Acreditar em si mesmo

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terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Empatia na educação inclusiva.



O que é Empatia:

Empatia significa a capacidade psicológica para sentir o que sentiria uma outra pessoa caso estivesse na mesma situação vivenciada por ela.

Consiste em tentar compreender sentimentos e emoções, procurando experimentar de forma objetiva e racional o que sente outro indivíduo.

A empatia leva as pessoas a ajudarem umas às outras.

Está intimamente ligada ao altruísmo - amor e interesse pelo próximo - e à capacidade de ajudar.

Quando um indivíduo consegue sentir a dor ou o sofrimento do outro ao se colocar no seu lugar, desperta a vontade de ajudar e de agir seguindo princípios morais.

A capacidade de se colocar no lugar do outro, que se desenvolve através da empatia, ajuda a compreender melhor o comportamento em determinadas circunstâncias e a forma como o outro toma as decisões.

Ser empático é ter afinidades e se identificar com outra pessoa.

É saber ouvir os outros, compreender os seus problemas e emoções.

Quando alguém diz “houve uma empatia imediata entre nós”, isso significa que houve um grande envolvimento, uma identificação imediata.

O contato com a outra pessoa gerou prazer, alegria e satisfação.

Houve compatibilidade.

Nesse contexto, a empatia pode ser considerada o oposto de antipatia.

Com origem no termo em grego empatheia, que significava "paixão", a empatia pressupõe uma comunicação afetiva com outra pessoa e é um dos fundamentos da identificação e compreensão psicológica de outros indivíduos.

A empatia é diferente da simpatia, porque a simpatia é maioritariamente uma resposta intelectual, enquanto a empatia é uma fusão emotiva.

Enquanto a simpatia indica uma vontade de estar na presença de outra pessoa e de agradá-la, a empatia faz brotar uma vontade de compreender e conhecer outra pessoa.

Na psicanálise, por exemplo, a empatia significa a capacidade de um terapeuta de se identificar com o seu paciente, havendo uma conexão afetiva e intuitiva.

5 Sinais que te mostram como é sentir empatia

A empatia se resume na capacidade do indivíduo de se colocar no lugar do outro, ou seja, tentar entender os sentimentos deste para, assim, compreender as suas atitudes, por exemplo.

Ser empático nem sempre é uma tarefa fácil.

Confira 5 passos que caracterizam a empatia e que vão te ajudar a entender e exercitar este sentimento.

Cada pessoa é única

empatia pessoa unica

Não existe uma "receita" predefinida de como devemos lidar com as pessoas.

Cada indivíduo é único e essa é a beleza da vida.

Ao sentirmos empatia por alguém estamos nos sensibilizando pela realidade do próximo.

Isso é essencial para que as pessoas possam se respeitar e aprender a viver com as suas diferenças.

A empatia é a principal ferramenta para a compreensão e paz geral, pois graças a este sentimento conseguimos nos "pôr na pele" de outras pessoas e, consequentemente, entender as razões por trás de suas ações.

Escutar antes de falar

empatia escutar

Você nunca conseguirá ser empático se não parar e observar.

A empatia requer que o egocentrismo seja deixado de lado para dar espaço ao altruísmo, ou seja, ajudar outras pessoas sem intenções egoístas. 

Saber ouvir é muito importante.

Mesmo quando você pensa não ser capaz de dizer algo para ajudar alguém, por exemplo, quando está ouvindo atentamente o que a outra pessoa tem a dizer, as palavras certas de conforto acabam por aparecer.

Ah, e nem sempre as palavras são necessárias.

Um abraço, um beijo ou mesmo um tapinha nas costas, quando feito com sinceridade, já é um sinal de que você se "contaminou" pelo sentimento que aflige ou contagia o próximo.

A importância da linguagem corporal

empatia abraço

A linguagem corporal é muito importante na hora de criar laços empáticos.

Psicólogos afirmam que pequenos gestos podem simbolizar o seu nível de empatia para com determinada pessoa.

Por exemplo, tente não conversar com os braços cruzados ou sempre a bocejar, pois demonstra falta de interesse.

Também é importante que você apresente pequenos sinais de concordância, indicando que está prestando atenção ao diálogo (como balançar a cabeça afirmativamente).

Um sorriso ou um abraço podem ser mais importantes do que qualquer discurso.

Não se esqueça disso.

Abandone os julgamentos.

empatia julgamentos

Ser empático é ter a habilidade de não fazer julgamentos com base em suposições egoístas.

Afinal de contas, como já dissemos, a empatia está baseada na compreensão do próximo.

E o mundo é muito mais daquilo que você vive ou julga ser o correto.

Às vezes, presenciamos uma atitude de outra pessoa que parece ser incorreta ou despropositada.

Por causa disso, muitas pessoas criam uma imagem negativa daquele indivíduo, tendo em conta o que presenciou.

No entanto, existem mil e um motivos que possam ter desencadeado aquela reação na pessoa, como a perda de um familiar, do emprego, etc.

E é aí que entra a sensibilidade da empatia.

Você precisa tentar entender a história por trás das ações, se pôr no lugar daquele indivíduo e, somente assim, será capaz de entender por que houve aquela reação inesperada, por exemplo.

Um bom exercício para praticar a empatia nesse caso é tentar compreender as ações daquelas pessoas que te irritam.

Este é o caminho rumo a tolerância social.

Empatia não é fingimento..

empatia preocupação

A empatia é um sentimento genuíno e que deve ser valorizado.

Ser empático não é agir com falsidade, ou seja, fazendo de conta que se importa com o próximo. 

Portanto, se você é daqueles que crítica o sentimento de empatia alheio, provavelmente está precisando trabalhar a sua capacidade de se colocar no lugar do outro.

É muito importante praticarmos isso, afinal de contas, sem a empatia os seres humanos já teriam sido extintos há muito tempo.



Empatia na educação inclusiva: conviver e ensinar na diferença

por Augusto Galery

A palavra “empatia” tem sido mais e mais usada a cada dia, sendo definida vulgarmente como “a capacidade de se colocar no lugar do outro”.

Ora, essa definição contém riscos e vamos tentar explorá-los um pouco neste texto, para entender como a escola inclusiva precisa extrapolar o homogêneo e enxergar o diferente.

Comecemos com um exemplo de Tuca Munhoz, ativista dos direitos das pessoas com deficiência e cadeirante.

Nas palavras dele, em depoimento em rede social:

Hoje, em mais um dia de treinamento na rua, enquanto subia uma rampa, percebi que alguém me empurrava.

Brequei a cadeira imediatamente e disse à pessoa, no caso um rapaz, que estava treinando e que não queria ser empurrado.

E que ele deveria sempre perguntar antes de tomar uma iniciativa como essa.

Admito que falei tudo isso de minha maneira ranzinza.

O rapaz ficou muito bravo, não tanto por minha rabugice, mas sim porque ele teve frustrada sua oportunidade de ajudar, que, sem dúvida, era muito mais importante para ele do que para mim.

Mesmo se eu precisasse!

Qual o problema da atitude do rapaz?

Não estaria ele sendo “empático” ao se colocar no lugar do autor em seu esforço para subir a rampa?

Não estaria sentindo suas dificuldades e se doando para ajudá-lo?

A verdade é que não.

Por trás da pretensa empatia, havia uma incapacidade de ver o outro verdadeiramente.

Esse relato ilustra o problema da definição banal de empatia como “colocar-se no lugar do outro”.

Trata-se de um ato impossível.

Não temos instrumentos ou capacidade psíquica para tanto.

O ser humano pode sensibilizar-se e pode se identificar com o outro de forma a compreender, a partir de sua própria experiência, que o outro também é um ser humano.

No entanto, ele nunca poderá realmente se colocar no lugar do outro, pois suas histórias de vida, suas identidades e mesmo suas características biopsicossociais nunca coincidirão.

Empatia: a compreensão da igualdade e da diferença

É imprescindível que saibamos que o outro é diferente de nós.

Ele tem suas próprias expectativas, desejos, habilidades e valores.

E só teremos certeza de que nosso pensamento coincide com o dele por meio de um ato bastante simples e, no entanto, extremamente complexo e pouco utilizado: relacionando-se com ele.

A empatia serve para “desobjetificar” o outro, para vê-lo como sujeito e para que o coloquemos, simbolicamente, fora de nós.

Ela é essencial para que possamos compreender o outro como um ser autônomo, não como um mero reflexo de nós mesmos.

Essa compreensão é essencial para que percebamos a diferença.

Não é um movimento simples, no entanto.

Colocar-se nesse lugar significa conceber a existência de um outro, diferente de nós.

É um movimento duplo: percebê-lo como ser humano – igual a mim – e percebê-lo como outro – diferente de mim.

Só há empatia quando existe a compreensão da igualdade (de poder ser, existir, ter direitos) e da diferença (de necessidades, desejos etc.) simultaneamente.

Homogeneidade, narcisismo e a negação da diferença

A mente humana, no entanto, tende a buscar a homogeneização.

Ora, se o outro é igual a mim, eu não preciso ter medo de não ser aceito, de ser expulso, de não ser compreendido.

Na busca por aceitação universal, combatemos a diferença e nos reduzimos à semelhança.

É nossa herança narcísica: o mito de que todos são iguais a nós acabaria com os conflitos.

Mas, apesar disso, um pequeno detalhe se mantém: continuamos diferentes.

Negar essa distinção é agarrar-se ao narcisismo e ver a todos como espelhos de nós mesmos.

Como dizia Caetano Veloso:

Narciso acha feio o que não é espelho”.

E uma consequência dessa negação é a objetificação do próximo.

Aquele que é diferente deixa de ser sujeito humano e passa a ser objeto, a não ter mais desejo próprio, nem necessidades, nem valores, nem direitos, nem potencial.

Parece-se conosco, mas não é humano.

Deve ser evitado, excluído, apartado e, de preferência, esquecido.

Essa forma de perceber o desigual foi chamada por Sigmund Freud de “narcisismo das pequenas diferenças”.

Suas características mais marcantes são:

A imposição da minha realidade sobre a realidade do outro;

Pouca solidariedade e sentimento de estranheza e de hostilidade em relação a quem expõe a diferença (para uma visão rápida sobre o assunto, sugiro a leitura do artigo Três versões do narcisismo das pequenas diferenças em Freud Site externo).

No primeiro aspecto, ao invés de interagir com o próximo, partimos do princípio de que nossos pensamentos coincidem, o que nos leva a acreditar que um só tratamento servirá a todos.

Justificamos, assim, nossas aulas homogeneizadas, voltadas para um “aluno padrão“.

No entanto, esse ser humano ideal sempre se confunde com a compreensão que temos, cada um de nós, da humanidade.

Ensinar, nesse contexto, é repetir para si mesmo aquilo que já se sabe, da forma que já se sabe, no modelo que já deu certo.

A segunda característica desse narcisismo nos faz estranhar e atacar todo aquele que não ratifica nosso pensamento.

Quem não aprende da mesma forma se torna, então, o problema a ser hostilizado, aquele que não devia estar ali.

Não porque ele não pode aprender, mas porque nega nossa igualdade e nosso narcisismo.

Conhecer antes de ensinar

É importante aprofundarmos a ideia de narcisismo: estamos falando de um conceito específico, diferente daquele que, no senso comum, confunde-se com o egoísta ou o egocêntrico.

Não se trata de uma característica da racionalidade e da escolha consciente, mas de uma falta mais profunda: nosso medo da solidão, nosso pavor da loucura, nosso desejo de sermos amados e reconhecidos.

É necessário muito investimento para nos darmos conta de que caímos na armadilha narcísica de acreditar que devemos ser iguais para sermos amados.

É uma reflexão diária frente ao outro.

Não o excluímos por maldade, mas pela crença nesse mito de pertencimento dentro da massa homogênea.

De certa forma, evitamos a diferença por ignorarmos a nós mesmos, num mundo massificado que tenta minar nossa potência, fazendo-nos acreditar que somos inúteis frente ao tamanho da vida ou à opressão da sociedade.

Nesse sentido, aceitar o outro é aceitar sua própria capacidade de mudar, de fazer a diferença, de tornar-se humano.

É esse o convite que gostaria de fazer ao leitor: compreender que é no espaço construído entre as diferenças de um para outro que se torna possível ensinar.

Esse espaço surge quando percebemos que, para levar conhecimento ao outro, precisamos primeiro conhecê-lo: ouvi-lo ao invés de diagnosticá-lo; perceber suas necessidades individuais ao invés de massificá-lo, admitir suas diferenças para construir uma relação de aprendizagem.

Augusto Galery é doutor em psicologia social, pesquisador do Laboratório de Estudos em Psicanálise e Psicologia Social (LAPSO) da Universidade de São Paulo (USP) e professor do Centro Universitário Fecap. Foi colaborador do Instituto Rodrigo Mendes Site externo até 2015.
© Instituto Rodrigo Mendes. Licença Creative Commons BY-NC-ND 2.5 Site externo Site externo. A cópia, distribuição e transmissão dessa obra são livres, sob as seguintes condições: Você deve creditar a obra como de autoria de Augusto Galery e licenciada pelo Instituto Rodrigo Mendes

Fonte - diversa.org.br











Um comentário:

  1. A empatia é poder se colocar no lugar do outro e sentir suas dores e dificuldades que enfrenta no dia a dia com respeito, benevolência, amor respeito a sua condição atual e assim poder ajudar no que for possível dando lhe um reconforto e apoio. Porque todos nós estamos aqui para nos ajudarmos uns aos outros independente de seita, cor, raça e etc, pois somos todos irmãos e filhos de Deus.

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