto: Eurides Aoki)



O amor


O amor é de essência divina, bradam os Imortais.

O homem, nos ensaios do amor, tem muita vez se equivocado.

Em nome do amor à verdade deflagrou contendas que atravessaram anos e atingiram a muitos.

Pelo amor a personalidades eminentes, atingiu vidas, destroçando outras tantas vidas.

Pelo amor a sítios e paragens históricas o homem luta, guerreia e se desequilibra.

Contudo, o amor é de essência divina.

Do que se conclui que, em momento algum, por nenhum motivo, pode se tornar arma fratricida ou motivo de dissensão.

O verdadeiro amor simplesmente se doa e não tem limites.

Recordamo-nos de uma jovem senhora, profissional de mérito, que se consorciou com famoso engenheiro.

A fortuna lhes sorriu, a fama, o reconhecimento público.

Viviam felizes, não fosse a depressão que vez ou outra acometia a esposa.

Tomava-se de tristeza e por horas amargava a solidão.

Nada que lhe pudesse modificar a disposição, nesses momentos.

Nem a presença do esposo, dos familiares, de amigos.

É que ela guardava um segredo e o remorso a atormentava.

Nos verdes anos da juventude engravidara e, inconseqüente, optara pelo abortamento.

Após o casamento, porque não conseguisse engravidar, passou a crer que os céus a estavam castigando pelo ato terrível que cometera.

Mas não ousava a ninguém confidenciar o que fizera.

Até que um dia resolveu abrir a intimidade desconhecida do seu coração ao ser amado.

Temia perdê-lo, face à revelação.

Ele a ouviu e tomando-lhe as mãos entre as suas, murmurou:

Já suspeitava de que algo grave houvesse sucedido em sua vida.

Respeitei o seu segredo e jamais a amei menos.

Agora, muito mais, se for possível um superlativo amor.

Este é um grande e especial momento em nossas vidas.

Desapareceu o único impedimento que colocava sombras em nossa união.

Você me perdoa?, perguntou lacrimosa.

Quem ama, não chega a perdoar, respondeu rápido o marido.

O fato de perdoar anularia o sentimento do amor, porque o amor compreende sempre.

Lamento que este seu gesto de confiança não tivesse se dado antes, pois assim me impediu de usufruir a solidariedade de sofrer ao seu lado, diminuindo-lhe a dor.

Segurando-lhe as mãos com redobrada ternura, as beijou:

Não soframos mais o passado.

Construamos o futuro.

Compensemos o ato criminoso, amparando os filhos alheios, se não pudermos ser pais da própria carne.

Refundamos as nossas forças na fornalha sublime do amor, clarificados pelo amor de Deus.

O casal, tendo por testemunhas as estrelas da noite calma, renovou as promessas de eterna ventura com dedicação perene.

Um poema musical de esperança e de mútuo auxílio se expressou, na balada suave do amor.


O amor cobre a multidão dos erros e equívocos.

Isto significa que faltas graves podem ser ressarcidas com devoção ao semelhante, dedicação ao bem e trabalho incessante pelo próximo.

Quem semeia espinhos pode vir a amenizar a aspereza do campo então cultivado, passando a aromatizar o ar com a semeadura abundante de flores coloridas e árvores frutíferas.


Fonte - Momento Espírita, com frases extraídas do cap. 6, pt. 3, do livro Do abismo às estrelas, pelo Espírito Victor Hugo, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal Disponível no CD Momento Espírita v. 7 e no livro Momento Espírita, v. 1, ed. Fep. Em 26.12.2008.






Adélia Prado, poetisa mineira, apresenta uma visão muito comum: a de que o estudo é a coisa mais importante que há.

Ainda hoje, é preocupação primordial dos pais dar instrução aos filhos.

A coisa mais fina do mundo.

Para os mais simples, apenas poder colocá-los em uma escola.

Para os que têm mais posses, matriculá-los nas melhores instituições de ensino e dar-lhes ainda cursos e mais cursos extras, para se aprimorarem ao máximo.

Afinal, o mundo é competitivo.

A grande questão é que o termo educação continua muito ligado às capacidades intelectivas.

Educar, contudo, vai muito além das boas escolas.

Educar é a arte de formar caracteres.

Assim, o que torna um filho vitorioso não é apenas o conhecimento adquirido mas, principalmente, sua vivência como homem de bem, de bons hábitos adquiridos.

De que adianta criarmos gênios, se serão usurpadores, desonestos, individualistas e egoístas ao extremo?

Esse outro tipo de educação não está nos livros, nem nos cursos, nem mesmo nas escolas.

Está no lar, na relação intensa e profunda que os pais ou tutores conseguem manter com seus educandos.

Está nos exemplos, está no carinho que sobra ou que falta.

Está na atenção que recebem ou da qual carecem.

Está na disciplina, nos limites.

Está no amor, sempre no amor.

Em muitos lares é uma palavra de luxo, pois todos estão preocupados com tantas outras coisas que o esquecem, deixam-no de lado.

Você tem que estudar, tem que ser alguém, tem que passar no vestibular, tem que se formar, tem que arranjar emprego, tem que ganhar bem.

É de tirar o fôlego.

Mas será que alguém, nesse caminho todo lembra de perguntar se esse adolescente, esse jovem está feliz com isso?

Está se realizando?

Está construindo sua personalidade em bases seguras?

Será que ali foi construído um bom caráter, antes de um bom estudante ou de um bom profissional?

Alguém que saberá se relacionar bem com as pessoas, que saberá ser agregador, acolherá bem seus irmãos de caminho?

Será que estamos moldando alguém para ser agente transformador do mundo?

Essa transformação só será completa se o conhecimento estiver aliado à moralidade.

Não adianta desenvolver uma das asas apenas.

A aeronave não alça voo.

Pensemos nisso.

Repensemos nossos conceitos sobre educação.

O mundo precisa de homens inteligentes.

Mas muito mais de homens bons.









2 comentários:

  1. Esta postagem nos mostra que para o amor verdadeiro não existe barreiras e nem obstáculos intransponíveis que este não os rompa facilmente; também joga por terra o preconceito de nossa sociedade em relação aos deficientes, acabando com a hipocrisia desta e de seus conceitos ultrapassados que impõe regras e conceitos padronizados de perfeição, sendo que a perfeição não existe entre nós, somos todos imperfeitos na nossas caminha evolutiva na terra. Precisamos aprender a respeitar e conviver com as diferenças, pois somos uma diversidade de indivíduos sobre a terra, cada um com sua particularidade única.

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  2. Quando se afetividade entre duas pessoas que compartilham e comungam o mesmo sentimento não existem barreiras, obstáculos ou qualquer outra coisa que possa se impor contra eles, porque esse sentimento lindo que Deus nos deixou que é a Lei do Amor não visualiza nada que o impeça de viverem plenamente; porque não vêem preconceitos, discriminações, hipocrisia e nem conceitos pré estabelecido de padrões imposto por uma sociedade injusta que ainda vivem na idade da pedra, a qual ainda não aprendeu a respeitar e conviver com as diferenças, porque queiram ou não todos tem o mesmo direito.

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