INCLUSÃO
PROFISSIONAL DE TETRAPLÉGICOS ATRAVÉS DE DISPOSITIVOS ASSISTIVOS
QUE PERMITAM ACESSAR ESTAÇÕES DE TRABALHO
Andrea
S. PEREIRA, Alessandro P. da SILVA, Terigi A. SCARDOVELLI, Annie
France FRÈRE UMC / Universidade de Mogi das Cruzes, Mogi das
Cruzes-SP, Brasil andsp99@zipmail.com.br
RESUMO:
Foram
desenvolvidos dispositivos que auxiliam tetraplégicos a exercerem
alguma atividade profissional adaptada às suas competências,
visando promover sua inclusão profissional, reintegração social e
de proporcionar-lhes uma fonte renda.
Como
os tetraplégicos têm comprometimento dos movimentos de membros
superiores, existem poucas opções de ocupação profissional
disponíveis.
Os
tetraplégicos podem pertencer a diversas categorias, em função dos
movimentos preservados.
Foram
analisadas quais profissões que requereriam menos adaptações para
serem exercidas com estes movimentos preservados.
Foram
selecionados um estúdio fotográfico, uma gráfica rápida e um
caixa expresso para lanchonetes e desenvolvidos adaptadores com
sensores para o acesso a cada estação de trabalho.
Após
os testes, o sistema demonstrou ser prático e de fácil utilização.
INTRODUÇÃO
Apesar
da reabilitação profissional ser considerada uma forma de promoção
da
reintegração da pessoa portadora de deficiência na sociedade e de
ser um assunto muito discutido atualmente em todo o mundo, ainda
falta desenvolvimento nesta área.
Muitas
empresas se dispõem a contratar portadores de necessidades
especiais, para cumprir as leis existentes, mas as vagas oferecidas
não têm estrutura para acolher todos os tipos de deficientes.
São
encontrados para reabilitação profissional, basicamente trabalhos
artesanais, ou então trabalhos abrigados em oficinas baseados no
modelo taylorista de produção, que impede uma adequada manifestação
da individualidade e da sociabilidade do deficiente.
O
problema torna-se maior no caso do Tetraplégico, que possui
comprometimento dos membros superiores, encontrando poucas opções
de ocupação profissional.
Além
disso, o trabalho e seu ambiente devem ser adequados às necessidades
do usuário, para evitar o desinteresse e abandono do dispositivo
(Lida, 1998).
Para
a inclusão profissional de portadores de deficiência com
comprometimento dos membros superiores, LeBlanc e Khatri (1982) e
Busnell et al (1999), desenvolveram ferramentas que permitem o
trabalho ou auxiliam as tarefas de vida diária dos indivíduos com
severas deficiências motoras.
Em
particular uma estação de trabalho automatizada, a “Estação de
Trabalho Master”, promovida pela COMISSÃO DE ENERGIA ATÔMICA
francesa (CEA), que auxilia o tetraplégicos em várias atividades
que vão desde um auxílio na alimentação, até em atividades
completas de escritório (Busnel,1999).
Também
foram desenvolvidos adaptadores para acionamentos das funções
gerais de uma câmera fotográfica, permitindo a inclusão
profissional de um indivíduo tetraplégico de 36 anos, no Canadá
(LeBlanc,1982).
Mas
algumas funções como por exemplo, trocar de filme, ainda requerem
auxílio.
Então,
foram desenvolvidos, na Universidade de Mogi das Cruzes, dispositivos
que permitem uma inclusão profissional e interação social de
tetraplégicos.
OBJETIVO
O
objetivo deste trabalho é desenvolver dispositivos que permitam que
portadores de tetraplegia acessem estações de trabalho adaptadas às
suas competências, na tentativa de promover a inclusão profissional
e resgatar a integração social dos indivíduos em questão.
METODOLOGIA
Após
uma pesquisa de mercado foi verificado que algumas estações de
trabalho poderiam ser adaptadas aos movimentos dos tetraplégicos,
como no caso de um estúdio fotográfico, uma gráfica rápida e um
caixa expresso para lanchonetes.
Os
tetraplégicos foram agrupados de acordo sua expectativa funcional,
observando movimentos preservados para determinar a colocação dos
sensores.
Para
os tetraplégicos com movimentos preservados somente de cabeça e
pescoço e elevação do ombro, foi desenvolvido um capacete com
sensores magnéticos que permitem acionar um sistema de engrenagens
que movimenta uma câmera fotográfica.
O
capacete também pode ser utilizado como emulador de mouse para
selecionar e clicar ícones que se encontram na tela, o que também
permite acionar outras funções utilizadas nas três estações de
trabalho.
Para
os tetraplégicos com mais opções de movimentos preservados, foram
desenvolvidos sensores presos nos antebraços e cotovelos.
O
dispositivo do capacete (Figura 1) apresenta um imã, que fecha
contato com sensores magnéticos quando são efetuados os movimentos
de rotação, flexão e extensão da cabeça.
figura 1
O
protótipo para estúdio fotográfico é formado por um sistema
mecânico composto de uma base de compensado de madeira onde foi
fixado na sua extremidade superior, uma caixa de comando contendo um
circuito eletrônico, duas caixas de engrenagens redutoras, dois
motores de passo e os circuitos eletrônicos para o acionamento
desses motores, que permitem a
movimentação
no sentido vertical e horizontal (Figuras 2 e 3).
figura 2
O
suporte da câmera foi disposto no eixo central para referência do
centro de massa e foi fixado na sua extremidade inferior através de
parafusos e borboletas.
As
fontes de alimentação dos motores e dos circuito figura 1.
Capacete
e sensores. eletrônicos foram fixadas em uma caixa auxiliar, na
base.
Na
gráfica rápida, foi utilizado o emulador do mouse para as funções
de digitalização, edição e impressão.
figura 3
Foi
desenvolvido um software em ambiente Visual Basic 6.0, que permite a
confecção de cartões, imãs e películas de estampar, compatível
com o uso do emulador de mouse.
No
caixa expresso para lanchonetes, foi utilizado o mesmo emulador de
mouse, com software em Visual Basic 6.0, que permite que todos os
itens do cardápio estejam na tela e além disso possui uma conexão
com o caixa ao lado e com a cozinha.
RESULTADOS
E DISCUSSÃO
No
estúdio fotográfico, o cliente se posiciona no cenário previamente
preparado, no lugar marcado para respeitar a relação distância x
iluminação.
O
tetraplégico estabilizado em sua cadeira, gira a câmera no sentido
vertical e horizontal, procurando o melhor ângulo através do
acionamento dos sensores e dispara a foto.
Após
descarregar a imagem para o computador, pode realizar as edições
disponíveis.
Na
gráfica rápida, o próprio cliente posiciona a foto ou imagem no
scanner e o tetraplégico realiza digitalização.
Depois,
seleciona com o emulador de mouse, os ícones da tela com aplicações
disponíveis como confecção de películas para estampa de
camisetas, cartões e imãs, de acordo com a solicitação do
cliente.
Além
dos programas de edição normal de imagens, utiliza-se um software
que, a partir de uma foto do rosto do cliente, permite que o
tetraplégico altere cor, corte, penteados dos cabelos, bem como
apresenta recursos de maquiagem, lente de contato e acessórios.
Os
clientes solicitam esse tipo de edição, tanto para diversão e
brincadeiras com amigos, como para visualizarem previamente uma
futura alteração real no visual, permitindo a observação da
combinação de cores e cortes de cabelo com seu tipo de rosto e tom
de pele.
O
dispositivo para caixa expresso para lanchonetes, permite ao
tetraplégico, interagir com uma equipe de trabalho e com o público,
através da função de operador de caixa.
Ele
deverá estar sentado em sua própria cadeira e posicionado em frente
da
caixa
registradora de pedidos.
Na
tela estão exibidos todos os itens vendidos na lanchonete e através
do mesmo emulador de mouse, o tetraplégico seleciona os itens
escolhidos pelo
cliente
e registra-os.
O
valor do pedido é enviado para o caixa ao lado e exibido em um
painel eletrônico e ao mesmo tempo o pedido é enviado à cozinha.
O
cliente efetua o pagamento no caixa ao lado e retira o pedido no
guichê de
entrega.
Os
testes dos periféricos e das estações de trabalho foram realizados
primeiramente com voluntários não portadores de tetraplegia que
acharam o sistema prático e de fácil aplicabilidade.
O
mesmo ocorreu com os tetraplégicos que realizaram os testes.
O
uso do capacete permitiu um adequado controle dos movimentos, apenas
com algum treino.
Durante
os testes com sensores fixados nos membros superiores, os voluntários
não portadores de tetraplegia não apresentaram nenhuma dificuldade,
pois os movimentos são simples e de pouca amplitude.
Os
tetraplégicos com movimentos de membros superiores preservados
necessitaram apenas de algum treino e depois se adaptaram ao
acionamento dos sensores.
Para
prevenir fadiga e consequentemente Disfunções Osteomusculares
Relacionadas ao Trabalho, foi feita uma análise ergonômica e
biomecânica,
relacionando
os usuários com o ambiente de trabalho (Lida, 1998; Coury, 1995).
CONCLUSÃO
Como
o uso do dispositivo é relativamente simples e adequado às
necessidades do usuário, a possibilidade de gerar desinteresse e
abandono é menor. Iniciamos a criação de novas alternativas para
inclusão profissional
dos
tetraplégicos, que possuem poucas opções.
Além
disso, a reintegração social se dá quando as pessoas procuram os
serviços desses tetraplégicos e eles percebem a própria
importância.
REFERÊNCIAS
Busnel,
M. ; Cammoun, R, Lauture, F.C., Détriché, J.M., Lesigne,B. (1999)
“The robotized workstation “MASTER” for users with tetraplegia:
Description and evaluation”, Journal ofRehabilition Reserch and
Developmente, vol. 36, n º 3, July.
Coury,
Helenice Jane Cote Gil (1995)-Trabalhando sentado – Manual para
posturas confortáveis – 2ª ed – São Carlos: EDUFSCar.
Leblanc,
M., Khatri, A., (1982), TITLE: Adapted Camera Mount with Tripod, and
Pan-Tilt Functions for a Wheelchair Bound Photographer JOURNAL:
Canadian Journal of Occupational Therapy. v. 49 no 3,p 93-96. Iida, I
(1990).
Ergonomia
– Projeto e Produção. Editora Edgard Blücher, LTDA.
Importante:
Qualquer
citação deste texto ou partes dele, sob qualquer forma ou meio,
deve obrigatoriamente incluir, além do título e autor, a menção
de "Anais do II Seminário ATIID, São Paulo-SP, 23-24/09/2003"
disponível online em:
Fonte
- http://www.fsp.usp.br/acessibilidade
Seres
especiais
Quem
a conheceu em criança diz que era uma menina diferente, magra, sem
muita saúde.
Sempre
ocupada com alguma atividade, se mostrava introspectiva, silenciosa.
Em
outros momentos, podia-se ouvir sua voz, cantando canções que
ninguém conhecia.
Mal
sabiam que tais canções desconhecidas eram criações suas, falando
de gratidão à natureza e de amor a Jesus.
De
família pobre, onde todos deviam colaborar, ela também fazia a sua
parte.
Supervisionava
os irmãos nas lições escolares, auxiliando-os na memorização dos
conteúdos.
Orientava-os
na obediência aos pais, e a Jesus, a quem dedicava muito amor.
Quando
o pai ficava nervoso com os compromissos vivenciados frente à
família numerosa, ela o abraçava, no intuito de acalmá-lo.
Mais
de uma vez ouviu os desabafos da mãe, adoentada e insatisfeita com a
vida.
Numa
época em que as meninas não permaneciam na escola depois de
alfabetizadas, feliz, percebeu os pais lutando para lhe oferecer tal
oportunidade.
Agradecida,
dava o melhor retorno, com muita vontade e bom desempenho.
Logo
que a idade lhe permitiu, conseguiu trabalho para ajudar na
manutenção do lar.
Incentivada
por uma de suas professoras, anotava suas canções e poesias, e as
guardava com esmero.
Acordava
no meio da noite, e se punha a escrever na penumbra, para não
acordar os demais.
Era
junto dela que irmãos e amigas encontravam ajuda para as
dificuldades.
Contam,
que certa feita, sem entender o porquê, ouviu seu avô dizer aos
pais que cuidassem bem dela, porque tais criaturas não ficavam muito
tempo na Terra.
Seu
amor e confiança em Jesus, as tarefas constantes em favor do próximo
lhe davam vontade de viver.
Inspirada,
escreveu, em determinada oportunidade:
Se
eu pudesse explicar a emoção que o meu peito domina, quando imagino
Teus olhos divinos que me iluminam...
Tua
voz suave, como um doce canto, a me embalar, me acalenta, o meu ser
sustenta e me ponho a cantar...
Se
eu pudesse Tua companhia sempre usufruir, eu seria o ser mais feliz
que pode existir...
Ser
tão querido, fonte de ternura, de luz, de calor, aqui me proponho
declarar meu sonho de eterno amor...
És
das manhãs o lume; do ar o perfume, torrente de luz.
Da
vida és calor.
Do
sentimento, o amor.
Tu
és Jesus.
Muitas
almas especiais passam anonimamente pela Terra, deixando seu recado.
São
criaturas que Deus envia para o planeta, colocando-as ao lado de
outras que sofrem, que padecem dificuldades de toda sorte, a fim de
que as possam alentar.
Com
sua presença, amparam.
Com
seus braços, acolhem.
Com
suas palavras, aconchegam.
Por
vezes, sua ação é de tal forma constante, eficiente e sutil, que
parece que sempre ali estiveram para servir de apoio.
Seu
extraordinário valor, quase sempre, somente é medido quando a morte
as arrebata e um grande vazio substitui a sua presença física.
Então,
é comum se ouvirem as expressões:
Era
um ser especial. Nossa, iremos sentir muito a sua falta.
Pessoas
do bem.
Pessoas
que servem.
Salutar
seria que, enquanto estivessem a caminho conosco, melhor
usufruíssemos das suas companhias e com elas aprendêssemos algumas
lições.
Fonte
- Momento Espírita. Em 16.9.2017.
Deveria existir mais políticas e projetos que amparassem os deficientes em nosso país em relação a uma inclusão concreta que inserisse estes em nossa sociedade em todos os campos, dando acesso a todos; mas, senão há acessibilidade para estes como poderá haver a inclusão social e o reconhecimento dentro da sociedade em que vive como membro desta; infelizmente ainda tem muita ressalvas e preconceito.
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