Como
os games ajudaram a salvar o tetraplégico Ken Worrall
Worrall,
48, sofreu um acidente de trabalho há 20 anos e ficou
tetraplégico.
Além
da paralisia, ele também precisa da ajuda de um ventilador
mecânico para respirar.
As
dificuldades de Ken o ajudaram a descobrir uma nova paixão: o
streaming de jogos.
No
vídeo My Name is Ken, podemos ver sua história.
Ao
acordar no hospital, em um estado quase vegetativo, sobrevivendo
graças a aparelhos e tendo que piscar para dizer sim ou não, o
canadense chegou a optar pela eutanásia.
Seu
pai, entretanto, pediu para ele esperar e pensar melhor.
Foi
a família que o fez mudar de ideia e vencer a depressão – ao ver
a ex-esposa e os filhos, Worrall decidiu que queria viver.
“Minha
vida mudou naquele momento. Imaginei meus filhos crescendo,
envelhecendo, casando-se e tendo seus próprios filhos”, contou o
gamer.
“Hoje
tenho três netos.
Meu
sonho se realizou”.
Antes
do acidente, Ken não tinha muita intimidade com vídeo games:
“Eu
jogava um pouquinho de Mario Kart, Super Mario, coisas assim.
Mas
sempre trabalhei muito e tentava passar o tempo livre com meus
filhos, de preferência fora de casa”.
Incapaz
de mexer os braços e as pernas, ele achava que não podia fazer
mais nada.
Foi
quando uma moça do centro de reabilitação o apresentou a algo que
poderia interessá-lo: um jogo recém-lançado, chamado Diablo III.
Worrall
gostou do que viu, mas como jogaria?
Na
ocasião, ele conheceu o Jouse, um joystick/mouse movimentado
pela boca.
Assim
teve início o amor de Ken pelos games.
Depois de um tempo, a diversão foi se transformando em algo mais sério.
Ken
também passou a jogar World of Warcraft e Starcraft.
“Quando
essa mulher me apresentou aos games, minha vida se expandiu.
Ganhei
a confiança necessária para superar minha condição e ser quem
sou hoje.
Eu
amo jogos e Diablo é meu título favorito”, destacou.
O
canadense confessa que quando começou a fazer os streamings
não sabia se gostaria daquilo ou se continuaria fazendo.
Mas,
ao receber respostas positivas dos espectadores, sua confiança
cresceu ainda mais.
“Passei
a gostar da atividade e a me sentir muito bem comigo mesmo.
Estava
fazendo algo que amava, então por que não continuar?”.
E
assim o seu canal no Twitch, NoHandsKen, explodiu e ganhou
uma legião de seguidores leais – pouco mais de 20 mil, no momento
em que escrevo.
De
acordo com o gamer, o feedback de todos foi incrível e é
sua principal fonte de motivação.
“Eles
diziam que eu era uma inspiração, um exemplo, e por aí vai.
Todos
me apoiaram e foi maravilhoso.
Estou
aprendendo muito e dando o meu melhor, mas ainda sou um novato e
muitas vezes não tenho ideia do que faço.
Só
peço um pouco de paciência”.
Ken não só venceu as adversidades físicas como também ajudou outros na mesma situação.
Pelo
Twitch, um rapaz, também tetraplégico, perguntou admirado como ele
conseguia jogar.
Worrall
contou sua história, falou sobre o Jouse e os dois ficaram amigos.
“Isso
me fez chorar.
Acho
que aquele foi o momento mais importante pra mim – poder ajudar
alguém como eu.
Percebi
que finalmente eu tinha um propósito”.
O
vídeo termina com um agradecimento emocionado do gamer.
“Gostaria
de agradecer do fundo do meu coração aos meus espectadores, por
fazerem eu me sentir incrível.
À
minha família, por ser maravilhosa.
A
todos os seguidores do Twitch que doaram dinheiro para eu poder ir à
BlizzCon.
Nem
tenho palavras.
Vou
sempre dar o meu melhor para diverti-los e tentar aprender ainda
mais”.
A
história de Ken é realmente inspiradora, e podemos ver como a
tecnologia e os games podem ser ferramentas poderosas, indo além do
entretenimento – até a conexão entre as pessoas.
Fonte:
- www.afronte.com .br
Eutanásia
– Hei de morrer quando chegar minha hora.
Jorge:
um testemunho na primeira pessoa
O
filme “Mar Adentro” conta a história real de um tetraplégico,
de seu nome Ramón Sampedro, que se bateu até ao fim pelo direito à
eutanásia.
Mas
nem todos os tetraplégicos querem morrer.
Veja-se
o caso do Jorge, por exemplo.
O
Jorge ficou tetraplégico no dia 15 de Julho de 2002, com apenas 30
anos de idade, num acidente de trabalho.
Serralheiro
de profissão, o Jorge estava a realizar obras num centro comercial
em Matosinhos quando caiu de uma altura de cerca de dois metros.
Ficou
inconsciente por breves instantes.
Ao
acordar, percebeu que a queda transformaria a sua vida para sempre.
“Quando
abri os olhos, estava deitado no chão.
E
não conseguia mexer-me.
Chamaram
os bombeiros e fui para o Hospital de S. João, onde fui operado”,
recorda, já sem a mágoa de outros tempos.
Para
este homem, o tempo tem ajudado a sarar as feridas da alma.
A
tetraplagia, essa, não tem remédio que lhe valha.
O
Jorge não se apercebeu logo do seu estado, não entendeu ou não
quis entender que era irreversível.
Já
no Hospital de Pedro Hispano, em Matosinhos, para onde foi entretanto
transferido, passou as maiores provações, sentiu-se revoltado, fez
a pergunta que todos fazem numa situação destas:
“Porquê
eu?”.
Os
primeiros seis meses foram os mais complicados.
“Custa
muito, no início.
Eu
chorava muito”, confessa.
Segundo
o Jorge, a ajuda dos seus familiares (incluindo o pai, entretanto
falecido) foi fundamental.
Mas
o que mais o incentivou, diz, foi a ida para um hospital, em Toledo,
que recebe paraplégicos e tetraplégicos de todo o mundo.
Vi
como era a realidade!
Havia
pessoas em pior situação do que eu”, explica.
E,
no entanto, a situação do Jorge não é das melhores.
Quando
caiu, seccionou a medula a nível de C4, o que faz com que não
respire autonomamente.
Foi
submetido a uma traqueostomia e, hoje, depende por completo de um
ventilador.
Durante os meses que
passou em Toledo, o Jorge voltou a sentir-se em casa e foi encontrar
as forças que lhe faltavam na amizade.
“Havia
muito convívio.
Era
como se fosse uma família!”, lembra, com saudades dos seus
companheiros de infortúnio, com quem ainda se comunica pelo
telefone, do seu quarto no Hospital de Pedro Hispano, para onde
regressou.
Recebe
mais chamadas do que faz.
Brinca,
a propósito, dizendo que passar horas ao telefone é coisas de
mulheres.
O
Jorge conta que, nesse hospital espanhol, avançou muito.
“Deram-me
uma cadeira de rodas que me dá independência para andar de um lado
para o outro”, explica, a sorrir.
Foi
uma grande conquista!
As
saudades são tantas que o Jorge não se importava de regressar a
Toledo:
“Por
mim, tinha ficado lá!
Tinha
mais condições.
Tinha
um jardim…
Era
porreiro”.
Em
matéria de amor, o Jorge prefere não falar muito.
Diz
que não tem namorada, mas não enjeita a possibilidade de vir a ler,
no futuro.
“Se
calhar…”, admite, visivelmente bem-disposto.
O
Jorge afirma que não houve nenhum momento em particular em que
tivesse aceite que era tetraplégico.
“Foi
um processo gradual.
Fui-me
mentalizando de que iria ficar assim”, conta.
Hoje
em dia, não pensa muito no que lhe aconteceu.
“Vou
vivendo”, afirma.
Também
não pensa que tenha sido o destino que o atirou para uma cadeira de
rodas.
“O
meu destino não era cair e ficar tetraplégico.
O
destino das pessoas não é estarem deitadas numa cama dos cuidados
intensivos…”, diz.
Quando
lhe perguntamos o que pensa sobre a eutanásia e se algum dia pensou
em morrer, responde-nos:
“Por
que é que eu havia de morrer?
Hei-de
morrer quando chegar a minha hora!
A
vida é mesmo assim!”.
O
Jorge não quer morrer.
Quer,
apenas, que o tirem dos cuidados intensivos do hospital e o levem
para um local adequado à sua nova condição.
Em
Espanha ou em Portugal, é-lhe indiferente.
Mas
não lhe consta que o nosso país tenha, neste momento, algum espaço
que o queira ou possa acolher.
Por
isso, mantém-se nos Cuidados Intensivos do Hospital de Pedro
Hispano.
Até
ver…
Para
sua casa, infelizmente, não pode ir porque o seu quarto fica num
primeiro andar.
Quando
pode, vai passar umas horas à casa da irmã, que fica situada num
rés-do-chão.
De
todo o modo, se fosse para casa, o Jorge precisaria de alguém que
estivesse ao seu lado em permanência.
O
Jorge não pede para morrer.
Quer
algo bem mais simples: nada mais, nada menos do que um computador.
Durante
seis meses, a Universidade de Trás-os-Montes emprestou-lhe um, mas
teve de o levar embora.
Há
alguns meses, segundo conta, um engenheiro foi ao Hospital de Pedro
Hispano mostrar-lhe um computador semelhante, mas até agora
.continua à espera de que lhe digam se poderá ou não ficar com
ele.
Para
o Jorge, seria ótimo.
Poderia
“entrar na Internet” para “ver as notícias”.
O
Jorge quer estar actualizado.
Quem
sabe se, um dia, não lê na Internet que o seu problema tem uma
solução, ou até uma cura…
No
seu caso, a esperança é mesmo a última a morrer.
Cláudia
Azevedo, Notícias Médicas, 16 de Março de 2005
Fonte:
- www.aaldeia.net
Incrível como um simples jogo digital pode mudar a vida desse rapaz a ponto de torná-lo num jogador profissional de vídeo game, são essas pequenas coisas que demonstra que o deficiente não incapaz quando lhe dão a oportunidade de mostrar sua inteligência e capacidade funcional; a sociedade precisa se conscientizara respeito do pré conceito que fazem dos deficientes.
ResponderExcluirA outra postagem fala sobre a eutanásia no meu ponto de vista sou completamente contra este procedimento, porque são situações que temos de passar na nossa caminhada terrena para a nossa evolução, além de que esse procedimento não passa de um suicídio consciente que fogem as leis naturais da vida.