Acreditar em si mesmo

Acreditar em si mesmo

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

O "ser" cadeirante.




O “ser” cadeirante.



De antemão já aviso que esse post será longo. 2014 começou e precisamos dar continuidade em nossas vidas, isso inclui escrever pro blog periodicamente (só que não).

Esses dias que fiquei de férias, acabei por assistir TV em demasia onde vi algumas matérias sobre deficiência, cadeirantes, enfim, nada muito específico, eram matérias de noticiário, fora isso viajei pra praia e vi muitos cadeirantes turistas frequentando, coisa que nos anos anteriores raramente eu via.

Foi bacana.

Daí eu ficava reparando, juro que tento mas não consigo deixar de reparar absolutamente em tudo, e disso eu via absurdos como o cidadão ter uma cadeira importada bem legal, nova e usar pneu pipoqueiro quase murcho, por não saber que existem melhores e que o pneu tem uma calibragem ideal, outro se matando com aquelas rodinhas dianteiras de gel se lascando pra atravessar meio metro de grama…

O outro lá estava hospedado no melhor hotel da orla, família enorme, enfim, gente bem de grana – mas ele…

Sentado numa dobrável, com várias soldas, almofada d’água (pesa de 8 a 10 quilos só ela).

Ou seja, falta informação mesmo ou vontade de procurá-la na verdade? E dessas ocasiões nasceu a ideia desse post.

Tem programa de TV mostrando até “milagres”, casos nítidos onde a pessoa sofreu uma lesão medular recente e está saindo do seu quadro de choque inicial, recuperando movimentos de acordo com a estabilização do quadro, sem contar os casos de lesão incompleta.

E em troca dessa exposição, pedem algum tipo de ajuda. Na minha opinião, esse tipo de matéria acaba alimentando algumas esperanças em outros que não tem o mesmo quadro.

Não que essas pessoas não mereçam ser ajudadas, muito pelo contrário, mas a forma que a TV aberta aborda isso, beneficia um e acaba por deixar milhares atrás de uma falsa esperança de tratamento ou cura, lembrando que não há nada cientificamente comprovado sobre a cura da lesão medular.

Nesse caso estou sendo específico, pois existem outras causas / doenças que podem deixar uma pessoa cadeirante.

Na grande maioria das vezes o gancho da “superação” é utilizado como base, aliado a alguma ação de filantropia ou assistencialismo.

Mobilidade urbana (vagas reservadas, casos de transporte público, etc.) tem seu lugar. O esporte também tem seu espaço (para desporto sendo mais claro).

Inclusivo mesmo foi ver cadeirante ladrão de carro e político corrupto, isso é bom pra mostrar que não é pelo fato da pessoa ter alguma deficiência que ela é boazinha…

E esse ano tem eleições hein!

Fique de olho!

Raramente exibem coisas relacionadas ao mercado de trabalho.

Todo mundo fala que está “bombando”, mas eu devo ser o único que acha o contrário.

Depois do e-mail que recebi na semana passada referente a um cargo de analista sênior com salário de assistente administrativo…

Para o mundo que eu quero descer!

Pensei em fazer post disso, mas não, deixa pra lá.

A experiência nos mostra como passar por certos tipos de situações com mais conforto.

Não tenho a mínima intenção de ditar regras e dizer como cada um deve viver, mas acho que algumas recomendações aos “novatos” são cabíveis, ainda que muitos se recusem a receber ou aceitar que a situação não é temporária.

Talvez sirvam como um pequeno alicerce para uma reintegração à vida social menos traumática.

Cada um dentro de sua possibilidade.

Tenha um bom equipamento 

Sei que os preços são astronômicos, mas uma boa cadeira de rodas vai te trazer uma qualidade de vida incrível.

Ela mantém sua postura, facilita sua mobilidade e a de quem lhe auxilia se for o caso.

Existem as dobráveis e rígidas, ambas desmontam e tem geometria diferentes, por isso é conveniente que você escolha a que vai caber no porta-malas, e o mais importante a que vai ser mais fácil para você.

Quanto mais leve e fácil de desmontar sua cadeira for, melhor.

Cadeiras boas raramente quebram inesperadamente, não te colocando em situações de risco.

O Banco do Brasil tem uma linha de crédito com juros baixos para aquisição de equipamentos e cadeiras.

Tem muito cadeirante com carro zero e caro, prefira ter um carro mais simples, a oferta de modelos automáticos é bem maior na atualidade e reserve grana para uma cadeira legal, lembrando que você vai passar a maior parte do dia sentado nela.

Cadeira boa é a mais adequada para cada pessoa, pois há diferentes usos, habilidades e deficiências.

O ideal é que cada um pesquise bastante, até experimentar modelos mais baratos (todos passamos por isso) para identificar o que é mais importante antes de fazer um investimento alto.

O exemplo é claro no segundo parágrafo, onde citei a história do tio que aparentemente não tinha problemas financeiros, mas utilizava uma cadeira ruim e pesada que dificultava ainda mais os poucos movimentos que ele tinha.

Já escrevemos bastante sobre isso.

Cuide-se em todos os sentidos 

Higiene pessoal, cabelos e unhas cortadas não fazem mal a ninguém.

Você não precisa usar roupas caras, mas pode usar roupas certas.

Sair de casa pra passear com aquela calça de abrigo surrada e camiseta de pijama com certeza deixa qualquer um com cara de enfermo, que não é o caso.

Tente criar uma rotina de horários para ir ao banheiro, tomar banho e etc.

Assim você consegue se programar para sair de casa com mais tranquilidade.

Outra coisa que eu não entendo é a mania que alguns tem de sair descalço, poxa se você não tem nenhuma deformidade que impeça calçar algo, evite fazer isso, é inclusive perigoso você dar uma topada e até fraturar seus dedos.

Poupe os que te apoiam

Sempre haverá um grupo de pessoas que mais te ajuda e apoia nas horas de necessidade.

É importante ter consciência que essas pessoas podem ficar “cansadas” de fazer certas coisas, que às vezes nem estamos nos dando conta de estar incomodando.

Tem muito cadeirante que apesar de tudo, consegue se virar sozinho em 99% das situações, o que não ocorre comigo: pode soar estranho para alguns, mas tento ser o mais flexível possível para àqueles que me auxiliam em casa e no serviço, dividindo a quantidade de coisas que preciso de ajuda entre um número maior de pessoas.

Vou dar um exemplo básico: toda vez que preciso beber água, peço para alguém diferente, assim eu não sobrecarrego um único colega pra buscar 10 copos d’água no dia.

Parece que não, mas com o tempo isso desgasta.

Tente aperfeiçoar seu espaço em casa pra sua máxima independência e exercite continuamente depender o menos possível dos outros.

Isso te fará bem, pode ter certeza.

Agradecer sempre, não é por que é íntimo que não mereça ser agradecido.

Pô, já vi situações embaraçosas onde o cadeirante trata com rispidez àquele(a) que está lhe ajudando…

Não pague de “incluchato” 

Se você só tem como assunto de conversa, a acessibilidade, a vaga reservada que estava ocupada, a calçada que é uma bosta…

Menos.

Tem gente que só posta isso nas redes sociais.

Assuntos como esses são importantíssimos e devem ser lembrados sempre, mas talvez não seja adequado pra se falar naquele churrasco de domingo que você pode não ter sido convidado justamente por causa disso.

Lembre-se do seu eu anterior e que existe uma coisa chamada convívio social.

Evite a segregação 

Diretamente ligado ao assunto acima, há pessoas que sentem dificuldade de sair do círculo de amizades que acabam nascendo nos centros de reabilitação, tentam sair apenas com outros cadeirantes e acabam se esquecendo do resto do mundo.

A princípio essa coletividade é salutar, mas não pode virar um meio único de convívio.

É claro existem algumas atividades que você possa a vir querer exercer no coletivo (praticar um esporte, por exemplo).

Já recebemos e-mail de gente perguntado onde que é legal pra cadeirante ir…

Todo lugar é legal se você estiver com as pessoas certas!


Informe-se 

Antes de adquirir um produto, ou realizar qualquer tipo de procedimento que envolva um valor considerável, busque informações e tenha certeza que você está fazendo a coisa certa.

Hoje com as redes sociais, ficou mais fácil de encontrar alguém que possa lhe ajudar e te dar uma opinião. Infelizmente os sites dos fabricantes nacionais ainda são escassos em informação, mas nada como perguntar pra quem usa o produto.

O Google está aí pra isso.


Fonte: - maonarodablog.com.br





50% dos cadeirantes têm dores frequentes.



Fabiane Leite - O Estado de S.Paulo



Dado indica necessidade de adaptar cadeiras de rodas aos usuários

Depois do sofrimento e limitações causadas pela perda de movimentos, portadores de lesões medulares, como a paraplegia (perda da função motora das pernas), sofrem novamente: são dores frequentes nas mãos, pulsos, cotovelos, decorrentes do uso de cadeiras de rodas inadequadas ou da falta de orientação para utilizarem o equipamento.

O alerta foi realizado pela fisioterapeuta norte-americana Kendra Bertz durante o 2º Simpósio Brasileiro de Adequação Postural em Cadeira de Rodas, realizado na última semana de agosto em São Paulo e organizado pela Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) e por uma fabricante de cadeira de rodas.

"Cerca de metade dos que usam cadeira de rodas tem dores nos braços", destacou a fisioterapeuta, que citou dados compilados ao longo de nove anos por um painel de especialistas e entidades de usuários financiados pela organização Veteranos Paralisados da América, que nos EUA dá suporte a pessoas que tiveram lesões medulares ao lutar em guerras.

O trabalho reuniu mais de cem estudos experimentais, de observação e revisões de literatura para organizar um guia de prevenção contra problemas nos membros superiores após as lesões medulares, disponível no site www.pva.org.

Segundo Kendra, que trabalha para o governo norte-americano, o uso contínuo e inadequado do equipamento afeta a qualidade de vida, da respiração à independência para realizar tarefas, o que demonstra a necessidade de que os cadeirantes levem para casa a cadeira mais adequada às suas necessidades, ou seja: aquela que garante estabilidade do tronco e pélvis, com almofadas que balanceiem adequadamente a pressão do corpo para evitar feridas e que garantam movimentos suaves e não lesionem as articulações.

"Imagine que a cadeira é algo que você tem de vestir, que tem de ser ajustado como uma roupa.

Assim como não dá para usar uma calça que cai, não é possível uma cadeira em que você escorregue", exemplifica Linamara Battistella, responsável pela Divisão de Medicina de Reabilitação do Hospital das Clínicas e secretária dos direitos da pessoa com deficiência do Estado de São Paulo.

No Brasil, especialistas em reabilitação reivindicam, desde o fim do ano passado, que o Ministério da Saúde passe a financiar também a adequação das cadeiras às necessidades dos pacientes, o que não está previsto na tabela de procedimentos que remunera os serviços de reabilitação.

Com recursos, seria possível bancar encostos de cabeça, cintos para garantir estabilidade, almofadas melhores, rodas adaptadas, exemplifica a secretária.

Segundo Linamara, as dores muitas vezes são decorrentes do próprio processo de adaptação, mas também podem ser consequência de uma prescrição inadequada.

"Todo mundo fala da necessidade da adaptação de móveis de escritório, para quem fica sentado o dia inteiro, e não se pensa em quem fica o maior tempo na cadeira de rodas", diz Battistella, que encaminhou ao ministério lista com onze itens necessários para a adaptação das cadeiras.

O ministério informou que as orientações sobre o uso da cadeira são financiadas pelo SUS, com os recursos programados para a reabilitação, mas a adaptação das cadeiras está "em estudo".

"O que não impede os gestores locais de remunerarem os serviços que façam as adaptações nas cadeiras", afirmou Érika Pisaneschi, coordenadora da Área Técnica Saúde da Pessoa com Deficiência do ministério.

Segundo o promotor Júlio Botelho, do Grupo de Proteção à Pessoa Portadora de Deficiência do Ministério Público de São Paulo, as adaptações são necessárias mas ainda são também alvo de controvérsia, pois não há unanimidade sobre quantos itens devem ser fornecidos pelos SUS e há a pressão do alto custo dos orçamentos já realizados.

"Depois de organizar as filas aqui na capital, agora isso está entre os próximos passos do nosso trabalho", destacou.

NO BRASIL 24,5 milhões são portadores de deficiências no País (dados de 2000) 6,6 milhões têm deficiências motoras 26,4 mil são portadores de paraplegia, tetraplegia e hemiplegia 1 milhão esperam por prótese, órteses e meios auxiliares como a cadeira de rodas.


Fonte: - estadão.com.br 















Um comentário:

  1. Ser cadeirante por nascença ou por motivo de doenças, acidentes e outros é conviver com as limitações que o nosso estado proporciona e fazer o melhor possível perante as dificuldades que enfrentamos no nosso dia a dia; porque por mais que não queremos convivemos com muitas dores diariamente, na locomoção por nossas cidades que não tem infraestrutura para dar acessibilidade de ir e vir pelas ruas, transportes inadequados, equipamentos são caríssimos acessíveis para apenas alguns com poder aquisitivo maior enquanto o pobre fica relegado a boa vontade do governo; infelizmente não existe uma atenção e acompanhamento melhor pelas nossas autoridades.

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