Acreditar em si mesmo

Acreditar em si mesmo

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Ser cadeirante é....


Ser cadeirante é....


Ser cadeirante é ter o poder de emudecer as pessoas quando passa por elas.

É não conseguir passar despercebido, mesmo quando se quer!

É ser completamente ignorado quando precisa da ajuda de um andante ao lado.

Ser cadeirante é amar elevadores e rampas.

Detestar escadas.

Tapetes?

Só se forem voadores!

Ser cadeirante é ter alguém falando como se ele fosse uma criança, mesmo que já tenha mais de duas décadas.

É despertar uma cordialidade súbita e estabanada em algumas pessoas.

Embora seja engraçado, não ri porque é bom saber que ao menos existem pessoas tentando tratá-lo como igual e uma hora eles aprendem!

Ser cadeirante é conquistar o grande amor da sua vida e deixar as pessoas impressionadas.

Mas depois ficar impressionado por não entender o porquê do espanto.

Ser cadeirante é ter uma veia cômica exacerbada.

É fato!

Pois só com muito bom humor para se tocar a vida, as rodas e o povo sem noção que aparece no caminho.

Ser cadeirante é ficar grávida e ter a certeza de ouvir:

Como isso aconteceu?”

E querer responder:

Foi a cegonha.

Não há dúvidas!

Pois os pés de repolhos não são acessíveis!”

Ser cadeirante é ter repelente a falsidade.

Amigos falsos e cadeiras são como objetos de mesma polaridade: se repelem automaticamente.

Ser cadeirante é ser empurrado por aí mesmo quando se quer ficar parado.

É saber como se sentem os carrinhos de supermercado!

É encarar o absurdo de gente sem noção que acha que porque já estamos sentados podemos esperar.

Ser cadeirante é uma vez na vida desejar furar os quatro pneus e o estepe de quem desrespeita as vagas preferenciais.

Ser cadeirante é se sentir uma ilha na sessão de cinema.

Porque os espaços reservados geralmente são um tablado, ou na turma do gargarejo, ou mesmo com uma distância segura para que não entre em contato com os outros andantes, mesmo que um deles seja seu cônjuge!

Ser cadeirante é a certeza de conhecer todos os cantinhos.

Porque Deus do céu! Sempre tem um querendo colocá-lo num cantinho.

Ser cadeirante é ter que comprar roupas no “olhômetro” porque na maioria das lojas as cadeiras não entram nos provadores.

Ser cadeirante é viver e conviver com o fantasma das infecções urinárias, e desconfiar seriamente que a falta de banheiros adaptados contribua para isso.

Ser cadeirante é se sentir o próprio guarda volumes ambulante em passeios com amigos ou familiares.

Ser cadeirante é curtir handbike, surf, basquete e outras coisas que deixam os andantes sedentários morrendo de inveja.

É dançar maravilhosamente com entusiasmo e colocar alguns “pés-de-valsa” no bolso.

Ser cadeirante é ter um colinho sempre a postos para a pessoa amada.

E isso é uma grande vantagem!

Ser cadeirante mulher é encarar o desafio de adaptar a moda para conseguir ficar confortável além de mais bonita.

Ser cadeirante é se virar nos trinta para não sobrar mês no fim do dinheiro.

Porque a conta básica de um cadeirante merece ser chamada de “dolorosa”.

Ser cadeirante é deixar muitos médicos com cara de:

E agora o que eu faço”?

Ao entrar pela porta do consultório. Isso quando não fica impossível entrar porque a cadeira não passa na porta estreita.

Ser cadeirante é não ver um corrimão ou ver um canteiro de obra no meio de uma rampa.

Ou até se deparar com rampas que acabam em um degrau, e nessas horas se perguntar:

Onde estudou a criatura que projetou isso?

Será mesmo que estudou?”

Ser cadeirante é ir à praia mesmo sabendo que cadeira + areia + maresia não são uma boa combinação!

Ser cadeirante é sentir ao menos uma vez na vida vontade de sentar no chão e jogar a cadeira na cabeça de outro ser humano que esqueceu a humanidade no fundo da gaveta de casa!

Ser cadeirante é ter que aprimorar os sentidos.

Porque com a perda dos movimentos os braços precisam ser mais fortes, a audição mais aguçada que a do Super-Homem, ter a visão de uma águia, poder soltar o verbo a plenos pulmões, ao identificar já de longe a falta de acessibilidade na maioria dos lugares.

Ser cadeirante é “viver e não ter a vergonha de ser feliz”, mesmo quando as pessoas olham para a cadeira e já esperam ansiosas por uma historinha triste.

E se tudo isso não faz sentido para muitos, saibam que se as pernas e os braços não estão funcionando bem, o resto está!


Fonte: - cadeiranteemprimeirasviagens.woordpress.com



Não tenho tempo pra você!


SE O CADEIRANTE NÃO TRABALHA, NÃO SIGNIFICA QUE SEJA INÚTIL!



Oi gente, hoje quero falar sobre uma situação que ocorre muito comigo e acredito que com vocês também.

Eu, Carol, não trabalho e já cansei de ouvir aquelas frases:

você que tem tempo…”,

você que acorda tarde…”,

você que não tem muita coisa pra fazer…”.

Ou seja, acham que eu sou uma pessoa totalmente desocupada.

Pra sociedade, uma pessoa só é útil e ocupada se ela trabalhar, se ela não trabalha a vida dela é parada e com tempo sobrando.

Devido a esse pensamento, já passei por muitas situações absurdas.

Uma delas foi uma mulher, que eu nem tinha muito contato, pediu pra eu corrigir o trabalho final de faculdade dela.

Lembro ainda que ela disse:

a minha filha é muito ocupada, ela namora, faz academia, coitadinha não tem tempo pra me ajudar.

Mas você pode fazer isso, né?!”.

Eu não acreditei estar escutando aquilo e é óbvio que eu disse NÃO.

Outro caso que me aconteceu foi de uma mulher que falou, que gostaria muito que eu trabalhasse com ela e era pra eu ir um dia fazer um teste.

Animada, fui até o escritório dela e lá passei a tarde.

Faltava alguns minutinhos pra eu ir embora e ela acabou dizendo:

Que legal né, Carol?!

Você vir aqui pra se divertir um pouco e sair de casa…”.

Nem preciso dizer que aquilo me “caiu” como se fosse um balde de água fria.

Cheguei em casa e decidi não ir mais.

Até porque se eu quisesse me divertir, eu iria ao shopping, que é muuuuito melhor!

Pensando em tudo isso, comecei a lembrar de muitos amigos cadeirantes que tem esse desejo imenso de trabalhar, mesmo não tendo condições para isso.

Ah, Carol.

Mas existem as cotas, todos os cadeirantes têm condições e direitos de trabalhar, sim!”

Mentira!

Realmente existem cotas, mas não são todas as empresas que disponibilizam transporte para buscar o empregado em casa, ou algum auxiliar pra ajudar o cadeirante a comer na hora do lanche, nem banheiros adaptados.

Tenho um amigo que trabalha e tem sensibilidade e controle total pra ir ao banheiro.

No começo, passava todo o expediente sem fazer xixi por não ter banheiro adaptado na empresa.

Sabendo dos riscos que gera por segurar por tanto tempo, ele agora vai de fraldas.

Isso é certo?

Mas, somos tão pressionados psicologicamente que aceitamos tudo para provar pra todo mundo que somos úteis, que podemos trabalhar e começamos desesperadamente a procurar vagas de trabalhos e tudo mais…

E quando isso realmente não acontece, corremos o risco de entrar em depressão.

Pra finalizar, quero deixar um recado para essa gente sem noção que acha que temos tempo sobrando:

Hey, criaturas!

Mesmo que não trabalhamos, temos nossas coisas particulares para fazer.

E não é por falta de vontade que não trabalhamos.

Prestem mais atenção nas coisas que vocês falam, vocês se tornam patéticos.

Mesmo que a intenção não é ofender, ofende pra caramba!

Agora, um recado para meus amigos cadeirantes:

Quem consegue trabalhar, que trabalhe mesmo.

Mas não faça isso para provar nada pra ninguém.

Faça por você mesmo e caso não consiga, aproveite sua vida de qualquer forma e “não dê ouvidos para essa gentalha”.

Afinal, trabalhar ou não trabalhar, não vai mudar o seu valor.

Sua família, seus verdadeiros amigos, sempre vão te amar e valorizar tua companhia da mesma forma.

Beijos da Carol Constantino


Fonte: - Cantinho dos Cadeiramtes




Por mais espaços acessíveis


Débora Fernandes

Eu não costumo expor o que tenho feito já a quase três anos dentro do curso de Urbanismo e Arquitetura da UFSJ, mas dessa vez quis abrir uma exceção.

E quis por se tratar de um assunto que gostaria de estender posteriormente não somente para além da minha disciplina, mas também para além do curso e da universidade.

Eu precisei sentir a dor de trincar o pé em um acidente de bicicleta para de fato abrir os olhos a uma problemática que fingimos não ver.

Infelizmente, foi só quando aconteceu comigo, e pesou no meu mundinho, quando me vi chorando em casa sozinha por não poder ir à festa ou atividade que gostaria, que percebi e descobri a dimensão do tema Acessibilidade e Inclusão.

As ruas não são acessíveis, não há rampas ou calçadas táteis o suficiente, os passeios esburacados e desnivelados.

Todo mundo sabe disso!

Mas por que fazem de conta que não?

Resultado disso?

A pessoa limitada deixa de ter liberdade, têm direitos restringidos e se prendem em casa simplesmente por que não conseguem sair.

E de nada adianta ter um quarto incrível, uma casa super adaptada, se ela se torna uma espécie de prisão.

Por mais bacana que seja, ainda sim é uma prisão, diante um mundo externo de possibilidades a ser explorado!

Eu, estudante de um curso que “ensina o tema”, não dava a mínima importância até então para tal.

Nós não damos a mínima, somos egoístas, preguiçosos, e não vem dizer que não.

E se não é de nossa responsabilidade criar espaços e ambientes acessíveis, é de quem então?

Do Estado?

Também!

espaços-acessíveis-amigos-cadeirantes-capa-03

Mas para com essa de terceirizar tudo pro governo, é também sua responsabilidade como (futuro) arquiteto e urbanista sim, é óbvio, e não tem discussão.

E você espectador fora da profissão, também tem responsabilidade nisso.

Sim, é sério!

E sabe como contribuir?

Garantindo que sua calçada seja acessível.

É tão facinho, e faz uma diferença imensa, você não imagina.

E aquele espaço público – que também é seu, é de todo mundo – que você não der conta de arrumar, comunica com o poder público.

Ah, e não deixa de ficar em cima, cobrando.

E se você sente que não tem força sozinho, chama o vizinho, o amigo, aquela família cujo filho quebrou o pé, o vô anda de muleta, ou a sobrinha acabou de ter um bebê e precisa de locais para circular com o carrinho – tá vendo como acessibilidade não é apenas para cadeirante?

Essas pessoas sabem da importância do acesso, e as vezes não lutam por não acreditarem que podem mudar.

O que é mentira!

Que não aceitemos cadeirantes ou pessoas com qualquer limitação dentro de seus caixotes (casa) aprisionados por falta de acessibilidade.

Não seja egoísta como fui, que precisei que doesse em mim – e doeu – para enxergar de fato a questão.

espaços-acessíveis-amigos-cadeirantes-01

Teve intervenção sim, teve futuros arquitetos e urbanistas andando de cadeira de rodas e muleta sim, e nem precisa reclamar, por que já vai ter de novo.


Relato enviado pela nossa amiga: Débora Fernandes


Fonte: - amigoscadeirantes.com









2 comentários:

  1. Quando se é um cadeirante tem que aprender a conviver e aceitar suas limitações, enfrentando assim o dia a dia porque encontramos muitas dificuldades de locomoção em nossas cidades com calçadas esburacadas; falta de rampas de acesso nos cruzamentos; falta de acesso em lojas, escolas e etc; transporte coletivo precário; hospitais, clinicas, institutos de imagens, laboratórios sem rampas de acesso e funcionários que não sabem lidar com deficientes; órgãos públicos sem rampas de acesso; banheiros inadequados para deficientes; estacionamentos sem vagas especiais e outras situações. Não temos uma infraestrutura e nem planejamentos arquitetônicos que facilitem a mobilidade dos deficientes em nossas cidades; além da falta de inclusão destes na sociedade.

    ResponderExcluir
  2. A minha história de superação.
    Eu já fui andante, muletante e atualmente estou cadeirante, a única coisa que não mudou foi a minha vontade de estar melhor a cada dia.

    *"Durante esses 15 anos, meia vida lutando contra essa patologia com um pequeno nome de,"polineuropatia axonal desmielinizante inflamatória crônica", eu já fui, andante, muletante, cadeirante, quando andava parecia um bêbado, eu tremia, tinha espasmos musculares e sentia dores, mesmo assim tinha pessoas que pensava que eu não tinha nada.
    A pior parte foi chegar ao diagnóstico certo, foi vivendo uma vida que os "médicos" só dava palavras negativas que eu iria piorar. ..e piorar, que não teria mas jeito, eu com 15 anos de idade ficava com muito medo, mas também tinha que acalmar a minha mãe que estava comigo enfrentando a batalha, depois que tive uma segunda opinião médica, chegamos ao diagnóstico certo que é esse palavrão do começo do texto, o diagnóstico foi certo, aí uma outra busca foi chegar ao remédio certo,.
    Eu brincava que eu na clínica era dos dois turnos, o meu tratamento começava na parte da manhã e terminava no fim da tarde, eu fazia infusões de 12 frascos de medicação 5 dias seguidos, Tinha que ficar indo e voltando todos os dias, eu avisava para as enfermeiras me avisar só quando chegar no último frasco, eu enjoava de ir para o mesmo lugar, o pior era a reação eu ficava muito enjoado não conseguia comer direito, não podia e ainda não posso ficar pegando muito sol.
    No começo eu ficava botando prazo de quando eu ficaria curado e não precisaria de todo aquele sofrimento, os anos foram se passando e eu fui percebendo que não era bem assim que eu ficaria curado na hora que eu queria
    Infelizmente um dia fui escovar meus dentes e minhas pernas travaram, eu não conseguia sair do lugar estava começando a minha primeira crise, fiquei cadeirante durante 3 meses e logo melhorei.
    Depois de alguns anos bem, tive uma segunda crise bem pior que eu não conseguia nem mudar de posição na cama, eu não conseguia sentir o meu corpo, sentia muita fraqueza e desanimo, conheci um amigo do meu pai que teve o mesmo problema que o meu, fui ao médico dele comecei um novo tratamento, e o mas incrível aconteceu, em uma noite eu acordei e consegui sentar na cama, a sensibilidade do meu corpo estava voltando e eu achava que estava sonhando, no outro dia quando acordei eu até me beliscava pra ver se era verdade, quando eu batia o meu pé em algum lugar, eu não xingava e nem reclamava eu agradecia por estar sentindo as coisas outra vez.
    Hoje eu não estou100% , só de digitar esse texto todo com apenas um dedo é uma demonstração de superação rsr
    E eu tenho certeza que vou ficar cada vez melhor!
    Hei você que conseguiu lê todo esse texto e está aí do outro lado e está triste meio pra baixo, lembre-se que dias ruins todos tem, depende como você vai enfrentar esses dias, eu escolhi lutar, sem pensar em desistir com o pensamento positivo e o sorriso no rosto.
    Lutar sempre, desistir jamais!!

    ResponderExcluir