Disreflexia
autonômica
A
Disreflexia Autonômica Medular (DA) foi relatada pela primeira vez
em 1890 por Anthony Bowlby, quando ele descreveu em um paciente com
traumatismo raquemedular (TRM) a presença de sudorese profusa e
vermelhidão (rash) na cabeça e pescoço desencadeada pelo
procedimento de cateterização da bexiga.
A
DA é uma síndrome caracterizada pelo surgimento agudo de atividade
autônoma excessiva em pacientes com lesão medular acima de T5-T6
(saída do fluxo esplânico simpático).
Esta
condição é geralmente desencadeada por estímulos nocivos que
ocorrem abaixo do nível da lesão medular.
Ok,
explicação padrão... bastante técnica mas não muito clara não
é mesmo?
Então
vamos trocar em miudos:
Pessoas
com lesão medular acima de T6 (estou me referindo ao nível
medular, não a vértebra!)
Não
terão o sistema simpático se opondo ao parassimpático em seus
efeitos sobre o sistema circulatório.
Este
é o ponto principal para se entender a disreflexia autonômica!
Abaixo
do nível da lesão, os neurônios medulares continuam a trabalhar
normalmente.
Quando
um estímulo nocivo é detectado pelos receptores de dor, ele viaja
normalmente (como se nada tivesse acontecido) através das vias
sensoriais aferentes até a medula espinhal.
Chegando
na altura da lesão medular, esta informação de dor é incapaz de
viajar mais, criando excitação dos gânglios simpáticos.
Esta
resposta simpática não encontra oposição pelo sistema nervoso
parassimpático acima do nível da lesão (pois o contato do SN
parassimpático foi interrompido devido a lesão medular e os
estímulos inibitórios não tem mais como equilibrar a ação do
Simpático).
Assim,
a excitação dos gânglios simpáticos abaixo do nível da lesão
resulta em uma maior resposta reflexa do sistema nervoso simpático.
A
qual se manifesta como uma vasoconstrição repentina e maciça dos
vasos sanguíneos abaixo do nível da lesão.
Se
o estímulo doloroso continua a excitar os gânglios simpáticos,
acaba por levar a um maior aumento da resposta simpática reflexa de
vasoconstrição abaixo do nível da lesão.
A
vasoconstrição, e a consequente hipertensão é percebida pelos
barorreceptores no arco aórtico e os corpos carotídeos do coração.
Estes
receptores enviam mensagens aferentes para o centro vasomotor no
bulbo do tronco cerebral, que resultam em uma resposta de
vasodilatação e bradicardia.
Esta
resposta, porém, só pode ocorrer acima do nível da lesão,
criando uma resposta parassimpática que é continuamente estimulada
pelos barorreceptores que estão respondendo à hipertensão que
ocorrem abaixo do nível da lesão.
Isso
resulta na dilatação dos vasos sanguíneos no cérebro, porém
hipertensão no resto do corpo em um círculo vicioso.
Se
este desequilíbrio autonômico não for tratado, o resultado pode
ser hemorragia cerebral, convulsões e morte.
Rash
característico da Disreflexia Autonômica Medular
Esta
condição representa uma emergência médica.
Reconhecer
e tratar os primeiros sinais e sintomas de forma eficiente pode
evitar seqüelas perigosa da pressão arterial elevada.
Pacientes
com TRM, cuidadores e profissionais da área médica devem ser
informados sobre essa síndrome e sua gestão.
Clínica:
História
O paciente com DA geralmente refere história de visão embaçada,
dores de cabeça e uma sensação de ansiedade.
Exame
Físico:
Um
paciente com DA pode ter 1 ou mais dos seguintes achados no exame
físico:
(a)
Um súbito aumento significativo na pressão arterial sistólica e
diastólica, geralmente associada a bradicardia, podem aparecer.
A
pressão arterial sistólica normal para pacientes com Lesão
Medular acima de T6 é de 90-110 mm Hg.
A
pressão arterial 20-40 mm Hg acima do intervalo de referência para
tais pacientes pode ser um sinal de DA.
(b)
Sudorese profusa acima do nível da lesão, especialmente na face,
pescoço e ombros, pode ser notado, mas isso raramente ocorre abaixo
do nível da lesão por causa da atividade colinérgica simpática.
(c)
Rubor da pele acima do nível da lesão, especialmente na face,
pescoço e ombros,
(d)
O paciente pode relatar visão borrada.
Manchas
podem aparecer no campo visual do paciente.
Congestão
nasal é comum.
Causas:
Episódios
de DA podem ser desencadeados por muitos causas. Essencialmente
qualquer estímulo doloroso ou irritante abaixo do nível da lesão
pode causar um episódio da DA.
Embora
a lista de eventos ou condições capazes de desencadear a DA, os
principais são:
Distensão
da bexiga
Infecção
do trato urinário
Distensão
ou impactação do intestino
Cálculos
biliares
Úlcera
gástrica ou gastrite
Trombose
venosa profunda
Úlceras
de pressão
Unha
encravada
Queimaduras
Picadas
de insetos
O
contato com objetos duros ou cortantes (o paciente pode ter sentado
em cima de um objeto destes sem perceber)
Roupas,
cintos ou sapatos apertados
Fraturas
ou outros traumas
Pronto,
acho que esta é uma boa visão geral sobre o assunto.
Mas
como eu quero ter certeza de que todo mundo entendeu, abaixo tem um
diagrama com os melhores momentos da postagem.
1-
A distenção da bexiga causa estimulação dos receptores de dor
localizados na parede da própria bexiga.
2-
Os receptores de dor enviam uma mensagem que viaja até as vias
aferentes da medula espinhal.
Esta
mensagem acaba por estimular o sistema nervoso simpático (SNS),
resultando em hipertensão.
3-Barorreceptores
no arco aórtico são estimulados pela hipertensão e enviam
mensagens para o centro vasomotor.
4-
O centro vasomotor responde com estímulo para vasodilatação.
Porém
esta só ocorre acima da lesão espinhal.
Fonte:
- fisioterapiahumberto.blogspot.com.br
Comentário:
Achei
esta matéria sobre disreflexia autonômica muito interessante e de
fácil entendimento para nós leigos no assunto e resolvi
compartilhar com vocês.
Espero
que esta seja útil a vocês, como esta sendo útil para mim.
Acontece
que do mês de dezembro para cá passei a ter descontrole da pressão
arterial e dificuldade para evacuar.
No
domingo da semana psassada fui até parar na Santa Casa de
Misericórdia por conta disso, expliquei ao médico de plantão os
sintomas que estava sentindo visão turva, tontura, dificuldade de
respirar e a pressão que elevou de repente.
O
médico achou que podia ser infecção de urina e assim pediu exames
de urocultura e sangue, me encaminhou para a enfermaria para
aguardar os resultados dos exames.
Passado
algum tempo chegou o resultado dos exames, estes não acusaram nada;
mas como eu estava com muita dor me passou uma medicação através
do soro; e em seguida me deu alta.
Hoje
pesquisando material para o blog me deparei com esta matéria e por
incrível que parece veio de encontro ao que estou sentindo agora e
o que estou passando.
Como
tenho consulta com a minha médica, vou levar
esta matéria para ela comparar e dar o seu diagnóstico sobre o
assunto.
Um
abraço a todos.
Muito boa essa matéria ela nos explica os sintomas da doença e como agir para cuidá-la; é um ponto de apoio para relatar ao médico e ele analisar e passar o melhor tratamento a pessoa.
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