Missão
e renúncia
O
caso de um Juiz Federal, noticiado pela imprensa, que ficou vários
meses confinado no Fórum de uma cidade da região Centro-oeste do
Brasil, chamou-nos atenção.
Afinal,
qual foi o seu crime, para perder o direito à liberdade de circular
livremente?
O
Juiz não cometeu crime algum, apenas condenou criminosos do tráfico
de drogas e confiscou seus bens, conforme estabelecem as leis do
nosso país.
Certamente
essa é uma atitude de alguém que assumiu um compromisso perante a
própria consciência e não abre mão dele, ainda que o preço seja
viver encarcerado, longe da família e dos amigos.
Sim,
porque o preço que o nobre Juiz pagou é alto.
Sua
vida corre perigo e os traficantes soltos oferecem alta quantia em
dólares pela sua vida.
Esse
o motivo do confinamento.
Ele
poderia simplesmente renunciar ao dever de Juiz e viver
tranquilamente junto à esposa e às duas filhas, mas prefere estar
bem com a consciência do dever cumprido.
Sacrificar
o próprio bem-estar e a segurança, em nome do dever, é um preço
que poucos desejam pagar.
Firme
em seu objetivo, aquele Juiz aceitou o cárcere como meio de
continuar lutando em benefício da sociedade.
Não
apenas da sociedade em que vive, mas da Humanidade, pois o tráfico
de drogas é um flagelo mundial.
Enquanto
muitos cidadãos, tidos por honrados, se aliam a traficantes de
drogas em troca de dinheiro, esse Juiz, natural de Pernambuco,
renuncia à própria liberdade pelo dever de condenar criminosos de
grosso calibre.
Sem
dúvida, um homem corajoso.
Um
cristão consciente do seu dever.
Um
magistrado de fé.
Talvez
muitos de nós, mais apegados aos próprios interesses do que ao bem
comum, não tivéssemos essa coragem e essa disposição para a
renúncia.
Mas,
a exemplo dos cristãos primitivos, que enfrentavam as feras com fé
inabalável, existem homens e mulheres nos dias de hoje com a firmeza
de um Paulo de Tarso.
Nada
os faz mudar de ideia quando a questão é atender a consciência do
dever.
E
por que agem assim?
Porque
assumiram um compromisso antes do berço, e sabem que os bons amigos
do Além os protegem em todos os momentos. Isso lhes dá a confiança
de que necessitam.
Sabem
que o mundo não está à matroca e que, apesar dos maus serem
audaciosos e intrigantes, o poder do bem é o único que tem vida
própria, pois vem de Deus.
Atitudes
como a do Juiz pernambucano são a prova de que o mundo tem jeito.
Basta
ter atitude.
Basta
querer.
Basta
abrir mão dos interesses pessoais em nome da justiça.
O
incomparável Homem de Nazaré certa vez disse, do alto de uma
montanha:
Bem-aventurados
os que têm fome de justiça, porque serão saciados.
Bem-aventurados
os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o
reino dos céus.
É
bem provável que essas palavras de Jesus ecoem na acústica da alma
do notável Juiz Federal que sofre perseguição por amor à justiça
e lhe deem a fortaleza de que necessita para seguir adiante, com fé
inabalável.
Para
que a Terra se transforme em morada dos justos, Deus precisa de
homens que cumpram o seu dever. Isso apenas.
Se
todos fossem fiéis cumpridores dos seus deveres, a terra seria o
paraíso
dos
justos, mansos e pacíficos, conforme a promessa do Cristo, de que
esses herdariam a Terra renovada.
Há
encarcerados e encarcerados.
Você
sabe qual é a diferença entre um encarcerado por livre escolha e um
encarcerado por força das leis?
A
diferença é a posse da chave que abre a clausura.
No
caso do Juiz pernambucano, o confinamento é de sua livre escolha.
A
chave da porta está com ele.
Já
o prisioneiro delinquente não tem a posse da chave, que fica com o
carcereiro.
Eis
a grande diferença.
O
primeiro é livre para sair, mas prefere sacrificar a liberdade em
favor da justiça.
O
segundo perdeu a liberdade por egoísmo, e está segregado por ser um
elemento que oferece risco à sociedade.
Isso
tudo em nome da liberdade.
Todos
somos livres.
Livres
até para abrir mão da própria liberdade.
Fonte
- Momento Espírita, com base em matéria publicada pelo jornal O
Estado de S. Paulo,
em 4.7.2005, sobre o Juiz Federal Odilon de Oliveira e no Evangelho
de Mateus,
cap. V, vv. 5, 6 e 10. Em 7.6.2013.
Missão
especial
Quanto
vale um burro de carga?
Se
você já viu algum deles deve ter notado que, quase sempre, ele anda
de cabeça baixa, mais ou menos devagar, e sempre para onde os outros
querem.
Não
reclama.
Só
obedece.
Pois
esta história se passou na cocheira de um famoso palácio real, no
tempo em que não havia automóveis.
Os
demais cavalos viviam caçoando do burro de carga.
O
cavalo árabe se gabava da maneira como era acariciado pelas mãos
das princesas, depois de vencer as corridas.
O
burro, coitado, esse só devia conhecer o chicote, no lombo
maltratado.
O
potro inglês erguia a cabeça, com orgulho e dizia que o burro era
um burro mesmo.
Nem
tinha condições de avaliar a diferença entre eles, cavalos de raça
e ele próprio, um sem nome.
Outro
cavalo, de origem húngara, o chamava de covarde.
Imagine!
Ele
não dera nem um coice ao ser amansado.
Simplesmente
se deixara conduzir, montar, e atrelar a uma carroça com pesada
carga.
E
o jumento espanhol dizia se envergonhar de ser seu parente próximo.
O
burro ficava quieto.
Durante
muito tempo, ele puxara pesados fardos, de um lado a outro.
Agora,
estava na cocheira porque o resolveram aposentar.
Estava
ficando velho e diziam não aguentar carga muito pesada.
Certo
dia, um grande alvoroço aconteceu quando o rei apareceu na cocheira,
com seu manto real e sua coroa de ouro na cabeça.
Ele
queria um animal dócil e educado, que merecesse absoluta confiança.
O
empregado ofereceu o cavalo árabe.
Mas
o rei disse que ele servia só para corridas e festejos sem muita
importância.
E
o potro inglês?
Ah,
esse era muito irrequieto.
Servia
para a caça somente.
Quem
sabe o cavalo húngaro?
Não,
foi logo falando o rei.
Ele
é muito bravo e sem educação.
Talvez
possa servir como pastor de rebanhos.
Não
para a importante missão que estou pensando.
O
empregado não sabia o que fazer.
Estava
começando a ficar preocupado.
Afinal,
o rei tinha rejeitado os cavalos mais bonitos, soberbos e ágeis.
Lembrou-se
do jumento.
Mas
o rei conhecia muito bem todos os seus animais e foi logo dizendo que
o jumento espanhol era manhoso e não merecia confiança.
Não
sobra mais nenhum,
disse o empregado.
O
rei pensou um pouco, estalou os dedos e perguntou:
Onde
está o burro de carga?
O
próprio rei o puxou para fora, com carinho.
Mandou
colocar os emblemas da casa real e um manto vermelho, vistoso, sobre
ele.
Quando
o animal estava pronto, até bonito ficou e sorriu.
Sentiu-se
importante e emocionado.
O
que será que o rei teria para ele transportar?
Que
carga preciosa lhe seria confiada?
Em
breves minutos, o rei trouxe o filho, ainda menino, e o confiou ao
burro de carga, para uma longa viagem.
Assim
também acontece na vida.
Em
todas as ocasiões, temos um grande número de conhecidos,
companheiros.
Mas,
somente nos prestam serviços de real utilidade, nos momentos mais
difíceis, aqueles que são os nossos verdadeiros amigos.
Aqueles
que aprenderam, ao longo da vida, a servir e sofrer, a suportar
cargas pesadas, sem pensar muito em si mesmos.
Bom
é ter amigos nos quais se possa confiar, sem limites.
Melhor
ainda é ser um amigo leal, com quem os outros possam contar, a
qualquer hora, a qualquer momento, para o que precisarem.
Pensemos
nisso!
Fonte
- Momento Espírita, com base no cap. O
burro de carga,
do livro Alvorada
cristã,
pelo Espírito Neio Lúcio, psicografia de Francisco Cândido Xavier,
ed. FEB. Em 7.2.2015.
A
missão de cada um.
Decidi,
então, peregrinar por este mundo em fora, para decifrar tão
profundo enigma.
A
todos os seres que encontrava propunha a questão.
À
frondosa árvore, enraizada no centro de grande praça, supliquei que
me revelasse sua verdadeira missão.
Explanou-me
ela:
"Em
primeiro lugar, devo manter-me viva, forte, saudável, para melhor
poder cumprir meu papel.
Em
segundo, descobrir exatamente qual seja este papel.
E,
por fim, desempenhá-lo diligentemente.
A
mim cabe proteger os peregrinos que por aqui passam, nos tórridos
dias de verão, ofertando-lhes minha generosa sombra."
Segui
adiante e deparei-me com um belo gato siamês.
Segredou-me
ele que sua missão consistia em fazer companhia a uma velha senhora,
ofertando a ela todo seu encanto e ternura.
Por
muitos e muitos dias, por escabrosas veredas, feri meus pés à
procura de respostas à pungente dúvida.
O
esforço foi sobejamente recompensado.
Mas
eu sentia que era preciso ainda ouvir uma sábia opinião de um
representante do gênero humano.
Finalmente,
após fatigante busca, no alto de um outeiro, encontrei um sábio
anacoreta, longas barbas brancas, olhar perdido no horizonte, a
meditar...
Acolheu-me
amavelmente.
Após
ouvir, todo paciência e atenção, meu relato e minhas súplicas,
sentenciou gravemente:
"Meu
prezado buscador.
Os
sábios seres da natureza propiciaram a ti as respostas.
Já
és possuidor do inefável segredo.
Não
obstante, mais posso aduzir:
Caso
descobrires que és uma árvore, sejas realmente uma árvore; se
fores um gatinho, não te constranjas em ofertar toda tua meiguice; e
se um leão, coloca sempre toda tua energia em tudo que fizeres.
Enfim,
é preciso descobrir teus verdadeiros talentos, aprimorá-los,
produzir os melhores frutos, e então, ofertá-los generosamente."
Ninguém
habita este planeta sem objetivo, sem finalidade maior.
Aquele
que cultiva a terra realiza uma missão.
Como
aquele que governa ou que instrui.
Tudo
se encadeia na natureza.
Ao
mesmo tempo que o Espírito se depura pela encarnação, concorre,
dessa forma, para a realização dos desígnios da Providência.
Cada
um tem sua missão na Terra.
Cada
um pode ser útil para alguma coisa.
Desta
forma, buscadores que somos, o que devemos encontrar é a nós
mesmos, descobrindo depois no que podemos ser úteis.
Que
habilidade temos?
Quais
são nossos talentos?
O
que podemos fazer pela comunidade ao nosso redor?
É
tempo de descoberta e de ação.
Cada
dia na Terra é oportunidade única que não pode mais ser
desperdiçada com as distrações e ilusões que criamos ao longo das
eras.
Fonte
- Momento Espírita com base em texto do livro A
magia das palavras, de
Ramiro Sápiras, ed. Recanto das letras e no item 573 de O
livro dos Espíritos,
de Allan Kardec, ed. Feb. Em 19.10.2009.
Aqui na Terra não somos meros espectadores ou turistas; temos obrigações e deveres a cumprir que nos farão progredir e evoluir; cada um de nós tem uma missão a realizar, com a qual contribuirmos para o progresso e evolução do planeta Terra, deixando este um pouco melhor para as futuras gerações; por isso é de fundamental importância que façamos o melhor possível a nossa parte com muito amor e carinho.
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