Acreditar em si mesmo

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segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Inclusão profissional de tetraplégicos



INCLUSÃO PROFISSIONAL DE TETRAPLÉGICOS ATRAVÉS DE DISPOSITIVOS ASSISTIVOS QUE PERMITAM ACESSAR ESTAÇÕES DE TRABALHO


Andrea S. PEREIRA, Alessandro P. da SILVA, Terigi A. SCARDOVELLI, Annie France FRÈRE UMC / Universidade de Mogi das Cruzes, Mogi das Cruzes-SP, Brasil andsp99@zipmail.com.br


RESUMO:

Foram desenvolvidos dispositivos que auxiliam tetraplégicos a exercerem alguma atividade profissional adaptada às suas competências, visando promover sua inclusão profissional, reintegração social e de proporcionar-lhes uma fonte renda.

Como os tetraplégicos têm comprometimento dos movimentos de membros superiores, existem poucas opções de ocupação profissional disponíveis.

Os tetraplégicos podem pertencer a diversas categorias, em função dos movimentos preservados.

Foram analisadas quais profissões que requereriam menos adaptações para serem exercidas com estes movimentos preservados.

Foram selecionados um estúdio fotográfico, uma gráfica rápida e um caixa expresso para lanchonetes e desenvolvidos adaptadores com sensores para o acesso a cada estação de trabalho.

Após os testes, o sistema demonstrou ser prático e de fácil utilização.

INTRODUÇÃO

Apesar da reabilitação profissional ser considerada uma forma de promoção
da reintegração da pessoa portadora de deficiência na sociedade e de ser um assunto muito discutido atualmente em todo o mundo, ainda falta desenvolvimento nesta área.

Muitas empresas se dispõem a contratar portadores de necessidades especiais, para cumprir as leis existentes, mas as vagas oferecidas não têm estrutura para acolher todos os tipos de deficientes.

São encontrados para reabilitação profissional, basicamente trabalhos artesanais, ou então trabalhos abrigados em oficinas baseados no modelo taylorista de produção, que impede uma adequada manifestação da individualidade e da sociabilidade do deficiente.

O problema torna-se maior no caso do Tetraplégico, que possui comprometimento dos membros superiores, encontrando poucas opções de ocupação profissional.

Além disso, o trabalho e seu ambiente devem ser adequados às necessidades do usuário, para evitar o desinteresse e abandono do dispositivo (Lida, 1998).

Para a inclusão profissional de portadores de deficiência com comprometimento dos membros superiores, LeBlanc e Khatri (1982) e Busnell et al (1999), desenvolveram ferramentas que permitem o trabalho ou auxiliam as tarefas de vida diária dos indivíduos com severas deficiências motoras.

Em particular uma estação de trabalho automatizada, a “Estação de Trabalho Master”, promovida pela COMISSÃO DE ENERGIA ATÔMICA francesa (CEA), que auxilia o tetraplégicos em várias atividades que vão desde um auxílio na alimentação, até em atividades completas de escritório (Busnel,1999).

Também foram desenvolvidos adaptadores para acionamentos das funções gerais de uma câmera fotográfica, permitindo a inclusão profissional de um indivíduo tetraplégico de 36 anos, no Canadá (LeBlanc,1982).

Mas algumas funções como por exemplo, trocar de filme, ainda requerem auxílio.

Então, foram desenvolvidos, na Universidade de Mogi das Cruzes, dispositivos que permitem uma inclusão profissional e interação social de tetraplégicos.

OBJETIVO

O objetivo deste trabalho é desenvolver dispositivos que permitam que portadores de tetraplegia acessem estações de trabalho adaptadas às suas competências, na tentativa de promover a inclusão profissional e resgatar a integração social dos indivíduos em questão.

METODOLOGIA

Após uma pesquisa de mercado foi verificado que algumas estações de trabalho poderiam ser adaptadas aos movimentos dos tetraplégicos, como no caso de um estúdio fotográfico, uma gráfica rápida e um caixa expresso para lanchonetes.

Os tetraplégicos foram agrupados de acordo sua expectativa funcional, observando movimentos preservados para determinar a colocação dos sensores.

Para os tetraplégicos com movimentos preservados somente de cabeça e pescoço e elevação do ombro, foi desenvolvido um capacete com sensores magnéticos que permitem acionar um sistema de engrenagens que movimenta uma câmera fotográfica.

O capacete também pode ser utilizado como emulador de mouse para selecionar e clicar ícones que se encontram na tela, o que também permite acionar outras funções utilizadas nas três estações de trabalho.

Para os tetraplégicos com mais opções de movimentos preservados, foram desenvolvidos sensores presos nos antebraços e cotovelos.

O dispositivo do capacete (Figura 1) apresenta um imã, que fecha contato com sensores magnéticos quando são efetuados os movimentos de rotação, flexão e extensão da cabeça.

figura 1
 

O protótipo para estúdio fotográfico é formado por um sistema mecânico composto de uma base de compensado de madeira onde foi fixado na sua extremidade superior, uma caixa de comando contendo um circuito eletrônico, duas caixas de engrenagens redutoras, dois motores de passo e os circuitos eletrônicos para o acionamento desses motores, que permitem a
movimentação no sentido vertical e horizontal (Figuras 2 e 3).

figura 2






O suporte da câmera foi disposto no eixo central para referência do centro de massa e foi fixado na sua extremidade inferior através de parafusos e borboletas.

As fontes de alimentação dos motores e dos circuito figura 1.

Capacete e sensores. eletrônicos foram fixadas em uma caixa auxiliar, na base.

Na gráfica rápida, foi utilizado o emulador do mouse para as funções de digitalização, edição e impressão.

figura 3
Foi desenvolvido um software em ambiente Visual Basic 6.0, que permite a confecção de cartões, imãs e películas de estampar, compatível com o uso do emulador de mouse.

No caixa expresso para lanchonetes, foi utilizado o mesmo emulador de mouse, com software em Visual Basic 6.0, que permite que todos os itens do cardápio estejam na tela e além disso possui uma conexão com o caixa ao lado e com a cozinha.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No estúdio fotográfico, o cliente se posiciona no cenário previamente preparado, no lugar marcado para respeitar a relação distância x iluminação.

O tetraplégico estabilizado em sua cadeira, gira a câmera no sentido vertical e horizontal, procurando o melhor ângulo através do acionamento dos sensores e dispara a foto.

Após descarregar a imagem para o computador, pode realizar as edições disponíveis.

Na gráfica rápida, o próprio cliente posiciona a foto ou imagem no scanner e o tetraplégico realiza digitalização.

Depois, seleciona com o emulador de mouse, os ícones da tela com aplicações disponíveis como confecção de películas para estampa de camisetas, cartões e imãs, de acordo com a solicitação do cliente.

Além dos programas de edição normal de imagens, utiliza-se um software que, a partir de uma foto do rosto do cliente, permite que o tetraplégico altere cor, corte, penteados dos cabelos, bem como apresenta recursos de maquiagem, lente de contato e acessórios.

Os clientes solicitam esse tipo de edição, tanto para diversão e brincadeiras com amigos, como para visualizarem previamente uma futura alteração real no visual, permitindo a observação da combinação de cores e cortes de cabelo com seu tipo de rosto e tom de pele.

O dispositivo para caixa expresso para lanchonetes, permite ao tetraplégico, interagir com uma equipe de trabalho e com o público, através da função de operador de caixa.

Ele deverá estar sentado em sua própria cadeira e posicionado em frente da
caixa registradora de pedidos.

Na tela estão exibidos todos os itens vendidos na lanchonete e através do mesmo emulador de mouse, o tetraplégico seleciona os itens escolhidos pelo
cliente e registra-os.

O valor do pedido é enviado para o caixa ao lado e exibido em um painel eletrônico e ao mesmo tempo o pedido é enviado à cozinha.

O cliente efetua o pagamento no caixa ao lado e retira o pedido no guichê de
entrega.

Os testes dos periféricos e das estações de trabalho foram realizados primeiramente com voluntários não portadores de tetraplegia que acharam o sistema prático e de fácil aplicabilidade.

O mesmo ocorreu com os tetraplégicos que realizaram os testes.

O uso do capacete permitiu um adequado controle dos movimentos, apenas com algum treino.

Durante os testes com sensores fixados nos membros superiores, os voluntários não portadores de tetraplegia não apresentaram nenhuma dificuldade, pois os movimentos são simples e de pouca amplitude.

Os tetraplégicos com movimentos de membros superiores preservados necessitaram apenas de algum treino e depois se adaptaram ao acionamento dos sensores.

Para prevenir fadiga e consequentemente Disfunções Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho, foi feita uma análise ergonômica e biomecânica,
relacionando os usuários com o ambiente de trabalho (Lida, 1998; Coury, 1995).

CONCLUSÃO

Como o uso do dispositivo é relativamente simples e adequado às necessidades do usuário, a possibilidade de gerar desinteresse e abandono é menor. Iniciamos a criação de novas alternativas para inclusão profissional
dos tetraplégicos, que possuem poucas opções.

Além disso, a reintegração social se dá quando as pessoas procuram os serviços desses tetraplégicos e eles percebem a própria importância.

REFERÊNCIAS

Busnel, M. ; Cammoun, R, Lauture, F.C., Détriché, J.M., Lesigne,B. (1999) “The robotized workstation “MASTER” for users with tetraplegia: Description and evaluation”, Journal ofRehabilition Reserch and Developmente, vol. 36, n º 3, July.

Coury, Helenice Jane Cote Gil (1995)-Trabalhando sentado – Manual para posturas confortáveis – 2ª ed – São Carlos: EDUFSCar.

Leblanc, M., Khatri, A., (1982), TITLE: Adapted Camera Mount with Tripod, and Pan-Tilt Functions for a Wheelchair Bound Photographer JOURNAL: Canadian Journal of Occupational Therapy. v. 49 no 3,p 93-96. Iida, I (1990).

Ergonomia – Projeto e Produção. Editora Edgard Blücher, LTDA.

Importante:

Qualquer citação deste texto ou partes dele, sob qualquer forma ou meio, deve obrigatoriamente incluir, além do título e autor, a menção de "Anais do II Seminário ATIID, São Paulo-SP, 23-24/09/2003" disponível online em:


Fonte - http://www.fsp.usp.br/acessibilidade



Seres especiais


Quem a conheceu em criança diz que era uma menina diferente, magra, sem muita saúde.

Sempre ocupada com alguma atividade, se mostrava introspectiva, silenciosa.

Em outros momentos, podia-se ouvir sua voz, cantando canções que ninguém conhecia.

Mal sabiam que tais canções desconhecidas eram criações suas, falando de gratidão à natureza e de amor a Jesus.

De família pobre, onde todos deviam colaborar, ela também fazia a sua parte.

Supervisionava os irmãos nas lições escolares, auxiliando-os na memorização dos conteúdos.

Orientava-os na obediência aos pais, e a Jesus, a quem dedicava muito amor.

Quando o pai ficava nervoso com os compromissos vivenciados frente à família numerosa, ela o abraçava, no intuito de acalmá-lo.

Mais de uma vez ouviu os desabafos da mãe, adoentada e insatisfeita com a vida.

Numa época em que as meninas não permaneciam na escola depois de alfabetizadas, feliz, percebeu os pais lutando para lhe oferecer tal oportunidade.

Agradecida, dava o melhor retorno, com muita vontade e bom desempenho.

Logo que a idade lhe permitiu, conseguiu trabalho para ajudar na manutenção do lar.

Incentivada por uma de suas professoras, anotava suas canções e poesias, e as guardava com esmero.

Acordava no meio da noite, e se punha a escrever na penumbra, para não acordar os demais.

Era junto dela que irmãos e amigas encontravam ajuda para as dificuldades.

Contam, que certa feita, sem entender o porquê, ouviu seu avô dizer aos pais que cuidassem bem dela, porque tais criaturas não ficavam muito tempo na Terra.

Seu amor e confiança em Jesus, as tarefas constantes em favor do próximo lhe davam vontade de viver.

Inspirada, escreveu, em determinada oportunidade:

Se eu pudesse explicar a emoção que o meu peito domina, quando imagino Teus olhos divinos que me iluminam...

Tua voz suave, como um doce canto, a me embalar, me acalenta, o meu ser sustenta e me ponho a cantar...

Se eu pudesse Tua companhia sempre usufruir, eu seria o ser mais feliz que pode existir...

Ser tão querido, fonte de ternura, de luz, de calor, aqui me proponho declarar meu sonho de eterno amor...

És das manhãs o lume; do ar o perfume, torrente de luz.

Da vida és calor.

Do sentimento, o amor.

Tu és Jesus.


Muitas almas especiais passam anonimamente pela Terra, deixando seu recado.

São criaturas que Deus envia para o planeta, colocando-as ao lado de outras que sofrem, que padecem dificuldades de toda sorte, a fim de que as possam alentar.

Com sua presença, amparam.

Com seus braços, acolhem.

Com suas palavras, aconchegam.

Por vezes, sua ação é de tal forma constante, eficiente e sutil, que parece que sempre ali estiveram para servir de apoio.

Seu extraordinário valor, quase sempre, somente é medido quando a morte as arrebata e um grande vazio substitui a sua presença física.

Então, é comum se ouvirem as expressões:

Era um ser especial. Nossa, iremos sentir muito a sua falta.

Pessoas do bem.

Pessoas que servem.

Salutar seria que, enquanto estivessem a caminho conosco, melhor usufruíssemos das suas companhias e com elas aprendêssemos algumas lições.


Fonte - Momento Espírita. Em 16.9.2017.











Um comentário:

  1. Deveria existir mais políticas e projetos que amparassem os deficientes em nosso país em relação a uma inclusão concreta que inserisse estes em nossa sociedade em todos os campos, dando acesso a todos; mas, senão há acessibilidade para estes como poderá haver a inclusão social e o reconhecimento dentro da sociedade em que vive como membro desta; infelizmente ainda tem muita ressalvas e preconceito.

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