O
“ser” cadeirante.
De
antemão já aviso que esse post será longo. 2014 começou e
precisamos dar continuidade em nossas vidas, isso inclui escrever pro
blog periodicamente (só que não).
Esses
dias que fiquei de férias, acabei por assistir TV em demasia onde vi
algumas matérias sobre deficiência, cadeirantes, enfim, nada muito
específico, eram matérias de noticiário, fora isso viajei pra
praia e vi muitos cadeirantes turistas frequentando, coisa que nos
anos anteriores raramente eu via.
Foi
bacana.
Daí
eu ficava reparando, juro que tento mas não consigo deixar de
reparar absolutamente em tudo, e disso eu via absurdos como o cidadão
ter uma cadeira importada bem legal, nova e usar pneu pipoqueiro
quase murcho, por não saber que existem melhores e que o
pneu tem uma calibragem ideal, outro se matando com aquelas
rodinhas dianteiras de gel se lascando pra atravessar meio metro de
grama…
O
outro lá estava hospedado no melhor hotel da orla, família enorme,
enfim, gente bem de grana – mas ele…
Sentado
numa dobrável, com várias soldas, almofada d’água (pesa de 8 a
10 quilos só ela).
Ou
seja, falta informação mesmo ou vontade de procurá-la na verdade?
E dessas ocasiões nasceu a ideia desse post.
Tem
programa de TV mostrando até “milagres”, casos nítidos onde a
pessoa sofreu uma lesão medular recente e está saindo do seu quadro
de choque inicial, recuperando movimentos de acordo com a
estabilização do quadro, sem contar os casos de lesão incompleta.
E
em troca dessa exposição, pedem algum tipo de ajuda. Na minha
opinião, esse tipo de matéria acaba alimentando algumas esperanças
em outros que não tem o mesmo quadro.
Não
que essas pessoas não mereçam ser ajudadas, muito pelo contrário,
mas a forma que a TV aberta aborda isso, beneficia um e acaba por
deixar milhares atrás de uma falsa esperança de tratamento ou cura,
lembrando que não há nada cientificamente comprovado sobre a cura
da lesão medular.
Nesse
caso estou sendo específico, pois existem outras causas / doenças
que podem deixar uma pessoa cadeirante.
Na
grande maioria das vezes o gancho da “superação” é utilizado
como base, aliado a alguma ação de filantropia ou assistencialismo.
Mobilidade
urbana (vagas reservadas, casos de transporte público, etc.) tem seu
lugar. O esporte também tem seu espaço (para desporto sendo mais
claro).
Inclusivo
mesmo foi ver cadeirante
ladrão de carro e político
corrupto, isso é bom pra mostrar que não é pelo fato da pessoa
ter alguma deficiência que ela é boazinha…
E
esse ano tem eleições hein!
Fique
de olho!
Raramente
exibem coisas relacionadas ao mercado de trabalho.
Todo
mundo fala que está “bombando”, mas eu devo ser o único que
acha o contrário.
Depois
do e-mail que recebi na semana passada referente a um cargo de
analista sênior com salário de assistente administrativo…
Para
o mundo que eu quero descer!
Pensei
em fazer post disso, mas não, deixa pra lá.
A
experiência nos mostra como passar por certos tipos de situações
com mais conforto.
Não tenho a mínima intenção de ditar regras e dizer como cada um deve viver,
mas acho que algumas recomendações aos “novatos” são cabíveis,
ainda que muitos se recusem a receber ou aceitar
que a situação não é temporária.
Talvez
sirvam como um pequeno alicerce para uma reintegração à vida
social menos traumática.
Cada
um dentro de sua possibilidade.
Tenha
um bom equipamento
Sei que os preços são astronômicos, mas uma boa cadeira de
rodas vai te trazer uma qualidade de vida incrível.
Ela
mantém sua postura, facilita sua mobilidade e a de quem lhe auxilia
se for o caso.
Existem
as dobráveis e rígidas, ambas desmontam e tem geometria
diferentes, por isso é conveniente que você escolha a que vai
caber no porta-malas, e o mais importante a que vai ser mais
fácil para você.
Quanto
mais leve e fácil de desmontar sua cadeira for, melhor.
Cadeiras
boas raramente quebram inesperadamente, não te colocando em
situações de risco.
O
Banco do Brasil tem uma
linha de crédito com juros baixos para aquisição de
equipamentos e cadeiras.
Tem
muito cadeirante com
carro zero e caro, prefira ter um carro mais simples, a oferta de
modelos automáticos é bem maior na atualidade e reserve grana para
uma cadeira legal, lembrando que você vai passar a maior parte do
dia sentado nela.
Cadeira
boa é a
mais adequada para cada pessoa, pois há diferentes usos,
habilidades e deficiências.
O
ideal é que cada um pesquise bastante, até experimentar modelos
mais baratos (todos passamos por isso) para identificar o que é mais
importante antes de fazer um investimento alto.
O
exemplo é claro no segundo parágrafo, onde citei a história do tio
que aparentemente não tinha problemas financeiros, mas utilizava uma
cadeira ruim e pesada que dificultava ainda mais os poucos movimentos
que ele tinha.
Já
escrevemos bastante sobre isso.
Cuide-se
em todos os sentidos
Higiene pessoal, cabelos e unhas cortadas não fazem mal a
ninguém.
Você
não precisa usar roupas caras,
mas pode usar roupas certas.
Sair
de casa pra passear com aquela calça de abrigo surrada e camiseta de
pijama com certeza deixa qualquer um com cara de enfermo, que não é
o caso.
Tente
criar uma rotina de horários para ir ao banheiro, tomar banho e etc.
Assim
você consegue se programar para sair de casa com mais tranquilidade.
Outra
coisa que eu não entendo é a mania que alguns tem de sair descalço,
poxa se você não tem nenhuma deformidade que impeça calçar algo,
evite fazer isso, é inclusive perigoso você dar uma topada e até
fraturar seus dedos.
Poupe
os que te apoiam
Sempre haverá um grupo de pessoas que mais te ajuda e apoia nas
horas de necessidade.
É
importante ter consciência que essas pessoas podem ficar “cansadas”
de fazer certas coisas, que às vezes nem estamos nos dando conta de
estar incomodando.
Tem
muito cadeirante que apesar de tudo, consegue se virar sozinho em 99%
das situações, o que não ocorre comigo: pode soar estranho para
alguns, mas tento ser o mais flexível possível para àqueles que me
auxiliam em casa e no serviço, dividindo a quantidade de coisas que
preciso de ajuda entre um número maior de pessoas.
Vou
dar um exemplo básico: toda vez que preciso beber água, peço para
alguém diferente, assim eu
não sobrecarrego um único colega
pra buscar 10 copos d’água no dia.
Parece que não, mas com o tempo isso desgasta.
Tente
aperfeiçoar seu espaço em casa pra sua máxima independência e
exercite continuamente depender o menos possível dos outros.
Isso
te fará bem, pode ter certeza.
Agradecer
sempre, não é por que é íntimo que não mereça ser
agradecido.
Pô, já vi situações embaraçosas onde o cadeirante
trata com rispidez àquele(a) que está lhe ajudando…
Não
pague de “incluchato”
Se você só tem como assunto de conversa, a acessibilidade, a
vaga reservada que estava ocupada, a calçada que é uma bosta…
Menos.
Tem
gente que só posta isso nas redes sociais.
Assuntos
como esses são importantíssimos e devem ser lembrados sempre, mas
talvez não seja adequado pra se falar naquele churrasco de domingo
que você
pode não ter sido convidado
justamente por causa disso.
Evite
a segregação
Diretamente ligado ao assunto acima, há pessoas que sentem
dificuldade de sair do círculo de amizades que acabam nascendo nos
centros de reabilitação, tentam sair apenas com outros cadeirantes
e acabam se esquecendo do resto do mundo.
A
princípio essa coletividade é salutar, mas não pode virar um meio
único de convívio.
É
claro existem algumas atividades que você possa a vir querer exercer
no coletivo (praticar
um esporte, por exemplo).
Já
recebemos e-mail de gente perguntado onde
que é legal pra cadeirante ir…
Todo lugar é legal se você estiver com as pessoas certas!
Informe-se
Antes de adquirir um produto, ou realizar qualquer tipo de procedimento que envolva um valor considerável, busque informações e tenha certeza que você está fazendo a coisa certa.
Antes de adquirir um produto, ou realizar qualquer tipo de procedimento que envolva um valor considerável, busque informações e tenha certeza que você está fazendo a coisa certa.
Hoje
com as redes sociais, ficou mais fácil de encontrar alguém que
possa lhe ajudar e te dar uma opinião. Infelizmente os sites dos
fabricantes nacionais ainda são escassos em informação, mas nada
como perguntar pra quem usa o produto.
O
Google está aí pra isso.
Fonte: - maonarodablog.com.br
Fonte: - maonarodablog.com.br
50%
dos cadeirantes têm dores frequentes.
Fabiane
Leite - O Estado de S.Paulo
Dado
indica necessidade de adaptar cadeiras de rodas aos usuários
Depois
do sofrimento e limitações causadas pela perda de movimentos,
portadores de lesões medulares, como a paraplegia (perda da função
motora das pernas), sofrem novamente: são dores frequentes nas
mãos, pulsos, cotovelos, decorrentes do uso de cadeiras de rodas
inadequadas ou da falta de orientação para utilizarem o
equipamento.
O
alerta foi realizado pela fisioterapeuta norte-americana Kendra Bertz
durante o 2º Simpósio Brasileiro de Adequação Postural em Cadeira
de Rodas, realizado na última semana de agosto em São Paulo e
organizado pela Associação de Assistência à Criança Deficiente
(AACD) e por uma fabricante de cadeira de rodas.
"Cerca
de metade dos que usam cadeira de rodas tem dores nos braços",
destacou a fisioterapeuta, que citou dados compilados ao longo de
nove anos por um painel de especialistas e entidades de usuários
financiados pela organização Veteranos Paralisados da América, que
nos EUA dá suporte a pessoas que tiveram lesões medulares ao lutar
em guerras.
O
trabalho reuniu mais de cem estudos experimentais, de observação e
revisões de literatura para organizar um guia de prevenção contra
problemas nos membros superiores após as lesões medulares,
disponível no site www.pva.org.
Segundo
Kendra, que trabalha para o governo norte-americano, o uso contínuo
e inadequado do equipamento afeta a qualidade de vida, da respiração
à independência para realizar tarefas, o que demonstra a
necessidade de que os cadeirantes levem para casa a cadeira mais
adequada às suas necessidades, ou seja: aquela que garante
estabilidade do tronco e pélvis, com almofadas que balanceiem
adequadamente a pressão do corpo para evitar feridas e que garantam
movimentos suaves e não lesionem as articulações.
"Imagine
que a cadeira é algo que você tem de vestir, que tem de ser
ajustado como uma roupa.
Assim
como não dá para usar uma calça que cai, não é possível uma
cadeira em que você escorregue", exemplifica Linamara
Battistella, responsável pela Divisão de Medicina de Reabilitação
do Hospital das Clínicas e secretária dos direitos da pessoa com
deficiência do Estado de São Paulo.
No
Brasil, especialistas em reabilitação reivindicam, desde o fim do
ano passado, que o Ministério da Saúde passe a financiar também a
adequação das cadeiras às necessidades dos pacientes, o que não
está previsto na tabela de procedimentos que remunera os serviços
de reabilitação.
Com
recursos, seria possível bancar encostos de cabeça, cintos para
garantir estabilidade, almofadas melhores, rodas adaptadas,
exemplifica a secretária.
Segundo
Linamara, as dores muitas vezes são decorrentes do próprio processo
de adaptação, mas também podem ser consequência de uma
prescrição inadequada.
"Todo
mundo fala da necessidade da adaptação de móveis de escritório,
para quem fica sentado o dia inteiro, e não se pensa em quem fica o
maior tempo na cadeira de rodas", diz Battistella, que
encaminhou ao ministério lista com onze itens necessários para a
adaptação das cadeiras.
O
ministério informou que as orientações sobre o uso da cadeira são
financiadas pelo SUS, com os recursos programados para a
reabilitação, mas a adaptação das cadeiras está "em
estudo".
"O
que não impede os gestores locais de remunerarem os serviços que
façam as adaptações nas cadeiras", afirmou Érika Pisaneschi,
coordenadora da Área Técnica Saúde da Pessoa com Deficiência do
ministério.
Segundo
o promotor Júlio Botelho, do Grupo de Proteção à Pessoa Portadora
de Deficiência do Ministério Público de São Paulo, as adaptações
são necessárias mas ainda são também alvo de controvérsia, pois
não há unanimidade sobre quantos itens devem ser fornecidos pelos
SUS e há a pressão do alto custo dos orçamentos já realizados.
"Depois
de organizar as filas aqui na capital, agora isso está entre os
próximos passos do nosso trabalho", destacou.
NO
BRASIL 24,5 milhões são portadores de deficiências no País (dados
de 2000) 6,6 milhões têm deficiências motoras 26,4 mil são
portadores de paraplegia, tetraplegia e hemiplegia 1 milhão esperam
por prótese, órteses e meios auxiliares como a cadeira de rodas.
Fonte: - estadão.com.br
Fonte: - estadão.com.br
Ser cadeirante por nascença ou por motivo de doenças, acidentes e outros é conviver com as limitações que o nosso estado proporciona e fazer o melhor possível perante as dificuldades que enfrentamos no nosso dia a dia; porque por mais que não queremos convivemos com muitas dores diariamente, na locomoção por nossas cidades que não tem infraestrutura para dar acessibilidade de ir e vir pelas ruas, transportes inadequados, equipamentos são caríssimos acessíveis para apenas alguns com poder aquisitivo maior enquanto o pobre fica relegado a boa vontade do governo; infelizmente não existe uma atenção e acompanhamento melhor pelas nossas autoridades.
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