as
consequências para a sociedade como um todo, e consequentemente,
para os indivíduos
Vivemos tempos de
individualismo extremo: o que importa é minha liberdade de fazer o
que quiser, quando quiser, como quiser, e de dispor como quiser dos
frutos do meu trabalho e de usufruir como quiser de minha
propriedade.
Se
o outro tiver que ser excluído, esmagado, deixado à míngua, não é
problema meu.
O empregador deve ter o
direito de contratar quem quiser, sem intervenção de leis, do
Estado e de assistencialismos e paternalismos, usando seu juízo e
seus preconceitos para excluir aqueles que considere menos capazes.
E nisso, grupos
historicamente marginalizados pela sociedade, com uma carga de
preconceitos e exclusão social — os homossexuais, os
transgêneros, os negros, os índios, e, principalmente, os
deficientes, que, nesse cenário, dependem da boa vontade de quem
contrata, acabam excluídos do mercado de trabalho.
Muito se fala na
“meritocracia” e na necessidade de “superar” as limitações
e preconceitos, para “merecer” a vaga, sem depender de cotas.
Isso ignora que deficientes são considerados, por definição,
incapazes.
Não
importa o quanto o deficiente se esforce para se qualificar: ele
continuará sendo visto como incapaz, e não terá sequer a
oportunidade de provar seu mérito — a menos, é claro, que lhe
seja propiciada a oportunidade, suprida pelas cotas.
Historicamente, o
deficiente, na maioria das sociedades, e isso inclui nossa cultura
judaico cristã católica, foi considerado como um incapaz, um
“coitado”, totalmente dependente da caridade alheia.
O
deficiente sempre foi um “receptáculo” da caridade, existindo
para que pudéssemos, por meio dela, expiar nossos pecados, e para
que eles mesmos sofressem, por meio de sua dependência e indigência,
sem jamais se desesperar, agradando assim a Deus.
Qualquer
tentativa de mudar sua condição e lhes proporcionar os meios de
ganhar a própria vida seria uma rebelião contra os desígnios de
Deus, e, portanto, pecado.
Até
hoje essa ideia está plenamente em voga: os deficientes são
“anjos”, que existem para que possamos exercitar nossa tolerância
e caridade.
Um
cadeirante, por exemplo, é incapaz de ficar de pé e andar com as
próprias pernas, mas é plenamente capaz de usar as mãos e a mente.
Um
deficiente auditivo é incapaz de ouvir, mas pode se comunicar com a
linguagem de sinais, receber ordens, e executar sua função.
Um
deficiente visual é incapaz de enxergar, mas pode usar a noção
espacial, a audição e o tato para executar suas funções.
Possuem
limitações ligadas ao sentido ou função que lhes falta — e
só.
Mas, no imaginário
popular, são inválidos, incapazes, condenados a depender de favores
e caridade alheia, sofrer para expiar seu carma de vidas passadas ou
pagar pelos pecados de terceiros, e depois, morrer.
Se
não são capazes sequer de viverem, quanto mais trabalharem,
produzirem alguma coisa.
No
máximo, irão emperrar o andamento da produção e causar prejuízo.
Contratá-los
seria uma caridade forçada, imposta por um governo comunista
bolivariano que está pouco se lixando para a economia do país e com
as empresas, que seriam levadas à falência.
Que
se intromete em assuntos particulares, decidindo quem o proprietário
deve contratar ou não.
Continuam
precisando comer, beber, se vestir.
E,
privados dos meios de ganharem a vida, acabam sendo sustentados por
terceiros: seja por meio de impostos, pagos pela população, seja
por suas famílias, seja, na ausência dos dois, por meio de esmolas,
engrossando o número de pedintes e indigentes, que causam tanto
incômodo e asco na população.
Terceiros
que deixam de investir o dinheiro para si, compelidos a ajudar esses
deficientes.
Afinal,
não queremos as ruas cheias de cadáveres fétidos de indigentes que
morreram de fome, e como somos cristãos e pró vida, não queremos
simplesmente exterminar esses deficientes em câmaras de gás.
Privados dos meios de
produzirem qualquer coisa, deixam de contribuir para o bem-estar
social, produzindo bens e serviços úteis que beneficiariam a todos.
Inclusive o individualista que só pensa no próprio umbigo.
Privados de renda, deixam
de fazer circular a economia, concentrando ainda mais a renda e
deixando de gerar mais empregos.
Quando se tenta corrigir
essa situação, forçando os empregadores a contratá-los por meio
de cotas, independentemente de seus preconceitos, se está
“emperrando o andamento das coisas, dando prejuízo à sociedade,
afinal de contas essas pessoas não fazem as coisas andarem, estão
‘roubando’ a vaga de quem realmente produz”.
Note
que segundo essa visão, não é possível que ambas as pessoas sejam
contratadas (afinal o deficiente, agora com renda, será também um
gerador de empregos, pois passará a consumir).
Não
é possível que ambos saiam ganhando.
Eu
tenho que passar por cima de todos para sair na frente.
Ainda que um deficiente,
por ter mais limitações, produza menos do que uma pessoa dita
“normal”, seria preferível colocá-lo para trabalhar, produzindo
o que pode, e recebendo conforme o que produz, tendo o restante
suprido pelo Estado.
A
Alemanha utiliza esse sistema: os deficientes trabalham em vagas
destinadas a eles, e ganham por produção.
O
restante é preenchido por um benefício do Estado, até atingir a
renda mínima.
Melhor
do que apenas receber sem nada produzir.
O
patrão, em seu “individualismo”, não sai perdendo.
A
sociedade ganha como um todo.
Para quem acha que
incluir deficientes prejudicaria “pais de família” para
sustentar essas “eternas crianças” que poderiam muito bem
continuar sendo sustentadas pelos pais: deficientes também ajudam
suas famílias e se tornam pais e mães de família, dadas as
condições.
Muitos,
mesmo excluídos, ajudam como podem, vendendo balas debaixo do sol
quente, recebendo abaixo do salário mínimo e sem perspectiva de
futuro.
E
pais não duram para sempre, e nem todos os deficientes têm irmãos,
ou mesmo quem queira cuidar deles.
Estes
terão que ser sustentados pela sociedade, seja com impostos, seja
com esmolas, seja com cadáveres, se não forem incluídos.
Não
só o deficiente ganha.
Não
se trata da “minoria às custas da maioria”
A
sociedade ganha, a economia ganha, os demais indivíduos ganham.
Todos
saem ganhando.
Fonte
– medium.com
Irmão
deficiente se mostra mais tolerante
Pesquisa
mostra que pessoas nessa condição são menos egoístas
O
nascimento de uma criança deficiente é um acontecimento que
modifica a estrutura de toda a família, que implica na
reconfiguração para atender às necessidades e cuidados exigidos
quando da convivência com uma doença.
O
artigo “O impacto da deficiência nos irmãos: história de vida”,
publicado na Revista Ciência & Saúde Coletiva ano passado,
realizou um debate com cinco adultos que têm irmãos com
deficiência, a fim de analisar como este acontecimento influenciou o
andamento de suas vidas.
A
pesquisa, escrita por Alcione Aparecida Messa e Geraldo Antônio
Fiamenghi Jr., da Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento
da Universidade Presbiteriana Mackenzie (SP), tentou se afastar da
tendência de estudos sobre deficiência, que, segundo os
pesquisadores, costumam estar “mais voltados a questões de
vulnerabilidade dessa relação, ou seja, voltados para as
repercussões mais dolorosas”.
Na
visão dos autores, a experiência de crescimento ao lado de um irmão
deficiente é única para cada indivíduo, e seus impactos dependem
de múltiplas variáveis, como os recursos ao alcance da família e a
própria personalidade de cada um.
Assim,
tal realidade “compreende vivências negativas e positivas”,
devendo ser considerada “segundo uma rede de influências e
peculiaridades intrínsecas das relações familiares”.
Na
conversa realizada com irmãos de pessoas com deficiência, ocorrida
numa associação que “busca incluir jovens e adultos com
deficiência mental na sociedade, envolvendo famílias e
profissionais”, as discussões foram estimuladas a partir da
pergunta: “como é a vivência com um irmão com deficiência?”.
A
partir das respostas, os autores puderam descriminar como, de fato,
sentimentos positivos e negativos se intercalavam e eram modificados
à medida que os irmãos cresciam.
Segundo
o artigo, pessoas com irmãos deficientes desenvolvem mais
rapidamente o senso de responsabilidade, uma vez que se sentem
“responsabilizados pelos cuidados desses irmãos e devessem
educá-los, ensinar valores e protegê-los”.
Essa
relação, que se aproxima mais de uma “paternalidade” do que
propriamente “fraternidade”, se reflete em características
positivas: irmãos de deficientes “desenvolvem o sentimento de
tolerância e preocupações humanitárias, podendo desenvolver
atitudes altruístas, preocupando-se mais com o bem-estar de outras
pessoas”, afirmam os pesquisadores.
Ao
mesmo tempo, esses benefícios convivem com sentimentos negativos
como a vergonha em algum momento da deficiência do irmão, culpa
pelo desenvolvimento da doença, ciúmes da maior atenção dada à
criança doente pelos pais e confusão perante a doença do irmão.
Esta
última característica pode ser exacerbada pela ação dos pais,
que, muitas vezes, “privam os irmãos de informações, pois
presumem que seus filhos não serão capazes de compreender o que se
passa e as peculiaridades da deficiência”.
Os
pesquisadores ressaltam ainda que irmãos com famílias maiores
relatam ter maior facilidade para lidar com a deficiência, uma vez
que obrigações e responsabilidades são divididas e há uma maior
rede de apoio.
Além
disso, experiências como a discussão promovida pela pesquisa foram
avaliadas como valorosas, pois, segundo os autores, “propicia o
aumento de informações, maior entendimento da condição de
deficiência, conhecer e dividir experiências com outros irmãos que
vivenciam a mesma condição e sentir que possuem atenção focada a
eles”.
Fonte
– www.sembarreiras.jor.br
Missionários
do amor.
Quando
se fala em missionário, a primeira imagem que nos acode à mente é
a de um religioso devotado ao bem, alguém que dedique seus dias e
noites, de forma integral, para o bem dos seus irmãos, para a
Humanidade.
No
entanto, missionários existem de diversos portes.
E
alguns muito próximos a nós.
Por
vezes, pais amorosos, que recebem nos braços filhos deficientes e
os sustentam por toda uma vida, com seus cuidados e extremada
ternura.
De
outras, amigos excepcionais, que estendem mãos de veludo para
aplacar as dores dos espinhos nas carnes alheias.
Filhos
dedicados que nascem para iluminar nossas vidas, à semelhança de
astros luminíferos em nosso céu borrascoso.
Recordamos
de uma família que conhecemos.
O
segundo filho do casal nasceu portador de séria enfermidade que, a
pouco e pouco, lhe foi retirando a mobilidade.
Primeiro
foi o andar impreciso, depois somente com amparo forte, até à
imobilidade dos membros inferiores.
Da
dificuldade de coordenação motora à dependência total para as
mínimas necessidades: beber um copo d'agua, levar o alimento à
boca.
Enquanto
o drama era vivido e sofrido pelos pais, a esposa engravidou pela
terceira vez.
O
diagnóstico nada animador prescrevia um abortamento, dadas as
complicações cardíacas da gestante, além da possibilidade do
bebê ser portador de microcefalia.
Estribado
na fé, o casal aguardou o tempo.
O
bebê nasceu perfeito.
Garoto
feliz, demonstrou, desde os primeiros momentos, o quanto era grato
por estar vivo.
Mais
de uma vez, deixava dos folguedos para correr ao pescoço da mãe,
abraçá-la e dizer:
Eu
amo a minha vida, amo a minha casa, amo todos vocês.
A
nota mais interessante começou a ser observada quando o pequeno não
tinha mais que ano e meio.
Colocava-se
em pé em sua cadeirinha e, com cuidado, ajudava colocar a
alimentação na boca do irmão.
Na
sua linguagem infantil, pronunciava:
Eu
judo o mano.
E
na medida em que cresceu, a ajuda se tornou mais constante e
efetiva.
Hoje,
quase aos sete anos, o pequeno é o guardião do seu irmão.
Dormem
no mesmo quarto, por insistência dele.
Não
são raras as madrugadas em que ele se levanta do leito, atravessa o
corredor, se dirige ao quarto dos pais para pedir ajuda para o mano,
que precisa alguma atenção maior.
Nenhuma
queixa, nenhuma reclamação.
Deixa
de brincar com os amigos para se dedicar ao irmão.
Busca
água, conduz a cadeira de rodas, joga vídeo game, assiste filmes,
comenta futebol.
Dia
desses, na sua inocência infantil, olhou para a mãe e lhe disse:
Mãe,
sabe por que eu nasci?
E,
ante a surpresa da genitora, aduziu:
Eu
nasci para cuidar do mano.
Missionários
existem, sim, em nossos lares.
Anônimos,
ocultos, realizam sua tarefa.
Missionário
é todo aquele que se entrega em totalidade à tarefa de amor, na
obscuridade da estrada ou nos palcos da ciência, da filosofia ou da
religião.
Missionário
é todo aquele que traz a consciência do seu dever de servir além
e acima de qualquer circunstância.
Movido
pelo amor, é qual chama ardente que não se extingue.
Sol
de primeira grandeza que ilumina outras vidas, em barracos infectos
ou em mansões suntuosas.
Sua
missão é amar e servir.
Como
a violeta escondida na ramagem do jardim, exala seu perfume e se
esconde na capa humilde de servidor.
Quem
ama, coroa as horas de luz.
Quem
serve, adorna o coração de ventura imorredoura.
Saiamos
na direção do sol para servir.
Fonte
- Momento Espírita, com pensamento final do verbete Servir,
do livro Repositório
de sabedoria, v.
2, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia
de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. Em 23.11.2017.
de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. Em 23.11.2017.
Ainda vemos por parte de nossa sociedade a exclusão dos deficientes e muito preconceito devido ao fato destes não se enquadrarem nos padrões que esta estabeleceu do "perfeito" e do "normal", e tudo que foge a esses padrões é rejeitado por essas; mas se esquecem que as diferenças estão aí presente no dia a dia lutando por seu espaço, a sociedade aceitando ou não estão convivendo com as diferenças.
ResponderExcluirConcordo plenamente contigo em seu comentário; infelizmente há uma enorme resistência de nossa sociedade na inclusão social dos deficientes em todos os seus setores; muitas empresas mascaram apenas para se cumprir as leis; escolas são poucas que oferecem algo ao deficientes; isso acontece em todos os setores da sociedade. Aquela inserção absoluta, concreta e real da inclusão do deficientes em nossa sociedade como um todo deixa muito a desejar; ainda há um longo caminho a se percorrer para se chegar a inclusão social.
ResponderExcluir