21
perguntas e respostas sobre bullying
Especialistas esclarecem
dúvidas e apontam soluções para esse problema que preocupa pais,
professores e gestores.
Por:
NOVA ESCOLA.
1
- O que é bullying? Confira a definição
Bullying
é uma situação que se caracteriza por agressões
intencionais, verbais ou físicas, feitas de maneira repetitiva, por
um ou mais alunos contra um ou mais colegas.
O
termo bullying tem origem na palavra inglesa bully,
que significa valentão, brigão. Mesmo sem uma denominação em
português, é entendido como ameaça, tirania, opressão,
intimidação, humilhação e maltrato.
É
uma das formas de violência que mais cresce no mundo", afirma
Cléo Fante, educadora. Segundo a especialista, o bullying pode
ocorrer em qualquer contexto social, como escolas, universidades,
famílias, vizinhança e locais de trabalho. O que, à primeira
vista, pode parecer um simples apelido inofensivo pode afetar
emocional e fisicamente o alvo da ofensa.
Além
de um possível isolamento ou queda do rendimento escolar, crianças
e adolescentes que passam por humilhações racistas, difamatórias
ou separatistas podem apresentar doenças psicossomáticas e sofrer
de algum tipo de trauma que influencie traços da personalidade.
Em
alguns casos extremos, o bullying chega a afetar o estado emocional
do jovem de tal maneira que ele opte por soluções trágicas, como o
suicídio.
2
- O que não é bullying?
Discussões
ou brigas pontuais não são bullying.
Conflitos
entre professor e aluno ou aluno e gestor também não são
considerados bullying. Para que seja bullying, é necessário que a
agressão ocorra entre pares (colegas de classe ou de trabalho, por
exemplo). Todo bullying é uma agressão, mas nem toda a agressão é
classificada como bullying
Para
Telma Vinha, doutora em Psicologia Educacional e professora da
Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp), para ser dada como bullying, a agressão física ou
moral deve apresentar quatro características: a
intenção do autor em ferir o alvo, a repetição da agressão, a
presença de um público espectador e a concordância do alvo com
relação à ofensa.
''Quando
o alvo supera o motivo da agressão, ele reage ou ignora,
desmotivando a ação do autor'', explica a especialista.
3
- O bullying é um fenômeno recente?
Não.
O bullying sempre existiu.
No
entanto, o primeiro a relacionar a palavra a um fenômeno foi Dan
Olweus, professor da Universidade da Noruega, no fim da década de
1970. Ao estudar as tendências suicidas entre adolescentes, o
pesquisador descobriu que a maioria desses jovens tinha sofrido algum
tipo de ameaça e que, portanto, o bullying era um mal a combater.
A
popularidade do fenômeno cresceu com a influência dos meios
eletrônicos, como a internet e as reportagens na televisão, pois os
apelidos pejorativos e as brincadeiras ofensivas foram tomando
proporções maiores.
"O
fato de ter consequências trágicas - como mortes e suicídios - e a
impunidade proporcionaram a necessidade de se discutir de forma mais
séria o tema", aponta Guilherme Schelb, procurador da
República.
4
- O que leva o autor do bullying a praticá-lo?
Querer
ser mais popular, sentir-se poderoso e obter uma boa imagem de si
mesmo.
Isso
tudo leva o autor do bullying a atingir o colega com repetidas
humilhações ou depreciações.
É
uma pessoa que não aprendeu a transformar sua raiva em diálogo e
para quem o sofrimento do outro não é motivo para ele deixar de
agir.
Pelo
contrário, sente-se satisfeito com a opressão do agredido, supondo
ou antecipando quão dolorosa será aquela crueldade vivida pela
vítima.
Sozinha,
a escola não consegue resolver o problema, mas é normalmente nesse
ambiente que se demonstram os primeiros sinais de um praticante de
bullying. "A tendência é que ele seja assim por toda a vida,
a menos que seja tratado", diz.
5
- Como identificar o alvo do bullying?
O
alvo costuma ser uma criança ou um jovem com baixa autoestima e
retraído tanto na escola quanto no lar.
''Por
essas características, dificilmente consegue reagir'', afirma o
pediatra Lauro Monteiro Filho, fundador da Associação Brasileira
Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência
(Abrapia).
Aí
é que entra a questão da repetição no bullying, pois se o aluno
procura ajuda, a tendência é que a provocação cesse.
Além
dos traços psicológicos, os alvos desse tipo de violência
costumam apresentar particularidades físicas.
As
agressões podem ainda abordar aspectos culturais, étnicos e
religiosos.
"Também
pode ocorrer com um novato ou com uma menina bonita, que acaba sendo
perseguida pelas colegas", exemplifica Guilherme Schelb,
procurador da República.
6
- Quais são as consequências para o aluno que é alvo de bullying?
O
aluno que sofre bullying, principalmente quando não pede ajuda,
enfrenta medo e vergonha de ir à escola. Pode querer abandonar os
estudos, não se achar bom para integrar o grupo e apresentar baixo
rendimento.
Uma
pesquisa da Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção
à Infância e Adolescência (Abrapia) revela que 41,6% das vítimas
nunca procuraram ajuda ou falaram sobre o problema, nem mesmo com os
colegas.
As
vítimas chegam a concordar com a agressão, de acordo com Luciene
Tognetta, doutora em Psicologia Escolar e pesquisadora da Faculdade
de Educação da Universidade Estadual de Campinhas (Unicamp).
O
discurso deles segue no seguinte sentido: "Se sou gorda, por
que vou dizer o contrário?"
Aqueles
que conseguem reagir podem alternar momentos de ansiedade e
agressividade. Para mostrar que não são covardes ou quando
percebem que seus agressores ficaram impunes, os alvos podem
escolher outras pessoas mais indefesas e passam a provocá-las,
tornando-se alvo e agressor ao mesmo tempo.
7
- O que é pior: o bullying com agressão física ou o bullying com
agressão moral?
Ambas
as agressões são graves e causam danos ao alvo do bullying.
Por
ter consequências imediatas e facilmente visíveis, a violência
física muitas vezes é considerada mais grave do que um xingamento
ou uma fofoca.
''A
dificuldade que a escola encontra é justamente porque o professor
também vê uma blusa rasgada ou um material furtado como algo
concreto.
Não
percebe que uma exclusão, por exemplo, é tão dolorida quanto ou
até mais'', explica Telma Vinha, doutora em Psicologia Educacional
e professora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp).
Os
jovens também podem repetir esse mesmo raciocínio e a escola deve
permanecer alerta aos comportamentos moralmente abusivos.
8
- O espectador também participa do bullying?
Sim.
É
comum pensar que há apenas dois envolvidos no conflito: o autor e o
alvo.
Mas
os especialistas alertam para esse terceiro personagem responsável
pela continuidade do conflito.
O
espectador típico é uma testemunha dos fatos, pois não sai em
defesa da vítima nem se junta aos autores.
Quando
recebe uma mensagem, não repassa. Essa atitude passiva pode ocorrer
por medo de também ser alvo de ataques ou por falta de iniciativa
para tomar partido.
Também
são considerados espectadores os que atuam como plateia ativa ou
como torcida, reforçando a agressão, rindo ou dizendo palavras de
incentivo.
Eles
retransmitem imagens ou fofocas. Geralmente, estão acostumados com a
prática, encarando-a como natural dentro do ambiente escolar.
''O
espectador se fecha aos relacionamentos, se exclui porque acha que
pode sofrer também no futuro.
Se
for pela internet, por exemplo, ele ?apenas? repassa a informação.
Mas
isso o torna um coautor'', explica a pesquisadora Cléo Fante,
educadora.
9
- Existe diferença entre o bullying praticado por meninos e por
meninas?
De
modo geral, sim.
As
ações dos meninos são mais expansivas e agressivas, portanto, mais
fáceis de identificar. Eles chutam, gritam, empurram, batem.
Já
no universo feminino o problema se apresenta de forma mais velada. As
manifestações entre elas podem ser fofocas, boatos, olhares,
sussurros, exclusão. "As garotas raramente dizem por que fazem
isso.
Quem
sofre não sabe o motivo e se sente culpada", explica a
pesquisadora norte-americana Rachel Simmons, especialista em bullying
feminino.
Ela
conta que as meninas agem dessa maneira porque a expectativa da
sociedade é de que sejam boazinhas, dóceis e sempre passivas. Para
demonstrar qualquer sentimento contrário, elas utilizam meios mais
discretos, mas não menos prejudiciais.
"É
preciso reconhecer que as garotas também sentem raiva. A
agressividade é natural no ser humano, mas elas são forçadas a
encontrar outros meios - além dos físicos - para se expressar",
diz Rachel.
10
- O que fazer em sala de aula quando se identifica um caso de
bullying?
Ao
surgir uma situação em sala, a intervenção deve ser imediata.
"Se
algo ocorre e o professor se omite ou até mesmo dá uma risadinha
por causa de uma piada ou de um comentário, vai pelo caminho errado.
Ele
deve ser o primeiro a mostrar respeito e dar o exemplo", diz
Aramis Lopes Neto, presidente do Departamento Científico de
Segurança da Criança e do Adolescente da Sociedade Brasileira de
Pediatria.
O
professor pode identificar os atores do bullying: autores,
espectadores e alvos. Claro que existem as brincadeiras entre colegas
no ambiente escolar.
Mas
é necessário distinguir o limiar entre uma piada aceitável e uma
agressão. "Isso não é tão difícil como parece. Basta que o
professor se coloque no lugar da vítima.
O
apelido é engraçado? Mas como eu me sentiria se fosse chamado
assim?", orienta o pediatra Lauro Monteiro Filho.
Veja
os conselhos dos especialistas Cléo Fante e José Augusto Pedra,
autores do livro Bullying
Escolar.
Incentivar
a solidariedade, a generosidade e o respeito às diferenças por meio
de conversas, campanhas de incentivo à paz e à tolerância,
trabalhos didáticos, como atividades de cooperação e interpretação
de diferentes papéis em um conflito;
Desenvolver
em sala de aula um ambiente favorável à comunicação entre alunos;
Quando
um estudante reclamar de algo ou denunciar o bullying, procurar
imediatamente a direção da escola.
11
- Qual o papel do professor em conflitos fora da sala de aula?
O
professor é um exemplo fundamental de pessoa que não resolve
conflitos com a violência.
Não
adianta, porém, pensar que o bullying só é problema dos educadores
quando ocorre do portão para dentro. É papel da escola construir
uma comunidade na qual todas as relações são respeitosas.
''Deve-se
conscientizar os pais e os alunos sobre os efeitos das agressões
fora do ambiente escolar, como na internet, por exemplo'', explica
Adriana Ramos, pesquisadora da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp) e coordenadora do curso de pós-graduação
''As
relações interpessoais na escola e a construção da autonomia
moral'', da Universidade de Franca (Unifran).
''A
intervenção da escola também precisa chegar ao espectador, o
agente que aplaude a ação do autor é fundamental para a ocorrência
da agressão'', complementa a especialista.
12
- Como lidar com o bullying contra alunos com deficiência?
Conversar
abertamente sobre a deficiência
é
uma ação que deve ser cotidiana na escola. O bullying contra esse
público costuma ser estimulado pela falta de conhecimento sobre as
deficiências, sejam elas físicas ou intelectuais, e, em boa parte,
pelo preconceito trazido de casa.
De
acordo com a psicóloga Sônia Casarin, diretora do S.O.S. Down -
Serviço de Orientação sobre Síndrome de Down, em São Paulo, é
normal os alunos reagirem negativamente diante de uma situação
desconhecida.
Cabe
ao educador estabelecer limites para essas reações e buscar
erradicá-las não pela imposição, mas por meio da conscientização
e do esclarecimento.
Não
se trata de estabelecer vítimas e culpados quando o assunto é o
bullying. Isso só reforça uma situação polarizada e não ajuda em
nada a resolução dos conflitos.
Melhor
do que apenas culpar um aluno e vitimar o outro é desatar os nós da
tensão por meio do diálogo.
A
violência começa em tirar do aluno com deficiência o direito de
ser um participante do processo de aprendizagem.
É
tarefa dos educadores oferecer um ambiente propício para que todos,
especialmente os que têm deficiência, se desenvolvam. Com respeito
e harmonia.
13
- O professor também é alvo de bullying?
Conceitualmente,
não, pois, para ser considerada bullying, é necessário que a
violência ocorra entre pares, como colegas de classe ou de trabalho.
O
professor pode, então, sofrer outros tipos de agressão, como
injúria ou difamação ou até física, por parte de um ou mais
alunos.
Mesmo não sendo entendida como bullying, trata-se de uma situação que exige a reflexão sobre o convívio entre membros da comunidade escolar.
Mesmo não sendo entendida como bullying, trata-se de uma situação que exige a reflexão sobre o convívio entre membros da comunidade escolar.
Quando
as agressões ocorrem, o problema está na escola como um todo. Em
uma reunião com os educadores, pode-se descobrir se a violência
está acontecendo com outras pessoas da equipe para intervir e
restabelecer as noções de respeito.
Se
for uma questão pontual, com um professor apenas, é necessário
refletir sobre a relação entre o docente e o aluno ou a classe. ''O
jovem que faz esse tipo de coisa normalmente quer expor uma relação
com o professor que não está bem.
Existem
comunidades na internet, por exemplo, que homenageiam os docentes.
Então,
se o aluno se sente respeitado pelo professor, qual o motivo de
agredi-lo?'', questiona Adriana Ramos, pesquisadora da Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenadora do curso de
pós-graduação.
"As
relações interpessoais na escola e a construção da autonomia
moral", da Universidade de Franca (Unifran).
O
professor é uma autoridade na sala de aula, mas essa autoridade só
é legitimada com o reconhecimento dos alunos em uma relação de
respeito mútua.
''O
jovem está em processo de formação e o educador é o adulto do
conflito e precisa reagir com dignidade'', afirma Telma Vinha,
doutora em Psicologia Educacional e professora da Faculdade de
Educação da Unicamp.
14
- O que fazer para evitar o bullying?
A
Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância
e Adolescência (Abrapia) sugere as seguintes atitudes para um
ambiente saudável na escola:
Conversar
com os alunos e escutar atentamente reclamações ou sugestões;
Estimular
os estudantes a informar os casos;
Reconhecer
e valorizar as atitudes da garotada no combate ao problema;
Criar
com os estudantes regras de disciplina para a classe em coerência
com o regimento escolar;
Estimular
lideranças positivas entre os alunos, prevenindo futuros casos;-
Interferir diretamente nos grupos, o quanto antes, para quebrar a
dinâmica do bullying.
Todo
ambiente escolar pode apresentar esse problema. "A escola que
afirma não ter bullying ou não sabe o que é ou está negando sua
existência", diz o pediatra Lauro Monteiro Filho, fundador da
Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância
e Adolescência (Abrapia).
O
primeiro passo é admitir que a escola é um local passível de
bullying. É necessário também informar professores e alunos sobre
o que é o problema e deixar claro que o estabelecimento não
admitirá a prática.
"A
escola não deve ser apenas um local de ensino formal, mas também de
formação cidadã, de direitos e deveres, amizade, cooperação e
solidariedade.
Agir
contra o bullying é uma forma barata e eficiente de diminuir a
violência entre estudantes e na sociedade", afirma o pediatra.
15
- Como agir com os alunos envolvidos em um caso de bullying?
O
foco deve se voltar para a recuperação de valores essenciais, como
o respeito pelo que o alvo sentiu ao sofrer a violência.
A
escola não pode legitimar a atuação do autor da agressão nem
humilhá-lo ou puni-lo com medidas não relacionadas ao mal causado,
como proibi-lo de frequentar o intervalo.
Já
o alvo precisa ter a autoestima fortalecida e sentir que está em um
lugar seguro para falar sobre o ocorrido.
"Às
vezes, quando o aluno resolve conversar, não recebe a atenção
necessária, pois a escola não acha o problema grave e deixa
passar", alerta Aramis Lopes, presidente do Departamento
Científico de Segurança da Criança e do Adolescente da Sociedade
Brasileira de Pediatria.
Ainda
é preciso conscientizar o espectador do bullying, que endossa a ação
do autor.
''Trazer
para a aula situações hipotéticas, como realizar atividades com
trocas de papéis, são ações que ajudam a conscientizar toda a
turma.A exibição de filmes que retratam o bullying, como ''As
melhores coisas do mundo'' (Brasil, 2010), da cineasta Laís
Bodanzky, também ajudam no trabalho.
A
partir do momento em que a escola fala com quem assiste à violência,
ele para de aplaudir e o autor perde sua fama'', explica Adriana
Ramos, pesquisadora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e
coordenadora do curso de pós-graduação.
''As
relações interpessoais na escola e a construção da autonomia
moral'', da Universidade de Franca (Unifran).
16
- Como deve ser uma conversa com os pais dos alunos envolvidos no
bullying?
É
preciso mediar a conversa e evitar o tom de acusação de ambos os
lados.
Esse
tipo de abordagem não mostra como o outro se sente ao sofrer
bullying. Deve ser sinalizado aos pais que alguns comentários
simples, que julgam inofensivos e divertidos, são carregados de
ideias preconceituosas.
''O
ideal é que a questão da reparação da violência passe por um
acordo conjunto entre os envolvidos, no qual todos consigam enxergar
em que ponto o alvo foi agredido para, assim, restaurar a relação
de respeito'' explica Telma Vinha, professora do Departamento de
Psicologia Educacional da Faculdade de Educação da Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp).
Muitas
vezes, a escola trata de forma inadequada os casos relatados por pais
e alunos, responsabilizando a família pelo problema.
É
papel dos educadores sempre dialogar com os pais sobre os conflitos -
seja o filho alvo ou autor do bullying, pois ambos precisam de ajuda
e apoio psicológico.
17
- O que fazer em casos extremos de bullying?
A
primeira ação deve ser mostrar aos envolvidos que a escola não
tolera determinado tipo de conduta e por quê.
Nesse
encontro, deve-se abordar a questão da tolerância ao diferente e do
respeito por todos, inclusive com os pais dos alunos envolvidos.
Mais
agressões ou ações impulsivas entre os envolvidos podem ser
evitadas com espaços para diálogo.
Uma
conversa individual com cada um funciona como um desabafo e é função
do educador mostrar que ninguém está desamparado.
''Os
alunos e os pais têm a sensação de impotência e a escola não
pode deixá-los abandonados.
É
mais fácil responsabilizar a família, mas isso não contribui para
a resolução de um conflito'', diz Telma Vinha, doutora em
Psicologia Educacional e professora da Faculdade de Educação da
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
A
especialista também aponta que a conversa em conjunto, com todos os
envolvidos, não pode ser feita em tom de acusação. ''Deve-se
pensar em maneiras de mostrar como o alvo do bullying se sente com a
agressão e chegar a um acordo em conjunto. E, depois de alguns dias,
vale perguntar novamente como está a relação entre os
envolvidos'', explica Telma.
É
também essencial que o trabalho de conscientização seja feito
também com os espectadores do bullying, aqueles que endossam a
agressão e os que a assistem passivamente.
Sem
que a plateia entenda quão nociva a violência pode ser, ela se
repetirá em outras ocasiões.
18
- O que é bullying virtual ou cyberbullying?
É
o bullying que ocorre em meios eletrônicos, com mensagens
difamatórias ou ameaçadoras circulando por e-mails, sites, blogs
(os diários virtuais), redes sociais e celulares.
É
quase uma extensão do que os alunos dizem e fazem na escola, mas
com o agravante de que as pessoas envolvidas não estão cara a
cara.
Dessa
forma, o anonimato pode aumentar a crueldade dos comentários e das
ameaças e os efeitos podem ser tão graves ou piores.
"O
autor, assim como o alvo, tem dificuldade de sair de seu papel e
retomar valores esquecidos ou formar novos", explica Luciene
Tognetta, doutora em Psicologia Escolar e pesquisadora do
Departamento de Psicologia Educacional da Faculdade de Educação da
Universidade Estadual de Campinhas (Unicamp).
Esse
tormento que é a agressão pela internet faz com que a criança e o
adolescente humilhados não se sintam mais seguros em lugar algum,
em momento algum.
Marcelo
Coutinho, especialista no tema e professor da Fundação Getulio
Vargas (FGV), diz que esses estudantes não percebem as armadilhas
dos relacionamentos digitais.
"Para
eles, é tudo real, como se fosse do jeito tradicional, tanto para
fazer amigos como para comprar, aprender ou combinar um passeio."
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- Como lidar com o cyberbullying?
O
cyberbulling precisa receber o mesmo cuidado preventivo do bullying
e a dimensão dos seus efeitos deve sempre ser abordada para evitar
a agressão na internet.
Trabalhar
com a ideia de que nem sempre se consegue apagar aquilo que foi para
a rede dá à turma a noção de como as piadas ou as provocações
não são inofensivas.
''O
que chamam de brincadeira pode destruir a vida do outro. É também
responsabilidade da escola abrir espaço para discutir o fenômeno'',
afirma Telma Vinha, doutora em Psicologia Educacional e professora
da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp).
Caso
o bullying ocorra, é preciso deixar evidente para crianças e
adolescentes que eles podem confiar nos adultos que os cercam para
contar sobre os casos sem medo de represálias, como a proibição
de redes sociais ou celulares, uma vez que terão a certeza de que
vão encontrar ajuda.
''Mas,
muitas vezes, as crianças não recorrem aos adultos porque acham
que o problema só vai piorar com a intervenção punitiva'',
explica a especialista.
20
- Bullying na Educação Infantil. É possível?
Sim,
se houver a intenção de ferir ou humilhar o colega repetidas vezes.
Entre
as crianças menores, é comum que as brigas estejam relacionadas às
disputas de território, de posse ou de atenção - o que não
caracteriza o bullying.
No
entanto, por exemplo, se uma criança apresentar alguma
particularidade, como não conseguir segurar o xixi, e os colegas a
segregarem por isso ou darem apelidos para ofendê-la constantemente,
trata-se de um caso de bullying.
"Estudos
na Psicologia afirmam que, por volta dos dois anos de idade, há uma
primeira tomada de consciência de 'quem eu sou', separada de outros
objetos, como a mãe.
E
perto dos três anos, as crianças começam a se identificar como um
indivíduo diferente do outro, sendo possível que uma criança seja
alvo ou vítima de bullying.
Essa
conduta, porém, será mais frequentes num momento em que houver uma
maior relação entre pares, mais cotidiana'', explica Adriana Ramos,
pesquisadora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e
coordenadora do curso de pós-graduação.
As
relações interpessoais na escola e a construção da autonomia
moral", da Universidade de Franca (Unifran).
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- Quais são as especificidades para lidar com o bullying na Educação
Infantil?
Para
evitar o bullying, é preciso que a escola valide os princípios de
respeito desde cedo.
É
comum que as crianças menores briguem com o argumento de não gostar
uma das outras, mas o educador precisa apontar que todos devem ser
respeitados, independentemente de se dar bem ou não com uma pessoa,
para que essa ideia não persista durante o desenvolvimento da
criança.
Fonte
– novaescola.org.br
O bullying nada mais é que uma covardia que pessoas de má índole promove contra terceiros através de xingamentos e brincadeiras de mal gosto principalmente nas escolas, mas isso não quer dizer que o bullying se resumo somente nas escolas, ele hoje em dia se encontra em todos os lugares. O bullying é crime se tiver conhecimento procure denunciar esses meliantes e mau caracters.
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